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ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Inflação médica pressiona reajuste dos planos de saúde em 2025
Preços de órteses, próteses e materiais especiais seguem estáveis
https://medicinasa.com.br/precos-opme-marco-25/
Artigo - Como a inteligência artificial pode fortalecer a atenção primária
https://medicinasa.com.br/ia-atencao-primaria/
SUS poderá firmar parceria com setor privado para reduzir filas, diz ministro da Saúde
Médicos podem usar contratos de aluguel para reduzir carga tributária
Raio-x do mercado médico brasileiro
https://revistaampla.com.br/raio-x-do-mercado-medico-brasileiro/
Plano de saúde famoso entre os idosos surpreende o Brasil ao ter sua falência decretada.
https://www.otvfoco.com.br/falencia-plano-de-saude-no1-dos-idosos-60-chega-ao-fim/
Mirando 60 mil vidas, QualiSaúde investe R$ 13 milhões e quer chegar a mais dois estados
Negligência: irmãos perdem rim em transplante e movem ação milionária
CARTA CAPITAL
Inflação médica pressiona reajuste dos planos de saúde em 2025
Inflação médica avança acima da inflação geral
O aumento dos custos com planos de saúde em 2025 supera com folga a inflação oficial. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o último ano em 4,5%, a inflação médica hospitalar registrou alta média de 16,9%, segundo dados da Associação Brasileira de Planos de Saúde.
Essa diferença, que já era observada nos anos anteriores, ganhou força com a retomada dos atendimentos eletivos pós-pandemia e a incorporação de tecnologias médicas com valores elevados.
Novas tecnologias e aumento da demanda pressionam o sistema
Entre os fatores que explicam a disparidade, estão o uso ampliado de exames mais detalhados, tratamentos personalizados e uma maior procura por atendimento, inclusive preventivo.
De acordo com Leandro Giroldo, CEO da corretora Lemmo, “a conta não fecha porque o sistema ficou mais caro para todos”.
Além disso, há impacto da judicialização da saúde. Decisões que obrigam o custeio de procedimentos não previstos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) acabam distribuindo os custos entre todos os beneficiários.
Reajuste atinge empresas e famílias
O cenário afeta diretamente o setor empresarial. Segundo Giroldo, “muitas empresas enfrentam dificuldades para manter os contratos sem reduzir a cobertura ou transferir parte dos custos aos funcionários”.
Já para consumidores individuais e famílias, o aumento pesa especialmente sobre idosos e pessoas com doenças crônicas, que dependem do plano para atendimento regular e contínuo.
Estratégias para conter os gastos com saúde
Frente ao cenário, especialistas recomendam revisar as coberturas contratadas, negociar reajustes e adotar práticas de uso consciente.
Programas de prevenção, modelos com coparticipação e o uso de dados para antecipar o consumo são caminhos apontados como medidas viáveis para conter os custos sem comprometer o acesso ao serviço.
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MEDICINA S/A
Preços de órteses, próteses e materiais especiais seguem estáveis
Os preços de órteses, próteses e materiais especiais (OPMEs) permaneceram praticamente estáveis em março, com variação de apenas -0,01%, segundo a nova leitura do Índice OPME. O indicador é resultado de uma parceria entre a Bionexo, empresa de tecnologia SaaS para gestão em saúde, e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), e tem como base as transações realizadas na plataforma Opmenexo, referência em compras hospitalares no Brasil.
A estabilidade no mês contrasta com o avanço de outros índices, como o IPCA (+0,56%) e o IPM-H (+0,36%), que mede os preços de medicamentos hospitalares. “A Bionexo tem a missão de aumentar a transparência e a inteligência de mercado no setor hospitalar. O Índice OPME é uma entrega concreta desse compromisso, ao colocar dados reais e atualizados nas mãos de gestores, reguladores e tomadores de decisão”, afirma Rafael Barbosa, CEO da Bionexo.
Considerando a composição da cesta de cálculo do Índice OPME, as seguintes especialidades registraram aumento mensal nos respectivos preços: sistema nervoso central e periférico (+0,78%); sistema urinário (+0,67%); cabeça e pescoço (+0,48%). Por outro lado, a atualização revelou variações negativas nos preços das seguintes especialidades: sistema cardiocirculatório (-1,19%); sistema genital e reprodutor (-0,55%); sistema digestivo e anexos (-0,15%); sistema musculoesquelético e articulações (-0,07%).
Levando-se em conta os últimos resultados, o Índice OPME encerrou o primeiro trimestre de 2025 ainda em terreno positivo, contabilizando um incremento marginal de 0,06%, graças ao predomínio de variações positivas em especialidades como sistema nervoso central e periférico (+1,76%); cabeça e pescoço (+1,64%); sistema urinário (+1,37%); sistema musculoesquelético e articulações (+0,71%) no período.
Já no horizonte temporal dos últimos 12 meses, os preços de órteses, próteses e materiais especiais apresentaram, em média, uma discreta retração de 0,17%. Entre as especialidades, as variações contempladas nesse horizonte se distribuíram da seguinte forma: sistema nervoso central e periférico (+3,59%); cabeça e pescoço (+2,03%); sistema musculoesquelético e articulações (+1,87%); sistema genital e reprodutor (+0,09%); sistema digestivo e anexos (-0,39%); sistema cardiocirculatório (-0,85%); e sistema urinário (-3,59%).
Finalmente, considerando o intervalo completo das séries históricas (entre janeiro de 2017 e março de 2025), o Índice OPME registrou um recuo de 0,57% nos preços de próteses, órteses e materiais especiais para os hospitais. Em termos desagregados, as seguintes especialidades contribuíram para o resultado histórico negativo: sistema cardiocirculatório (-10,15%); sistema urinário (-5,86%); sistema genital e reprodutor (-2,80%); sistema digestivo e anexos (-1,25%). Em contrapartida, três especialidades que compõem o cálculo do índice acumularam valorização no período: cabeça e pescoço (+19,90%); sistema musculoesquelético e articulações (+7,23%); sistema nervoso central e periférico (+5,44%).
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Artigo - Como a inteligência artificial pode fortalecer a atenção primária
Entre os exames laboratoriais de rotina, o hemograma completo (contagem de células do sangue) ocupa posição de destaque. Ele é muitas vezes solicitado como parte de qualquer avaliação inicial – seja em consultas de atenção primária, seja em prontos-socorros – por ser barato, acessível e informativo. Mais do que indicar anemia ou infecção, o hemograma pode ser a porta de entrada para flagrar doenças graves em estágio inicial. O principal exame para suspeitar de leucemia, por exemplo, é o hemograma, cujo uso adequado viabiliza detectar precocemente esse câncer do sangue e melhorar muito as chances de sucesso no tratamento de acordo com o Ministério da Saúde. Detecção precoce é fundamental: diagnósticos tardios dessas doenças estão associados a desfechos piores e tratamentos mais agressivos.
O problema é que interpretar um hemograma detalhadamente nem sempre é trivial para médicos generalistas. Na prática cotidiana, o clínico ou médico de família costuma checar se “está tudo dentro dos parâmetros de referência” e focar em achados mais comuns. Se o paciente apresenta anemia, por exemplo, é frequente que se prescreva suplementação de ferro de imediato, presumindo carência nutricional, sem investigar a fundo a causa da anemia. Isso funciona na maioria dos casos benignos, mas pode ser perigoso quando a anemia é, na verdade, sintoma de algo mais sério. Anemias persistentes podem ser indícios de doenças graves como leucemias, mielomas múltiplos ou síndromes mielodisplásicas, nas quais a simples suplementação de ferro não resolverá o problema e ainda pode mascarar temporariamente a evolução da doença, retardando o diagnóstico. Cada mês de atraso permite que o quadro se agrave – eventualmente, um câncer de sangue inicial pode evoluir para um estágio avançado, exigindo tratamentos muito mais complexos e caros, ou até se tornar incurável.
Um caso real ilustra bem esse ponto. Minha avó, 89 anos, sofreu com fadiga e hematomas, possíveis sinais sugestivos de alterações hematológicas. O médico generalista detectou anemia em seu hemograma e receitou ferro, atribuindo o quadro à deficiência nutricional.
No entanto, ela não melhorou. Por nove meses, peregrinamos por diferentes especialistas enquanto os sintomas pioravam, até que finalmente conseguimos uma consulta com um hematologista especializado em anemias. Bastou o médico analisar atentamente o hemograma para suspeitar do diagnóstico e pedir uma biópsia de medula óssea – confirmando, então, uma Síndrome Mielodisplásica (SMD). Ou seja, um exame simples que estava disponível desde o início já continha pistas da doença, mas faltou quem as interpretasse corretamente. Histórias como essa revelam brechas importantes no modelo atual: a atenção primária dispõe dos exames, mas carece de suporte especializado para extrair deles todo o seu valor clínico.
Inteligência artificial: um novo aliado para atenção primária
Diante do volume crescente de exames e da escassez de especialistas, a tecnologia desponta como aliada estratégica. Em particular, ferramentas de Inteligência Artificial (IA) aplicadas à análise de exames laboratoriais têm potencial de empoderar o médico generalista e aumentar a eficácia da triagem na ponta do sistema de saúde. Já existem evidências concretas desse potencial: um estudo recente conduzido por pesquisadores brasileiros e publicado na Scientific Reports mostrou que algoritmos de machine learning conseguem identificar padrões sutis em hemogramas associados a câncer, antecipando sinais de doenças como o câncer de mama a partir de variações discretas nas células sanguíneas. Essa “visão de máquina” vai além do olho humano treinado – a IA é capaz de correlacionar múltiplos parâmetros simultaneamente. Por exemplo, um aumento na razão neutrófilo/linfócito (que isoladamente poderia passar despercebido se dentro dos limites de referência) foi identificado pelo algoritmo como um indicador precoce em pacientes com câncer, mesmo antes de alterações detectáveis em exames de imagem. Em essência, a IA opera como uma lente de aumento, percebendo padrões complexos que um médico, pressionado pelo tempo e volume de informações, pode não notar.
Na atenção primária, isso significa que cada hemograma poderia vir “acompanhado” de uma segunda opinião automatizada. Imaginemos o cenário ideal: o clínico geral solicita um pacote de exames de rotina e, ao receber os resultados, conta com um sistema inteligente que analisa todos os valores do hemograma em conjunto, cruzando com bases de dados e conhecimento hematológico. Em segundos, o sistema poderia destacar: “Suspeita de condição mieloproliferativa, investigar presença de células imaturas” ou “Alteração discreta na série vermelha possivelmente compatível com anemia megaloblástica, sugerir dosagem de B12 e folato”. Esse tipo de insight automatizado daria ao médico de família uma capacidade muito maior de seguir pistas diagnósticas corretas. Ao invés de apenas repor ferro para toda anemia, o médico seria instigado a buscar a causa exata da anemia quando houvesse sinais atípicos, reduzindo o risco de tratar sintomas enquanto a doença de base evolui silenciosamente.
O médico da atenção básica ganha, assim, um assistente virtual especializado, que o ajuda a decidir quais casos ele mesmo pode conduzir (com alguma investigação adicional orientada) e quais realmente necessitam de encaminhamento imediato ao hematologista.
Em suma, a IA promete aumentar a resolutividade clínica na ponta, diminuindo a dependência exclusiva do especialista.
Benefícios clínicos e econômicos da triagem automatizada
Os ganhos potenciais dessa integração da IA na atenção primária são duplos: clínicos e econômico-administrativos. Do ponto de vista clínico, o benefício mais evidente é a
detecção mais precoce de doenças graves, o que salva vidas. Identificar uma leucemia ou uma síndrome mielodisplásica nas suas fases iniciais pode significar tratamentos menos agressivos e maior chance de cura. No âmbito econômico e de gestão em saúde, as vantagens são igualmente atraentes. Cada doença grave evitada ou controlada precocemente representa custos poupados em internações prolongadas, procedimentos de alta complexidade e terapias onerosas. Ou seja, investimentos em tecnologia de triagem têm retorno na forma de despesas evitadas a médio e longo prazo.
Além disso, a triagem automatizada otimiza o uso dos especialistas escassos. Com a IA filtrando casos potencialmente complexos, os hematologistas receberiam apenas os encaminhamentos realmente indicados, em vez de pacientes que poderiam ser manejados na atenção básica. Isso tornaria as filas por consulta especializada mais curtas e resolutivas. Para o SUS, isso significa melhor uso da capacidade instalada e dos recursos financeiros; para a saúde suplementar, pode significar redução de custos com procedimentos redundantes e melhoria na qualidade da assistência prestada aos beneficiários. Cabe destacar que nada disso substitui os métodos tradicionais – a IA não vem para trocar exames confirmatórios (como mielograma, biópsias) nem dispensar a avaliação humana, mas sim para funcionar como um “filtro inteligente” e um apoio à decisão. Assim, o cuidado permanece centrado no médico e no paciente, porém reforçado por uma análise tecnológica de alto nível.
Inovação para um cuidado básico mais forte
Em um país continental com demandas de saúde tão heterogêneas, empoderar o médico generalista com ferramentas de IA significa democratizar o acesso à expertise. Significa que um cidadão atendido no interior do Brasil pode ter praticamente o mesmo screening qualificado de doenças hematológicas que aquele atendido em um grande centro universitário, pois ambos terão seu hemograma “lido” com o auxílio de algoritmos treinados no conhecimento mais avançado da área. Essa equalização de oportunidades diagnósticas se traduz em equidade e eficiência. No limite, trata-se de salvar vidas que hoje se perdem por diagnósticos tardios, ao mesmo tempo em que economizamos recursos evitando procedimentos desnecessários e tratamentos de resgate onerosos. A atenção primária é a base de qualquer sistema de saúde forte; ao reforçá-la com inteligência artificial, estaremos dando um salto qualitativo e sustentável rumo a um modelo de saúde mais resolutivo, humano e financeiramente responsável.
Em síntese, transformar dados em decisões inteligentes é o próximo passo para levar a atenção primária brasileira do quantitativo ao qualitativo – menos exames desperdiçados, mais diagnósticos precoces, melhor cuidado ao paciente e uso judicioso dos recursos. É um caminho que exige visão e investimento, mas cujos dividendos clínicos e econômicos farão a jornada valer a pena.
*Raphael Saraiva é Co-fundador da HemoDoctor.
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O DIA
SUS poderá firmar parceria com setor privado para reduzir filas, diz ministro da Saúde
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, informou nesta terça-feira (29) que o Ministério da Saúde vai realizar parcerias com a rede privada de saúde para reduzir o tempo de espera por consultas especializadas, apontando ser uma prioridade da pasta a redução do tempo de espera no Sistema Único de Saúde (SUS).
O tratamento e diagnóstico de câncer deve ter uma prioridade especial na parceria. O ministro disse, em reunião com o presidente Lula, que o objetivo é “fazer as coisas acontecerem” ainda este ano.
“Para a gente dar conta de garantir o tempo adequado ao atendimento, por exemplo, da situação do câncer, que nós temos 30 dias para garantir o diagnóstico e 60 dias para iniciar o tratamento, só será possível fazermos isso se ampliarmos as parcerias com o setor privado”, disse o ministro.
De acordo com o ministro, o setor privado, em muitos serviços, tem capacidade ociosa e pode ser compartilhado com o SUS. Nesta quarta-feira (30), o Ministério da Saúde divulgará um estudo realizado com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), que aponta grande concentração de médicos especialistas nas estruturas da rede privada.
“É uma verdadeira obsessão do presidente, desde o começo do seu governo, de garantir o atendimento médico especializado no tempo certo, no tempo adequado, reduzindo o tempo de espera que existe hoje no país, que é fruto de um represamento do atendimento durante a pandemia [de covid-19] e da desorganização da rede nos governos anteriores”, disse Padilha.
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PORTAL CONTÁBEIS
Médicos podem usar contratos de aluguel para reduzir carga tributária
A rotina de médicos no Brasil está prestes a ganhar uma dimensão ainda mais estratégica. Com a implementação da reforma tributária prevista para 2026, profissionais da saúde que possuem clínicas ou imóveis comerciais poderão reduzir a carga tributária de maneira significativa, utilizando contratos de aluguel para gerar créditos tributários.
A nova legislação representa uma transformação no sistema atual, trazendo tanto desafios quanto oportunidades. Para quem se preparar adequadamente, será possível transformar despesas fixas em benefícios fiscais e otimizar a saúde financeira dos negócios.
Reforma tributária e o novo IVA: o que muda para médicos
A principal mudança será a substituição de diversos tributos pelo novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA). No modelo atual, médicos não conseguem aproveitar créditos fiscais sobre despesas como aluguel. Com o IVA, essa dinâmica se altera: determinados custos operacionais passarão a gerar créditos tributários compensáveis.
De acordo com levantamento da KPMG, mais de 420 mil médicos estão inscritos no Conselho Federal de Medicina (CFM). Estima-se que, até 2025, esse segmento seja responsável por mais de 7,4 milhões de metros quadrados de novas construções comerciais.
Como contratos de locação podem gerar créditos tributários
O mecanismo é simples, mas estratégico. Suponha que um médico pague R$ 1.000 de aluguel por mês, com 8,43% de tributos embutidos no valor. Isso gera um crédito tributário mensal de R$ 84,30. Se o profissional tiver receita de R$ 10.000 em procedimentos médicos e pagar 12% de IVA (R$ 1.200), poderá abater R$ 84,30 do valor devido.
Ao longo de um ano, essa dinâmica pode representar economias expressivas, principalmente em clínicas de médio e grande porte.
Cuidados na estruturação dos contratos de locação
Para que o benefício seja aproveitado plenamente, a formalização dos contratos de aluguel deve seguir padrões que atendam à nova legislação tributária. Um ponto crucial é decidir se o contrato estará em nome de pessoa física ou jurídica, pois essa escolha impacta diretamente na possibilidade e no volume de créditos tributários.
Especialistas recomendam que clínicas avaliem:
A titularidade do contrato;
A correta discriminação dos valores de aluguel e encargos;
A regularidade dos fornecedores de imóveis e serviços.
Despesas operacionais: mais oportunidades de geração de crédito
Além dos contratos de locação, despesas rotineiras de funcionamento das clínicas poderão gerar novos créditos tributários, como compras de medicamentos, contratação de serviços e aquisição de equipamentos médicos.
A importância da antecipação e do planejamento tributário
O sucesso nessa nova realidade tributária depende da preparação prévia. Médicos e empresários da saúde precisam revisar contratos, fornecedores e processos internos, ajustando-se às exigências do novo modelo.
Reforma tributária: risco ou oportunidade?
Apesar das incertezas, a reforma tributária pode representar uma oportunidade única para o setor médico. Se corretamente aproveitada, permitirá reduzir a carga tributária e elevar o nível de gestão e controle financeiro das clínicas.
A hora de se preparar é agora
A reforma tributária de 2026 será um divisor de águas. Médicos que entenderem as novas regras e se anteciparem às exigências poderão transformar custos em economia tributária e ganhos de eficiência.
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REVISTA AMPLA
Raio-x do mercado médico brasileiro
O mercado médico brasileiro vive um momento de expansão acelerada, refletido nos dados mais recentes da Demografia Médica, divulgados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2024. Com 575.930 médicos ativos, o Brasil se posiciona como um dos países com maior número de profissionais da saúde no mundo, com uma taxa de 2,81 médicos por mil habitantes, superando potências, como Estados Unidos, Japão e China.
Mesmo assim, olhar apenas para os números não basta para compreender o mercado brasileiro. Uma questão que o aumento de médicos ainda não resolveu é a concentração dos profissionais nos grandes centros urbanos. O que acentua um panorama de desigualdade na distribuição e no acesso ao atendimento. Também há disparidade no interesse e nas vagas para seguir carreira conforme a especialidade médica.
Em meio a tudo isso, o mercado de trabalho médico vem mudando rapidamente. E se adaptando também às transformações no sistema de saúde e educacional, bem como às inovações tecnológicas, como a telemedicina e a inteligência artificial.
Segmento em expansão
O mercado médico no Brasil apresenta um cenário dinâmico, com especialidades muito procuradas e outras que necessitam de mais profissionais. Uma das áreas que está em plena expansão, acompanhando os avanços tecnológicos e científicos globais, é o mercado de Genética Médica e Genômica. Segmento que vem se tornando uma peça-chave para a medicina moderna, com um impacto crescente em áreas como oncologia, doenças raras e farmacogenômica.
“Nos últimos anos, o acesso a tecnologias como o sequenciamento massivo paralelo aumentou o acesso a testes genéticos, tornando mais viável a identificação de doenças genéticas e abrindo portas para a medicina de precisão”, comentam Ida Vanessa Doederlein Schwartz, presidente da Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica (SBGM), pesquisadora e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Débora Gusmão Melo, secretária da SBGM e professora da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
De acordo com as médicas geneticistas, entre os principais temas de estudo da especialidade atualmente estão:
• Medicina de precisão: desenvolvimento de terapias personalizadas, especialmente em oncologia e doenças raras.
• Edição genômica: pesquisas com tecnologias como Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats (CRISPR) para corrigir mutações causadoras de doenças.
• Terapia gênica: técnica que consiste na introdução de genes saudáveis em células do paciente para corrigir genes disfuncionais ou inativos. Já tem sido utilizada para o tratamento de doenças, como a Atrofia Muscular Espinhal (AME) tipo 1.
• Farmacogenômica: estudos para entender como variações genéticas influenciam a resposta a medicamentos.
• Epigenética: investigação de como fatores ambientais podem modificar a expressão gênica sem alterar o DNA em si.
• Genética populacional: pesquisas que buscam compreender a diversidade genética da população brasileira, que é extremamente rica e complexa.
“Essas áreas não só ampliam o conhecimento científico, mas também têm implicações práticas importantes para a saúde pública”, destaca Ida Schwartz.
Apesar da relevância dos avanços nos estudos e possibilidades, a presidente da SBGM afirma que o número de profissionais especializados em Genética Médica e Genômica no Brasil é insuficiente, o que limita também o acesso da população a esses serviços. “Esse crescimento ainda enfrenta desafios, como a distribuição desigual dos serviços de genética médica no país e a falta de integração entre pesquisa, prática clínica e políticas públicas”, observa.
Para se ter ideia do cenário, atualmente existem apenas 12 programas de Residência Médica em Genética no país. E somente 36 serviços clínicos habilitados pelo Ministério
da Saúde na Política de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras no SUS. Ida Schwartz acredita que esse é um campo com grande potencial de expansão, tanto no setor público quanto no privado. No entanto, para isso, é essencial que haja mais investimentos na formação de recurso humano e infraestrutura dos serviços para atender à demanda crescente. “É um círculo: necessitamos de mais médicos geneticistas, mas necessitamos, também, que haja maior oferta de emprego para o médico geneticista. A oferta de empregos é um dos drivers na escolha da especialidade a ser seguida por um jovem recém-graduado”, analisa.
Do ponto de vista do ensino acadêmico, a professora Débora Gusmão Melo reconhece que há passos largos a serem dados. Isso porque a inclusão de conteúdos de alta especialização nos currículos médicos é limitada. “Para atender às demandas futuras, é fundamental que a genética médica e clínica seja tratada como uma disciplina essencial, integrando desde a graduação até a educação continuada”, defende. Mesmo com tantos desafios, ela vê um mundo cheio de oportunidades pela frente.
Oportunidades na saúde pública e suplementar
Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) atestam que o Sistema Único de Saúde (SUS) atende a 75% da população brasileira – sendo assim um grande gerador de emprego para os médicos. A Saúde Suplementar, por sua vez, atende a 25% da população brasileira (aproximadamente 50 milhões de habitantes), e também é um grande mercado de trabalho para os médicos, principalmente para aqueles que se dedicam a empreender na prática privada.
“Os principais desafios são a elaboração de políticas públicas e privadas que melhorem as condições de trabalho e estimulem a ida dos médicos para o interior do país, a
incorporação das ferramentas digitais na assistência à saúde e o custeio dos novos medicamentos e equipamentos”, pondera o médico Luiz Henrique Picolo Furlan, que atua na área de Avaliação de Tecnologias e Valor em Saúde da Unimed Paraná.
Entre as potencialidades, Furlan menciona as possibilidades de novos modelos de cuidado médico, incluindo as ferramentas digitais, como a teleconsulta. Assim como a disponibilização de conteúdos de saúde na internet, em mídias sociais e blogs, e a utilização da IA para apoiar no processo de cuidado dos pacientes, dentro das regras da Lei Geral de Proteção de Dados. “Essas ferramentas poderão ampliar a atuação dos médicos para além dos limites geográficos locais. O novo campo de atuação também abrangerá os meios digitais, com o devido respeito à ética e o cuidado em relação à curadoria científica, em especial, para combater as informações falsas”, destaca.
Para alcançar o tão desejado equilíbrio entre a excelência na qualidade assistencial e um custo que a sociedade possa financiar, é necessário reduzir desperdícios do sistema de saúde, utilizar os recursos com racionalidade e aproveitar as tecnologias de informação para atuar preventivamente.
“Neste sentido, a Unimed Paraná vem desenvolvendo soluções e inovando nas áreas de gestão, tecnologia de informação, regulação em saúde, desenvolvimento de rede assistencial e gestão de cuidados em saúde, para apoiar as Singulares nos desafios a serem enfrentados e manter a sustentabilidade do modelo cooperativista”, conta Furlan.
Vale lembrar que o Sistema Unimed é o maior sistema cooperativo de médicos do mundo e conta, atualmente, com 339 cooperativas no Brasil, envolvendo 116 mil médicos cooperados e atendendo a quase 20 milhões de clientes da saúde suplementar. Com sua capilaridade pelo interior do país, cumpre sua missão de gerar trabalho e renda para os médicos e todos os profissionais envolvidos na saúde. No Paraná, são 23 cooperativas que atendem a 1,8 milhão de clientes.
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TV FOCO
Plano de saúde famoso entre os idosos surpreende o Brasil ao ter sua falência decretada.
O gigante chegou ao fim e deixou milhares sem assistência
Os planos de saúde desempenham um papel indispensável na vida de milhões, especialmente em um país onde, apesar da existência do SUS, a espera por consultas e exames pode ser longa e, até, inviável.
Entre os idosos, esse tipo de serviço é ainda mais valorizado, afinal, com o avanço da idade, cresce a demanda por atendimentos regulares, exames de rotina e tratamentos contínuos.
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Ter um plano de saúde, portanto, é uma necessidade que garante dignidade e segurança na fase mais delicada da vida. Contudo, quando esse serviço acaba de forma repentina, afeta vários clientes.
Conforme apurado pelo TV FOCO, foi exatamente isso que aconteceu com a All Saúde, até então considerada o plano número 1 entre os idosos com mais de 60 anos.
A operadora, que atendia mais de 35 mil usuários, sendo 80% desse público formado pelos 60+, decretou falência de forma repentina, deixando seus segurados sem qualquer respaldo.
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FOLHA VITÓRIA
Mirando 60 mil vidas, QualiSaúde investe R$ 13 milhões e quer chegar a mais dois estados
A empresa capixaba QualiSaúde – administradora de benefícios com presença em todo o Espírito Santo e em mais quatro capitais brasileiras: Aracaju, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador – acaba de investir R$ 13 milhões em automações, melhorias de plataformas e treinamentos com foco em expandir sua base de clientes, que hoje conta com 36 mil vidas. A meta agora é alcançar 60 mil vidas e expandir para o Rio de Janeiro e Brasília ainda em 2025.
Plano de expansão busca consolidar presença em mercados maduros
Ao longo do último ano, a empresa, que administra os produtos da operadora São Bernardo Saúde, cresceu 200% em vidas assistidas, chegando a 36 mil. A empresa foi fundada em Colatina, no Norte do estado, e trouxe sua sede para Vitória para expandir sua operação pelo Espírito Santo. Atualmente, atende a todo o estado e também atua no Sergipe, São Paulo, Belo Horizonte e Salvador.
Agora, mirando chegar a 60 mil vidas, a empresa investiu R$ 13 milhões em automações, novos sistemas e melhorias de plataformas, além de treinamento e contratação de novos profissionais, segundo Flávio Cirilo, CEO da QualiSaúde.
“Mesmo sendo uma tendência nos últimos anos, a gente preza que o usuário não converse com robôs, em qualquer um dos nossos canais, seja pelo telefone, WhatsApp, aplicativo ou via e-mail. Então, se o usuário quiser, desde o primeiro momento ele pode ser atendido por diretamente um humano. Isso evita muitos erros que vemos pelo mercado e aumenta a satisfação do nosso cliente”, afirma.
Ainda em 2025, a empresa busca consolidar seu plano de expansão com a abertura em dois novos estados: Rio de Janeiro e Brasília – regiões que possuem mercado de saúde qualificado, de acordo com Cirilo.
“Esses dois estados já têm uma alta cobertura de plano de saúde. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, isso movimenta o mercado como um todo. Essas praças que já têm boa cobertura são oportunidades para oferecermos nossos serviços para clientes que já estão acostumados a ter plano de saúde. Nossa meta é expandir para o Rio de Janeiro e Brasília até o final deste ano”, completa o CEO.
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METROPOLES
Negligência: irmãos perdem rim em transplante e movem ação milionária
Complicações durante a cirurgia fizeram com que o rim fosse perdido poucas horas após o procedimento
O que era para ser um momento de esperança e recomeço acabou se transformando em um trauma duradouro para dois irmãos do interior da Paraíba. Após meses na fila do SUS aguardando um transplante renal, Genilson dos Santos acreditava que finalmente teria sua vida de volta ao receber um rim saudável do próprio irmão, José Enilson. Mas complicações durante a cirurgia fizeram com que o órgão fosse perdido poucas horas após o procedimento.
O transplante foi realizado em maio de 2022. Genilson entrou na sala cirúrgica às 10h da manhã. O prontuário eletrônico indicava que o anestesista escalado para o procedimento deveria permanecer até pelo menos 14h30. No entanto, documentos mostram que o mesmo médico constava como integrante da equipe de outra cirurgia iniciada às 10h30.
De acordo com Genilson, em determinado momento da cirurgia, a anestesia teria perdido o efeito. Ele relata ter recobrado a consciência e se movido na mesa, o que teria surpreendido a equipe médica. Um movimento brusco resultou em uma lesão e desencadeou uma hemorragia. O quadro evoluiu rapidamente para trombose, e o rim transplantado precisou ser removido.
Esperança frustrada
A cirurgia, que marcaria uma nova fase na vida dos irmãos, acabou sendo o ponto de partida de uma luta por justiça. O doador, antes saudável, passou a viver com um único rim e cuidados redobrados. Genilson, por sua vez, segue dependente de sessões de diálise três vezes por semana, viajando cerca de 130 km para receber o tratamento.
"Minha vida está prejudicada. Eu estava cheio de esperança. Depois de tanto tempo, a gente acreditava que tudo ia melhorar. Mas saí da sala de cirurgia com a mesma dor - e mais uma cicatriz", lamentou Genilson.
Hoje, ele vive com o Benefício de Prestação Continuada (BPC), enquanto o irmão também enfrenta restrições para garantir a própria saúde.
Processo na Justiça
O advogado da família, Paulo Antonio Maia e Silva Júnior, afirma que houve negligência, especialmente do anestesista. "O profissional tinha a responsabilidade de permanecer na sala durante todo o procedimento. Não cabe ao cirurgião monitorar os níveis da anestesia. O erro, nesse caso, começa quando o anestesista divide sua atenção entre duas cirurgias ao mesmo tempo."
A família move um processo contra o hospital onde o transplante foi realizado e contra o médico responsável pela anestesia. Eles pedem R$ 2 milhões em indenização por danos físicos, emocionais e morais. A audiência de instrução e julgamento está marcada para o dia 10 de junho. A coluna procurou o hospital, que ainda não respondeu. O espaço segue aberto.
Histórico do anestesista
O anestesista envolvido já havia sido expulso da cooperativa estadual da especialidade meses antes do transplante. A decisão foi tomada após reincidência em condutas consideradas antiéticas. Entre os motivos, estava a insistência em realizar mais de um procedimento ao mesmo tempo, prática proibida pelas normas da profissão.
Denúncias anteriores apontavam que o profissional integrava grupos internos nos hospitais que restringiam a atuação de colegas fora desses arranjos, dificultando a livre concorrência e comprometendo a segurança do atendimento.
Segundo o advogado das vítimas, esse tipo de estrutura informal favorece o acúmulo de procedimentos por um mesmo médico, o que, além de antiético, compromete a qualidade da assistência prestada. "Não é possível estar em duas cirurgias ao mesmo tempo com o mesmo grau de atenção. Isso é inaceitável em qualquer área da medicina", afirmou.
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Assessoria de Comunicação
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Planos de saúde: ANS quer regras para reajuste dos contratos coletivos e aumento extra dos individuais
Máfia da anestesia: denúncia anônima virou arma contra dissidentes
Planos de saúde e descredenciamento: o que diz a lei?
Modernizar o gerenciamento do sangue do paciente é urgente no Brasil
https://medicinasa.com.br/sangramento-gerenciamento/
Da IA ao metaverso: os avanços que estão moldando o futuro
https://medicinasa.com.br/ia-metaverso/
Tarifa dos EUA sobre dispositivos pode abrir nova janela para o Brasil
https://medicinasa.com.br/tarifa-eua-dispositivos/
Taxa por falta do paciente? Veja o que diz o CFM
https://www.migalhas.com.br/depeso/428952/taxa-por-falta-do-paciente-veja-o-que-diz-o-cfm
Justiça nega recurso e Unimed Goiânia deve restabelecer terapias para pessoas com autismo
O GLOBO
Planos de saúde: ANS quer regras para reajuste dos contratos coletivos e aumento extra dos individuais
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) começou a analisar nesta segunda-feira o pacote de medidas que mudam a política de preços dos planos de saúde. As propostas incluem, entre outros pontos, a criação de regras para o aumento dos contratos coletivos e autoriza a cobrança de um aumento extra dos planos individuais e familiares.
O combo de medidas foi proposto em outubro de 2024 pela agência reguladora. O projeto passou por audiências e consultas públicas e recebeu contribuições da sociedade. Entre dezembro e fevereiro, o pacote recebeu 2,5 mil sugestões de 307 entidades, a maioria operadoras de planos e entidades representativas das empresas.
Agora, um projeto final com as proposições da agência foi levado à apreciação pela Diretoria Colegiada do órgão. Os diretores começaram a votar pela continuação do projeto, mas a Diretoria de Fiscalização pediu análises complementares e o tema deve voltar à votação noutra data, ainda a ser definida.
A proposta proíbe o acúmulo de índices (financeiro e sinistralidade) para o cálculo do reajuste dos planos coletivos. Diferente dos individuais, os planos coletivos não têm um percentual máximo de aumento definido pela ANS, e a correção anual é negociada entre a operadora e a empresa contratante.
A agência quer que a correção anual dos contratos coletivos se dê por índices financeiros e variação da despesa assistencial, e que a sinistralidade entre na conta de forma complementar. Esse índice, que representa a fatia da receita da operadora que é usada para custear a assistência médica dos usuários, deve ser de, no mínimo, 72%.
Outro ponto proposto pela ANS é a chamada revisão técnica dos planos individuais e familiares. O instrumento serve para que as operadoras em desequilíbrio econômico-financeiro possam ter reajustes “excepcionais” — ou seja, além do aumento anual e acima do teto estabelecido pela ANS para o tipo de contrato. Se aprovado pelos diretores da agência, essa regra começa a valer já a partir de janeiro de 2026.
Para pedir o aumento extra, a carteira de planos individuais da operadora precisará estar em desequilíbrio econômico-financeiro há pelo menos três anos.
Se o pedido for aprovado pela ANS, o reajuste extraordinário deverá acontecer no aniversário do contrato e de forma cumulativa ao reajuste anual, num percentual conjunto limitado a 20%. Se o percentual for superior a isso, o aumento deverá ser diluído entre três e cinco anos.
A operadora não poderá pleitear uma nova revisão técnica em até cinco anos após o primeiro pedido. O aumento extra também não poderá incidir em contratos com menos de cinco anos de duração.
Na proposta inicial, a ANS queria limitar a 30% da mensalidade a cobrança de coparticipação e franquia, e criar um limite de coparticipação a 30% do valor do procedimento. Além disso, haveria uma lista de procedimentos isentos de cobrança, como aqueles relacionados a terapias crônicas, oncologia, hemodiálise e alguns exames preventivos.
Mas a agência decidiu por analisar os temas por mais tempo. A obrigação de venda on-line também ficou para depois.
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METRÓPOLES
Máfia da anestesia: denúncia anônima virou arma contra dissidentes
A prática da denúncia não se limitou aos médicos diretamente envolvidos. Familiares de anestesistas também foram alvo de pressões veladas
A Operação Toque de Midaz, que investiga práticas anticompetitivas no setor de anestesiologia do Distrito Federal, aponta para um mecanismo de intimidação que extrapola ameaças diretas e boicotes: o uso de denúncias anônimas para perseguir profissionais que ousaram romper com o monopólio exercido pela Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas (Coopanest-DF).
De acordo com o que foi apurado, médicos que aceitaram trabalhar em hospitais fora do esquema da cooperativa passaram a ser alvo de denúncias enviadas a instituições públicas e locais de trabalho, com o objetivo de desestabilizar suas carreiras. Relatos indicam que essas denúncias, em sua maioria infundadas, questionavam a conduta ética e profissional dos anestesistas, sugerindo irregularidades inexistentes.
A estratégia, segundo o inquérito, teve como principal alvo os profissionais que passaram a atuar em um hospital que rompeu vínculos com o grupo associado à cooperativa. As denúncias anônimas, enviadas por canais internos de hospitais e órgãos públicos, acusavam falsamente os médicos de abandono de função e manipulação de escalas para benefício próprio.
Além dos prejuízos diretos à reputação dos profissionais, o uso recorrente desse tipo de denúncia gerou abalos emocionais, desgaste profissional e o surgimento de sindicâncias administrativas, ainda que, em muitos casos, as acusações não fossem comprovadas.
A prática não se limitou aos médicos diretamente envolvidos. Familiares de anestesistas também foram alvo de pressões veladas. Em um dos casos relatados, parentes de um profissional receberam mensagens alertando que futuros empregos poderiam ser comprometidos caso a ligação com o hospital dissidente se mantivesse.
As investigações indicam que a tática fazia parte de um conjunto de ações destinadas a isolar e intimidar médicos que não se submetessem às diretrizes do grupo dominante. Além das denúncias, foram constatadas ameaças de descredenciamento, exclusão da cooperativa e bloqueio de oportunidades profissionais em hospitais privados.
O inquérito também registra que o ambiente de medo criado por essa rede de intimidação comprometeu a liberdade de atuação dos anestesistas no DF e elevou as barreiras para quem tentava atuar de forma independente.
Toque de Midaz
A Operação Toque de Midaz, deflagrada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Distrito Federal, apura indícios de crimes como formação de cartel, organização criminosa, constrangimento ilegal e lavagem de dinheiro. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra dirigentes da cooperativa e médicos suspeitos de integrar o esquema de coerção.
O nome da operação faz referência ao rei Midas, da mitologia grega, símbolo da ambição desmedida, e ao Midazolam, medicamento usado em procedimentos anestésicos.
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O DIA ONLINE
Planos de saúde e descredenciamento: o que diz a lei?
Estou grávida e o plano de saúde se recusa a cobrir o parto no hospital onde faço meu pré-natal, alegando que a maternidade foi descredenciada. Quando a rede credenciada muda no meio do caminho, o consumidor pode ser prejudicado? Alice Silva, Recreio.
Segundo Melissa Areal Pires, advogada especialista em Direito à Saúde, o Art. 17 da Lei 9.656/98 estabelece que a inclusão de prestador como contratado, referenciado ou credenciado implica compromisso quanto à sua manutenção ao longo do contrato, permitindo-se a substituição de entidade hospitalar apenas por outra equivalente e com comunicação prévia à ANS e aos consumidores, com 30 dias de antecedência. Esse prazo mínimo só é dispensado em casos de rescisão por fraude ou por infração às normas sanitárias e fiscais.
Na hipótese de a substituição ocorrer por vontade da operadora durante o período de internação do consumidor, o hospital é obrigado a manter a internação, e a operadora, a arcar com as despesas até a alta hospitalar, conforme critério médico e previsto em contrato. Ficam fora dessa regra apenas os casos de substituição motivada por infrações sanitárias, nos quais a operadora deve garantir a transferência imediata para outro estabelecimento equivalente, assegurando a continuidade do atendimento sem custos adicionais.
Melissa pontua que descredenciamentos que não seguem essas regras devem ser denunciados à ANS. "Eventuais prejuízos morais e/ou materiais devem ser ressarcidos pelas operadoras, com base no Código de Defesa do Consumidor e nas normas da própria agência reguladora", alerta.
A ANS disponibiliza um canal direto para denúncias de irregularidades, e consumidores que se sentirem lesados podem também buscar apoio no Ministério Público ou na Defensoria Pública, fortalecendo o controle social sobre os planos de saúde, salienta o advogado Átila Nunes do serviço www.reclamar adianta com br. O atendimento é gratuito pelo e-mail juríO endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. ou pelo WhatsApp (21) 993289328.
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MEDICINA S/A
Modernizar o gerenciamento do sangue do paciente é urgente no Brasil
O manejo do sangue do paciente no preparo para cirurgias e procedimentos hospitalares é um grande desafio na medicina moderna. A cada ano, mais de 60 mil americanos morrem devido a choque hemorrágico, e, em todo o mundo, esse número chega a quase 2 milhões, segundo artigo publicado no The New England Journal of Medicine. Há 20 anos, surgiu o Patient Blood Management (PBM), um conjunto de estratégias para preservar o sangue do paciente que compõe uma alternativa mais segura à transfusão sanguínea. A Organização Mundial da Saúde (OMS) endossou o PBM em 2010 e, em 2021, oficializou uma política que exige que todos os Estados-membros atuem para adotá-lo.
A aplicação do método prevê a manutenção da concentração de hemoglobina do paciente, a otimização da hemostasia - resposta fisiológica do corpo para a prevenção ou interrupção de sangramento, a fim de bloquear lesões vasculares - e a minimização da perda sanguínea. Pensando nesses benefícios, Guilherme Rabello, graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica (Poli) da USP e atual diretor de Inovação do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP), publicou um artigo que traz uma visão inovadora e disruptiva dentro do tema, prevendo a urgência de modernizar o gerenciamento de sangue no Brasil.
"Aplicar técnicas de inovação é necessário para revisitarmos certos processos assistenciais e de envolvimento com pacientes", afirma Rabello. O pesquisador realça que, durante a pandemia de covid-19, ocorreu uma acentuação na indisponibilidade de doação sanguínea, mas o número de doadores reduz progressivamente desde a crise do HIV.
"A quantidade de sangue disponível hoje é menor e custa mais caro; ao mesmo tempo, a população envelhece, pois a expectativa de vida cresce. Tem pessoas vivendo mais que vão desenvolver mais doenças crônicas e vão precisar de mais intervenção médica, então o que acontece é um descasamento entre oferta e demanda" diz Guilherme Rabello
Há evidências crescentes do risco de incompatibilidade e de outros efeitos colaterais que podem ser enfrentados durante a transfusão. Além disso, a escassez dos bancos de sangue muitas vezes inviabiliza o fornecimento necessário no momento em que o paciente precisa, podendo levá-lo à anemia e ao óbito. A proposta do PBM é instaurar formas de resolução menos reativas e mais preventivas, promovendo a ação conjunta de técnicas e métodos clínicos e cirúrgicos, o que exige uma mudança estrutural no perfil assistencial médico. "As formas convencionais de tratamento tendem a aumentar o risco do paciente necessitar a transfusão, o que se torna um ciclo vicioso", aponta Rabello.
"Conservando o sangue do próprio paciente, o risco de uma reação imunológica e de infecção também diminui", complementa. Já existem estratégias consolidadas em conservação e manipulação farmacológica, mas vários campos de pesquisa estão em desenvolvimento. Na área de bioengenharia tecidual, a produção in vitro ou modificação artificial de componentes sanguíneos pode eliminar incompatibilidades e auxiliar no tratamento de doenças hematológicas. Outra novidade são os fatores de crescimento recombinantes, proteínas artificiais que atraem células para uma ferida e estimulam o processo de cicatrização.
Além dos benefícios para a saúde do paciente e para a melhor gestão da rede de saúde, o PBM beneficia a economia, pois reduz diversos gastos. "Quando você cuida do paciente de uma maneira preventiva, evita-se a necessidade de um atendimento médico de maior complexidade", ressalta. O diretor destaca a importância de promover a sustentabilidade da saúde: ao reduzir os riscos de reações adversas da transfusão, agiliza-se o atendimento do paciente, e, consequentemente, reduz-se o tempo de internação. Quanto menos tempo um paciente fica internado, menor o custo financeiro para o SUS, e maior a disponibilidade de leitos para o restante da população.
Uma simples gaze
Para o pesquisador, uma ferramenta essencial na busca por essa revolução médica é a Escala VIBe, uma escala validada para gravidade de sangramento que auxilia a estabelecer, rapidamente, a eficácia de diferentes estratégias hemostáticas em um cenário clínico. Utilizando apenas uma gaze como objeto de medição, ela permite que o profissional dimensione a perda de sangue do paciente e avalie a necessidade de intervenção imediata.
O benefício do procedimento está, exatamente, em sua simplicidade: qualquer pessoa treinada pode utilizar essa régua para saber como controlar um sangramento, mesmo sem ter uma especialidade, materiais ou exames complexos. "Isto é uma inovação por si só, pois facilita na resolução de um problema que põe em risco a vida do paciente, se não for identificado precocemente", comenta o diretor.
A demora na mudança de protocolos clínicos, mesmo após a publicação de novas diretrizes, é um desafio comprovado. Segundo dados de pesquisas anteriores, leva em média 17 anos para que novas recomendações se tornem parte da prática diária. Rabello aponta que o PBM conflita com hábitos e métodos arraigados no ambiente hospitalar, e essa atualização cultural demanda estratégias de adaptação. "Vemos um grande potencial de ensino: [a escala VIBe] deveria ser incorporada como método de educação, especialmente para os profissionais de cirurgia."
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Da IA ao metaverso: os avanços que estão moldando o futuro
Em um país com dimensões continentais como o Brasil, com uma população diversa e, muitas vezes, enfrentando desafios de acesso a serviços de saúde, cada avanço que garante mais segurança e assertividade no cuidado é, de fato, revolucionário. Sabemos que tecnologias de ponta ainda não são uma realidade em todo o sistema de saúde, mas vivenciamos, na prática, a necessidade de ampliar o uso da inteligência artificial (IA), realidade virtual, metaverso e robótica, que estão remodelando o ambiente hospitalar, tornando-o mais seguro, eficiente e centrado no paciente. Aliadas poderosas para ampliar a nossa capacidade de cuidar.
O uso da tecnologia para prevenir erros e promover decisões clínicas mais embasadas tem o potencial de transformar profundamente a forma como cuidamos das pessoas — especialmente nos momentos em que elas estão mais vulneráveis. Segundo o estudo Inteligência Artificial na Saúde: potencialidades, riscos e perspectivas para o Brasil, publicado em setembro de 2024 pelo Cetic.br/NIC.br, a IA pode revolucionar o sistema de saúde ao permitir diagnósticos mais precisos, tratamentos personalizados e uma gestão mais eficiente dos recursos, promovendo uma abordagem mais proativa e centrada no paciente.
Aqui, posso citar diversos exemplos que já estão sendo utilizados no Brasil. Um deles é uma plataforma que utiliza a IA para cruzar interações medicamentosas, dados clínicos do prontuário e de exames laboratoriais prevenindo possíveis efeitos adversos. Essa ferramenta não só aumenta a segurança assistencial, mas também otimiza o tempo de atendimento, permitindo que as equipes se concentrem no cuidado humano e integral.
Para o tratamento de doenças cardiovasculares – que continuam sendo a principal causa de morte no Brasil – cito um sistema baseado em inteligência artificial que tem uma solução para priorizar automaticamente os laudos dos eletrocardiogramas com sinais de alerta. Na prática, funciona assim: os eletrocardiogramas realizados nos hospitais ficam armazenados em nuvens e são filtrados por algoritmos de inteligência artificial. Os que apresentam alterações são priorizados para laudo.
Em hospitais como o Nove de Julho e o Hospital Brasília, vimos um aumento de 82% nos tratamentos de fibrilação atrial. Mas não são apenas números: são pessoas que receberam um diagnóstico a tempo, que tiveram acesso a um tratamento mais eficaz e que voltaram para casa mais cedo, com mais qualidade de vida, para estar junto de quem os ama.
A inovação vai além do diagnóstico. A realidade virtual e o metaverso estão ajudando as equipes cirúrgicas a planejar procedimentos de maneira mais assertiva. Com a reconstrução de imagens em 3D, é possível simular procedimentos com precisão, antecipar desafios e tomar decisões com mais segurança. Isso significa menos tempo em sala cirúrgica, menos complicações e uma recuperação mais rápida para o paciente. Significa, de novo, mais cuidado.
Essas tecnologias não substituem o toque, o olhar atento, a empatia e o acolhimento em um momento delicado de saúde. Pelo contrário, elas potencializam a nossa capacidade de estar presentes e fazer mais, com mais qualidade e respeito à singularidade dos pacientes. Além da IA ser benéfica no diagnóstico, ela é uma aliada na rotina dos médicos. Em setembro de 2024, a plataforma de saúde Medscape identificou que 67% dos médicos no Brasil gastam mais de 10 horas semanais com burocracia e a IA generativa surge como aliada para amenizar esse problema.
Acredito profundamente que o futuro da saúde passa por essa integração entre ciência e sensibilidade. Um hospital inteligente não é aquele com um parque tecnológico moderno — é o que usa a tecnologia para escutar melhor, diagnosticar mais rápido e cuidar com mais profundidade. Cuidar com tecnologia é, no fim, dar uma assistência mais assertiva e, consequentemente, melhor.
*Rogério Reis é vice-presidente de Hospitais da Rede Américas.
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Tarifa dos EUA sobre dispositivos pode abrir nova janela para o Brasil
A decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 10% sobre a importação de dispositivos médicos brasileiros, onde a maioria dos produtos eram isentos, pode surpreender positivamente o setor nacional. Para a ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos), embora a medida represente um desafio inicial, ela também abre uma oportunidade concreta de crescimento para o Brasil no principal mercado comprador dos nossos produtos.
Isso porque países como China e membros da União Europeia foram atingidos com tarifas ainda mais elevadas, o que posiciona o Brasil de forma mais competitiva no mercado americano — destino principal das exportações brasileiras do setor.
“Este é um momento estratégico para a indústria nacional. A qualidade dos dispositivos médicos brasileiros é amplamente reconhecida no exterior, e podemos ampliar nossa presença nos EUA com inteligência comercial, inovação e diversificação de portfólio”, afirma Paulo Henrique Fraccaro, CEO da ABIMO.
Em 2024, o Brasil exportou US$ 1,17 bilhão em dispositivos médicos — alta de 24,6% em relação ao ano anterior — com vendas para mais de 190 países. Só os Estados Unidos absorveram grande parte desse volume. Diante do novo cenário, a ABIMO reforça a necessidade de um planejamento estratégico para sustentar o crescimento e posicionar o país como alternativa viável a fornecedores asiáticos e europeus.
Atenção redobrada no mercado interno
Apesar do cenário externo promissor, a Entidade alerta para um possível efeito colateral: a intensificação da concorrência no mercado interno. “Com tarifas mais altas nos EUA, países impactados buscarão outros destinos para seus produtos — e o Brasil pode se tornar esse alvo”, analisa Fraccaro.
Outro ponto de atenção está no aumento dos custos de importação de peças e insumos essenciais à produção, já que nenhum país é autossuficiente nesse setor. Por isso, a ABIMO defende o fortalecimento da política industrial brasileira, com foco em estímulo à inovação, internacionalização e competitividade.
“Precisamos garantir condições adequadas para que a indústria nacional cresça com consistência. O momento é favorável, mas exige ações coordenadas entre setor produtivo e políticas públicas”, conclui o CEO.
Esse é o cenário atual, mas ele pode mudar a qualquer momento, à medida que os Estados Unidos revejam suas decisões e implementem novos ajustes em sua política comercial. A ABIMO seguirá acompanhando de perto os desdobramentos e reforça a importância de o Brasil estar preparado para reagir com agilidade às transformações do mercado global.
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MIGALHAS
Taxa por falta do paciente? Veja o que diz o CFM
A ausência de pacientes em consultas previamente agendadas é uma realidade cotidiana para os profissionais da medicina. Diante dos prejuízos operacionais e financeiros decorrentes dessas faltas, muitos médicos têm buscado soluções como a cobrança de “taxa de agendamento” ou multa por não comparecimento. No entanto, é importante alertar: tais práticas contrariam diretamente o que determina o CFM – Conselho Federal de Medicina e podem configurar infração ética.
O despacho SEI 102/15 do CFM, bem como os pareceres posteriores da CONJUR – CFM – Coordenação Jurídica do Conselho Federal de Medicina. Despacho CONJUR 060/22 e despacho SEJUR 309/15, deixam claro que “quaisquer soluções que o médico empreender para minorar os efeitos das ausências dos pacientes em consultas agendadas, como cobrança de taxa de agendamento ou multas, afrontam o disposto no art. 59 do Código de Ética Médica“.
O art. 59 do Código de Ética Médica é claro ao afirmar:
“É vedado ao médico oferecer ou aceitar remuneração ou vantagens por paciente encaminhado ou recebido, bem como por atendimentos não prestados.“
Em outras palavras, o CFM entende que o médico só pode receber honorários por atendimentos efetivamente realizados. A tentativa de cobrar pela vaga reservada, mesmo que o paciente tenha desmarcado em cima da hora ou sequer comparecido, não encontra respaldo ético.
A Coordenação Jurídica do CFM reforça que o profissional da medicina “deve responder pelos riscos, inclusive financeiros, da sua atividade profissional”. Isso significa que as incertezas relacionadas à agenda de consultas fazem parte dos riscos naturais da profissão, e não podem ser repassados diretamente ao paciente de forma punitiva.
A importância da política de agendamento e cancelamento:
Apesar da vedação à cobrança de taxa de agendamento, isso não significa que o médico deva se manter passivo diante de faltas recorrentes. Uma medida ética e estratégica é a elaboração de um documento claro e acessível chamado política de agendamento e cancelamento.
Essa política deve ser apresentada de forma transparente ao paciente no momento do primeiro contato ou agendamento, explicando como funciona a marcação de consultas, os prazos mínimos para cancelamento, as consequências administrativas de faltas repetidas e as boas práticas esperadas.
Embora não possa prever cobrança por ausência, essa política ajuda a educar o paciente, alinhar expectativas e dar respaldo organizacional à clínica. Além disso, reforça a seriedade do profissional, protege a imagem da instituição e contribui para um relacionamento mais respeitoso e responsável entre médico e paciente.
Assim, embora o incômodo com ausências seja compreensível, especialmente diante de uma agenda concorrida, o caminho para mitigar os impactos não é a imposição de taxas. O ideal é investir em estratégias preventivas, como a confirmação ativa de presença, maior orientação ao paciente, uma política formal de agendamento e gestão de agenda mais eficiente.
Médicos que descumprem a orientação do CFM se expõem a processos éticos disciplinares e sanções que podem comprometer sua atuação profissional.
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JORNAL OPÇÃO
Justiça nega recurso e Unimed Goiânia deve restabelecer terapias para pessoas com autismo
Justiça determinou a suspensão de reanálise médica e reiterou a garantia de cobertura ilimitada para as terapias multidisciplinares
A Unimed Goiânia deve restabelecer terapias a pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) depois que o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) negou recurso da operadora de plano de saúde. Foi reafirmada a liminar que determinou a Unimed suspendesse imediatamente os procedimentos de reanálise por junta médica e que mantivesse as terapias para autistas, da forma e quantidade prescritas pelos médicos.
O Ministério Público (MP) apresentou uma proposta em fevereiro deste ano depois de receber denúncias da Associação das Mães em Movimento pelo Autismo de Goiás (MMA) e de pais e mães de crianças e adolescentes com autismo. As denúncias afirmavam que a Unimed Goiânia, desde outubro de 2024, notificou os responsáveis por pacientes com TEA, exigindo uma reavaliação – feita por junta médica – das terapias prescritas por médicos.
O MP-GO ainda pede uma indenização de R$ 200 mil por danos morais coletivos, e que a Unimed Goiânia seja condenada a responder civilmente pelos danos causados aos consumidores prejudicados.
Em nota enviada ao Jornal Opção, a Unimed Goiânia informou que “cumprirá integralmente a decisão judicial e reafirma seu compromisso com a qualidade da assistência prestada aos seus beneficiários, respeitando sempre as determinações legais e os direitos dos pacientes”.
A Agência Nacional de Saúde (ANS) determina que os planos de saúde forneçam cobertura ilimitada de sessões com fonoaudiólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais para pacientes com autismo, conforme ressaltou o promotor de Justiça Élvio Vicente da Silva na decisão.
A decisão também pontua que o plano não deve falar em coparticipação do usuário por conta do tratamento multidisciplinar, já que há garantia de que não se pode impor um número máximo de sessões. Além do Comunicado nº 95, da ANS, que proíbe a suspensão de tratamentos de pacientes autistas que já estão em atendimento.
Segundo a decisão, foram mantidos os pedidos feitos em proposta do MP, feita em fevereiro deste ano, em ação proposta pelo promotor de Justiça Élvio Vicente da Silva, da 70ª Promotoria de Justiça de Goiânia. Já a liminar mencionada foi concedida pela juíza Luciana Monteiro Amaral, da 11ª Vara Cível de Goiânia. A nova decisão – que reafirma a liminar – é da 1ª Câmara Cível.
A liminar – que foi mantida – determina que a Unimed Goiânia:
Suspenda os procedimentos de reanálise por junta médica;
Restabeleça todas as terapias que foram reduzidas ou suspensas, na forma e quantidade prescritas;
Não reduza as terapias prescritas;
Forneça integralmente as terapias conforme prescrição do médico.
Neste mês, o Tribunal de Justiça e a Unimed-Goiânia firmaram parceria para buscar conciliação com os usuários a fim de desobstruir um excesso de processos judiciais que envolve, principalmente, tratamentos para pessoas autistas.
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Assessoria de Comunicação
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DESTAQUES
CFM emite norma sobre acesso a UTIs após intimação de Bolsonaro em hospital
SP lidera avanço de planos de saúde; RJ tem maior retração do país
https://medicinasa.com.br/sp-planos-rj/
Artigo - O que esperar do plano para consultas estritamente eletivas?
https://medicinasa.com.br/plano-consultas-medicas/
Artigo - O debate sobre a validação da prova do CREMESP para médicos
https://medicinasa.com.br/prova-cremesp/
Cresce a busca por exames de imagem na prevenção de doenças
https://thmais.com.br/cidades/baixada-santista/cresce-a-busca-por-exames-de-imagem-na-prevencao-de-doencas/
O HOJE
CFM emite norma sobre acesso a UTIs após intimação de Bolsonaro em hospital
A declaração ocorreu dois dias após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser intimado por uma oficial de Justiça enquanto estava internado na UTI
Na última sexta-feira (25), uma nota divulgada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) gerou polêmica. No comunicado, o órgão afirmou que o acesso a unidades de terapia intensiva (UTIs) é restrito e deve seguir regras como autorização prévia da equipe médica, agendamento de visitas, uso de equipamentos de proteção individual e limitação do número de pessoas por leito. O CFM também pediu que conselhos regionais apurem possíveis desrespeitos aos protocolos, citando riscos à saúde dos pacientes.
Embora não cite nomes, a declaração ocorreu dois dias após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser intimado por uma oficial de Justiça enquanto estava internado na UTI do Hospital DF Star, em Brasília. Ele foi notificado sobre a abertura de uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) relacionada à tentativa de golpe no ano de 2022.
Bolsonaro, que passou por cirurgia no início de abril, criticou a abordagem, mas participou de uma transmissão ao vivo direto da UTI, o que, segundo o STF, indicou que ele estava em condições de ser intimado.
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MEDICINA S/A
SP lidera avanço de planos de saúde; RJ tem maior retração do país
O comportamento do mercado de saúde suplementar no Brasil apresenta, neste momento, situações opostas nas duas maiores economias do País. Enquanto São Paulo registrou crescimento de 315,5 mil beneficiários em planos médico-hospitalares em fevereiro de 2025 ante o mesmo mês do ano anterior (alta de 1,8%), o Rio apresentou queda de 101,2 mil beneficiários, na mesma base comparativa (-1,8%). Os dados fazem parte da 104ª edição da Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB), produzida pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).
No total nacional, fevereiro contabilizou 52,1 milhões de beneficiários, com acréscimo de 912,7 mil vínculos no período analisado, o que representa alta de 1,8%.
“A comparação entre Rio e São Paulo evidencia um cenário de contrastes marcantes dentro da região mais desenvolvida do País. Enquanto um estado atrai beneficiários, o outro perde participação”, observa José Cechin, superintendente executivo do IESS. “Isso representa um desafio para o planejamento do setor.”
A taxa de cobertura nacional estimada é de 24,4%. O avanço no número de vínculos foi impulsionado principalmente pelos planos coletivos empresariais, que somam agora 37,7 milhões de beneficiários, crescimento de 3,7% em 12 meses. O segmento representa 72,1% dos vínculos médico-hospitalares. Em contrapartida, os planos individuais ou familiares seguem em retração, com redução de 89,5 mil beneficiários no mesmo período (-1%).
“O crescimento dos vínculos é positivo, mas ainda não é possível garantir que esse comportamento vai se manter”, alerta Cechin. “Vai depender muito do ritmo de crescimento da economia nos próximos meses”, complementa.
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Artigo - O que esperar do plano para consultas estritamente eletivas?
Um tema que tem dominado os principais canais de comunicação é a recente abertura de uma consulta pública pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para análise do Plano para consultas médicas estritamente eletivas e exames. Essa questão está de acordo com a Resolução Normativa – RN nº 621, de 13 de dezembro de 2024, que dispõe sobre as regras para constituição e funcionamento de ambiente regulatório experimental na ANS e com o Guia Referencial de Sandbox Regulatório da Advocacia-Geral da União – AGU.
Trata-se de um Projeto-Piloto que deverá se desenvolver em Ambiente Regulatório Experimental (Sandbox Regulatório – SBR) e tem como objetivo ampliar o acesso da população que hoje não consegue arcar com um plano de saúde convencional, diante da baixa oferta de planos individuais, ou sua quase inexistência, e das restrições mais rigorosas para novas admissões. Outro fator em destaque e amplamente discutido continua sendo as longas filas do SUS para exames e consultas com especialistas.
Em geral, é fato que o brasileiro não é um grande guardião de sua saúde, como demonstrado em uma pesquisa recente da YouGov, empresa líder internacional de pesquisa de mercado, onde podemos ver que mais da metade dos entrevistados concordam que não cuidam tão bem como deveriam de sua saúde. Fato esse que demonstra exatamente os níveis de sinistralidade nas operadoras de saúde ou nos gastos com a alta complexidade nos serviços públicos.
Historicamente, o brasileiro tem resistência em procurar serviços de saúde preventivamente e busca serviços quando surge algum evento agudo ou urgente. Isso justifica o fato dos prontos-socorros serem o principal recurso. A longo prazo, esse tipo de comportamento agrava os custos da rede privada ou pública, pois a demora em buscar o serviço de saúde torna o tratamento da doença mais custoso.
Dificilmente os brasileiros pensam de forma preditiva, com o intuito de prevenção por diversos fatores, como falta de tempo, prioridades diversas, receios. Nesse sentido, podemos verificar que, em 2023, as consultas médicas tiveram um aumento de 4% e as consultas ambulatoriais 2,6% em relação ao mesmo período de 2022, de acordo com a ANS.
Com relação às internações, percebemos um crescimento de 4,8%, com destaque para as internações cirúrgicas que performaram mais de 9,5% de variação, chegando a quase 38% na Laqueadura Tubária, por exemplo.
Tal comportamento está diretamente ligado à forma como o brasileiro reconhece o valor à saúde e àqueles que cuidam de sua saúde, seja direta ou indiretamente. Os motivos são vários. Podemos começar pelo fato de não haver interoperabilidade na saúde suplementar, dificultando o cuidado integrado e contínuo do indivíduo ao longo do tempo, o que otimizaria a utilização de exames e consultas já realizadas. Além disso, a descontinuidade da cobertura contratual quando é cessado o vínculo empregatício (plano empresarial) acaba atingindo também os dependentes.
Os 4 Ps da Saúde: Preço, praça, produto e promoção
É inegável que as mensalidades dos planos de saúde pesam no orçamento, seja em planos familiares ou por adesão, uma vez que esse fenômeno se dá também pela contratação de Pessoa Jurídica (pejotização), quando muitos indivíduos contratam o plano de forma indireta. Para se ter uma ideia, segundo a Receita Federal, a pejotização, na forma de MEI (Microempreendedor Individual) teve um aumento de 53% em 2024, sendo que 22% correspondem à faixa entre 18 e 30 anos.
Porém, precisamos dividir a população que terá acesso em duas partes: aqueles que poderiam pagar um plano de saúde ambulatorial e os que, mesmo com um plano mais em conta, não conseguiriam arcar mensalmente, fato que demonstra o crescimento exponencial do mercado de pay per use na saúde suplementar chegando a impressionante marca de 320 bilhões em 2023 e a recente investida da ANS para alteração dos modelos de cancelamento dos planos de saúde.
Em ambos os casos, qual seria o valor a ser pago? Considerando que o projeto prevê os mesmos mecanismos de controle dos planos convencionais, como coparticipações e reajustes por sinistralidade, entre outros, esse conceito praticado é o mesmo utilizado pelas “operadoras de saúde”, ou seja, totalmente financeiro.
A saúde não pode mais ser vista de forma numérica e fragmentada. É preciso pensar na saúde do indivíduo como um todo, onde cuidamos, levando em consideração os que efetivamente buscam uma saúde melhor. Precisamos inverter a premissa, buscar o incentivo mútuo e retribuir por isso, pois o sentido de cobrar um plano por consulta multiespecialidade, infinita, é prorrogar ainda mais um problema crônico da saúde.
Pensando de forma integrada, as pessoas que aderirem a esse tipo de plano, com as mesmas condições de reajuste, sinistralidade, acompanhamento e os freios e contrapesos aplicados para o controle de sinistralidade atual, tendem a transformar essa modalidade em mais um produto ineficaz quando falamos do resultado esperado à saúde da população. Afinal de contas, o que essas pessoas que realizaram consulta, exames e o diagnóstico farão depois? Onde iniciarão e darão continuidade ao seu tratamento?
Eficácia real do novo plano
Em linhas gerais, o acesso a consultas e exames ajudará em alguma medida nas intermináveis filas do SUS ou até mesmo àqueles que não utilizam a saúde pública. Porém, qual a qualidade assistencial inserida nesse contexto? Considerando que o mercado já oferece consultas médicas cada vez mais baratas e não há a centralização das informações clínicas dos pacientes, a gestão clínica do cuidado distanciasse de se tornar uma realidade.
A saúde da população está cada vez mais imersa em um sistema fragmentado e complexo. Mas, no centro de tudo, o que realmente falta é a integração, uma visão que enxergue o indivíduo por completo. Precisamos de um cuidado que una boas práticas, garanta segurança e ofereça ao paciente não apenas escolhas, mas a certeza de que está no caminho certo. Porque, no fim, saúde não é apenas tratar, é acolher, conectar e transformar vidas. É cuidar.
*Rodrigo Rodrigues é Diretor de Relacionamento da YUNA.
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Artigo - O debate sobre a validação da prova do CREMESP para médicos
A implementação de um exame obrigatório de proficiência para médicos recém-formados no Brasil tem gerado intenso debate entre profissionais da saúde, educadores e legisladores.
A proposta, que visa garantir a qualidade da formação médica e do atendimento à população, encontra tanto defensores quanto críticos, cada um apresentando argumentos válidos e preocupações legítimas.
As discussões sobre a implementação de uma prova de proficiência para médicos no Brasil não são recentes. A primeira vez que essa ideia foi formalmente debatida foi em 2004, quando o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) propôs a criação de um exame para avaliar os recém-formados. Desde então, o tema tem sido objeto de debates periódicos, tanto no âmbito dos conselhos de medicina quanto no Congresso Nacional.
A ideia de implementar um exame de proficiência para médicos, semelhante ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para advogados, está sendo proposta no Projeto de Lei (PL) nº 2294/24, de autoria do senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), apoiado por pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) que revelou que 90% dos médicos formados são favoráveis à implementação do exame, pois acreditam que ele pode melhorar a qualidade do ensino médico e do trabalho dos profissionais.
O PL nº 2294/24 prevê a aprovação do médico no exame como condição para registro nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) e estabelece que as provas serão oferecidas, no mínimo, duas vezes ao ano em todas as unidades da Federação do País, sendo a regulamentação e coordenação realizada pelo CFM, que muda as característica e ações que o criaram. Ao CFM competirá a regulamentação e a coordenação nacional do exame, enquanto os CRMs serão responsáveis pela aplicação das provas em suas respectivas jurisdições. Os resultados deverão ser comunicados aos ministérios da Educação e da Saúde pelo CFM, sendo vedada a divulgação nominal das avaliações individuais, salvo ao próprio participante interessado. Serão dispensados do exame os médicos já inscritos em CRM e os estudantes de medicina que ingressaram no curso antes da vigência da nova Lei.
Segundo o presidente do CFM, José Hiran Gallo, a prova avaliará competências profissionais e éticas, conhecimentos teóricos e habilidades clínicas, contribuindo para a qualidade do atendimento médico e a segurança dos pacientes. A pesquisa também indicou que 82% dos médicos formados acreditam que o exame pode melhorar a qualidade do ensino médico no Brasil, e 81% concordam que ele pode melhorar a qualidade do trabalho médico. Os defensores do exame argumentam que ele é necessário para garantir um padrão mínimo de qualidade entre os profissionais de medicina.
Com a expansão das escolas de medicina no Brasil, especialmente após a implementação do Programa Mais Médicos, houve um aumento no número de vagas e instituições de ensino. Dados da Demografia Médica no Brasil mostram que, entre 2010 e 2023, o número de escolas médicas passou de 180 para mais de 370, e o número de vagas anuais aumentou de 16.000 para mais de 35.000. A taxa de vagas de graduação em medicina por 100.000 habitantes expressa o potencial de formação de novos médicos, sendo um indicador de comparação de demografia médica entre países. Em 2022, essa razão nacional era de 19,60, comparativamente a 2012 de 9,55. Essa expansão, embora venha contribuindo para reduzir a carência de médicos em regiões remotas, também acentuou as discussões sobre a qualidade da formação oferecida. A partir de 2018, data do segundo Edital para abertura de escolas Médicas no Programa Mais Médicos, as vagas totais no interior do país superaram as das capitais somadas às das regiões metropolitanas, entretanto é apontado que muitos municípios que sediam escolas médicas apresentam déficits em parâmetros essenciais para o funcionamento desses cursos, como leitos de internação, equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) e hospitais de ensino, segundo os críticos da Política de Saúde do Governo.
O Conselho de Medicina, que tem sua atuação restrita sobre os formados médicos, quer ter algum papel sobre a qualidade da educação médica, entretanto, e o PL nº 2294/24 prevê a aprovação do médico no exame como condição para registro nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) e estabelece que as provas serão oferecidas, no mínimo, duas vezes ao ano em todas as unidades da Federação do País, sendo a regulamentação e coordenação realizada pelo CFM, o que altera os papeis originais do CFM. Ao CFM competirá a regulamentação e a coordenação nacional do exame, enquanto os CRMs serão responsáveis pela aplicação das provas em suas respectivas jurisdições. Os resultados deverão ser comunicados aos ministérios da Educação e da Saúde pelo CFM, sendo vedada a divulgação nominal das avaliações individuais, salvo ao próprio participante interessado. Serão dispensados do exame os médicos já inscritos em altera estas responsabilidades que atualmente cabe ao Ministério da Educação (MEC) em alinhamento ao Ministério da Saúde, e não ao Conselho de Medicina. Os estudantes não podem ser penalizados por falhas no controle de qualidade das escolas médicas, cuja responsabilidade sobre a fiscalização, não lhes cabe. Instaurado em 1957, o Conselho Federal de Medicina (CFM) é uma instituição autárquica criada pela Lei nº 3.268/1957 que objetiva regulamentar e fiscalizar o exercício da Medicina no Brasil. Suas funções incluem zelar pela ética e boa prática médica, promovendo a qualidade da assistência à saúde no país e não de regular a qualidade da Educação Médica.
Outro aspecto a ser avaliado é o impacto da implementação de uma prova de proficiência vem contra a Política Nacional que tenta solucionar a carência de médicos no Brasil, em especial em regiões remotas, ao criar barreiras adicionais para a entrada de novos profissionais no mercado de trabalho. Em janeiro de 2023, o Brasil contava com 562.229 médicos inscritos nos 27 Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), o que correspondia à taxa nacional de 2,60 médicos por 1.000 habitantes, menor que a maioria dos países desenvolvidos.
É necessário também refletir sobre justiça e equidade do processo. Para garantir a qualidade nos atendimentos médicos, haveria que se pensar não apenas na formação inicial (curso de graduação), mas também na capacitação contínua dos médicos em atividade profissional. Será que também eles não deveriam ser submetidos à mesma prova de proficiência periodicamente, garantindo a não discriminação sobre os novos formandos e a melhoria das práticas médicas? Esta função sim poderia ser implantada, pois se trata do princípio da implantação do Conselho Regional de Medicina já no ano de sua criação: a garantia do adequado atendimento médico e segurança da população em seu ato profissional. Para garantir a justiça na avaliação dos profissionais, seria necessário que todos os médicos, independentemente de sua experiência, fossem submetidos ao mesmo exame de proficiência periodicamente. Isso evitaria discriminação contra os novos formandos e garantiria que todos os profissionais estivessem atualizados com as melhores práticas médicas. A aplicação de um exame apenas para os recém-formados pode ser vista como uma medida injusta, que não considera a necessidade de atualização contínua dos médicos já atuantes.
Alternativa a avaliação de Proficiência em Medicina não punitiva, mas como processo de garantia de qualidade, seria a implementação de avaliações progressivas ao longo do curso de medicina, semelhante ao sistema utilizado nos Estados Unidos, como o teste de progresso. A origem do Teste de Progresso remonta à Kansas City School of Medicine, da Universidade de Missouri no ano de 1961, sendo posteriormente adotado pela Universidade de Limburg, em Maastricht. Foi criado com a intensão de melhorar a performance em exames de ordem com questões de múltipla escolha dos alunos dos primeiros cursos médicos calcados em Metodologias Ativas Aprendizagem, sendo também utilizado como instrumento de gestão da qualidade e autoavaliação de docentes e discentes de cursos universitários, estendendo-se para projetos colaborativos de avaliação multi-institucional de cursos de graduação e pós-graduação. Essas provas de progresso são mais eficientes para garantir a qualidade da formação médica, ao invés de gerar punições ao final do curso, pois permitem diagnósticos ainda no período de formação dos futuros médicos. Acompanhando o processo educacional desde o início, é possível identificar e corrigir deficiências na formação dos estudantes, garantindo que todos os formandos estejam preparados para exercer a profissão.
Além da preocupação com a qualidade da formação médica, há outros motivos que podem levar os médicos formados a defenderem a implementação do exame de proficiência para recém-formados. Entre eles, destacam-se o cooperativismo médico e a reserva de mercado, preocupações legítimas.
O corporativismo médico refere-se à tendência de médicos formados protegerem seus interesses profissionais e econômicos. A implementação de um exame de proficiência pode ser vista como uma forma de garantir que apenas os médicos que atendem a determinados padrões de qualidade possam ingressar no mercado de trabalho, preservando a reputação e a eficiência dos serviços oferecidos, sem que eles se submetam ao mesmo exame, o que levanta importantes questões sobre justiça e equidade. É essencial analisar como essa medida pode impactar diferentes grupos de profissionais e estudantes, bem como a qualidade do atendimento médico à população.
A exigência de um exame de proficiência como condição para registro nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) pode ser vista como uma barreira adicional para os recém-formados. Esses profissionais, que já enfrentam um longo e rigoroso processo de formação, podem se sentir injustamente penalizados por falhas no controle de qualidade das escolas médicas, que são de responsabilidade do Ministério da Educação (MEC). Criado em 2004 pela Lei n° 10.861, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) instituiu a avaliação sistemática das instituições de educação superior, dos cursos superiores e do desempenho dos estudantes. Com o SINAES foram estabelecidos indicadores de qualidade, complementares entre si, em que todos os aspectos são considerados: ensino, pesquisa, extensão, desempenho dos alunos, gestão da instituição, corpo docente e infraestrutura, entre outros. Deste então, o MEC é responsável pela regulação das instituições de ensino superior do sistema federal de ensino e não distingue as instituições pública e privadas. Além da avaliação documental, o processo de recredenciamento leva em conta os indicadores de qualidade resultantes dos processos de avaliação. Desta forma, a qualidade das Instituições é periodicamente avaliada.
Por sua vez, a reserva de mercado é outro fator que pode influenciar a defesa do exame de proficiência pelos médicos formados. Ao criar barreiras adicionais para a entrada de novos profissionais no mercado, os médicos já atuantes podem garantir uma menor concorrência, preservando suas posições e oportunidades de trabalho.
A implementação do exame de proficiência médica pode ser influenciada por interesses corporativistas e de reserva de mercado. Médicos já atuantes podem defender a medida como uma forma de garantir que apenas profissionais que atendem a determinados padrões de qualidade ingressem no mercado de trabalho, preservando suas posições e oportunidades. No entanto, essa abordagem pode criar barreiras adicionais para a entrada de novos profissionais, especialmente em um contexto de expansão das escolas de medicina. Isso poderá ser especialmente relevante em um contexto de expansão das escolas de medicina, onde o número de novos formandos aumenta significativamente. É preciso notar, entretanto, que a expansão vem ocorrendo em regiões com menor densidade médica, como determinado no Edital nº 6/2014 e que somente em regiões com menos de 3 médicos por 1.000 habitantes podem ser contempladas com novos cursos de medicina. Essa medida busca direcionar a formação de novos profissionais para os brancos assistencialistas, contribuindo para a redução das desigualdades na distribuição de profissionais de saúde pelo país e favorecendo a formação continuada com obrigatoriedade de abertura de Serviços de Residência Médica.
O debate sobre a implementação de um exame de proficiência para médicos recém-formados no Brasil é complexo e envolve múltiplos aspectos. Deve-se considerar a necessidade de garantir a qualidade da formação médica, pela atuação responsável de todos os órgãos envolvidos como a responsabilização do MEC, o exercício do papel do CRM, com a capacitação de médicos formados e a garantia da segurança do paciente traduzida em qualidade de atendimento. As Políticas Nacionais de Saúde com a necessária expansão das escolas de medicina objetivam reduzir a carência de médicos no país, mas devem ser acompanhadas de medidas que assegurem a qualidade da educação oferecida, a exemplo das avaliações progressivas ao longo do curso, que permitem o acompanhamento contínuo do processo educacional ainda durante a formação do médico. Somente assim será possível assegurar que todos os profissionais, independentemente de sua experiência, sendo ou não recém-formados, mantenham o padrão de qualidade e segurança devido à população. A implementação de avaliações progressivas ao longo do curso de medicina, juntamente com um acompanhamento contínuo do processo educacional, é uma solução mais eficiente e justa para garantir a qualidade da formação médica no Brasil. Dessa forma, é possível assegurar que todos os profissionais, independentemente de sua experiência, mantenham um padrão de qualidade contínuo, beneficiando tanto os médicos quanto a população que depende de seus serviços.
*Denise Priolli é diretora acadêmica de medicina da Cogna Educação.
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TH+PORTAL
Cresce a busca por exames de imagem na prevenção de doenças
A busca por exames de imagem como forma de prevenção tem crescido significativamente nos últimos anos, impulsionada por uma maior conscientização da população sobre a importância do diagnóstico precoce. De acordo com a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), em 2023 foram realizados 2,4 bilhões de exames diagnósticos no Brasil, um aumento de 11% em relação ao ano anterior.
Desse total, metade foi realizada pelo setor privado, que registrou crescimento de 10%. Já no Sistema Único de Saúde (SUS), o primeiro semestre de 2024 contabilizou 655,4 milhões de procedimentos, um aumento de 7,4% em relação ao mesmo período de 2023. Exames como tomografias e ressonâncias magnéticas se destacaram, com crescimentos de 17,5% e 12,3%, respectivamente.
Esse aumento reflete uma mudança no comportamento da população, cada vez mais preocupada com a detecção precoce de doenças. "Hoje, as pessoas buscam se cuidar antes que a doença apareça. A medicina preventiva tem ganhado cada vez mais espaço, e os exames de imagem são aliados fundamentais nesse processo", afirma o Dr. Rodolpho Costa, médico com especialização em Radiologia e Diagnóstico por Imagem e diretor da Domínio Imagem.
A mamografia, por exemplo, é o principal exame de rastreio do câncer de mama e, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), pode reduzir em até 30% a mortalidade por esse tipo de tumor quando realizada regularmente. Já a tomografia e a ressonância são utilizadas em diversas especialidades para detectar alterações silenciosas no cérebro, pulmões, fígado, articulações, entre outros órgãos.
Nos serviços de diagnóstico por imagem, observa-se uma crescente adoção de tecnologias mais modernas, que oferecem maior precisão e conforto durante a realização dos exames. Clínicas especializadas, como a Domínio Imagem, têm acompanhado essa evolução, integrando novos recursos e investindo na qualificação profissional para atender a essa nova demanda do cuidado preventivo.
Outro reflexo dessa mudança é o aumento da procura por exames entre públicos que antes costumavam buscar atendimento apenas diante de sintomas.
Homens e jovens têm se mostrado cada vez mais atentos à saúde preventiva, resultado de campanhas de conscientização e de uma mudança cultural mais ampla. "A pandemia também trouxe uma transformação importante nesse comportamento. As pessoas passaram a entender que o cuidado com a saúde deve ser constante e não apenas reativo, e essa conscientização tende a crescer nos próximos anos, impulsionada pelo acesso à informação e pela ampliação dos serviços de diagnóstico", conclui Dr. Rodolpho.
Assessoria de Comunicação
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DESTAQUES
O Futuro da Saúde no Brasil: crise silenciosa e a revolução digital
https://medicinasa.com.br/futuro-saude-brasil/
Colégio de Radiologia afirma segurança das tomografias computadorizas
https://medicinasa.com.br/cbr-seguranca-tomografias/
Planos de saúde lucram 271% mais em 2024; ANADEM critica impacto sobre médicos e pacientes
WhatsApp lidera comunicação com pacientes e revela tendência digital no setor de saúde
Pesquisa da FGV e Instituto Ética Saúde quer mapear riscos de corrupção no setor de saúde
Planos de saúde enfrentam impacto crescente com hipertensão: prevenção é caminho para reduzir custos e salvar vidas
Operação mira grupo suspeito de movimentar mais de R$ 4 milhões com envio ilegal de remédios do Brasil para o exterior
Dia de Combate à Hipertensão: CDI Premium realiza ação gratuita de prevenção e combate à hipertensão arterial nesta sexta-feira (25)
https://www.folhadoplanalto.com.br/2025/04/dia-de-combate-hipertensao-cdi-premium.html
Governo Lula propõe troca de dívidas fiscais por serviços em hospitais privados do SUS
MEDICINA S/A
O Futuro da Saúde no Brasil: crise silenciosa e a revolução digital
O sistema de saúde brasileiro vive uma transformação silenciosa e profunda. Enquanto os planos de saúde tradicionais estagnaram em 50 milhões de beneficiários, os cartões de desconto dispararam e já alcançam hoje 60 milhões de usuários. O que parece uma alternativa acessível pode, na verdade, esconder um retrocesso na qualidade da assistência. Neste contexto de incertezas econômicas e avanços tecnológicos, o setor de saúde está diante de um dilema: reinventar-se ou colapsar.
Economistas e especialistas do setor, como Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, Antônio Kandir, conselheiro da Galileu Saúde e ex-ministro do país, e Sérgio Ricardo, VP da Galileu Saúde, reunidos em um recente debate concordaram que essa migração para os cartões de desconto representa um "downgrade na assistência". A oferta mais superficial desses cartões pode sobrecarregar o Sistema Único de Saúde (SUS) e não garante um acompanhamento completo da saúde dos pacientes. Além disso, a falta de cobertura hospitalar nesse formato pode levar ao esvaziamento de leitos, impactando a sustentabilidade de hospitais e clínicas.
O debate apontou para a necessidade urgente de reinventar o modelo de saúde, transformando o setor, que hoje é de "doença", em um setor de "saúde" de fato, que foque na prevenção e no cuidado contínuo. A transição para um sistema de saúde digital, impulsionada pela telemedicina e pela inteligência artificial, surge como uma peça-chave para reduzir custos e ampliar o acesso aos serviços.
A alta taxa de juros e a incerteza econômica também contribuem para esse cenário, com o risco de falências de instituições de saúde já endividadas.
Diante desse quadro, a nova economia digital oferece um caminho para um sistema de saúde mais acessível e eficiente. A inteligência artificial, treinada na diversidade brasileira, pode ser aplicada globalmente, revolucionando o setor. Nesse novo cenário as "Healthtechs" ganham protagonismo. Focadas em inovação, as startups estão redefinindo o que significa cuidar da saúde, sendo cada vez mais procuradas por grandes empresas que buscam a transformação digital.
A revolução digital também empodera os consumidores, que buscam cada vez mais informações e serviços personalizados. As pessoas querem assumir o controle de sua saúde e precisam de serviços que atendam às suas necessidades específicas. A experiência do atendimento digital deve se integrar ao atendimento presencial, oferecendo uma jornada de cuidado completa e personalizada.
Em um momento de incertezas, a convergência da economia, tecnologia e saúde exige adaptação e inovação. A chave para o sucesso está em oferecer soluções personalizadas que empoderem as pessoas a cuidar de sua saúde de forma eficiente e acessível. O setor de saúde no Brasil está diante de uma escolha crítica: manter um sistema reativo e fragmentado ou abraçar a inovação para construir uma saúde mais preventiva, integrada e centrada no indivíduo. O momento exige ação - e coragem para reinventar o futuro.
*Márcio Alves é médico e CEO da Healthtech Galileu Saúde.
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Colégio de Radiologia afirma segurança das tomografias computadorizas
O uso da tomografia computadorizada para o diagnóstico de doenças é seguro, eficaz e contribui para a redução das taxas de mortalidade e para o aumento da expectativa de vida. A avaliação é do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR). Em nota pública, divulgada ontem (24), a entidade reforça que a tomografia computadorizada impacta positivamente na queda no número de cirurgias invasivas, internações desnecessárias e tempo de permanência hospitalar.
A nota pública foi editada depois que um artigo, publicado no periódico JAMA Internal Medicine, sugeriu que, se práticas atuais de dosagem e utilização de radiação forem mantidas, cânceres associados à tomografia computadorizada poderiam, eventualmente, representar 5% de todos os novos diagnósticos da doença ao ano.
“Os pacientes devem continuar realizando tomografias computadorizadas sempre que indicadas por seus médicos, com diálogo transparente sobre benefícios e riscos envolvidos”, reforçou o CBR.
De acordo com a entidade, o estudo se baseia em modelagens matemáticas derivadas de dados de sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, cuja exposição à radiação foi aguda, de origem não médica, e em circunstâncias portanto muito distintas das que ocorrem em exames.
Ainda segundo o CBR, o modelo utilizado no estudo assume que qualquer dose de radiação, por menor que seja, aumenta proporcionalmente o risco de câncer.
“Essa premissa, no entanto, é controversa, especialmente no caso de doses baixas repetidas, como as utilizadas na maioria das tomografias computadorizadas realizadas atualmente. Importante destacar que o estudo não apresenta um levantamento baseado em observações clínicas diretas, mas sim de estimativas teóricas.
O CBR cita ainda que entidades internacionais também se manifestaram sobre o tema no mesmo sentido, incluindo o Colégio Americano de Radiologia (ACR) e a Associação Americana de Físicos em Medicina (AAPM), organização em física médica que representa mais de 9 mil profissionais em 96 países.
Confira, a seguir, a íntegra da nota pública sobre a segurança das tomografias computadorizadas:
De acordo com o presidente do CBR, Rubens Chojniak, o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem considera fundamental esclarecer a população e os profissionais de saúde sobre os dados divulgados na matéria publicada recentemente na imprensa a partir de estudo da Universidade da Califórnia (UCSF).
“É essencial contextualizar adequadamente os dados divulgados para evitar interpretações alarmistas que possam gerar receios infundados e até prejuízos à saúde da população. O estudo mencionado se baseia em modelagens matemáticas derivadas de dados de sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, cuja exposição à radiação foi aguda, de origem não médica, e em circunstâncias portanto muito distintas das que ocorrem em exames”, disse Rubens Chojniak.
Ele explicou ainda que o modelo utilizado assume que qualquer dose de radiação, por menor que seja, aumenta proporcionalmente o risco de câncer. Essa premissa, no entanto, é controversa, especialmente no caso de doses baixas repetidas, como as utilizadas na maioria das TCs realizadas atualmente. Importante destacar que o estudo não apresenta um levantamento baseado em observações clínicas diretas, mas sim de estimativas teóricas.
Boas práticas
“O CBR valoriza o debate científico e reconhece a importância de promover o uso consciente e criterioso da radiação médica. Por isso, edita regularmente materiais educativos e estimula discussões permanentes sobre boas práticas no uso dos exames de imagem. Também apoia iniciativas internacionais como o Image Wisely e o Image Gently, que orientam profissionais e pacientes sobre a segurança e a adequação do uso da radiação, especialmente em populações mais sensíveis”, ressaltou ainda Chojniak.
Outras importantes organizações internacionais também se manifestaram sobre o tema no mesmo sentido, como o Colégio Americano de Radiologia (ACR) e a Associação Americana de Físicos em Medicina (AAPM), organização em física médica que representa mais de 9 mil profissionais em 96 países.
O uso das tomografias computadorizadas e outros exames de imagem qualifica muito a saúde da população, afirma o CBR, que na nota faz algumas recomendações aos pacientes e seus familiares para que tudo seja realizado de forma ainda mais segura e eficiente. Entre as recomendações está conversar com seu médico sobre o funcionamento de cada um dos diferentes tipos de procedimentos e as vantagens e os riscos envolvidos.
No contato com o médico, o paciente ou familiar pode indagar sobre alternativas ao uso de tomografias computadorizadas que não utilizam radiação e são igualmente eficazes, como ressonância magnética ou ultrassonografia, certificando-se do grau de especificidade desejado pelo médico para cada caso.
Outra medida importante é verificar a infraestrutura do local onde os exames serão realizados (padrões dos equipamentos, avaliações regulares, posse de certificações e confirmação de que os laudos são emitidos por médicos radiologistas com rigorosos critérios de formação e treinamento). Por fim, o CBR orienta que os resultados dos exames de imagens sejam guardados para comparações posteriores.
Ferramenta útil
As tomografias computadorizadas produzem imagens detalhadas do corpo, oferecendo mais informações do que exames de raios-X comuns. “O uso da tomografia computadorizada é seguro, eficaz e amplamente reconhecido pela comunidade médica como ferramenta fundamental para o diagnóstico precoce, acompanhamento e tratamento de diversas doenças. Evidências mostram, por exemplo, que a TC reduz drasticamente erros diagnósticos em casos como apendicite, além de ser decisiva na triagem e detecção precoce de cânceres como o de pulmão”, disse o presidente do Colégio.
No contexto brasileiro, o principal desafio da saúde pública é, muitas vezes, o acesso a esse tipo de exame em determinadas regiões. A indisponibilidade da tomografia, representa um risco real e mais imediato à saúde da população do que os efeitos teóricos do uso responsável da radiação médica. “O Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem segue atento aos avanços científicos e tecnológicos, e permanece à disposição da sociedade e dos gestores da saúde pública e privada para contribuir com informações baseadas em evidências, que assegurem o acesso dos brasileiros a um diagnóstico por imagem seguro, ético e de excelência”, conclui o CBR em sua nota.
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PORTAL SAÚDE DIGITAL NEWS
Planos de saúde lucram 271% mais em 2024; ANADEM critica impacto sobre médicos e pacientes
Dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que as operadoras de planos de saúde tiveram lucro de R$ 11,1 bilhões em 2024. O valor representa aumento de 271% em relação a 2023, em que o lucro foi de R$ 3 bilhões. Os valores são os melhores desde 2020.
O presidente da Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética), Raul Canal, lembra que, para maximizar os lucros, as operadoras de planos de saúde buscam reduzir custos com os serviços prestados. Isso pode envolver a limitação de coberturas, a redução de remuneração para hospitais e clínicas e o aumento da carga de trabalho dos profissionais de saúde.
“Médicos, enfermeiros e outros profissionais enfrentam, muitas vezes, jornadas extensas, condições precárias de trabalho, além de baixa remuneração. Isso pode levar à exaustão física e psicológica, com consequências negativas também para a qualidade do atendimento ao paciente”, disse.
De acordo com o painel Estatísticas Processuais de Direito à Saúde do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o número de novos processos judiciais relacionados à saúde suplementar cresceu de 149.305, em 2021, para 301.383, em 2024 – um aumento de 101% em 4 anos. O principal tema é o tratamento médico-hospitalar, que corresponde a 51% do total. Além disso, 42.103 desses processos, no ano passado, foram relacionados aos planos de saúde.
“Negativas indevidas, cláusulas contratuais pouco claras e a demora no acesso a tratamentos têm levado muitos pacientes a buscar o Judiciário como última alternativa. É necessário encontrar um ponto de equilíbrio que respeite os direitos dos pacientes, mas também considere os limites técnicos e regulatórios do setor”, defende o especialista em Direito Médico.
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WhatsApp lidera comunicação com pacientes e revela tendência digital no setor de saúde
Um levantamento inédito conduzido pela Wellon, startup líder no mercado de saúde digital especializada em criar conexões e cuidar das relações entre empresas e pacientes, traçou um panorama sobre a percepção dos brasileiros em relação aos serviços de saúde. Realizada entre janeiro e outubro de 202, a pesquisa analisou a experiência de 62.561 pacientes de 18 estados do País, com base em ,7 milhões de atendimentos em hospitais, clínicas, laboratórios, operadoras de saúde e unidades do Sistema Único de Saúde (SUS).
"A pesquisa traça um panorama abrangente e inédito sobre a avaliação do atendimento médico no Brasil, revelando informações valiosas sobre satisfação, lealdade e desafios enfrentados pelos pacientes em diversas regiões e contextos de saúde", destaca Eduardo Nunes, cofundador e CEO da Wellon.A pesquisa mostrou que 30,66% dos pacientes buscam serviços que auxiliem no diagnóstico inicial das condições de saúde, seguidos de 19,06% dos pacientes que buscam por laboratórios e 17,78% que buscam diagnóstico por imagem, mostrando que a maioria dos entrevistados tem uma forte busca já nos sintomas iniciais. Ainda apenas 8,71% dos pacientes buscam diretamente hospitais, a maioria dos casos são resolvidos diretamente em Unidades de Pronto Atendimentos (UPA's) ou nos Postos de Saúde (PS).
Outro dado que chama atenção destaca a região Norte liderando a pesquisa de satisfação dos pacientes, com um NPS médio de 75,5, seguida pelo Nordeste, com 73,9. Já o Centro-Oeste apresentou o pior desempenho regional, com um NPS médio de apenas 56,5. Entre os estados, Rio Grande do Norte (88,2), Tocantins (83,8) e Santa Catarina (83,) se destacaram positivamente, enquanto Goiás (6,9), Pernambuco (50,1) e Mato Grosso do Sul (57,8) registraram as avaliações mais baixas.
"Esses dados sinalizam a importância de adotar estratégias regionais específicas para atender melhor às necessidades locais. Por exemplo, na região Norte, onde a satisfação é mais elevada, a manutenção dessas práticas pode servir como modelo para outras regiões. Já no Centro-Oeste, a identificação das causas da baixa satisfação e a implementação de ações direcionadas, como a melhoria da comunicação com os pacientes ou a oferta de serviços mais personalizados, podem contribuir para a elevação do NPS", ressalta Nunes.
Um dos destaques da pesquisa foi o impacto da comunicação digital no relacionamento com os pacientes. O WhatsApp lidera como principal canal de interação, representando 89,57% dos contatos com instituições de saúde, evidenciando a preferência por soluções digitais rápidas. O estudo também revelou um índice de fidelização de apenas 39,27%, indicando oportunidades para melhorar a retenção de pacientes por meio de experiências mais positivas e consistentes. "A baixa fidelização sugere a necessidade de integrar melhor os serviços e fortalecer os canais de comunicação e atendimento, consequentemente aumentando a satisfação e lealdade dos pacientes em todo o Brasil", explica o CEO.
Como funciona a pesquisa?
Para medir a satisfação e lealdade dos pacientes, o estudo utilizou o sistema Net Promoter Score (NPS), que avalia os serviços de saúde em uma escala de 0 a 10. O NPS é calculado pela diferença percentual entre promotores (avaliadores positivos) e detratores (avaliadores negativos), fornecendo uma métrica confiável de qualidade percebida.
No perfil dos participantes, o maior número está na faixa etária entre 1 e 60 anos, que representa 35,67% da amostra total. Em relação ao gênero, as mulheres lideraram a participação, representando 6,82% do total de respondentes, enquanto os homens somaram 35,06%. Apenas 0,12% optaram por não revelar sua identidade de gênero.
"Este relatório é uma contribuição significativa para mapear a satisfação com o sistema de saúde no país e identificar oportunidades de melhorias. Ao utilizar o NPS, conseguimos quantificar a lealdade dos pacientes e entender, de forma precisa, o que os leva a recomendar ou não os serviços de saúde, permitindo a implementação de ações mais direcionadas para a melhoria contínua da qualidade assistencial", finaliza Nunes.
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Pesquisa da FGV e Instituto Ética Saúde quer mapear riscos de corrupção no setor de saúde
O Instituto Ética Saúde, em parceria com o FGVethics e FGVsaúde, lançou o questionário da pesquisa “Indicadores da Percepção da Corrupção no Setor da Saúde”, no dia 15 de abril. O evento no Salão Nobre da FGV, em São Paulo, contou com a presença do Controlador Geral do Estado de São Paulo, Wagner do Rosário; do Controlador Geral do Estado de Minas Gerais, Rodrigo Fontenelle; pesquisadores, gestores públicos e representantes do setor privado. Também houve transmissão ao vivo pelas redes sociais.
Os apoiadores da pesquisa “Indicadores da Percepção da Corrupção no Setor da Saúde” – ABIIS, ABIMED, ABRAIDI, AdvaMed, CBDL, IBROSS e INTERFARMA – também estiveram presentes.
“Estamos comemorando 10 anos de Instituto Ética Saúde, de muito trabalho contra más práticas e corrupção. Este é um momento extremamente importante para realização da pesquisa, porque é onde nós vamos embasar os próximos passos e como iremos direcionar os nossos projetos”, abriu o evento, a presidente do Conselho de Administração do IES, Candida Bollis.
A pesquisa será a primeira, em nível setorial, com tamanha profundidade e com um escopo tão robusto. O objetivo é mapear riscos de corrupção na saúde, avaliar a percepção sobre ilegalidades e identificar indicadores-chave de melhoria de performance em compliance. “Esse projeto não tem, de modo algum, o objetivo de ranquear setores. Nós pretendemos trazer KPIs que sejam úteis às associações. Os resultados vão ajudar os respectivos programas de integridade”, explicou a professora do FGVethics, Lígia Maura.
O questionário está disponível no link https://pt.surveymonkey.com/r/YL6ZMP6 e pode ser respondido por médicos, enfermeiros, pacientes, usuários finais, planos de saúde, hospitais, OSSs, fabricantes, distribuidores, agentes do setor público e privado. “Em apenas oito minutos é possível finalizar”, complementou Lígia Maura.
O diretor de Relações Institucionais do IES ressaltou a importância de todos os elos da cadeia de valor da saúde unidos para a construção de um setor mais sustentável e justo. “O Instituto tem fabricantes, importadores, distribuidores, operadoras, hospitais, laboratórios, associações representativas de pacientes. Representamos todo esse ecossistema e atmosfera de negócios. Estamos aproveitando este cenário para melhorar as relações econômico-financeiras. E a pesquisa é parte desse contexto. Incentivem seus associados a responderem a pesquisa”, clamou.
O diretor executivo do Instituto, Filipe Venturini, concluiu que “a pesquisa — com indicadores concretos — somada à trajetória de 10 anos do Instituto, mostra que a ética está, sim, sendo implementada na prática. Que o mercado tem se transformado. Que empresas têm se unido, não por imposição, mas por convicção. Independentemente do governo ou do momento político, seguimos lutando por um país mais justo. Essa é a missão do IES”.
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PORTAL REVISTA COBERTURA
Planos de saúde enfrentam impacto crescente com hipertensão: prevenção é caminho para reduzir custos e salvar vidas
No Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão, 26 de abril, especialistas alertam para os altos custos da doença e reforçam a importância da atenção primária
A hipertensão arterial, uma das doenças crônicas mais comuns entre os brasileiros, representa hoje um dos maiores desafios tanto para a saúde pública quanto para a saúde suplementar. Comemorado em 26 de abril, o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão chama atenção para a necessidade de um olhar mais estratégico e preventivo diante de uma condição que já atinge cerca de 3,9 milhões de beneficiários de planos de saúde, o equivalente a 25,8% do total de usuários no país, segundo dados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).
Embora os números de custos específicos no setor privado ainda sejam escassos, os dados do Sistema Único de Saúde ajudam a dimensionar a magnitude do problema: em 2018, os gastos atribuíveis à hipertensão no SUS ultrapassaram os 523 milhões de dólares, superando os custos relacionados à obesidade e ao diabetes.
Os impactos financeiros da hipertensão nos planos de saúde vão além dos tratamentos medicamentosos. A condição está diretamente associada a internações hospitalares decorrentes de complicações graves como infartos e AVCs, além de exigir exames constantes e cuidados contínuos. Soma-se a isso o tratamento de outras doenças relacionadas, como a insuficiência renal e a insuficiência cardíaca, elevando substancialmente os custos operacionais.
"Os pacientes hipertensos exigem uma gestão clínica contínua, o que envolve desde o controle medicamentoso até a realização periódica de exames laboratoriais e cardiológicos. Isso gera um custo assistencial elevado e progressivo, especialmente quando não há um acompanhamento estruturado", explica Rogério Moreira, gerente de negócios do Grupo AllCross, o maior grupo de corretoras de Planos de Saúde, Odontológicos e Seguros do Brasil.
De acordo com especialistas da área, a resposta mais eficiente para conter esses custos passa pela atenção primária à saúde (APS), modelo que coloca a prevenção no centro do cuidado. A APS tem se mostrado eficaz não só na detecção precoce da hipertensão, como também na redução de internações e no controle das comorbidades.
"Prevenir a hipertensão ou controlar seus efeitos precocemente é muito mais viável - do ponto de vista clínico e financeiro - do que arcar com os custos de internações prolongadas e procedimentos de alta complexidade. As operadoras que investem em programas de acompanhamento e educação em saúde colhem resultados tanto na fidelização quanto na sustentabilidade dos seus planos", destaca Moreira.
O alerta para a importância do tema ganha ainda mais relevância em um cenário em que o envelhecimento da população deve acentuar a incidência de doenças crônicas nos próximos anos. Para os gestores de planos de saúde, o desafio é claro: investir agora na prevenção para garantir equilíbrio financeiro e qualidade de vida no futuro.
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PORTAL G1
Operação mira grupo suspeito de movimentar mais de R$ 4 milhões com envio ilegal de remédios do Brasil para o exterior
Operação ocorre em São Paulo, Paraná, Amapá, Espírito Santo, Distrito Federal e Minas Gerais. Entre os 25 mandados cumpridos pela Polícia Federal, 11 foram em Goiás.
A Polícia Federal cumpriu 25 mandados de busca e apreensão e de prisão temporárias contra grupo suspeito de movimentar mais de R4 4 milhões com a compra e envio ilegal de medicamentos no Brasil e enviar para o exterior. Segundo informou a Polícia Federal, desses mandados, 11 foram cumpridos em Goiás, sendo dois de prisão.
Os nomes dos suspeitos não forma divulgados e, por isso, o g1 não obteve contato com a defesa para um posicionamento até a última atualização desta reportagem. O delegado da Polícia Federal Bruno Gama informou que os R$ 4 milhões foram movimentados em dois anos de atuação do grupo e que o grupo é suspeito de ter enviado mais de uma tonelada de medicamentos para o exterior.
Além de Goiás, os mandados são cumpridos também em mais cinco estados e no Distrito Federal. Entre os outros cinco estados em que a operação é realizada estão São Paulo, Paraná, Amapá, Espírito Santo e Minas Gerais. Cerca de 100 agentes e fiscais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foram mobilizados para cumprir os mandados.
Os mandados foram cumpridos na manhã desta quinta-feira (24). Segundo a Polícia Federal, o grupo era estruturado em dois núcleos, um no Brasil e outro no exterior. Além da compra e envio ilegal dos medicamentos, o grupo também é suspeito de falsificar receitas médicas.
Os medicamentos eram enviados majoritariamente para os Estados Unidos, segundo a PF. Segundo o delegado, os suspeitos faziam a compra de medicamentos controlados com receitas falsas. "Eles ocultavam os medicamentos em remessa, como se fossem pessoas físicas encaminhando produtos de higiene e suplementos alimentares ao exterior", explicou.
O delegado contou ainda que o núcleo no exterior recebia os medicamentos e os vendia ilegalmente para uma comunidade de brasileiros. "O núcleo no Brasil era composto por familiares do líder que está no exterior e eles realizavam a compra, falsificando os receituários médicos", explicou o delegado. O delegado contou que foram identificados mais de 150 envios de medicamentos para o exterior.
"O grupo também encaminhava receituário médico falso para justificar, caso houvesse uma abordagem aduaneira no envio, para que os medicamentos fossem enviados legalmente como para consumo próprio", disse.
De acordo com o delegado, o núcleo no exterior armazenava os medicamentos enviados e mantinha uma farmácia clandestina para atender a comunidade brasileira. O investigador informou ainda que essas farmácias clandestinas tinham locais para aplicação de medicamentos injetáveis.
"Durante uma fase operacional da polícia estrangeira no mês passado, foi possível prender em flagrante por tráfico internacional de drogas o líder da organização", disse o delegado. Além do tráfico de drogas, grupo é investigado também por lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
O delegado Gama informou ainda que a Anvisa está fiscalizando algumas farmácias ou distribuidoras para verificar se estão envolvidas no esquema de venda ilegal de medicamentos. "A investigação ainda está vendo se a venda ocorreu de forma legal ou se foi uma transferência de medicamento de forma clandestina para o grupo", explicou.
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FOLHA DO PLANALTO
Dia de Combate à Hipertensão: CDI Premium realiza ação gratuita de prevenção e combate à hipertensão arterial nesta sexta-feira (25)
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
A máfia do bisturi: como uma cooperativa dominou a anestesia no DF
MEC vai avaliar qualidade de cursos de medicina anualmente
Artigo - O que a segurança do paciente ensina sobre eficiência e qualidade
https://medicinasa.com.br/seguranca-e-qualidade/
Anahp: Hospitais reduzem mortalidade, mas enfrentam alta de glosas e rotatividade
https://medicinasa.com.br/observatorio-anahp-2025/
Como garantir integração entre unidades descentralizadas e o hospital
Gestão interina da ANS: o que esperar da regulação em 2025?
METRÓPOLES
A máfia do bisturi: como uma cooperativa dominou a anestesia no DF
O grupo formado por médicos é alvo da Operação Toque de Midaz, deflagrada em abril pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do DF
Uma investigação conduzida pela Polícia Civil do Distrito Federal revelou o funcionamento de um esquema monopolista que há décadas controla o mercado de anestesiologia na capital do país. No centro da trama está a Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas do DF (Coopanest-DF), acusada de estabelecer um sistema fechado e excludente de atuação em hospitais privados, pressionando clínicas, planos de saúde e até mesmo órgãos públicos.
De acordo com a apuração, a cooperativa atua por meio de grupos exclusivos de anestesistas, filiados à Coopanest, que detêm o monopólio dos procedimentos anestésicos em diferentes unidades hospitalares. Cada hospital funciona como um feudo, onde apenas o grupo dominante pode atuar. Médicos de fora não têm acesso aos plantões, a menos que sejam aceitos pela cooperativa e pelo grupo local.
Depoimentos colhidos na investigação apontam que profissionais autônomos são barrados sistematicamente, e mesmo anestesistas recém-chegados ao DF só conseguem atuar na rede privada se forem integrados a um grupo já estabelecido - e, para isso, precisam da chancela da cooperativa.
Tabela da chantagem
Ainda de acordo com as apurações, a posição dominante da Coopanest-DF é reforçada por sua exclusividade junto aos convênios médicos. Todos os procedimentos anestésicos realizados na rede privada são faturados pela própria cooperativa, que retém parte do valor e repassa o restante aos grupos. Para os hospitais e operadoras de saúde, resta aceitar os termos - ou enfrentar boicotes.
Esse poder se materializa na chamada "tabela da Coopanest", criada unilateralmente pela cooperativa, com valores até sete vezes maiores que os das tabelas de referência do mercado, como a CBHPM e a AMBR.
A tabela é imposta a hospitais e convênios, que não têm margem de negociação. Em caso de resistência, entram em cena retaliações e obstruções de atendimento, como foi identificado em mais de um caso analisado pela Polícia Civil.
Um convênio ligado à Força Aérea Brasileira foi descredenciado após contestar os valores da tabela. Clínicas privadas, como uma unidade de radioterapia, também relataram a recusa de anestesistas em atuar após discordâncias contratuais, o que inviabilizou a continuidade dos atendimentos. As tentativas de buscar profissionais fora da cooperativa esbarraram na mesma barreira: todos os anestesistas do DF estariam vinculados à Coopanest, direta ou indiretamente.
Boicote
O caso mais emblemático ocorreu quando um hospital de grande porte decidiu romper com a clínica afiliada à cooperativa. O episódio provocou uma reação coordenada de boicote.
Cirurgias foram canceladas, anestesistas foram pressionados a abandonar os plantões e houve até ameaças veladas contra médicos que aceitaram trabalhar na unidade. O hospital chegou a operar com apenas quatro anestesistas disponíveis para toda a demanda, forçando a suspensão de centenas de procedimentos.
A estrutura hierárquica da cooperativa também foi alvo da apuração. Médicos que não fazem parte da sociedade majoritária dos grupos são conhecidos informalmente como "bagres" e ficam responsáveis pelos plantões mais pesados - noturnos, fins de semana e procedimentos de maior risco - recebendo valores fixos por hora trabalhada. Já os lucros reais são concentrados nas mãos dos sócios, que organizam as escalas e controlam os contratos.
A investigação revelou ainda que o domínio da Coopanest-DF atinge também o setor público. Hospitais como o da Criança de Brasília e até a Secretaria de Saúde do DF relataram dificuldades em contratar anestesistas devido aos valores elevados exigidos pela cooperativa. Um levantamento citado aponta que mais de 1.300 cirurgias gerais, sendo 500 pediátricas, deixaram de ser realizadas por inviabilidade financeira.
Operação Toque de Midaz
Essas práticas são alvo da Operação Toque de Midaz, deflagrada em abril pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do DF. A ação cumpriu mandados de busca e apreensão contra anestesiologistas e dirigentes da cooperativa suspeitos de liderar um esquema criminoso com características de cartel, formação de organização criminosa, constrangimento ilegal e lavagem de dinheiro.
O nome da operação faz alusão ao rei Midas, símbolo da ganância, e ao Midazolam, sedativo amplamente utilizado em anestesias - uma referência direta ao setor envolvido no esquema.
Em nota, a Coopanest-DF negou qualquer irregularidade e afirmou que "nunca houve e não há cartel" ou ilegalidade em sua atuação. A cooperativa também declarou manter compromisso ético com seus cooperados há mais de 40 anos.
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AGÊNCIA BRASIL
MEC vai avaliar qualidade de cursos de medicina anualmente
O Ministério da Educação (MEC) lançou nesta quarta-feira (23) o Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed). A proposta é estabelecer um instrumento unificado de avaliação da formação médica no Brasil. Os resultados, segundo a pasta, poderão ser utilizados inclusive para acesso a programas de residência médica.
A prova, realizada anualmente e já com uma primeira etapa prevista para outubro deste ano, será conduzida pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em colaboração com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), vinculada ao MEC.
Ainda de acordo com o ministério, o exame vai unificar as matrizes de referência e os instrumentos de avaliação no âmbito do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) para os cursos de medicina e da prova objetiva de acesso direto do Exame Nacional de Residência (Enare).
Durante a cerimônia de lançamento, o ministro da Educação, Camilo Santana, avaliou que o Enamed tem relevância estratégica nacional no que diz respeito à avaliação da formação médica no Brasil e que seus resultados vão impactar diretamente o Sistema Único de Saúde (SUS) e o ingresso de novos profissionais no mercado de trabalho.
"Vamos formar agora um grupo de trabalho a partir do decreto da comissão interministerial para discutir a proposta que o Inep está colocando dessa prova, dessa avaliação. Vamos chamar conselhos, entidades de classe. Vamos chamar todos para discutir o melhor formato. Já queremos aplicar em outubro aqui no Brasil,
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou a importância de se ter uma avaliação capaz de aferir o progresso do estudante, que aconteça ao longo da formação e não apenas ao final do curso. "Permite que a gente possa avaliar o progresso desse estudante e trazer à luz a instituição formadora".
"Ainda mais no caso do nosso país, e em outros países do mundo, onde a formação médica, boa parte, é paga, tem mensalidades. Tem que ter um olhar sobre essa instituição formadora. Ou ela vai continuar faturando com as suas mensalidades enquanto oferece baixa qualidade na formação."
Em nota, o MEC citou os seguintes pontos como objetivos do Enamed:
- avaliação da formação médica: verificar se os concluintes dos cursos de medicina adquiriram as competências e habilidades exigidas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs);
- apoio à melhoria dos cursos: fornecer insumos para o aprimoramento das graduações em medicina, contribuindo para a qualidade da educação médica no Brasil;
- aprimoramento da seleção para a residência médica:Â
unificar a avaliação do Enade e a prova objetiva do Enare, otimizando o acesso à residência médica de acesso direto;
- fortalecimento do SUS: garantir que os futuros médicos estejam preparados para atuar de maneira qualificada na rede pública;
- unificação e transparência: criar um modelo padronizado de avaliação, democratizando o ingresso nos programas de residência médica de acesso direto.
Entenda
De acordo com a pasta, o Enamed deve ser organizado como um instrumento unificado de avaliação da formação médica no Brasil, na forma de um exame "guarda-chuva", tendo como base a aplicação do Enade. A avaliação atenderá a dois públicos específicos:
- estudantes de medicina inscritos no Enade, que indicarão seu interesse em utilizar a nota da prova no processo seletivo do Enare;
- médicos interessados em participar do processo seletivo de programas de residência médica de acesso direto do Enare, inscritos no Enamed, no período a ser estabelecido no edital do exame.
Inscrição e provas
A previsão é que as inscrições para o Enamed sejam abertas no mês de julho, sendo que o exame será obrigatório para todos os estudantes de medicina concluintes. A aplicação da prova está prevista para outubro e a divulgação dos resultados individuais, para dezembro.
Para utilizar os resultados do Enamed para o Enare, é necessário se inscrever no Enare e pagar uma taxa de inscrição (exceto em casos de isenção previstos em edital). Os estudantes que farão Enade e que não pretendem utilizar os resultados da prova para ingressar na residência estão isentos de taxa.
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MEDICINA S/A
Artigo - O que a segurança do paciente ensina sobre eficiência e qualidade
Neste mês, o Ministério da Saúde divulgou o tema central para a campanha do Mês da Segurança do Paciente e traz um ponto fundamental para refletir sobre assistência: como ampliar o acesso ao cuidado de forma integrada, segura e eficiente.
Falar em segurança do paciente vai muito além de reduzir eventos adversos. É falar de gestão, de processos, e, principalmente, de cultura. Instituições de saúde que colocam a segurança no centro de suas estratégias compreendem que acesso e cuidado integrado exigem fluxos bem definidos, equipes capacitadas e uma governança clínica que funcione na prática – não apenas no papel.
A busca por eficiência e qualidade no cuidado está diretamente conectada à forma como organizamos os serviços, acolhemos os profissionais de saúde e estruturamos o percurso do paciente dentro da instituição. Quando não há integração entre áreas, os riscos aumentam. Quando a comunicação falha, o cuidado se fragmenta. Quando não há clareza nos protocolos, perde-se a confiança – do time e do paciente.
Para avançar nessa direção, algumas práticas são essenciais e podem fazer a diferença no dia a dia das instituições:
- Mapeamento e padronização dos fluxos assistenciais: garantindo que cada etapa do cuidado esteja clara e bem definida para todas as equipes envolvidas.
- Comunicação efetiva entre áreas: com ferramentas como briefing e debriefing, passagem de plantão estruturada e protocolos de comunicação segura.
- Capacitação contínua dos profissionais de saúde: com treinamentos voltados à segurança, protocolos clínicos e atuação colaborativa.
- Tecnologia a favor da integração: por meio de sistemas que conectam dados do paciente e promovem decisões mais seguras e ágeis.
- Escuta ativa de pacientes e familiares: fortalecendo o cuidado centrado na pessoa e promovendo um ambiente mais acolhedor.
- Monitoramento de processos com auditorias e análise de incidentes: estimulando a melhoria regularmente.
- Governança clínica sólida: com lideranças comprometidas, comitês atuantes e indicadores acompanhados regularmente.
É nesse contexto que a Acreditação surge como uma importante aliada para o setor. Ao adotar metodologias reconhecidas internacionalmente, por exemplo, as instituições não apenas aprimoram seus processos internos, mas também fortalecem uma cultura organizacional voltada para a melhoria contínua, a transparência e a segurança.
Acreditar na segurança do paciente é acreditar em gestão de excelência. É entender que qualidade não se improvisa: se estrutura, se mede, se revisa. E que a melhoria dos resultados assistenciais depende do engajamento de toda a instituição – governança ao cuidado na ponta.
Neste mês, mais do que reforçar protocolos, é tempo de fortalecer o compromisso com a segurança como um valor inegociável. Que o tema “Mais Acesso e Cuidado Integrado” inspire instituições a olhar para seus fluxos, escutar suas equipes multidisciplinares e investir em soluções que transformam o cuidado – com qualidade, eficiência e, acima de tudo, a segurança.
*Camilla Covello é sócia e CGO da QGA – Quality Global Alliance.
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SAÚDE BUSINESS
Anahp: Hospitais reduzem mortalidade, mas enfrentam alta de glosas e rotatividade
A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) lança a nova edição do Observatório Anahp, uma das mais completas publicações sobre eficiência e qualidade hospitalar no Brasil. Mais do que uma radiografia da saúde suplementar, a edição 2025 traz análises inéditas, resultados dos principais hospitais do país e os principais pontos de atenção para o setor.
O Observatório Anahp 2025 destaca tendências que exigem ação estratégica e coordenação entre os atores do sistema de saúde. Entre os avanços identificados, estão a redução da mortalidade operatória e queda no tempo de permanência (menores taxa dos últimos anos, 0,27% e 3,99 dias, respectivamente), a adoção mais rigorosa de protocolos clínicos, o aumento da taxa de ocupação hospitalar (78,97%) – sinais claros de uma busca contínua por eficiência e melhores resultados.
Em contrapartida, a publicação liga o sinal de alerta para o crescimento das glosas (atraso no pagamento por parte das operadoras), os desafios na retenção de profissionais e o aumento do consumo de recursos como energia elétrica.
A média de glosa inicial gerencial, que mede os valores glosados pelas operadoras de planos de saúde ainda em fase de negociação, passou de 11,89% em 2023, para 15,89% em 2024 entre os hospitais associados à Anahp. O índice de recebimento gerencial, que mede a proporção dos valores que deveriam ser recebidos pelas operadoras de planos de saúde (o quanto realmente foi recebido), passou de 91,27% em 2023 para 88,61% em 2024. Já a inadimplência das operadoras de planos de saúde, que representa o quanto os valores em aberto representam sobre o faturamento médio das instituições associadas, aumentou de 49,96% em 2023 para 61,53% em 2024.
Outro ponto de atenção é em relação à rotatividade de pessoal, um dos grandes desafios na gestão de recursos humanos nas organizações, pois afeta diretamente os processos de integração, desenvolvimento, gestão do conhecimento, fortalecimento cultural e qualificação do quadro profissional, podendo ainda levar ao aumento de custos e impactar na qualidade do cuidado ao paciente. O índice de rotatividade de pessoal (taxa média de admissões e de desligamentos em relação ao total de efetivos), aumentou, passando de 2,27% em 2023 para 2,60% em 2024.
Além de oferecer uma base concreta para decisões mais assertivas e políticas públicas mais eficazes, esta edição traz uma matéria especial que retrata a expansão do Sistema de Indicadores Hospitalares Anahp. Nos últimos meses, foram firmados termos de cooperação com o Ministério da Saúde, secretarias estaduais e municipais, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e a Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB), permitindo que essas instituições passem a integrar a plataforma da Anahp.
Com essa ampliação, o sistema da Anahp torna-se uma ferramenta de gestão compartilhada entre diferentes segmentos da saúde, promovendo integração e qualificação da assistência em escala nacional. “Saúde se faz com vários fatores – incluindo bons médicos, bons colaboradores e boa gestão. A Anahp tem atuado sempre com o objetivo de expandir as melhorias conquistadas pelas instituições privadas para além das fronteiras da saúde suplementar, beneficiando todos os brasileiros. Por isso, é muito bom ver hospitais usando a plataforma como instrumento de apoio à melhoria contínua”, afirma Antônio Britto, diretor-executivo da Anahp.
Criado há 17 anos, o Sistema de Indicadores Hospitalares Anahp reúne atualmente 265 indicadores organizados em quatro grandes eixos: assistência, gestão de pessoas, desempenho econômico-financeiro e sustentabilidade. Cada hospital participante tem acesso a relatórios individualizados, com possibilidade de segmentações por porte, localização, número de leitos, entre outras categorias – ferramenta fundamental para a análise comparativa e o aprimoramento da gestão.
Com 176 hospitais associados em 25 unidades federativas, a Anahp reforça, com esta publicação, seu papel como articuladora de dados confiáveis, diálogo interinstitucional e propostas para o fortalecimento do setor.
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Como garantir integração entre unidades descentralizadas e o hospital
Nos últimos anos, tem-se observado uma expansão significativa dos serviços de saúde localizados dentro de locais de alta conveniência, como shoppings, supermercados e centros comerciais. Se antes os espaços de saúde eram considerados sem graça e “chatos” de visitar, hoje essa experiência mudou, se estabelecendo como uma tendência cada vez mais comum, uma vez que a sociedade busca por praticidade.
Para hospitais, a instalação de unidades em locais de grande circulação representa mais do que uma simples resposta à demanda dos pacientes; é também uma estratégia comercial, pois aumenta a visibilidade e aproxima os serviços do público, estimulando o cuidado.
Muitas vezes, os atendimentos em unidades descentralizadas são realizados de forma isolada, sem a continuidade necessária para um tratamento eficaz, por exemplo. Enquanto estamos discutindo a importância da medicina integrada, não podemos deixar que desafios como esses afetem todos os avanços que estamos atingindo.
Ainda é possível existir falhas na troca de informações, repetições de exames e consultas e tratamentos incompletos, que podem ser determinantes para diversos casos e impactar negativamente na qualidade, o que é extremamente negativo para os pacientes e para a confiança depositada na instituição.
Para superar essas adversidades, é essencial garantir uma integração e comunicação eficaz entre essas unidades e os hospitais-mãe, de modo que o acompanhamento seja contínuo e personalizado.
Como garantir o cuidado contínuo com a saúde e a integração entre unidades?
O primeiro – e talvez principal – passo se refere à criação de um sistema de integração completo entre todas as unidades, que estabeleça padrões e normativas para manter a qualidade e relevância em qualquer lugar. Parece óbvio, mas a descentralização das unidades traz a sensação de que apenas eventos isolados passem por lá. Sim, isso pode acontecer, no entanto, é mais que necessário que tenhamos um olhar 360° para a saúde dos pacientes.
Prontuários, autorizações e receituários eletrônicos, protocolos de comunicação e de cuidados claros, fluxos bem definidos e sistemas digitais atualizados em tempo real são essenciais para registrar históricos, tratamentos, exames e quaisquer informações que podem poupar tempo e desgaste dos pacientes e dos médicos. Inclusive, podem ser trocados detalhes entre médicos, enfermeiros e outros profissionais, pensando na promoção do melhor cuidado.
Outro aspecto em alta é a hiperpersonalização. A internet 4.0 proporcionou formatos de adaptação nunca antes vistos. A saúde sempre precisou ser orientada e específica, já que cada ser humano é único. Com as novas possibilidades de direcionamento, é possível elevar o atendimento para outro patamar ao se aproximar das pessoas e considerar suas necessidades e preferências, assim é possível enviar mensagens automáticas quando estiver perto de completar um ano desde que a pessoa fez um check-up, por exemplo, para lembrá-la e facilitar um novo agendamento. Personalizar significa garantir a individualidade do paciente em todas as etapas, com a ajuda dos sistemas, assegurando mais eficiência, prevenção e menor chance de erros.
Portanto, garantir a saúde para os pacientes vai além do atendimento clínico. A gestão hospitalar e dos serviços de saúde tem um papel poderoso nesse sentido. Hospitais que desejam expandir seus ambientes e ampliar seu nome precisam organizar-se previamente para um compartilhamento eficiente de informações, garantindo a redução de erros, acesso mais veloz aos cuidados e maior satisfação de quem mais importa: o paciente.
*Sérgio Okamoto é médico especialista em Saúde Ocupacional e Superintendente Geral do Hospital Nipo-Brasileiro. O Hospital Nipo-Brasileiro foi fundado nos 80 anos da imigração japonesa no Brasil.
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Gestão interina da ANS: o que esperar da regulação em 2025?
A falta de definição sobre o nome que ocupará a pasta pode impactar as mudanças necessárias? Especialistas opinam sobre o tema.
Em dezembro de 2024, Paulo Rebello, então diretor-presidente da Associação Nacional de Saúde Suplementar (ANS), encerrou seu mandato à frente da instituição. A expectativa, desde então, é de que Wadih Damous, indicado do Governo para assumir a posição, seja sabatinado pelo Senado Federal, mas a data para que isso aconteça ainda não está definida. Por enquanto, quem está tocando as demandas como diretora-presidente interina é Carla Soares, diretora-adjunta na Diretoria de Normas e Habilitação dos Produtos.
Durante sua administração, Carla, segundo nota enviada pela ANS, segue desempenhando as competências regimentais do cargo, que são, essencialmente: supervisionar o funcionamento geral da ANS, cumprir os compromissos de representação institucional, presidir as reuniões da Diretoria Colegiada, assinar instrumentos legais de interesse da agência, ordenar despesas e praticar atos de gestão de recursos orçamentários e financeiros e de administração.
Nos últimos meses, a ANS tem sido foco de atenção de diversos setores da saúde suplementar devido ao debate que envolve propostas como a criação de planos de saúde ambulatoriais, novas regras de coparticipação e reativação dos planos individuais, entre outras, e como estas demandas estão sendo direcionadas pela gestão interina.
A agência, ainda por meio de nota, explica que os processos de trabalho têm fluxos bem definidos e esses fluxos são respeitados, independentemente de quem estiver à frente da instituição. Dessa forma, a proposta de realização de um sandbox regulatório para a criação de um produto de acesso à saúde com cobertura apenas para consultas e exames, por exemplo, passou por uma consulta pública, que foi finalizada no dia 4 de abril. As contribuições recebidas serão analisadas e a diretoria responsável pelo tema irá elaborar uma proposta de resolução normativa para submeter à aprovação da Diretoria Colegiada.
Em outra frente, a ANS está trabalhando na reformulação da sua Política de Preços e Reajustes, da qual fazem parte definições para os mecanismos financeiros de regulação (coparticipação e franquia) e a revisão técnica de preços de planos individuais/familiares, dentre outros eixos. Ambas as propostas estão sendo estudadas e desenvolvidas normalmente pela agência, percorrendo seus fluxos processuais.
“Independentemente de a gestão ser interina ou titular do mandato, a responsabilidade é a mesma, pois as competências previstas no artigo 4º da lei 9.961/2000 (Lei que cria a ANS) não fazem diferença entre as responsabilidades dos gestores. Assim, de modo a servir aos preceitos legais e constitucionais, deve-se primar por aquilo que efetivamente faz-se cumprir a sustentabilidade da saúde suplementar, com o fito de ampliar aos melhores resultados para os pacientes”, analisa Filipe Venturini, diretor executivo do Instituto Ética Saúde.
Venturini pontua ainda que, pautando-se nestas propostas citadas, a gestão interina deverá sedimentar o caminho para que, quando o titular assumir, tenha as diretrizes já bem delineadas.
Expectativas do setor
De um lado, somam-se avanços já implementados e, de outro, discussões ainda em maturação, como os mecanismos de regulação financeira, o modelo de reajuste e o novo modelo de fiscalização, que abrange alterações nas normas de procedimentos, bem como na aplicação de penalidades.
“Apesar do avanço por parte da agência quanto aos temas pautados dentro da Agenda Regulatória 2023-2025, outras demandas, que não são recentes, continuam ecoando no mercado, a exemplo da garantia de atendimento de terapias com métodos e técnicas para o público neurodivergente. Ainda há ausência de diretrizes clínicas específicas e critérios objetivos de cobertura para terapias como ABA (Análise do Comportamento Aplicada), o que fragiliza a relação contratual e multiplica a judicialização”, analisa Paula Laís Santana, advogada, consultora regulatória da Regulamentar Saúde Assessoria Regulatória em Saúde.
Segundo a advogada, as operadoras ainda buscam um ponto de equilíbrio entre a RN 539/2022 e a Lei 14.454/2022, que reconheceu a taxatividade do rol de coberturas mínimas.
“A ausência de definições claras continua sendo um vetor de judicializações, principalmente quando está atrelada à cobrança de coparticipações. Esse é um tema que demanda continuidade do debate iniciado, mas ainda não consolidado, assim como as discussões inerentes aos preços e reajustes, cuja participação social ao longo da Audiência Pública nº 50 não foi suficiente para atingirmos todo o potencial das mudanças sugeridas pela agência e que pode gerar um impacto para o mercado”, diz.
Para Paula, talvez a atual gestão interina não tenha tempo para executar grandes projetos. Mas pode, com a autoridade de quem conhece os bastidores, pavimentar caminhos e garantir que os principais temas não esfriem na gaveta.
“As expectativas são positivas em relação à atuação da atual diretora, que esteve envolvida em muitos projetos relevantes em suas passagens pela Diretoria de Normas e Habilitações dos Produtos (DIPRO) e pela Diretoria de Normas e Habilitação das Operadoras (DIOPE), e deve conduzir com muita tecnicidade os temas.”
Paula diz ainda que vale lembrar que a interinidade não necessariamente engessa decisões estratégicas, sobretudo quando a Agenda Regulatória já está aprovada e em execução. “O conhecimento prévio da casa por parte da diretora interina pode, inclusive, ser um catalisador para decisões mais ágeis e assertivas.”
Rogério Scarabel, sócio do M3BS Advogados e ex-diretor-presidente da ANS, ressalta que, ainda que a gestão seja interina, não há limitação formal de poderes. Portanto, decisões estratégicas podem ser tomadas, desde que respeitados o processo colegiado e os limites normativos.
Em relação às pautas que estão em discussão, Scarabel acredita que, por se tratarem de temas sensíveis, é provável que a gestão interina opte por manter a tramitação técnica dessas propostas, priorizando estudos de impacto regulatório, consultas públicas e análise de risco regulatório — o que já faz parte da cultura da Agência.
“A criação de planos mais simples, por exemplo, exigirá definição clara de coberturas mínimas, limites assistenciais e proteção ao consumidor. Isso não deve ser acelerado, mas sim cuidadosamente estruturado.”
Scarabel lembra que é difícil prever mudanças regulatórias neste momento. “No geral, a estabilidade regulatória e a manutenção dos debates com o setor são os assuntos que prevalecem. Os temas que mais chamam a atenção no momento e que foram apresentados para discussão, que são os econômicos e assistenciais, estão em andamento, no curso adequado do rito.”
Maior transparência e pontos que precisam de atenção
O processo de incorporação de novas coberturas no âmbito da saúde suplementar passou por uma ampliação em 2022, com a mudança no rito de atualização do rol, o que, segundo Paula, garantiu maior transparência também para as decisões de incorporação.
“Entretanto, alguns especialistas vêm tecendo críticas quanto ao modelo de incorporação previsto na Lei 14.307/2022, que determina que, após a recomendação positiva pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec) para inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS), as tecnologias devem ser incluídas no rol da agência, alegando ausência de transparências por parte daquele órgão em sua tomada de decisões.”
Já em relação a preços e reajustes e à ampliação da concorrência, o fato destes temas terem sido tratados em Consultas Públicas denota, a priori, que que estão endereçados com favorecimento da participação social e transparência. “O que falta é interesse daqueles que compõe o mercado em opinar, quando lhes cabe opinar.”
Para Venturini, a gestão interina da ANS deve ter uma atenção especial à judicialização, que talvez seja o maior desafio de gestão na necessidade de compor um regramento que seja efetivo na garantia do direito de amplo acesso ao paciente, sem que este tenha que recorrer ao Poder Judiciário.
“Uma ação que deverá ser enfrentada com maestria por aqueles que ocuparem a direção da agência é a promoção de regras justas, que não reduzam nenhum direito dos beneficiários e promovam a sustentabilidade da saúde suplementar no Brasil”, destaca Venturini.
Venturini também comenta que a ANS poderia agir com maior solidez na fiscalização e controle em relação às operadoras de saúde, em especial, no que tange às fusões e aquisições entre grandes operadores e hospitais.
“Quando falamos no aspecto concorrência, é preciso observar que a formação de ‘oligopólios’ no setor da saúde tem sido latente e desenfreada. Com isso, sem dúvida, há um achatamento da competitividade, o que diminui enormemente a livre concorrência no mercado, tendo cada vez menos oferta de planos de saúde para a população, pois, com tal concentração, o mercado se fecha e os planos menores não se sustentam.”
Na opinião do executivo, espera-se que ANS aprimore seu sistema de fiscalização, garantindo que este seja conduzido de forma ampla e efetiva, mantendo o controle com máxima transparência e pautado nos acontecimentos reais vivenciados pelos beneficiários e pelos empresários do setor da saúde, buscando indicadores de resultados mais precisos, e, se for o caso, punindo com rigidez aqueles que não conseguem promover uma saúde suplementar digna, bem como a sustentabilidade da cadeia de valor.
Apesar da indefinição sobre quem e quando a ANS contará com um novo diretor-presidente, a agência continua a implementar iniciativas que podem beneficiar o setor. No entanto, a ausência de uma liderança permanente pode afetar a continuidade e a eficácia dessas iniciativas. A nomeação de diretores efetivos é crucial para garantir a estabilidade institucional e a capacidade da ANS de enfrentar os desafios do setor de saúde suplementar e atender às necessidades de todo o ecossistema.
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Assessoria de Comunicação
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Hospitais brasileiros enfrentam desafio da baixa maturidade digital
Setor da saúde enfrenta crise com R$ 4,5 bilhões em pagamentos pendentes, aponta ABRAIDI
A importância da análise de dados para evitar desperdícios na saúde
https://medicinasa.com.br/importancia-analise-dados/
Investimentos reforçam criação de complexo industrial de saúde
https://medicinasa.com.br/complexo-industrial/
Estudo aponta que Brasil possui só 119 equipamentos PET-CT
https://medicinasa.com.br/pet-ct-brasil/
Consumidores procuram por descontos em medicamentos e pesquisam preços em farmácias
Homem suspeito de se passar por médico é preso
SAÚDE BUSINESS
Hospitais brasileiros enfrentam desafio da baixa maturidade digital
Presidente da ABCIS, Vitor Tadeu, debate a importância da tecnologia e os obstáculos na jornada de digitalização do setor
Vitor Tadeu, Presidente da ABCIS e CIO do Hospital Sabará, discutiu os rumos da transformação digital na saúde durante entrevista no podcast Saúde Business, gravado na //www.youtube.com/@saudebusiness8313">34ª edição do Congresso Fehosp. A conversa abordou desde a necessidade de acelerar a adoção de tecnologias até os desafios enfrentados por hospitais e gestores nesse processo.
Apesar dos avanços, o setor de saúde ainda enfrenta um atraso considerável em sua jornada de transformação digital. Vitor Tadeu destaca que essa lentidão impacta diretamente o cuidado aos pacientes, afirmando que “nosso nível de maturidade na saúde do Brasil ainda é muito baixo”. Ele explica que, dos 7.507 hospitais em operação no país, apenas 500 atingiram um nível adequado de maturidade tecnológica, o que evidencia a disparidade e a urgência por mudanças.
A ABCIS, entidade da qual Vitor é presidente, tem como missão reunir os tomadores de decisão em tecnologia da saúde, buscando criar sinergia no setor. A associação também trabalha para conscientizar os gestores sobre os benefícios da transformação digital e oferece o apoio necessário para que mais instituições possam avançar nesse caminho.
Em sua fala, Vitor reforça a importância de integrar a tecnologia com o cuidado humanizado, sempre priorizando o propósito central da saúde: curar o ser humano. Para gestores que desejam iniciar a transformação digital em suas instituições, o presidente da ABCIS sugere superar a resistência e investir em aprendizado contínuo, o que é essencial para acompanhar as mudanças do setor.
Com o objetivo de continuar o debate sobre o futuro da tecnologia na saúde, a ABCIS marcará presença na Hospitalar 2025, onde realizará um Summit no dia 21 de maio. Durante o evento, os participantes terão a oportunidade de aprofundar as discussões sobre como as inovações tecnológicas podem transformar a saúde.
A entrevista na íntegra estará disponível no //www.youtube.com/@saudebusiness8313">canal do Youtube do Saúde Business: https://www.youtube.com/@saudebusiness8313.
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Setor da saúde enfrenta crise com R$ 4,5 bilhões em pagamentos pendentes, aponta ABRAIDI
Pesquisa inédita revela que 36% do faturamento das empresas está comprometido, com atrasos, glosas e inadimplência afetando sustentabilidade de todo o sistema de saúde.
A Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (ABRAIDI) acaba de divulgar os resultados de sua pesquisa anual, que traz um retrato preocupante do setor da saúde no Brasil. O levantamento identificou um total de R$ 4,587 bilhões em pagamentos pendentes ou não realizados, valor que compromete 36% do faturamento das empresas do setor e ameaça a sustentabilidade dos sistemas público e privado.
Do total apurado, R$ 2,2 bilhões estão relacionados à retenção de faturamento – prática em que operadoras de saúde e hospitais impedem a cobrança de procedimentos previamente autorizados. As glosas injustificadas somaram R$ 229,7 milhões, enquanto a inadimplência chegou a R$ 2,069 bilhões. Segundo a ABRAIDI, os números representam o pior cenário desde o início da série histórica, em 2017.
Práticas abusivas e desequilíbrio nas relações comerciais
Para o presidente da ABRAIDI, Sérgio Rocha, o cenário é alarmante e revela distorções graves nas relações comerciais. “As operadoras e hospitais exigem o adiamento da cobrança e, depois, ainda solicitam descontos de dois dígitos para efetuar o pagamento, em valores menores do que os inicialmente negociados”, afirma. Segundo ele, empresas que se recusam a aceitar essas condições são retaliadas com a exclusão do fornecimento. A pesquisa mostra que 40% das empresas associadas relataram ter sofrido algum tipo de retaliação.
Prazo de pagamento ultrapassa 4 meses
Outro ponto crítico apontado no estudo é o prazo excessivo para emissão de nota fiscal e pagamento. As empresas esperaram, em média, 63 dias pela autorização da nota e mais 76 dias para o pagamento — um total de 139 dias (quase 5 meses). Na saúde suplementar, o tempo médio foi ainda maior: 179 dias corridos, ou 6 meses, entre a entrega do produto e o recebimento.
Sérgio Rocha ilustra a gravidade da situação com uma analogia: “Imagine comprar um carro em uma concessionária e pagar só seis meses depois. É o que vivemos hoje no setor”.
O presidente da ABRAIDI ressalta a disparidade entre os resultados das operadoras de saúde e a crise enfrentada pelos fornecedores. Em 2023, as operadoras registraram lucro líquido de R$ 11,1 bilhões, um crescimento de 271% em relação ao ano anterior, o maior desde 2020. Enquanto isso, os fornecedores lidam com fluxo de caixa comprometido, juros elevados e um cenário de crescente endividamento.
Prática fere legislação fiscal e impõe dilemas éticos
Rocha também chama atenção para o dilema ético e legal imposto às empresas. A postergação da emissão de notas fiscais, exigida por hospitais e operadoras, fere a legislação brasileira, que determina a emissão imediata após a venda. “A não emissão de nota fiscal é crime, sujeita a multas, penalidades e até mesmo à configuração de sonegação fiscal”, alerta.
Fórum ABRAIDI debaterá soluções
Os dados da 8ª edição da pesquisa “O Ciclo de Fornecimento de Produtos para Saúde no Brasil” serão apresentados nesta terça-feira (23/04), no Fórum ABRAIDI, realizado no Instituto de Radiologia (InRad) do Hospital das Clínicas, em São Paulo. O evento reunirá autoridades e representantes do setor para discutir caminhos para enfrentar a crise
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MEDICINA S/A
A importância da análise de dados para evitar desperdícios na saúde
A saúde corporativa deixou de ser apenas um benefício acessório para se consolidar como uma frente estratégica dentro das grandes organizações, virando pauta de CEOs e Conselhos. O bem-estar dos colaboradores influencia diretamente a performance, o engajamento e a sustentabilidade dos negócios. Adicionalmente, os custos de saúde representam uma anomalia dentro das tendências de negócios. São valores relevantes e em crescimento expressivo em um momento em que todas as organizações realizam racionalizações e controles de custos.
Vemos uma realidade – cada vez menos comum em grandes organizações, mas ainda comum em grupos menores – de investimentos desordenados e que, estruturalmente, não geram os resultados desejados. De acordo com levantamento da consultoria HealthBit, 43% dos custos estão concentrados em 3% dos casos mais graves e 20% da população representa 79% do sinistro. São casos complexos, que demandam ações específicas e muito bem desenhadas.
As ações padrão das empresas, de engajamento e acesso, possuem seu valor e não devem ser descontinuadas, mas as gestões precisam ter clareza sobre o papel de cada investimento. Engajamento e educação são a base para uma população saudável no longo prazo, mas, sozinhas, elas demoram a gerar retornos aferíveis, fazendo com que sejam descontinuadas antes dos resultados aparecerem.
É preciso analisar os dados com pragmatismo e criar um plano de ação completo para a organização, atacando cada desafio com a solução correta. No geral, casos graves demandam soluções intensivas em capital humano especializado de saúde, mas, ao mesmo tempo, o retorno unitário é relevante em termos humanos e financeiros, tornando fácil a explicação de retorno de curto prazo. Ações para a população saudável, por outro lado, precisam ser escaláveis e não podem ser avaliadas financeiramente em horizontes de 1 ou 2 anos.
Existe vontade do C-Level em investir em saúde, mas falta planejamento estratégico e tático. Vemos um momento de inflexão positivo, em que a importância dos investimentos na saúde corporativa sensibilizou grande parte dos boards e presidências. Cabe às gestões em nível de diretoria e gerência construir planos embasados em dados, bem desenhados, para destravar estes recursos. Parece contraditório, mas não é. Precisamos trazer números para cuidarmos das pessoas.
Resultados da gestão baseada em dados
O impacto é evidente. Com um acompanhamento mais próximo, torna-se possível reduzir significativamente a incidência de quadros críticos como doenças crônicas mal controladas, transtornos mentais não diagnosticados e agravamento de condições já existentes. Ao mesmo tempo, ao direcionar os recursos com mais inteligência — seja em programas para gestantes, ações de bem-estar ou atendimento remoto — as corporações conseguem diminuir custos com sinistralidade, reduzir os períodos de afastamento e ampliar o retorno sobre os investimentos em saúde.
Levantamentos recentes reforçam essa urgência. Segundo o Ministério da Previdência Social, o número de licenças médicas em 2024 chegou a quase meio milhão, o maior volume em dez anos. O aumento de 68% nos afastamentos por transtornos mentais em relação ao ano anterior revela uma situação crítica. Já não estamos diante de uma exceção, mas de uma realidade que demanda planejamento, capacidade analítica e comprometimento das lideranças empresariais. Em vez de medidas paliativas, é necessário um posicionamento sólido, amparado por informações qualificadas.
O uso estratégico de dados fortalece a administração da saúde corporativa e também a governança como um todo. Organizações que operam com base nesses fundamentos constroem uma cultura voltada à antecipação, gerando valor para todos os envolvidos.
O benefício, no entanto, não se limita ao ambiente interno. Ao promover uma cultura organizacional baseada no cuidado e na prevenção, as empresas também ajudam a reduzir a pressão sobre os sistemas de saúde públicos e privados. Quanto mais se investe em ações preventivas e em monitoramento contínuo, menor a chance de agravamentos que levem a tratamentos prolongados ou hospitalizações. O ciclo que se forma atinge tanto os colaboradores como suas famílias, comunidade e todo o ecossistema de saúde.
Responsabilidade digital e valor social
É fundamental que a transformação digital ocorra com responsabilidade. A manipulação de informações sensíveis exige conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Garantir a privacidade, a segurança e o uso ético desses registros não é apenas uma exigência legal, mas um compromisso com a transparência e com a construção de uma relação sólida entre empregador e empregado.
Nesse mesmo movimento, a gestão de saúde orientada por dados deixa de ser uma tendência futura e se afirma como uma realidade nas companhias que buscam conciliar alto desempenho com responsabilidade social. A adoção representa um avanço importante na direção de metas econômicas sustentáveis, ambientes organizacionais mais saudáveis e uma reputação corporativa mais sólida.
*Murilo Wadt é cofundador e diretor-geral da HealthBit.
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Investimentos reforçam criação de complexo industrial de saúde
Três decisões estratégicas, anunciadas há alguns dias, vão ao encontro de um dos principais braços da política de incentivo à indústria do governo: o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Ceis), que, ao mesmo tempo, busca fortalecer a produção industrial e prover o Sistema Único de Saúde (SUS).
Em cerimônia na cidade mineira de Montes Claros, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a multinacional dinamarquesa Novo Nordisk, anunciou o investimento de R$ 6,4 bilhões para produzir remédios no Brasil.
A farmacêutica é importante fornecedora para o SUS de insulina e medicamentos para o tratamento de hemofilia. Atualmente, é responsável por 2,65 mil empregos diretos e indiretos, que devem ser acrescidos de mais 600.
O objetivo do investimento anunciado é aumentar a capacidade de produção de tratamentos injetáveis para pessoas com obesidade, diabetes e outras doenças crônicas graves.
Parceria tripartite
No mesmo dia, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Fundação Butantan, responsável pela gestão de recursos do Instituto Butantan, informaram que vão investir pelo menos R$ 200 milhões em micro, pequenas e médias empresas inovadoras na área de saúde.
O esforço conjunto será para a criação de um fundo que vai mirar em startups, empresas com potencial de inovação e grande uso de tecnologia. As três instituições buscam fortalecer a cadeia de suprimentos do SUS.
O BNDES, banco público ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), é um dos braços do governo que fomentam o Complexo Econômico-Industrial da Saúde. O banco deve aportar de R$ 50 milhões a R$ 125 milhões ao fundo.
A Finep, empresa pública ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI), destinará até R$ 60 milhões. Já o Butantan ─ maior produtor de vacinas e soros da América Latina ─ é ligado ao governo de São Paulo e aportará ao menos R$ 50 milhões..
A empresa, sediada em Aparecida de Goiânia (GO), venderá ao governo itens como stent farmacológico coronário, cateter e fio guia dirigível para angioplastia e balão periférico.
Stent é um pequeno dispositivo médico em forma de tubo, inserido em artérias para prevenir e evitar a obstrução do fluxo sanguíneo, ou seja, é diretamente ligado a intervenções cardiovasculares.
Complexo Industrial da Saúde
A política industrial do governo, batizada de Nova Indústria Brasil (NIB), foi lançada em janeiro de 2024. É dentro deste conjunto de incentivo que estão as ações voltadas ao Complexo Econômico-Industrial da Saúde, que faz parte da chamada Missão 2 da NIB.
Além de gerar emprego e desenvolvimento econômico, a meta da política de incentivo é elevar a produção nacional de 45% para 70% da necessidade de medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos, materiais e outros insumos e tecnologias em saúde, até 2033.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços informou que os valores direcionados à Missão 2 superam R$ 57 bilhões, entre investimentos públicos e privados. É dinheiro que vai potencializar produção em laboratórios e indústrias.
Ao defender a política de incentivo na fábrica de Montes Claros, o presidente Lula afirmou que há “uma revolução na recuperação da indústria deste país”, particularmente nas indústrias vinculadas ao Complexo Econômico-Industrial da Saúde”.
“Isso é possível porque o SUS é um grande comprador de tudo o que a gente fabrica aqui”, completou o presidente.
Resultados práticos
Uma das faces do efeito prático do investimento no Complexo Econômico-Industrial da Saúde é a redução da dependência externa, desafio que ficou visível durante a pandemia de covid-19, quando o Brasil dependeu da importação de vacina, equipamentos hospitalares, como ventiladores mecânicos, e insumos, como máscaras.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição referência em saúde pública, é uma das beneficiadas direta da Missão 2 da NIB.
A Fiocruz informou que, “por meio de Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), investe continuamente em inovação e desenvolvimento tecnológico para melhorar suas capacidades produtivas”.
Um dos projetos mais significativos é o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde, que está sendo construído em um terreno de 580 mil metros quadrados – equivalente a cerca de 80 campos de futebol – no Rio de Janeiro.
A unidade terá capacidade de produção anual estimada em 120 milhões de frascos de vacinas e biofármacos, para atender prioritariamente às demandas da população brasileira por meio do SUS.
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal prevê investimento de cerca de R$ 2 bilhões em quatro anos para a construção. A Fiocruz informou à Agência Brasil que ainda estão sendo captados aproximadamente R$ 4 bilhões de investidores e parceiros diversos.
A Fiocruz acrescentou que, entre as medidas para buscar autossuficiência do país, tem investido em tecnologias avançadas, como a plataforma de RNA mensageiro (mRNA – transporta informações genéticas do vírus), incluindo uma vacina contra a covid-19, que está em fase pré-clínica.
Efeito multiplicador
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) classifica o Complexo Econômico-Industrial da Saúde como “estratégico para o desenvolvimento econômico e social do país”.
Na definição da especialista de Política Industrial da CNI, Caroline Giusti de Araújo, o complexo articula uma ampla base produtiva e tecnológica, que abrange desde a indústria farmoquímica e farmacêutica até vacinas, testes diagnósticos, terapias avançadas, hemoderivados e dispositivos médicos.
O setor representa, descreve ela, cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB – conjunto de bens e serviços produzidos no país) e mais de 30% do esforço de ciência, tecnologia e inovação. A especialista aponta que investimentos no setor têm um efeito multiplicador.
“A cada R$ 1 milhão produzidos no setor farmoquímico e farmacêutico, geram-se, em média, R$ 2,46 milhões em valor bruto da produção”, calcula.
Relembrando que a pandemia de covid-19 expôs dependências do Brasil a fornecedores estrangeiros, a CNI afirma que políticas de incentivo industrial se tornaram essenciais para reduzir vulnerabilidades, assegurar a segurança sanitária e impulsionar a industrialização com base em inovação.
“Acreditamos que políticas como essas que integram o Complexo Econômico-Industrial da Saúde estimulam os investimentos em pesquisa e desenvolvimento por parte do setor, que já se destaca como um dos maiores na indústria de transformação brasileira”, avalia Caroline Araújo.
Ambiente econômico estável
O presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), Nelson Mussolini, aprova a política de incentivo industrial, e enfatiza que o setor farmacêutico atua tanto na promoção da saúde e da qualidade de vida da população brasileira, assim como no desenvolvimento econômico.
“A cadeia produtiva farmacêutica representa um polo industrial, tecnológico e científico de ponta, que emprega cerca de 900 mil pessoas de forma direta e indireta”, apontou ele.
O representante de farmacêuticas nacionais e internacionais que produzem no Brasil defende que o incentivo ao setor deve ser tratado como política de Estado, baseada em regras claras e constantes.
“Uma política de desenvolvimento do complexo industrial da saúde necessariamente tem que ser uma política de Estado e, por isso, precisa ter marcos legais bem estabelecidos”, diz. (Com informações da Agência Brasil)
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Estudo aponta que Brasil possui só 119 equipamentos PET-CT
Um estudo sobre a distribuição geográfica dos equipamentos de diagnóstico aponta que o Brasil possui apenas 119 equipamentos PET-CT (dados de 2020), número insuficiente para atender a uma população de cerca de 212 milhões de habitantes, resultando em uma média de 1,8 milhão de habitantes por equipamento.
O estudo, realizado pelos especialistas em tecnologia Thiago R. de Souza, Felipe Ciabattari e Mario O. de Menezes, analisou os desafios e possíveis soluções para que mais pessoas tenham acesso ao diagnóstico precoce e, consequentemente, mais chances de serem curadas.
Para se ter ideia do tamanho da defasagem, países de alta renda têm uma taxa de um equipamento por 500 mil habitantes, enquanto no Brasil, muitas regiões, especialmente fora das capitais, enfrentam grandes distâncias (acima de 100 km) para acessar um PET-CT. Essas distâncias e a escassez de equipamentos dificultam diagnósticos rápidos, reduzindo chances de tratamento precoce e aumentando riscos de mortalidade.
Para realizar o estudo, os especialistas utilizaram dados do DATASUS (CNES) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para mapear a localização dos equipamentos, calcular a densidade populacional em um raio de 100 km e identificar áreas desassistidas.
Para isso, aplicou o solver Location-Allocation Problem em Python no ArcGIS Pro, utilizando três métodos e considerando restrições de 100 km (distância) e 120 minutos (tempo de viagem), além de populações de cidades candidatas (>50.000 habitantes):
Minimize Weighted Impedance (P-Median): Minimiza a distância ponderada entre população e equipamentos.
Maximize Coverage: Maximiza o número de pessoas cobertas dentro de um limite de distância/tempo.
Maximize Attendance: Prioriza alocação considerando a diminuição da demanda com a distância.
Como resultado, dentro dos parâmetros introduzidos, indicou a necessidade de 512 equipamentos adicionais aos 119 já existentes no país, já que apenas 102 milhões de habitantes estão a menos de 100 km de um PET-CT, deixando 110 milhões desassistidos.
Mesmo com a aquisição dos 512 novos equipamentos, devido a heterogeneidade do território brasileiro, mais de 15 milhões de habitantes ainda ficariam sem acesso a um PET-CT dentro das restrições determinadas no algoritmo, devido ao isolamento e heterogeneidade.
Além dos desafios já citados, o estudo ressalta que 52 dos 119 equipamentos estão na rede privada, limitando ainda mais o livre acesso da população mais carente. Regiões como o Norte têm cobertura extremamente baixa (apenas 3 equipamentos).
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TV ANHANGUERA
Consumidores procuram por descontos em medicamentos e pesquisam preços em farmácias
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Homem suspeito de se passar por médico é preso
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Assessoria de Comunicação
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DESTAQUES
TCMGO aponta falhas graves na saúde de Goiânia
https://ohoje.com/2025/04/21/tcmgo-aponta-falhas-graves-na-saude-de-goiania/
Artigo - O valor do descanso na saúde e na gestão sustentável
https://medicinasa.com.br/desligar-para-conectar/
Produção nacional em saúde: o papel dos hospitais e da indústria no fortalecimento do setor
Transformação digital é questão de sobrevivência para hospitais filantrópicos, diz CEO da MV
Artigo - O alto custo para ser médico
https://oglobo.globo.com/opiniao/artigos/coluna/2025/04/o-alto-custo-para-ser-medico.ghtml
Ahpaceg aprova reestruturação institucional e elege nova diretoria
https://www.foconacional.com.br/2025/04/ahpaceg-aprova-reestruturacao.html
Médico desligado após ser filmado pesquisando por bicicletas em UPA também buscou por whey protein e creatina
O HOJE
TCMGO aponta falhas graves na saúde de Goiânia
Mais de 80% das unidades de saúde visitadas relataram desabastecimento de medicamentos essenciais
Em 76% das unidades, não há planejamento para substituição de profissionais ausentes, o que leva à suspensão temporária das imunizações Foto: SMS
A Secretaria de Controle Externo de Políticas Públicas do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCMGO) divulgou, nesta semana, o Relatório de Levantamento nº 1/2025, que traça um panorama crítico da rede pública de saúde de Goiânia. O documento foi elaborado a partir de visitas realizadas a 81 unidades de atenção básica e 13 unidades de urgência e emergência, nos primeiros 100 dias da atual gestão (2025–2028), e revela deficiências que afetam diretamente o acesso da população aos serviços e a qualidade do atendimento prestado.
O relatório aponta que 67,9% das unidades básicas de saúde não contam com gestores nomeados, fator que compromete a coordenação e a organização dos serviços. Além disso, mais de 80% dos estabelecimentos visitados relataram desabastecimento de medicamentos essenciais, como antibióticos, analgésicos e psicotrópicos, o que agrava ainda mais a situação dos usuários que dependem exclusivamente do sistema público.
Segundo o secretário de Controle Externo de Políticas Públicas, Marco Aurélio Batista de Sousa:
“Nosso papel é garantir que a fiscalização se traduza em melhorias reais para os cidadãos. A saúde pública precisa ser um espaço de confiança, segurança e dignidade.”
Outro dado preocupante refere-se às salas de vacinação: em 76% das unidades, não há planejamento para substituição de profissionais ausentes, o que leva à suspensão temporária das imunizações. A equipe técnica também identificou equipamentos importantes, como ar-condicionados, cadeiras odontológicas e autoclaves, fora de funcionamento em diversas unidades, prejudicando o conforto e a segurança dos atendimentos.
A estrutura física das unidades visitadas também apresentou problemas recorrentes, como infiltrações, danos em forros, banheiros inoperantes e falta de acessibilidade, o que dificulta o atendimento digno, especialmente para pessoas com deficiência. A situação dos profissionais de saúde também preocupa: mais de 90% relataram sentir insegurança no ambiente de trabalho, reflexo das condições precárias enfrentadas diariamente.
Diante das constatações, a Secretaria de Controle Externo propôs um Plano de Ação, ainda pendente de homologação pelo TCMGO, que estabelece prazos para que a Secretaria Municipal de Saúde apresente medidas efetivas para corrigir as falhas estruturais e operacionais. A proposta tem como objetivo restaurar as condições mínimas de funcionamento das unidades e garantir que a população goianiense receba atendimento adequado e contínuo.
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MEDICINA S/A
Artigo - O valor do descanso na saúde e na gestão sustentável
Por Renato Tardelli
Vivemos em um tempo em que a conectividade ininterrupta, a aceleração dos processos e a cultura da performance têm obscurecido um valor essencial à saúde individual e à sustentabilidade das organizações: o descanso. No ambiente da saúde pública, com seus desafios permanentes, metas exigentes e compromisso com o cuidado humano, essa realidade se agrava. Precisamos, com urgência, abrir espaço para refletir sobre o direito — e a necessidade — de desconectar.
Nosso corpo e nossa mente não foram feitos para operar em regime contínuo. A fisiologia do descanso é clara: o sono, as pausas e os momentos de lazer não são indulgências, mas processos ativos de regeneração física e mental. A literatura científica é vasta nesse sentido. A Organização Mundial da Saúde (OMS), em diversos relatórios, aponta o estresse ocupacional como uma das maiores ameaças à saúde global do trabalhador, associando-o a doenças cardiovasculares, transtornos psiquiátricos e até à síndrome do esgotamento profissional (burnout), reconhecida como fenômeno ocupacional pela própria OMS desde 2019.
No clássico estudo de Maslach e Leiter (1997), referência na compreensão do burnout, evidencia-se que uma das principais causas de exaustão emocional nos ambientes de trabalho é a invasão do tempo pessoal. Quando o profissional não consegue se desligar de suas atividades, mesmo fora do expediente, as fronteiras entre vida profissional e pessoal se dissolvem. O resultado é a perda de identidade fora do trabalho, queda no rendimento e afastamento dos vínculos afetivos — com filhos, parceiros, amigos e consigo mesmo.
Na saúde, isso é particularmente alarmante. Somos uma categoria vocacionada ao cuidado do outro, e, por isso mesmo, precisamos estar bem para cuidar bem. Se nossa equipe — dos diretores aos profissionais da ponta — não puder descansar verdadeiramente, não será possível sustentar o nível de excelência e empatia que o Sistema Único de Saúde (SUS) exige de nós.
O conceito de recuperação psicológica do trabalho, estudado por Sabine Sonnentag (2001), mostra que o descanso fora do expediente melhora a memória de trabalho, o foco, a criatividade e até a resolução de conflitos. O autor reforça que essa recuperação só ocorre quando há ausência de demandas laborais, inclusive digitais. O simples recebimento de mensagens ou e-mails profissionais fora do expediente já é capaz de reativar o “modo trabalho” no cérebro, impedindo o desligamento necessário para a restauração cognitiva.
A Harvard Business Review publicou, em 2021, um artigo contundente: “The Case for a 4-Day Workweek”, defendendo que organizações que protegem o tempo livre de seus profissionais colhem benefícios em inovação, produtividade e vínculo com a instituição. Em outras palavras, permitir e incentivar o descanso não é um gesto de gentileza — é estratégia de gestão inteligente e baseada em evidência.
Como diretor técnico de uma Organização Social de Saúde com mais de 24 mil colaboradores e mais de 465 líderes, temos a responsabilidade de dar o exemplo. Na instituição, prezamos pelo cuidado com quem cuida, investindo em ações que promovam um olhar empático e humanizado em relação à saúde mental. Para isso, investimos em um espaço de escuta qualificada e acolhimento dos nossos profissionais, além de uma parceria com uma plataforma para oferecer sessões de terapia online e conteúdo de autocuidado a todos os colaboradores.
Sabemos que, dentro do segmento da saúde, a dinâmica das urgências e demandas inadiáveis pode tornar difícil a desconexão total. No entanto, é fundamental refletirmos sobre nossos hábitos e buscarmos um equilíbrio mais saudável. Pequenos ajustes na cultura organizacional podem fazer a diferença para garantir que o descanso seja respeitado sempre que possível, sem comprometer a qualidade do atendimento e a segurança dos pacientes.
É hora de mudar. É hora de reforçar nosso compromisso com a saúde começando por nós mesmos. Desligar aos fins de semana não é desleixo, é autocuidado. Evitar mensagens fora do horário não é omissão, é respeito ao outro. Proteger as férias alheias não é perda de tempo, é gestão com visão de futuro.
Como dizia o médico psiquiatra Viktor Frankl, “Quando não somos mais capazes de mudar uma situação, somos desafiados a mudar a nós mesmos.” A cultura organizacional é feita por pessoas. E líderes têm o poder (e o dever) de moldá-la.
Façamos do descanso uma prática institucional. Do respeito ao tempo do outro, uma política não escrita, mas vivida. E da valorização da vida pessoal de cada colaborador, um reflexo verdadeiro daquilo que defendemos enquanto organização: o cuidado com o ser humano.
*Renato Tardelli é Diretor Técnico do Centro de Gerenciamento Integrado de Serviços de Saúde (CEGISS) do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”.
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SAÚDE BUSINESS
Produção nacional em saúde: o papel dos hospitais e da indústria no fortalecimento do setor
Executivos discutem como políticas públicas e articulação entre hospitais e indústria podem impulsionar a produção nacional de dispositivos médicos.
Paulo Henrique Fraccaro, CEO da ABIMO, e Aguinaldo Catanoce, superintendente do Hospital PUC-Campinas, discutiram os caminhos para impulsionar a produção nacional de tecnologias e dispositivos médicos. A conversa, realizada no podcast Saúde Business, gravado durante o Congresso da Fehosp, reforça o papel da articulação entre indústria e hospitais para construir um sistema de saúde mais independente, sustentável e inovador.
A indústria brasileira de equipamentos médicos já responde por cerca de 40% do consumo no país, mas poderia avançar mais se enfrentasse menos barreiras estruturais. “Temos capacidade industrial e vontade de inovar, mas os recursos não chegam à ponta. O maior consumidor da saúde no Brasil é o SUS, e ele não tem verba para comprar produtos inovadores”, alerta Paulo Fraccaro.
Para o executivo, é preciso desenhar políticas públicas de incentivo à produção nacional, com foco específico na demanda do sistema público de saúde. “O meu sonho é ter algo parecido com o programa dos genéricos, que facilitou o acesso a medicamentos. Precisamos de uma política parecida para dispositivos médicos, com recursos garantidos para hospitais públicos e filantrópicos”, defendeu.
Aguinaldo Catanoce trouxe a perspectiva de quem vive os desafios da ponta. Ele destaca que hospitais como o PUC-Campinas já avançam em iniciativas de modernização, mas enfrentam restrições severas de financiamento. “Somos muito eficientes, mas é preciso parar de romantizar o SUS. Falta fonte de financiamento para investir em inovação e tecnologia”, afirmou.
Segundo ele, o diálogo com a indústria é essencial para tornar a produção nacional mais assertiva e conectada às necessidades reais dos hospitais. “A aproximação entre hospitais e indústria é o caminho. Temos que conversar mais, entender as dores um do outro”, disse.
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Transformação digital é questão de sobrevivência para hospitais filantrópicos, diz CEO da MV
Paulo Magnus, CEO da MV, defende a tecnologia como eixo central para a sustentabilidade do setor filantrópico de saúde e aponta caminhos para viabilizar a transformação digital.
Durante o 34° Congresso da Fehosp, Paulo Magnus, CEO da MV, destacou os principais desafios e caminhos para a transformação digital no setor filantrópico de saúde. Em entrevista ao Podcast Saúde Business, ele abordou a urgência de investimentos em tecnologia, mesmo diante das limitações orçamentárias enfrentadas por essas instituições.
Segundo Magnus, o setor filantrópico enfrenta barreiras estruturais que tornam o processo de digitalização mais complexo. “A tabela de remuneração do SUS para os hospitais filantrópicos é deficitária há décadas”, afirmou. No entanto, ele ressalta que existem exceções, como a Tabela Paulista, que trouxe avanços significativos.
Um dos principais gargalos, segundo ele, é a falta de percepção sobre a importância da tecnologia. “As instituições investem em tomógrafos, em áreas físicas, em ressonância… e a tecnologia ainda não tem a percepção da importância que ela passa a ter”, pontuou.
Para ele, o avanço tecnológico só acontece de forma consistente quando há uma liderança comprometida com essa agenda. “Nós temos que ter uma pessoa, de preferência um médico, que tenha um desejo de fazer uma transformação digital”, afirmou Magnus, reforçando que a liderança médica pode acelerar o processo com mais naturalidade.
A inteligência artificial (IA) também foi tema da discussão. Para Magnus, trata-se de uma tecnologia indispensável e inevitável. “Estamos diante de uma avalanche digital. A inteligência artificial veio para ficar e vai, sem dúvida, acelerar a transformação digital”, afirmou. Ele mencionou que a MV já oferece aos seus clientes ferramentas baseadas em IA que podem automatizar desde processos médicos até administrativos.
Magnus também alertou para os riscos éticos e operacionais da adoção de tecnologias sem a devida infraestrutura. “Temos uma fragilidade muito grande nos data centers da maioria das instituições. Precisamos investir também em segurança, porque muitos hospitais estão sofrendo invasões neste exato momento”, afirmou.
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O GLOBO ONLINE
Artigo - O alto custo para ser médico
Educação médica deve ser um direito de todos, não importa a origem socioeconômica do estudante
Recentemente, o ministro da Educação, Camilo Santana, expressou sua preocupação em relação à significativa variação das mensalidades dos cursos de medicina no Brasil. Segundo ele, com o aumento nos limites de financiamento do Fies, muitas instituições se aproveitam da situação para elevar as mensalidades, frustrando as expectativas de alunos e familiares.
Num contexto educacional em que a acessibilidade é frequentemente debatida, os cursos de medicina no Brasil se destacam pelas mensalidades elevadas, que variam entre R$ 8 mil e R$ 15 mil. A disparidade não se resume à questão de preços, mas reflete uma estrutura educacional que preocupa tanto educadores quanto formuladores de políticas públicas.
Um estudo do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) aponta três fatores que agravam a situação: o crescimento desmedido do número de cursos de graduação em medicina no Brasil, especialmente no setor privado; a financeirização, que concentra a oferta em oligopólios educacionais; e a falta de transparência no custo dos cursos. Tal cenário dificulta comparações objetivas entre as instituições e prejudica o aluno que busca entender os motivos por trás das altas taxas de matrícula e mensalidades.
A confusão entre despesas, gastos e custos é tema recorrente nas análises sobre educação. Despesas administrativas e operacionais não estão diretamente ligadas à formação dos alunos. Os custos que realmente importam são os associados à qualidade do ensino. Contudo a ausência de metodologia padronizada para cálculo desses custos gera dúvidas injustificáveis sobre os altos valores cobrados.
Além da infraestrutura necessária e da qualificação dos docentes, a falta de clareza nas metodologias impede uma comparação justa. Se todos os cursos seguem as mesmas diretrizes curriculares nacionais, por que existe tamanha discrepância nas mensalidades?
É imprescindível desenvolver transparência e padronização dos métodos de cálculo de custos da formação médica, conforme os esforços dos pesquisadores da Uerj. Essa iniciativa não apenas proporcionaria compreensão mais clara dos valores em questão, mas também auxiliaria na identificação de áreas em que recursos podem ser mais bem empregados, promovendo uma educação de qualidade acessível a todos os brasileiros.
As preocupações levantadas pelo ministro refletem a necessidade urgente de regulamentação e análise crítica dos custos educacionais. É fundamental garantir que programas como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o Programa Universidade para Todos (Prouni) cumpram sua função de inclusão e apoio, e que a educação médica não se transforme em privilégio.
Portanto a busca por metodologias claras e abrangentes, como essa pesquisa da Uerj, é um passo necessário para assegurar que todos tenham acesso ao ensino médico no Brasil. Afinal, se as diretrizes são as mesmas, qual a justificativa para tamanha variação nos preços? A educação médica deve ser um direito de todos, independentemente da origem socioeconômica do estudante.
Mario Roberto Dal Poz é diretor do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
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FOCO NACIONAL
Ahpaceg aprova reestruturação institucional e elege nova diretoria
A Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) elegeu, em assembleia geral realizada ontem (16), sua nova diretoria para a gestão 2025/2027.
A partir de 1º de maio, Renato Daher assume a presidência da Diretoria Executiva, sucedendo o médico Haikal Helou, que esteve à frente da instituição nos últimos anos. Ao lado dele, integram a Diretoria Executiva, Pedro Frota e Frederico Mesquita Gomes.
A eleição marca também o início de uma nova fase institucional da entidade, que passa a contar com um Conselho de Administração composto por seis sócios fundadores, além do Conselho Fiscal e da Diretoria Executiva.
Criada em 2003, a Ahpaceg representa o setor de saúde privada de alta complexidade em Goiás e tem sido protagonista nos debates e ações voltados à qualificação da assistência hospitalar sempre focando a qualidade e a segurança dos atendimentos, além da sustentabilidade do setor.
Renato Daher agradeceu a confiança dos associados e o apoio dos sócios fundadores. “O mercado é desafiador, e a Ahpaceg tem sido fundamental para o enfrentamento das dificuldades dos últimos anos. A dedicação intensa do Dr. Haikal foi um grande diferencial dessa gestão. Tenho grande admiração por ele e sua total dedicação à Associação”, afirmou o presidente eleito.
Renato destacou ainda que pretende conduzir uma transição tranquila, sem mudanças abruptas. “Vamos investir muito em trabalho. Estou animado com o desafio, amparado por uma equipe extremamente competente de associados e técnicos. Em breve, também traremos novidades, inclusive no aperfeiçoamento das formas de negociação”, adiantou.
Haikal Helou, que fica à frente da presidência até o fim de abril, fez um breve balanço de sua gestão e destacou os desafios enfrentados. “O ano de 2025 começou de forma atípica, com o fechamento de três hospitais e crise nas operadoras de planos de saúde (OPS). Minha dedicação total neste ano e ao longo da gestão foi uma resposta à necessidade de sobrevivência do grupo. Trabalhamos unidos, lado a lado. Para mim, foi um aprendizado valioso”, declarou.
Ele também comentou sobre a reestruturação institucional da Ahpaceg, que definiu como um processo construído com muito diálogo ao longo do tempo. “Essa nova estrutura foi costurada com cuidado. O Conselho de Administração, a Diretoria Executiva e o Conselho Fiscal vão fortalecer ainda mais a governança da entidade, que passa a contar com uma forte política de compliance”, explicou.
Já o futuro presidente reafirmou o orgulho de fazer parte da associação. “A Ahpaceg reúne os grandes ativos da saúde em Goiás. Acredito que temos aqui o que há de melhor em alta complexidade hospitalar no Estado”, concluiu Renato Daher.
Com a nova composição, a Ahpaceg busca não apenas fortalecer sua representatividade, mas também consolidar um modelo de gestão mais moderno, participativo e preparado para os desafios crescentes do setor.
Confira a composição do corpo diretor da Ahpaceg na nova gestão
Diretoria Executiva
Renato Daher (CRD Medicina Diagnóstica)
Pedro Frota (Hospital São Francisco de Assis)
Frederico Mesquita Gomes (Maternidade Ela)
Conselho de Administração
Gustavo Gabriel Rassi (Hospital do Coração Anis Rassi)
Haikal Helou (Hospital Santa Mônica)
Luiz Mauro de Paula e Souza (Hospital Santa Helena)
Luiz Rassi Júnior (CDI Premium)
Paula Pires de Souza (Hospital da Criança)
Paulo César Brandão Veiga Jardim (Hospital do Coração de Goiás)
Conselho Fiscal
Gustavo Suzin Clemente (Hospital da Criança)
José Vicente Passani (Hospital Samaritano de Goiânia)
Bárbara Teodoro Vasconcelos Rodrigues - suplente (Hospital e Maternidade Santa Bárbara)
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PORTAL G1
Médico desligado após ser filmado pesquisando por bicicletas em UPA também buscou por whey protein e creatina
Hipercalórico também estava entre os itens pesquisados. Computadores vão passar a ter acesso restrito à internet, informou secretaria.
O médico que foi desligado em Inhumas, Região Metropolitana de Goiânia, após pesquisar por bicicletas durante horário de atendimento em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), também pesquisou por suplementos alimentares. Capturas de tela divulgadas pela Secretaria de Saúde do município mostram o histórico de pesquisa. Nele, é possível ver que o médico pesquisou por hipercalórico, whey protein e creatina.
O caso aconteceu no dia 15 de abril, depois que uma paciente que aguardava atendimento na UPA conseguiu filmar a tela do computador em que o médico fazia as buscas. Ela divulgou o vídeo nas redes sociais e o caso ganhou repercussão. O nome do médico não foi divulgado.
Os suplementos alimentares buscados pelo médico são relacionados à prática de atividades físicas, utilizados para auxiliar no ganho de massa muscular.
Após a investigação realizada pela equipe de TI, a prefeitura de Inhumas identificou e desligou o médico. Segundo a prefeitura, ele foi notificado da demissão por e-mail e via WhatsApp.
Providências
O secretário de administração de Inhumas, Itamar Junior Flores, informou que a prefeitura mobilizou as equipes de TI para implantar medidas que inibam este tipo de conduta.
“Todos os computadores em todos os ambientes de atendimento médico vão receber um filtro que permite o acesso à internet somente para pesquisas relacionadas a área da saúde”, afirma o secretário.
Segundo a Secretaria de Administração, a implantação desta medida está em andamento e cobrirá todas as unidades municipais de saúde.
O Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) informou que ainda não foi notificado sobre o episódio, portanto não se manifestará por hora. De acordo com a prefeitura de Inhumas, uma nota será enviada ao Cremego na próxima terça-feira (22), explicando o ocorrido.
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Assessoria de Comunicação
Ahpaceg aprova reestruturação institucional e elege nova diretoria
Escrito por AdministradorPedro (esq.), Haikal, Renato e Frederico
Renato Daher foi eleito presidente da entidade e vai suceder Haikal Helou
A Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) elegeu, em assembleia geral realizada ontem (16), sua nova diretoria para a gestão 2025/2027.
A partir de 1º de maio, Renato Daher assume a presidência da Diretoria Executiva, sucedendo o médico Haikal Helou, que esteve à frente da instituição nos últimos anos e passará a responder pela presidência do Conselho de Administração. Ao lado de Daher, integram a Diretoria Executiva, Pedro Frota e Frederico Mesquita Gomes.
A eleição marca também o início de uma nova fase institucional da entidade, que passa a contar com um Conselho de Administração composto por seis sócios fundadores, além do Conselho Fiscal e da Diretoria Executiva.
Criada em 2003, a Ahpaceg representa o setor de saúde privada de alta complexidade em Goiás e tem sido protagonista nos debates e ações voltados à qualificação da assistência hospitalar sempre focando a qualidade e a segurança dos atendimentos, além da sustentabilidade do setor.
Renato Daher agradeceu a confiança dos associados e o apoio dos sócios fundadores. “O mercado é desafiador, e a Ahpaceg tem sido fundamental para o enfrentamento das dificuldades dos últimos anos. A dedicação intensa do Dr. Haikal foi um grande diferencial dessa gestão. Tenho grande admiração por ele e sua total dedicação à Associação”, afirmou o presidente eleito.
Renato destacou ainda que pretende conduzir uma transição tranquila, sem mudanças abruptas. “Vamos investir muito em trabalho. Estou animado com o desafio, amparado por uma equipe extremamente competente de associados e técnicos. Em breve, também traremos novidades, inclusive no aperfeiçoamento das formas de negociação”, adiantou.
Haikal Helou, que fica à frente da presidência até o fim de abril, fez um breve balanço de sua gestão e destacou os desafios enfrentados. “O ano de 2025 começou de forma atípica, com o fechamento de três hospitais e crise nas operadoras de planos de saúde (OPS). Minha dedicação total neste ano e ao longo da gestão foi uma resposta à necessidade de sobrevivência do grupo. Trabalhamos unidos, lado a lado. Para mim, foi um aprendizado valioso”, declarou.
Ele também comentou sobre a reestruturação institucional da Ahpaceg, que definiu como um processo construído com muito diálogo ao longo do tempo. “Essa nova estrutura foi costurada com cuidado. O Conselho de Administração, a Diretoria Executiva e o Conselho Fiscal vão fortalecer ainda mais a governança da entidade, que passa a contar com uma forte política de compliance”, explicou.
Já o futuro presidente reafirmou o orgulho de fazer parte da associação. “A Ahpaceg reúne os grandes ativos da saúde em Goiás. Acredito que temos aqui o que há de melhor em alta complexidade hospitalar no Estado”, concluiu Renato Daher.
Com a nova composição, a Ahpaceg busca não apenas fortalecer sua representatividade, mas também consolidar um modelo de gestão mais moderno, participativo e preparado para os desafios crescentes do setor.
Confira a composição do corpo diretor da Ahpaceg na nova gestão
Diretoria Executiva
Renato Daher (CRD Medicina Diagnóstica)
Pedro Frota (Hospital São Francisco de Assis)
Frederico Mesquita Gomes (Maternidade Ela)
Conselho de Administração
Haikal Helou (Hospital Santa Mônica) - presidente
Gustavo Gabriel Rassi (Hospital do Coração Anis Rassi)
Luiz Mauro de Paula e Souza (Hospital Santa Helena)
Luiz Rassi Júnior (CDI Premium)
Paula Pires de Souza (Hospital da Criança)
Paulo César Brandão Veiga Jardim (Hospital do Coração de Goiás)
Conselho Fiscal
Gustavo Suzin Clemente (Hospital da Criança)
José Vicente Passani (Hospital Samaritano de Goiânia)
Bárbara Teodoro Vasconcelos Rodrigues - suplente (Hospital e Maternidade Santa Bárbara)
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
CFM veta terapia hormonal para menor de 18 anos e restringe cirurgias
MPF questiona resolução do CFM que veta terapias hormonais
https://medicinasa.com.br/mpf-terapia-hormonal/
Menos de 1% das empresas de Saúde utilizam os benefícios da Lei do Bem
https://medicinasa.com.br/lei-do-bem-empresas/
Goiás soma mais de 31 mil casos de dengue em 2025
https://www.aredacao.com.br/noticias/230773/goias-soma-mais-de-31-mil-casos-de-dengue-em-2025
Estudante de medicina é suspeito de comercializar armas de fogo em Mineiros
Menina de 6 anos morre após buscar atendimento para crise de asma em hospital, diz família
AGÊNCIA BRASIL
CFM veta terapia hormonal para menor de 18 anos e restringe cirurgias
Resolução foi publicada no Diário Oficial
O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou nesta quarta-feira (16/4), no Diário Oficial da União, resolução que revisa critérios éticos e técnicos para o atendimento a pessoas com incongruência e/ou disforia de gênero.
O texto define como incongruência de gênero uma discordância acentuada e persistente entre o gênero vivenciado por um indivíduo e o sexo atribuído, sem necessariamente implicar sofrimento.
Já a disforia de gênero é definida pelo documento como grave desconforto ou sofrimento causado pela incongruência de gênero.
Bloqueadores hormonais
O texto veta aos médicos a possibilidade de prescrever bloqueadores hormonais para tratamento de incongruência de gênero ou disforia de gênero em crianças e adolescentes.
“A vedação não se aplica a situações clínicas reconhecidas pela literatura médica, como puberdade precoce ou outras doenças endócrinas, nas quais o uso de bloqueadores hormonais é cientificamente indicado”.
Terapia hormonal
A terapia hormonal cruzada (administração de hormônios sexuais para induzir características secundárias condizentes com a identidade de gênero do paciente) passa a ser permitida somente para pessoas com 18 anos ou mais.
De acordo com a publicação, o paciente que optar por terapia hormonal cruzada deverá:
- iniciar avaliação médica, com ênfase em acompanhamento psiquiátrico e endocrinológico por, no mínimo, um ano antes do início da terapia hormonal;
- obter avaliação cardiovascular e metabólica com parecer médico favorável antes do início do tratamento;
- não apresentar doença psiquiátrica grave, além da disforia, ou qualquer outra doença que contraindique a terapia hormonal cruzada.
Cirurgias de redesignação
A resolução também restringe o acesso a cirurgias de redesignação de gênero para pessoas transgênero antes dos 18 anos e, nos casos em que o procedimento implicar potencial efeito esterilizador, antes de 21 anos.
“Os procedimentos cirúrgicos de afirmação de gênero previstos nesta resolução somente poderão ser realizados após acompanhamento prévio de, no mínimo, um ano por equipe médica”.
Serviços que realizam esse tipo de procedimento cirúrgico deverão, obrigatoriamente, cadastrar os pacientes e assegurar a disponibilização dessas informações aos conselhos regionais de medicina da jurisdição em que estiverem sediados.
Arrependimento
Em casos de arrependimento ou da chamada destransição, o texto prevê que o médico ofereça acolhimento e suporte, avaliando o impacto físico e mental e, quando necessário, redirecionando o paciente a especialistas adequados.
Atendimento clínico
De acordo com o CFM, indivíduos transgêneros que conservem órgãos correspondentes ao sexo biológico devem buscar atendimento preventivo ou terapêutico junto a especialista adequado.
“Homens transgêneros que mantenham órgãos biológicos femininos devem ser acompanhados por ginecologista. Mulheres transgêneros com órgãos biológicos masculinos devem ser acompanhadas por urologista”.
Validade
As novas regras não se aplicam a pessoas que já estejam em uso de terapia hormonal ou bloqueadores da puberdade.
Análise
Em entrevista coletiva, o presidente do CFM, José Hiran Gallo, ressaltou que a resolução foi aprovada por unanimidade pelo plenário da entidade. “Todos os 28 conselheiros presentes aprovaram essa resolução”, disse.
O médico ginecologista Rafael Câmara, conselheiro pelo estado do Rio de Janeiro e um dos relatores da resolução, destacou que se trata de um tema em que as evidências e os fatos mudam a todo instante. “É natural que essas resoluções sejam alteradas”.
Ao tratar da vedação da terapia hormonal cruzada para menores de 18 anos, ele lembrou que a resolução anterior do CFM estabelecia 16 anos como a idade mínima para a administração de hormônios sexuais com essa finalidade.
“Não é algo inócuo”, disse, ao citar riscos como o aumento de doenças cardiovasculares e hepáticas, incluindo câncer; fertilidade reduzida; calvície e acne, no caso da testosterona; e problemas tromboembólicos e câncer de mama, no caso do estrogênio.
Sobre bloqueadores hormonais, o médico destacou que o uso desse tipo de terapia, no intuito de suprimir a puberdade em crianças e adolescentes, é motivo de discussões e questionamentos frequentes.
Câmara lembrou que, em abril do ano passado, o Reino Unido aboliu o uso de bloqueadores sexuais. Segundo ele, Finlândia, Suécia, Noruega e Dinamarca, “países com sistemas de saúde fortes e de tendência progressista”, também proibiram a terapia.
“A exposição a hormônios sexuais é importante para a resistência óssea, para o crescimento adequado e para o desenvolvimento de órgãos sexuais”, disse, ao citar, entre as consequências, densidade óssea comprometida, altura alterada e fertilidade reduzida.
O médico ressaltou que a vedação do uso de bloqueadores não se aplica a situações clínicas reconhecidas pela literatura médica nas quais o uso é cientificamente comprovado, incluindo quadros de puberdade precoce e doenças endócrinas.
Na coletiva, Câmara citou ainda o aumento de relatos de arrependimento de transição e mesmo de destransição sexual desde 2020, o que levou diversos países a revisarem seus protocolos para lidar com a incongruência e a disforia de gênero.
Outro ponto destacado por ele trata do sobrediagnóstico, sobretudo entre menores de idade. “Mais crianças e adolescentes estão sendo diagnosticados com disforia de gênero e, com isso, levados a tratamentos. Muitos, baseado em estudos, no futuro, poderiam não ser trans, mas simplesmente gays e lésbicas”.
“Estudos mostram que, alguns anos atrás, a tendência, quando se tinha casos diagnosticados [de disforia de gênero], era tentar fazer com que a criança não mantivesse [o quadro]. Hoje, a tendência é fazer um viés de confirmação. Se a criança de 4 anos diz que é trans, muitos serviços acabam mantendo ou estimulando”.
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A REDAÇÃO
Goiás soma mais de 31 mil casos de dengue em 2025
Número de mortes pela doença chega a 23
Estado de Goiás soma 31.524 casos confirmados de dengue nas 14 primeiras semanas de 2025. O Estado contabiliza 23 mortes em decorrência da doença no mesmo período. Os dados constam nos indicadores de arboviroses da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO).
A cidade de Goiânia registra três óbitos confirmados e 15 suspeitos. Na sequência, aparecem os municípios de Aparecida de Goiânia e Montes Claros de Goiás, ambos com duas mortes. Ao todo, o Estado investiga 42 óbitos para saber se há relação com a dengue.
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PORTAL G1
Estudante de medicina é suspeito de comercializar armas de fogo em Mineiros
Aluno do quarto período de medicina, estudante confessou o crime de comércio ilegal de arma de fogo. Investigação acontece em conjunto com Polícia Civil, Polícia Federal e Polícia Militar.
Delegado Marcos Gomes fala sobre operação em Mineiros
Um estudante de 23 anos do quarto período de medicina é suspeito de vender armas, em Mineiros, no sudoeste do estado. Nesta quarta-feira (16), as polícias militar, civil e federal cumpriram mandado de busca e apreensão na casa do estudante suspeito de oferecer e comercializar arma de fogo a integrantes de uma organização criminosa que atua na região, informou a PC.
Como o nome do estudante não foi divulgado, o g1 não conseguiu contato com a defesa para um posicionamento até a última atualização desta reportagem.
A investigação iniciou há cinco meses. Em nota, a Polícia Civil disse que a investigação começou após o compartilhamento de informações entre os órgãos de segurança pública (leia a nota completa abaixo).
Em depoimento, o estudante confessou o crime de comércio ilegal de arma de fogo, informou o delegado. Um aparelho de celular foi apreendido e a polícia vai apurar se o aparelho era usado para a venda de armas, segundo PC.
Segundo o delegado Marcos Gomes, o estudante explicou em depoimento que ele pegou uma arma de uma pessoa e vendeu para outra. O suspeito não disse o nome dessas pessoas, mas descreveu as características físicas delas, informou Marcos.
O estudante ainda não foi indiciado, informou o delegado. Marcos declarou que, ao fim da investigação, ele pode responder por comércio ilegal de arma de fogo, além de tráfico de drogas e organização criminosa. Segundo Marcos, a investigação está em andamento e algumas informações estão sob sigilo.
O g1 questionou o delegado sobre o envolvimento do estudante com tráfico de drogas, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
Nota da PC
A Polícia Civil de Goiás, por meio da Delegacia de Polícia Civil de Mineiros, em ação conjunta com a FICCO/GO (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado) — composta pela Polícia Civil, Polícia Federal, Polícia Militar e demais órgãos de segurança —, deu cumprimento, na manhã desta terça-feira (16/04), a mandado judicial de busca e apreensão domiciliar em face de um estudante do curso de Medicina, investigado por supostamente oferecer e comercializar armas de fogo a integrantes de uma organização criminosa atuante na cidade de Mineiros.
A investigação teve início a partir do compartilhamento de informações entre os órgãos integrados de segurança pública, apontando o envolvimento do investigado na facilitação do armamento de membros da referida organização.
Durante a diligência, realizada na residência do alvo, foram colhidos elementos informativos relevantes para o prosseguimento das investigações. Além disso, foi apreendido um aparelho celular, o qual será submetido à extração de dados, visando à obtenção de provas relacionadas às denúncias.
O investigado, ao ser entrevistado pela autoridade policial, confessou uma das práticas criminosas apuradas até o momento, reforçando a linha investigativa em curso.
A Polícia Civil reafirma seu compromisso com o enfrentamento qualificado às organizações criminosas e ressalta que a integração entre os órgãos de segurança tem sido fundamental para a repressão efetiva a crimes de alta complexidade.
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Menina de 6 anos morre após buscar atendimento para crise de asma em hospital, diz família
Segundo a família, Maria Eduarda Ferreira da Silva morreu logo após receber uma medicação intramuscular. Ela deu entrada no hospital com dor forte no peito.
Criança morre durante atendimento médico em Cidade Ocidental
A pequena Maria Eduarda Ferreira da Silva, de 6 anos, morreu após buscar atendimento para uma crise de asma em um hospital de Cidade Ocidental, no Entorno do DF. Segundo a família, a menina morreu logo após receber uma medicação intramuscular.
Em entrevista à TV Anhanguera, a família contou que Maria Eduarda acordou sentindo uma dor forte no peito e pediu para ser levada ao hospital, alegando que não estava bem.
“Levei ela e, no hospital, aplicaram um remédio errado e mataram minha filha. Eu falei para ele – profissional da saúde – que ela nunca tinha tomado esse remédio por via intramuscular, sempre com o soro, mas ele disse que, por conta da idade dela, podia aplicar”, disse a mãe.
A criança morreu na última terça-feira (15), na Unidade Básica de Saúde de Cidade Ocidental. A Secretaria Municipal de Saúde manifestou pesar pela morte e se colocou à disposição para prestar esclarecimentos e apoio necessário à família.
Segundo a Secretaria, a criança chegou com a mãe às 7h17 para abertura do prontuário. Às 7h26, passou por triagem, apresentando queixa de tosse e cansaço respiratório. Ainda conforme relato da família, a criança não possuía comorbidades ou alergias conhecidas.
Conforme a Secretaria, às 7h37, Maria Eduarda já estava em atendimento médico, quando a mãe informou o histórico de crises asmáticas. Após avaliação clínica e exame físico, foi identificado um quadro compatível com crise asmática "exacerbada". Diante disso, foi prescrita e administrada medicação intramuscular (hidrocortisona 100 mg) como parte do tratamento inicial.
Poucos minutos após a administração do medicamento, a criança apresentou uma piora, evoluindo para estado de inconsciência. Imediatamente, ela foi reanimada e após aproximadamente duas horas de tentativas, não houve retorno da circulação espontânea e ela morreu, às 9h50, segundo a Secretaria.
“Foi o tempo de ela tomar o remédio, eu virei as costas e ela caiu em cima de mim. Eu quero justiça. Minha filha só tinha 6 anos, era muito espontânea, muito alegre, e agora, por conta de um remédio errado, acabaram com a minha vida. Estou despedaçada, não tenho mais minha filha comigo”, desabafou a mãe.
Segundo a Secretaria, diante da natureza atípica do caso, da ausência de diagnóstico prévio de doenças crônicas e do curto intervalo entre o atendimento e a morte, o hospital orientou os familiares a registrarem um boletim de ocorrência para acionamento do Instituto Médico Legal (IML) ou do Serviço de Verificação de Óbito (SVO).
A Secretaria disse ainda que aguarda a conclusão do laudo pericial para esclarecimento do caso e eventuais desdobramentos e ressaltou que vai disponibilizar todos os documentos, relatórios e registros da paciente, incluindo o GAE (Gráfico de Atendimento de Enfermagem), necessários.
A Polícia Civil informou que investiga o caso após a suspeita da família de erro médico. Uma equipe da polícia foi ao hospital, colheu informações sobre o atendimento e solicitou um exame pericial no corpo da vítima para determinar a causa da morte. Conforme a corporação, a equipe médica que participou do atendimento será ouvida nos próximos dias.
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MEDICINA S/A
Menos de 1% das empresas de Saúde utilizam os benefícios da Lei do Bem
A Lei do Bem, inscrita sob o número n° 11.196/05, permite a dedução de 20,4% a 40% das despesas relacionadas à inovação no IRPJ e na CSLL das empresas. No setor de Saúde, os incentivos fiscais podem impulsionar ainda mais a transformação digital, principalmente quando incorporados a outros benefícios que incluem até 50% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na aquisição de equipamentos. No entanto, a adesão a esta lei permanece baixa entre empresas de Saúde, revela levantamento realizado pela PwC Brasil.
Dados recentes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) revelam que, em 2022, apenas 69 empresas do setor farmacêutico estavam inscritas na Lei do Bem. Esse número representa menos de 1% do total de empresas de outros setores beneficiadas no mesmo período. Além disso, pouco mais de 6% das operadoras de saúde identificadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), como contribuintes de IRPJ e CSLL, submeteram o FORM P&D – documento necessário para a obtenção dos benefícios fiscais garantidos pela lei – ao MCTI. Avaliando apenas as 100 operadoras que mais contribuíram com esses impostos no ano, a adesão à lei é de apenas 12%.
No contexto da Saúde, a Lei do Bem surge como uma importante aliada estratégica, especialmente diante das transformações que a indústria vem enfrentando com o crescimento de tecnologias como big data, analytics e, principalmente, inteligência artificial (IA). Essas inovações têm o potencial de revolucionar o setor, oferecendo soluções que melhoram diagnósticos, otimizam processos e proporcionam uma experiência mais integrada e personalizada aos pacientes.
Outros benefícios incluem a redução de 50% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) na aquisição de equipamentos e a depreciação acelerada de bens voltados para PD&I – os incentivos garantem maior segurança financeira para que organizações invistam em soluções inovadoras.
“Investir em inovação é indispensável para melhoria de desempenho, ganho de produtividade e maior competitividade em todos os setores. Organizações de Saúde que buscam ser líderes de mercado devem ser protagonistas e aproveitar os incentivos fiscais para impulsionar sua capacidade de inovação. A Lei do Bem pode e deve ser usada como uma estratégia para que sua empresa saia na frente nesta jornada de disrupção digital”, afirma Bruno Porto, sócio e líder do setor de Saúde na PwC Brasil.
Negócios beneficiados
O levantamento da PwC Brasil demonstra que é essencial às empresas entender o conceito de inovação tecnológica para identificar quais negócios estão qualificados aos benefícios da Lei do Bem. Isso porque os incentivos oferecidos vão além da inovação como objetivo final, eles contemplam processos de pesquisa e desenvolvimentgo tecnológico que envolvem um certo grau de risco. São processos que envolvem, também, as etapas de pesquisa básica dirigida, pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental de soluções.
Além disso, o sócio da PwC Brasil explica que sob a pespectiva da lei do Bem, o desenvolvimento tecnológico pode ser realizado tanto no contexto interno quanto externo de uma organização de Saúde. Estão enquadrados nos benefícios produtos ou serviços que atedam ao portfólio das empresas, às fontes de fomento, à estrutura apropriada para inovação, ao correto conjunto de habilidades das equipes, ao ecossistema de parceiros e clientes, a processos e governança e à cultura das empresas.
“Com os incentivos fiscais dessa legislação, as organizações podem transformar ideias em projetos concretos, promovendo avanços que beneficiam não apenas seus negócios, mas toda a cadeia de valor do setor. Essa é a chance de criar um impacto positivo duradouro na Saúde do país”, conclui Bruno Porto.
Exemplos:
As iniciativas viabilizadas pela Lei do Bem impactam diferentes áreas do setor de Saúde:
Farmacêuticas: Investimentos em PD&I têm acelerado a descoberta de novos medicamentos e otimizado cadeias de suprimentos por meio de tecnologias digitais;
Hospitais e clínicas: Ferramentas de IA têm sido usadas para análise preditiva, monitoramento de pacientes e atendimento remoto por telemedicina;
Dispositivos médicos: Impressão 3D e dispositivos vestíveis estão revolucionando o monitoramento de condições crônicas e aprimorando a gestão da Saúde;
Operadoras de saúde: Soluções baseadas em big data e analytics estão melhorando a gestão de dados e a detecção de fraudes.
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MPF questiona resolução do CFM que veta terapias hormonais
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento para apurar a legalidade de uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicada nesta quarta-feira (16) que revisa critérios éticos e técnicos para o atendimento a pessoas com incongruência e/ou disforia de gênero.
Em nota, a entidade destaca que a publicação altera as normas que definem o atendimento e a realização de procedimentos médicos ofertados a pessoas trans, incluindo crianças e adolescentes.
De acordo com o MPF, o procedimento foi aberto a partir de denúncia feita pela Associação Mães pela Diversidade e de nota técnica publicada pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
“As entidades comunicaram o fato e demonstraram a preocupação de familiares de crianças com variabilidade de gênero ou adolescentes trans que sofrem de disforia de gênero e que têm acesso a procedimentos terapêuticos como bloqueio puberal e hormonização cruzada.”
O procurador regional dos Direitos do Cidadão no Acre, Lucas Costa Almeida Dias, expediu ofício ao CFM para que, no prazo de 15 dias, preste informações sobre os argumentos técnicos e jurídicos que fundamentaram a decisão normativa.
“Ele aponta decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) em sentido contrário e a despatologização da transexualidade reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS)”, destacou o MPF no comunicado.
Entenda
A resolução do CFM proíbe o bloqueio hormonal para crianças e adolescentes com incongruência e/ou disforia de gênero.
O texto estabelece ainda que terapia hormonal cruzada (administração de hormônios sexuais para induzir características secundárias condizentes com a identidade de gênero do paciente) só poderá ser iniciada a partir dos 18 anos.
A publicação também restringe o acesso a cirurgias de redesignação de gênero para pessoas trans antes dos 18 anos e, nos casos em que o procedimento implicar potencial efeito esterilizador, antes de 21 anos.
Por fim, a resolução determina que pessoas trans que mantêm seus órgãos reprodutivos biológicos devem buscar atendimento médico preventivo ou terapêutico com especialistas do sexo biológico e não conforme sua identidade de gênero.
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Assessoria de Comunicação
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Excesso de processos judiciais contra a Unimed Goiânia motiva parceria com a Justiça de Goiás para conciliação com usuários
Preços de medicamentos para hospitais sobem 0,36% em março
https://medicinasa.com.br/precos-medicamentos-marco/
Executivo ex-Kora assume área de tecnologia do Sírio Libanês
https://www.folhavitoria.com.br/folha-business/executivo-ex-kora-assume-area-de-tecnologia-do-sirio-libanes/
'Fui diagnosticada com doença autoimune grave, 5 anos depois descobri que era só estrabismo', conta vítima de erro médico
Alunas de medicina que expuseram paciente transplantada podem ser punidas?
Deputados voltam a disparar contra secretário de Saúde
https://ohoje.com/2025/04/15/deputados-voltam-a-disparar-contra-secretario-de-saude/
Lucro recorde e desafios desiguais: a sustentabilidade da saúde suplementar em 2025
JORNAL OPÇÃO
Excesso de processos judiciais contra a Unimed Goiânia motiva parceria com a Justiça de Goiás para conciliação com usuários
Demandas pré-processuais e processuais envolvendo a Unimed Goiânia serão priorizadas pelo TJ-GO. Unimed está disposta a colaborar em acordos
Tratamentos de câncer, pós-bariátrico e para pessoas autistas são as principais questões que levam os usuários de planos de saúde em Goiás à Justiça, segundo o juiz Eduardo Perez Oliveira. Na segunda-feira, 14, ele participou da assinatura do termo que oficializou a parceria entre o Tribunal de Justiça e a Unimed-Goiânia, que busca conciliação com os usuários a fim de desobstruir esse excesso de processos judiciais.
Segundo o TJ-GO, 207 ações tramitam na comarca de Goiânia contra a Unimed-Goiânia somente em 2025. Já de 2024, são 631 ações, enquanto em 2023, o Núcleo de Apoio Técnico do Poder Judiciário (Natjus Goiás) recebeu 511 ações contra a Unimed-Goiânia.
“São centenas de processos. São vários tipos de procedimentos distintos, mas sim, são muitos processos, não são poucos”, afirmou o juiz.
Ele é coordenador do Natjus Goiás, e aponta que o objetivo da parceria é selecionar temas (e os expandir gradativamente) para propor a conciliação, “para que a gente possa consolidar essa confiança na conciliação como meio melhor para a solução dos problemas. Rápido, seguro, eficaz e gratuito”.
Além dos temas já mencionados como pertinentes nos processos jurídicos, o juiz ainda coloca cuidados de home care e tratamentos específicos como causadores de conflitos entre os usuários e a Unimed. Isso acontece por conta do conflito de interesses. Por exemplo, quanto às cirurgias pós-bariátricas e a discussão se seriam estéticas ou não.
Conciliação
O TJ-GO vai receber as demandas pré-processuais indicadas pela Unimed e priorizar a realização dessas conciliações em até cinco dias úteis, conforme explicou o juiz Eduardo Perez. Sobre os processos que já estão em andamento, a Justiça deve priorizá-los em até 10 dias. Ele garante que os processos serão resolvidos gradualmente.
“Teremos conciliadores capacitados para lidar com o caso, e a partir daí, sendo celebrado um acordo, este será homologado pelo Tribunal de Justiça. Obviamente, a Unimed tem que estar disposta a comparecer e a Unimed declarou a intenção realmente de colaborar e de realizar acordo em alguns casos para viabilizar o interesse do paciente”, afirmou o juiz.
Essa tratativa com a Unimed-Goiânia é antiga, segundo Eduardo. “Tudo depende muito da gestão deles também, no interesse de realizar. Diante da existência de tantos processos, da possibilidade de conciliação, a convencionar-se a realização de um termo de cooperação para que se possa fazer esses acordos”, afirmou.
Em nota, a Unimed-Goiânia afirmou que a “iniciativa busca promover soluções conjuntas com mais agilidade, estimulando o diálogo direto com os usuários e contribuindo para a redução da judicialização”. Além disso, informou que a expectativa é que o novo formato “proporcione acordos mais rápidos, eficientes e humanizados, fortalecendo a relação com os usuários” – confira abaixo a nota na íntegra.
“Quando você tem esse caminho [a conciliação], a judicialização se torna menos interessante, porque ela é mais demorada e cara, tem todo um estresse envolvido, que pode demorar até anos. Então, um caminho fácil, um caminho viável, um caminho gratuito, porque a conciliação é gratuita, ela diminui o conflito”, concluiu o juiz.
O objetivo final da parceria é que os usuários que tiverem problemas com o plano, não abram novos processos imediatamente, mas que optem pela conciliação por meio do Tribunal de Justiça. O juiz destaca que este o ideal é que este canal esteja de “muito fácil acesso para o consumidor, da melhor forma de contato”.
“Lógico que nem todos os casos é possível realizar conciliação, mas é um caminho viável para o consumidor antes de resolver eventualmente ajuizar uma ação”, disse.
Nota da Unimed Goiânia na íntegra
“A Unimed Goiânia – Cooperativa de Trabalho Médico firmou, no dia 14 de abril, termo de cooperação com o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO), com o objetivo de fortalecer o uso da conciliação e da mediação como formas de resolver demandas envolvendo seus beneficiários.
A iniciativa busca promover soluções conjuntas com mais agilidade, estimulando o diálogo direto com os usuários e contribuindo para a redução da judicialização. O termo formaliza uma atuação já existente entre as instituições, agora ampliada para incluir a conciliação pré-processual, por meio do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) da Saúde.
A Unimed Goiânia reafirma seu compromisso com a transparência, a escuta ativa e o respeito aos direitos dos beneficiários. A expectativa é de que o novo formato proporcione acordos mais rápidos, eficientes e humanizados, fortalecendo a relação com os usuários e contribuindo para a construção de soluções sustentáveis com apoio técnico do Poder Judiciário“.
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MEDICINA S/A
Preços de medicamentos para hospitais sobem 0,36% em março
O Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), resultado de uma parceria entre a Fipe e a Bionexo, empresa de tecnologia SaaS especializada em soluções de gestão para instituições da área da saúde, apresentou um avanço de 0,36% em março de 2025, desacelerando em relação à alta de 1,13% registrada no mês anterior. Com esse resultado, o IPM-H acumulou uma variação positiva de 1,15% no primeiro trimestre de 2025, enquanto a variação acumulada nos últimos 12 meses atingiu 4,24%.
Comparativamente, a prévia da inflação ao consumidor no mês de março, medida pelo IPCA-15 do IBGE, apontou uma variação de 0,64%, enquanto o IGP-M/FGV, registrou uma deflação de 0,33% no mesmo período. Além disso, dados do Banco Central indicaram uma apreciação de 0,33% da moeda brasileira em relação ao dólar no período1.
De acordo com Bruno Oliva, economista e pesquisador da Fipe, “os resultados de março vieram próximos de nossa expectativa. Considerando a sazonalidade, a alta mensal de 0,36% foi similar àquela observada em março de 2024, mantendo-se pouco abaixo da média observada para esse mês entre 2015 e 2024 (+0,70%), que sofreu influência da alta dos preços durante a pandemia. Considerando a alta acumulada pelo IPM-H em 12 meses, que é de 4,24% (abaixo do IPCA acumulado no período), a atenção se volta agora para o comportamento esperado dos preços dos medicamentos no próximo mês, quando entrarão em vigor os novos reajustes anuais da CMED, cuja média também ficou abaixo da inflação em 12 meses”
Entre os grupos terapêuticos que compõem a cesta de cálculo do IPM-H, os resultados mensais de março foram influenciados, pelo lado positivo, principalmente pela elevação nos preços de aparelho digestivo e metabolismo (+2,43%). Em seguida, destacam-se os grupos: preparados hormonais (+0,92%); agentes antineoplásicos (+0,73%); imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (+0,63%); anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (+0,55%); e aparelho respiratório (+0,20%). Em contrapartida, sete grupos terapêuticos que compõem a cesta do índice apresentaram retração mensal, sendo a mais expressiva observada no grupo sistema musculoesquelético (-2,41%). Em sequência, figuraram: aparelho geniturinário (-3,43%); sistema musculoesquelético (-2,61%); sistema nervoso (-1,16%); sangue e órgãos hematopoiéticos (-1,00%); aparelho cardiovascular (-0,61%); e órgãos sensitivos (-0,53%).
Considerando o resultado do IPM-H no primeiro trimestre (+1,15%), os aumentos de preço abrangeram os grupos: aparelho digestivo e metabolismo (+5,04%); imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (+4,97%); agentes antineoplásicos (+1,07%); e aparelho respiratório (+0,03%). Por outro lado, destacam-se as quedas nos grupos sistema musculoesquelético (-3,76%); aparelho cardiovascular (-1,78%); órgãos sensitivos (-1,34%); sangue e órgãos hematopoiéticos (-1,19%); sistema nervoso (-0,35%); anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (-0,34%); preparados hormonais (-0,29%); e aparelho geniturinário (-0,28%).
Já no acumulado dos últimos 12 meses, a variação positiva do IPM-H (+4,24%) é impulsionada por: aparelho digestivo e metabolismo (+18,98%); imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (+12,77%); anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (+4,49%); agentes antineoplásicos (+4,21%); aparelho respiratório (+3,07%); órgãos sensitivos (+1,64%); sistema nervoso (+1,41%); e preparados hormonais (+1,36%). Em contraponto, os preços recuaram em 12 meses no sistema musculoesquelético (-10,39%); aparelho cardiovascular (-4,26%); sangue e órgãos hematopoiéticos (-3,40%); e aparelho geniturinário (-0,92%).
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FOLHA BUSINESS
Executivo ex-Kora assume área de tecnologia do Sírio Libanês
O Hospital Sírio-Libanês, uma das instituições de saúde mais renomadas do país, acaba de contratar Alex Julian como Chief Information Officer (CIO) da instituição. Com mais de 20 anos de experiência em tecnologia da informação, ele acumula uma trajetória sólida no setor, tendo atuado nos últimos três anos como CIO da capixaba Kora Saúde.
"Saúde sem tecnologia não existe mais", afirma Alex Julian
Durante sua passagem pela Kora, Alex foi responsável pela criação e consolidação de um blueprint (ferramenta visual que permite mapear processos e interações de um serviço ou produto) de tecnologia, garantindo conectividade eficaz entre sistemas assistenciais interoperáveis e de backoffice, além de definir e executar uma estratégia robusta de infraestrutura em nuvem para otimizar as operações da empresa.
"Foram três anos nessa empresa, que é referência no Espírito Santo, onde tive a oportunidade de estruturar sistemas de segurança da informação, infraestrutura e dados, colocando tanto a tecnologia quanto os serviços que a área de tecnologia presta para a organização em um outro patamar. A Kora se consolidou como uma empresa dominante, não só em terras capixabas, mas nos demais mercados em que atua", afirma o executivo.
Além da estruturação de sistemas assistenciais e corporativos, ele relembra um dos projetos mais marcantes durante o período: o desenvolvimento do Ziggy AI!, um robô de convivência que percorreu as alas pediátricas dos hospitais capixabas, levando acolhimento às crianças internadas - iniciativa que, segundo o executivo, uniu tecnologia, inovação e cuidado de forma humanizada.
Alex afirma que a tecnologia já é peça central na estratégia das organizações de saúde e defende que sua aplicação precisa ir além do suporte técnico, assumindo um papel estratégico e orientado ao negócio.
"Saúde sem tecnologia não existe mais. O nosso papel, hoje, é facilitar o cuidado, apoiar o corpo clínico com dados para engajar os pacientes e buscar eficiência no uso dos recursos. A tecnologia não pode ser um prestador de serviço do hospital, tem que ser uma área que gera negócio e que seja um facilitador entre o negócio e o paciente", completa.
Mesmo em fase de transição no novo cargo, o executivo adianta que seu foco seguirá sendo o mesmo: aliar inovação à eficiência e, sobretudo, ao cuidado com o paciente.
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O GLOBO ONLINE
'Fui diagnosticada com doença autoimune grave, 5 anos depois descobri que era só estrabismo', conta vítima de erro médico
Em depoimento ao GLOBO, Ana Terra Pompeu fala que precisou se submeter a tratamento pesado e desnecessário, que envolveu inclusive a retirada de um órgão saudável
"Meu nome é Ana Terra Pompeu, tenho 34 anos e sou de Campinas, interior de São Paulo. Vim para a capital em 2014 fazer mestrado e dar início à minha carreira como fonoaudióloga. Comecei trabalhando só com cantores, nessa época mais com o pessoal do rap. Eles estavam em ascensão, então trabalhavam muito e, consequentemente, eu também. Por conta do mestrado, que também era bem puxado, quando somava todas as minhas horas de trabalho e estudo dava mais ou menos 18 por dia, era um ritmo intenso, ainda mais para alguém que veio do interior.
Em 2015, comecei a ter visão dupla, mas só ao final do dia, por volta de 21h, 22h. Eu pensava que todo mundo tinha visão dupla quando estava cansado como eu, com uma rotina tão exaustiva. Eu só via duplicado objetos que estavam longe, então como ficava mais no computador isso não me incomodava tanto. Só que, com o tempo, a visão dupla foi surgindo cada vez mais cedo até ficar insustentável. Eu atendia e via dois clientes.
Fui ficando preocupada e comecei a procurar médicos. Passei por uns seis oftalmologistas e ninguém sabia o que era. Todos falavam que era estresse, que minha carga de trabalho era insana, que eu precisava diminuir. Em 2016, quando terminei o mestrado, consegui reduzir bastante meu tempo de estudo e trabalho por dia.
Mas a minha visão só piorava. Até que chegou a um ponto que comecei a cair, não conseguia andar na rua sozinha. Já caí da escada, fraturei o pé. Até chegar a um momento em 2019 em que eu não conseguia mais fazer praticamente nada sozinha porque todas as imagens que eu via eram duplas.
Eu não tinha convênio, e o SUS era muito concorrido, então usei toda minha reserva que tinha construído desde que cheguei em São Paulo para pagar médicos particulares de referência. Um deles desconfiou que era miastenia gravis (doença autoimune que causa fraqueza muscular progressiva) porque eu relatava cansaço no rosto, muita dor de cabeça. E como eu tinha as quedas, na época associaram a um possível cansaço também nas pernas. Eu estava bem sensível, só queria um diagnóstico para tratar e curar.
Um especialista em miastenia que pediu um exame que teve como resultado uma alteração sugestiva da doença. Com a análise clínica, o médico concluiu que era miastenia e demos início ao tratamento. Em 2019, comecei a tomar corticoides e imunossupressores e fazer uma terapia com imunoglobulina que era administrada no hospital. Eu não chegava a ser internada, mas passava metade do dia lá recebendo a medicação na veia. É um remédio forte e tive todos os efeitos colaterais possíveis, parecia que meu corpo rejeitava tudo.
Fui buscar outras pessoas que tinham miastenia. Queria fazer amizade, saber como elas viviam. Porque se você procura sobre no google, aparecem fotos horríveis, de pessoas debilitadas. Queria encontrar pessoas que estivessem vivendo bem. As que eu encontrava falavam que fizeram a imunoglobulina, que tinha ajudado muito. Mas comigo parecia que eu ia morrer. Nunca desconfiei de que não tinha miastenia, pensava que era azar, que nenhum medicamento funcionava comigo.
Meu médico era referência em miastenia gravis no Brasil. Então fui seguindo o tratamento, acreditando que ia melhorar, só que cada vez eu ficava pior até que fiz uma cirurgia para retirar um órgão saudável chamado timo porque o médico disse que isso enfraqueceria o meu sistema imunológico, o que ajudaria a controlar a miastenia. Passei muito mal durante o procedimento, tive um derrame no pericárdio. Tive alergia aos medicamentos para dor, como morfina, então tive que aguentar a recuperação só com analgésicos simples.
Só que ainda assim a miastenia não melhorava, então tentamos um novo procedimento que se chama plasmaférese. Nele, você é internada, coloca-se um tubo na jugular que drena todo o seu sangue. Depois, ele é devolvido sem o plasma. Cheguei a ter uma convulsão durante o procedimento. Foi bem difícil, a pior coisa que eu já passei, mas ainda acreditava que precisava.
Depois disso tudo, engravidei em 2023 e a visão dupla piorou num nível que meu olho ficou para dentro e não saía de lá. Em nenhum momento do dia eu conseguia ver normal. Vivi uma gravidez que era de alto risco, tive sangramentos semanais porque tomava corticoides e tive um parto complexo porque o anestesista uma dose menor porque, por conta da miastenia, tinha medo de eu ter um efeito rebote e morrer. Era uma cesárea, eu gritava durante o parto.
Depois que minha filha nasceu, continuei com a visão dupla bem forte. Além da parte funcional, isso afetava meu trabalho, minha autoestima e comecei a ficar deprimida. Não conseguia imaginar viver o resto da minha vida com a diplopia, que é a visão dupla. Eu levava essas questões para o meu médico, e ele dizia que eu estava com depressão, me receitava antidepressivos, mas não me ouvia.
Ele fazia os testes e via que eu tinha força nas pernas, nos braços, que eu conseguia fazer atividades físicas, e só tinha mesmo a visão dupla. Dizia que eu tinha um "resto" da miastenia no globo ocular. Parecia que eu estava morrendo em vez de me curando. Eu comecei então a pesquisar sobre miastenia, a frequentar palestras, simpósios, tudo o que eu encontrava de eventos médicos sobre a doença.
Em um deles, um médico falava sobre algumas soluções para pacientes que tinham problemas oculares. Decidi marcar uma consulta, e ele pediu novos exames. Senti que ele ficou meio desconfiado quando relatei minha situação, mas não falou nada. Ao mesmo tempo, busquei uma nova oftalmologista. Ela percebeu que eu estava com um grau extremamente alto de estrabismo e também que eu estava ficando com catarata e prestes a ter glaucoma. Ela disse que daria para consertar o estrabismo com cirurgia, mas que eu iria perder a visão se continuasse com os corticoides.
Eu levei isso para o meu médico antigo e ele respondeu com sarcasmo, desdenhando do meu caso. Na hora, não acreditei, ele sabia que eu ia perder a visão e falou para eu continuar com os remédios. Eu permanecia com ele porque você cria um apego, passa a confiar no profissional que está com você está ali em situações difíceis. Mas depois dessa, foi aquele abraço. Nunca mais voltei nele.
Fui de novo no outro médico que tinha pedido os novos exames. Quando cheguei lá ele disse "olha, acho que você não tem miastenia". Eu fiquei sem chão, cinco anos acreditando que você tem uma doença crônica, conhecendo pessoas que sofrem com o mesmo problema. Tirei documento de pessoa com deficiência, me envolvi com todo um contexto social de ser PCD. Quando soube que possivelmente eu não tinha miastenia fiquei sem saber quem eu era.
O médico pediu novos exames, pediu para eu refazer outros testes, e tudo indicou que eu de fato não tinha nada. Mas eu continuava vendo duplicado. Nessa hora busquei mais neurologistas e oftalmos que trabalharam juntos e conversaram para tentar entender o que era o meu caso. Finalmente eu me sentia ouvida.
Eles entenderam que, na verdade, o que eu sempre tive foi só estrabismo. Minha fraqueza no rosto era de fazer esforço o tempo todo para unir a imagem duplicada, o que é realmente muito cansativo. Só que os medicamentos da miastenia afetaram a musculatura do meu rosto e pioraram o estrabismo a ponto de só dar para corrigir com cirurgia.
Fiz a operação agora no final de janeiro e me lembro de ir chorando no hospital porque eu estava tão cansada. A operação foi sem anestesia, porque se eu estivesse acordada eu poderia falar com a médica enquanto ela mexia se estava vendo duplicado ou não, então a chance de sucesso seria maior. Depois de passar por tudo que eu passei, pensei "melhor fazer acordada mesmo".
Ainda estou me recuperando, mas desde então finalmente não tenho mais a visão dupla. Viver vendo duplo é insuportável, agora me sinto invencível. Mas fiquei com algumas sequelas do tratamento desnecessário da miastenia, como a catarata e o início de um glaucoma. E virei uma pessoa corticosensível, não posso mais usar corticoide. Fora as cicatrizes, que tenho muitas dos procedimentos. Ainda assim, a sensação é de alívio.
O que eu sinto é que eu sou uma boa fonoaudióloga porque eu escuto meus pacientes na hora de cuidar deles. E sinto muito não ter sido tratada assim. Me senti abandonada. Mas espero que minha história sirva para que os profissionais da saúde prestem atenção no que os pacientes falam sobre si mesmos. O tratamento precisa ser conjunto".
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PORTAL UOL
Alunas de medicina que expuseram paciente transplantada podem ser punidas?
As duas estudantes de medicina denunciadas por expor uma paciente em vídeo no TikTok podem ser punidas no âmbito criminal e civil, de acordo com especialista consultada pelo UOL. Na publicação, as alunas descrevem a situação clínica de uma paciente, que morreu nove dias depois, para milhares de pessoas nas redes sociais. O caso aconteceu no Incor (Instituto do Coração) da Faculdade de Medicina da USP. Mesmo sem a divulgação do nome da paciente, o caso da jovem Vitória era considerado raro dentro da instituição. Por isso, a família percebeu que o conteúdo era sobre ela e, com isso, argumentam que isso constataria a falta de ética e desrespeito das estudantes de medicina. Alunas podem ser punidas? No âmbito criminal, as duas estudantes podem ser punidas pela violação do sigilo médico. Adriana Maia, advogada especializada em direito à saúde do escritório Vilhena Silva Advogados, cita o artigo 154, que trata da violação do segredo profissional.
'O resultado pode ser uma pena de detenção de três meses a um ano, ou multa. Se a violação ocorrer com o intuito de obter vantagem ou causar prejuízo, a pena pode ser agravada', explica a especialista. Outro artigo citado pela advogada é o 139 do Código Penal, de difamação. No vídeo, as alunas sugerem que a paciente teve complicações após uma das cirurgias por erro dela mesma. 'Ela não tomou os remédios que precisava tomar e o corpo rejeitou e teve que transplantar de novo por um erro dela. E agora transplantou de novo.' Por este motivo, Maia explica que elas também podem ser punidas por difamação - o ato de divulgar informações falsas ou imprecisas sobre alguém. Aqui, a punição é a mesma da violação de sigilo, detenção de três meses a um ano, e multa. Já no âmbito cível, as duas podem ser punidas por danos morais. A punição neste caso, explica a advogada, depende do juiz. Pode resultar em detenção ou em multa.
'Se a paciente estivesse viva, por exemplo, ela poderia entrar com danos materiais caso fosse necessário gastar com terapia ou consulta médica após a exposição feita nas redes', explica. Alunas ainda não têm registro no CRM (Conselho Regional de Medicina) dos estados onde vivem. Caso já tivessem registro, elas poderiam receber punições que vão desde advertências, penas disciplinares e até cassação do registro médico, explica a especialista. Relembre o caso No vídeo, as estudantes descrevem a situação de Vitória para milhares de pessoas. O vídeo foi excluído da rede social após repercussão, mas já contava com milhares de curtidas e centenas de comentários. Ainda no vídeo, uma delas sugere que a paciente teve complicações após uma das cirurgias por erro dela mesma. O vídeo tem pouco mais de dois minutos e as estudantes vão se intercalando nas falas. 'Sete vidas', diz outra estudante. A segunda aluna complementa a fala da colega satirizando a situação da paciente, segundo a família.
'Essa menina está achando que tem sete vidas? (...) Eu tô em choque', complementa. Ao fim do vídeo, as mulheres dizem que desejam melhoras para a paciente. Vitória morreu nove dias depois da gravação. Polícia investiga. O caso foi registrado como injúria no 14º Distrito Policial de Pinheiros, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Alunas eram de outra universidade e estavam fazendo curso de extensão no Incor, explica USP. Ao UOL, a Faculdade de Medicina de São Paulo explicou que as universidades de onde as estudantes vieram foram notificadas sobre o ocorrido. Alunos de curso de extensão receberão orientações sobre como se portar nas redes sociais e assinarão termo de compromisso, diz a universidade. 'A FMUSP repudia com veemência qualquer forma de desrespeito a pacientes e reafirma o compromisso inegociável com a ética, a dignidade humana e os valores que norteiam a boa prática médica', afirmou em nota.
As estudantes apagaram os próprios perfis nas redes sociais. Alunas lamentaram a morte da paciente 'Estamos vindo a público para dizer para a família que realmente sentimos muito pela perda e deixar claro que a nossa intenção jamais foi expor', disseram Gabrielli Farias de Souza e Thaís em vídeo ao g1. 'A única intenção do vídeo foi demonstrar surpresa por um caso clínico raro que tomamos conhecimento dentro de um ambiente de prática e aprendizagem médica', completaram. Elas também afirmaram que desconheciam a identidade da paciente. 'É muito importante ressaltar que nós não tivemos acesso à paciente, ao seu prontuário ou divulgamos qualquer imagem relacionada a ela, nós nem sequer sabemos seu nome completo.'
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O HOJE
Deputados voltam a disparar contra secretário de Saúde
Insatisfação dos deputados com o secretário não é recente, mas ganhou contornos mais graves no início deste ano
Durante o Pequeno Expediente da última segunda-feira, 14, o deputado Amauri Ribeiro (UB) fez uso da tribuna para comentar o cancelamento da audiência pública com o secretário de Estado da Saúde, Rasivel dos Reis, por iniciativa do representante da pasta. Na oportunidade, Amauri relembrou o período em que foi prefeito do município de Piracanjuba e da relação que tinha com os vereadores da cidade.
“Fui prefeito e vereador, e, enquanto eu fui vereador, eu convoquei um prefeito para explicar seus erros. Virei prefeito e qualquer acusação que tivesse com meu nome eu ia à câmara municipal, porque quem não deve, não teme. E o secretário de Saúde, se não tem o que temer, não vejo o porquê da negativa em estar aqui prestando esclarecimento”, afirmou Ribeiro.
Amauri declarou ainda que não consegue contato com o secretário nem por telefone e que, embora seja da base governista, tem questionamentos a fazer: “Eu sou base, mas não vou me calar no que eu vejo e no que me parece que não está correto”.
Supostas irregularidades
Ainda durante a sessão ordinária da última segunda-feira, o deputado Gustavo Sebba (PSDB) também usou a tribuna para lamentar a atuação do secretário da Saúde, Rasível dos Santos, e a contratação da organização social (OS) responsável pelo Hospital Maternidade Therezinha de Jesus (HMTJ).
Sebba apontou que a missão do secretário “é difundir a OS por todo o estado, tendo firmado contrato de gestão da OS para a Policlínica de Goiás, o Hospital Estadual de Jaraguá, o Hospital Estadual de Águas Lindas, o Hospital Estadual de Itumbiara, o Hospital Estadual de Aparecida de Goiânia” e, de acordo com ele, está para conseguir o de Jataí.
E foi adiante: “São mais de R$ 50 milhões de contrato por mês e, desde sua contratação, vem burlando leis e fazendo maracutaias. Isso tudo graças ao secretário Rasível. Os diretores da HMTJ são réus em ação penal por corrupção, improbidade administrativa e formação de organização criminosa. Esse é o povo que esse secretário trouxe pra cá”.
Mais do mesmo
A insatisfação dos deputados com o secretário não é recente, mas ganhou contornos mais graves no início deste ano, quando Rasível foi convidado a prestar contas sobre a situação da Saúde no Palácio Maguito Vilela, sede do Legislativo estadual. Conforme mostrado pelo O HOJE, na ocasião, ele deixou a reunião antes do previsto, alegando um “compromisso inadiável”. A justificativa não colou entre os parlamentares, que se sentiram desrespeitados pela falta de tempo para questionamentos.
A gota d’água para muitos parlamentares foi a percepção de que o secretário estava evitando o diálogo e agindo com indiferença em relação ao Parlamento. Tanto que o deputado Gustavo Sebba (PSDB) chegou a protocolar um requerimento para a criação de uma CPI da Saúde, com o objetivo de investigar não apenas a falta de remédios, mas também a relação do governo com as OS – entidades que, em tese, deveriam melhorar a eficiência da gestão hospitalar, mas que muitas vezes são alvo de suspeitas.
A proposta, no entanto, não deve avançar. O principal obstáculo foi justamente o líder do governo na Alego, Talles Barreto, que fez um movimento nos bastidores para convencer Sebba a recuar. Em declaração à imprensa, Talles admitiu ter pressionado o colega: “Conversei muito com o Gustavo para não montar essa CPI. Falei que o Rasível viria e não havia necessidade de criar esse clima aqui”.
Em contato com a reportagem do O HOJE, a Secretaria Estadual de Saúde informou, via nota, que “devido a compromissos de agenda assumidos anteriormente para a mesma data, o secretário Rasível Santos ficará impossibilitado de participar da Audiência Pública da Comissão de Tributação e Finanças da Casa de Leis do Estado, agendada para esta terça-feira (15). A Pasta negocia uma nova data e horário para o cumprimento do referido compromisso”.
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SAÚDE BUSINESS
Lucro recorde e desafios desiguais: a sustentabilidade da saúde suplementar em 2025
Operadoras, hospitais e prestadores vivenciam realidades financeiras diferentes, o que pode comprometer a saúde do sistema e dos pacientes.
A sustentabilidade no setor de saúde é um assunto sempre em pauta. Diante de um cenário de maior expectativa de vida, no qual as pessoas demandam mais cuidados de saúde, e de tecnologias cada vez mais caras, é natural que operadoras, hospitais e demais instituições de saúde encontrem dificuldades para se manter sustentáveis.
No entanto, para os planos de saúde, o cenário parece menos sombrio. As empresas do setor registraram lucro líquido de R$ 11,1 bilhões em 2024, um aumento de 271% em comparação com 2023. Este resultado também é superior ao que foi obtido nos três anos anteriores somados. Por outro lado, hospitais e prestadores enfrentam dificuldades financeiras, com margens cada vez mais apertadas e desafios na negociação com planos de saúde.
De acordo com os dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), essa recuperação é resultado da reorganização financeira promovida especialmente pelas operadoras de grande porte, que têm reajustado as mensalidades em patamar superior à variação dos custos com as despesas assistenciais. Além disso, as aplicações financeiras também contribuíram para esses bons números.
Gustavo Ribeiro, presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), explica que esses resultados são provenientes do empenho e resiliência das companhias e dos profissionais do setor. “Embora indiquem uma melhora em relação aos anos anteriores, os resultados seguem abaixo dos patamares pré-pandemia. Em 2024, as mais de 660 operadoras juntas apresentaram um resultado operacional de R$ 3,96 bilhões, com uma margem de apenas 1,32% sobre a receita total”, observa ele.
O executivo destaca ainda que a percepção de lucro desconsidera o fato de que 44,4% dessas operadoras, responsáveis pelo atendimento e cuidado de 15,2 milhões de beneficiários, fecharam o ano com resultados negativos. “Ainda há muitas barreiras a serem ultrapassadas para que se alcance um nível de sustentabilidade que gere mais tranquilidade e amplie o acesso à saúde pela população.”
A recuperação do setor pode beneficiar toda a cadeia?
Na opinião de Ribeiro, sim. “A recuperação do setor é fundamental para a sustentabilidade e o equilíbrio de todo o sistema suplementar de saúde. Segundo dados da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), as operadoras de planos de saúde são responsáveis por 80,6% das receitas dos hospitais e 74% das receitas dos laboratórios diagnósticos. Um sistema de saúde saudável é bom para todos, principalmente para a população, que pode contar e se beneficiar com o acesso a serviços de excelência no cuidado e atenção à própria saúde”, analisa Ribeiro.
Para Reginaldo Teófanes, presidente da Federação Brasileira de Hospitais (FBH), é importante reconhecer que o bom desempenho financeiro das operadoras é um sinal positivo para todo o setor de saúde suplementar. No entanto, para que esse ciclo virtuoso se complete, é essencial que os estabelecimentos de saúde também estejam financeiramente saudáveis.
“A sustentabilidade do sistema passa, necessariamente, por uma relação mais equilibrada e transparente entre operadoras e hospitais. Isso envolve, por exemplo, rever práticas como as glosas excessivas e pouco justificadas, que geram incertezas financeiras e operacionais aos prestadores. Aqui na FBH, a nossa expectativa é que possamos avançar para um modelo de corresponsabilidade, em que operadoras e hospitais caminhem lado a lado, compartilhando riscos, resultados e, principalmente, compromissos com a qualidade assistencial.”
Na opinião de Teófanes, o modelo vigente impõe desafios. Segundo o executivo, a assimetria de poder nas negociações, que hoje pende para as operadoras em detrimento dos estabelecimentos, somada à ausência de um agente regulador de mercado que promova maior equilíbrio entre os elos da cadeia, acaba por fragilizar os prestadores, que muitas vezes operam no limite da viabilidade.
“Ainda que exista o direito legítimo de auditar e glosar serviços quando há inconsistências, o que temos observado é uma banalização desse instrumento, utilizado de forma quase sistemática e, em muitos casos, sem fundamentação adequada. Isso gera instabilidade, imprevisibilidade e insegurança jurídica. A longo prazo, teremos comprometimento de investimentos e da própria permanência de muitos hospitais no mercado.”
Milva Pagano, diretora-executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), reforça a opinião de Teófanes ao compartilhar sua visão de que o modelo atual exerce uma pressão contínua e desproporcional sobre os prestadores, o que pode comprometer a manutenção da qualidade dos serviços oferecidos. “A sustentabilidade do setor depende de um redesenho nas relações, com uma visão mais integrada e colaborativa entre todos os agentes que compõem esse ecossistema.”
Recentemente, a Anahp realizou um evento para debater a recuperação expressiva das operadoras de planos de saúde no ano passado e o agravamento do desequilíbrio com os hospitais, principalmente por conta das glosas e dos prazos de pagamento alongados.
Antônio Britto, diretor-executivo da associação, diz que só haverá equilíbrio se a relação respeitar a necessidade de operadoras e hospitais serem saudáveis financeiramente. “O sistema de saúde suplementar não será sustentável se for bom para um só lado. Estamos falando aqui de um sistema onde os elos da cadeira conversam mal, e isso tem impedido que operadoras e hospitais discutam novas formas de trabalho.”
Segundo ele, quando os diversos atores se sentam à mesa, a discussão gira em torno do fator preço. “Nesse cenário, a conversa não tem futuro e o sistema não vai se ajustar e se recuperar. Temos que mudar o tom da conversa, pois a realidade é que hospitais e operadoras investem pouco na atividade que vai salvar o setor, que é a prevenção e a promoção da saúde. Não vemos iniciativas importantes de trabalho conjunto nesse sentido.”
Na avaliação de Charles Lopes, especialista em legislação de saúde suplementar e professor da Escola de Negócios de Seguros (ENS), alguns passos são importantes para a manutenção e garantia da saúde suplementar no Brasil, como a transparência nas negociações, estabelecendo-se um diálogo aberto sobre custos e reajustes; a adoção de modelos que remunerem pela qualidade e eficiência dos serviços, como o pagamento por performance; e a revisão periódica dos contratos para que estes reflitam mudanças nos custos e nas necessidades dos serviços.
Riscos do descompasso
Mas quais os riscos, para hospitais e prestadores, desse cenário onde apenas um dos lados parece em vantagem? “Os sinais de alerta estão acesos há um bom tempo. A FBH, em parceria com a CNSaúde, publica anualmente o ‘Cenário dos Hospitais no Brasil’, estudo que traz dados atualizados sobre aberturas e fechamentos de estabelecimentos e leitos da rede privada e filantrópica. O estudo mostra que o país conta atualmente com menos hospitais e menos leitos do que tinha em 2010, há 15 anos”, destaca Teófanes.
Diz ele ainda que esse encolhimento se reflete em uma crise financeira que abala, sobretudo, os hospitais de pequeno e médio portes, que representam 70% de toda a rede hospitalar brasileira e que são, em muitos municípios, a única opção de assistência à população.
“Quando parte significativa dos recursos que deveriam ser repassados aos hospitais é retida, compromete-se a capacidade dessas instituições de manter e melhorar sua estrutura, investir em inovação e contratar profissionais qualificados. O risco não é apenas para os hospitais, mas para toda a cadeia”, diz Teófanes.
O executivo lembra que as operadoras dependem de uma rede prestadora forte e bem estruturada para ampliar sua base de clientes e oferecer serviços de excelência. “Portanto, quando os hospitais sofrem, todo o sistema sente. O que se coloca em jogo não é apenas a saúde financeira das instituições, mas a qualidade do cuidado oferecido aos pacientes.”
Na avaliação de Britto, os riscos desse descompasso já estão mostrando sua face. O primeiro deles está na estagnação do setor de saúde suplementar, que não registra aumento no número de beneficiários desde 2014 – atualmente, são cerca de 52 milhões de usuários.
“O segundo risco também já é real. Hoje, o sistema desperta uma unanimidade irônica: todos se queixam dele – operadoras, hospitais, pacientes, médicos. O que mais precisa acontecer para que percebamos que o sistema é que está com problemas, e que não adianta um dos atores que o compõe buscar uma saída isolada? Ou reformamos a maneira como o sistema funciona hoje, ou ele será ruim para todos. Em 2024, 41% dos investimentos que estavam previstos pelos hospitais não foram realizados porque eles não conseguem receber das operadoras.”
Teófanes destaca que os hospitais brasileiros têm demonstrado uma notável capacidade de resiliência, mesmo diante de restrições orçamentárias, da alta carga tributária, além dos atrasos nos repasses. Muitos, segundo ele, se esforçam para investir em tecnologia, capacitação de equipes e expansão da infraestrutura.
“No entanto, essa adaptação, em muitos casos, tem sido feita à custa de sacrifícios significativos, como postergação de investimentos ou redução de leitos. Essa não é uma situação sustentável.”
Para Milva, esse desequilíbrio entre os resultados das operadoras e dos hospitais e prestadores pode afetar diretamente a rede oferecida pelos planos de saúde aos beneficiários, comprometendo a qualidade da assistência, o acesso e os diferenciais do atendimento. “Quando não há alinhamento entre operadoras e prestadores, o impacto se espalha por toda a cadeia – e, no centro dela, está o paciente. Sem um esforço conjunto para reequilibrar esse cenário, os efeitos serão sentidos a médio e longo prazo.”
Propostas regulatórias da ANS têm sido debatidas como um possível caminho
A ANS tem proposto alguns caminhos visando à sustentabilidade do setor, como mudanças no sistema de coparticipação, criação de planos que ofereçam apenas consultas e exames, entre outros. Mas até que ponto essas propostas podem efetivamente beneficiar a todos?
Britto diz que a Anahp apoia propostas que fortaleçam o sistema de saúde suplementar e a saúde financeira das operadoras, no entanto, muitas empresas do setor não têm visto com bons olhos a questão de criação de planos ambulatoriais, por exemplo.
Em relação às outras propostas, ele acredita que elas precisam ser melhor esclarecidas. “É preciso que haja uma solução para planos individuais que se tornaram inviáveis e que exista um entendimento sobre formas de coparticipação. O debate está apenas começando. Temos que abrir uma discussão ampla e profunda sobre o que está sendo proposto, mantendo o olhar em uma saída que seja positiva para o setor como um todo.”
Para o presidente da FBH, propostas regulatórias que promovam maior transparência, previsibilidade nos contratos e mecanismos efetivos de resolução de conflitos são fundamentais para o amadurecimento da relação entre operadoras e prestadores.
“Esperamos, por exemplo, que se avance em normas que estabeleçam critérios objetivos e auditáveis para as glosas, bem como instâncias de recurso que realmente funcionem. Além disso, é preciso discutir formas de redistribuir de maneira mais equitativa os resultados positivos do setor. Se queremos um sistema sustentável e centrado no paciente, é indispensável que todos os elos — operadoras, hospitais, profissionais e fornecedores — estejam alinhados e valorizados.”
Milva vê com otimismo as propostas, acreditando que elas podem contribuir para ampliar o acesso, o que tende a atrair mais beneficiários para dentro do sistema e, com isso, gerar maior volume de recursos.
“No entanto, é essencial que essas mudanças sejam acompanhadas de discussões técnicas consistentes e de um olhar atento à qualidade da assistência e à segurança do paciente. A regulação tem papel fundamental nesse processo de reequilíbrio, desde que venha acompanhada de diálogo com todos os setores envolvidos.”
Lopes, da ENS, faz uma avaliação de algumas das propostas e pontua suas considerações:
Novo modelo de reajuste para contratos de até mil vidas: pode proporcionar maior estabilidade e previsibilidade nos reajustes, beneficiando operadoras e prestadores. No entanto, pode haver perda de informações detalhadas.
Regras para coparticipação: definir limites financeiros pode ajudar a controlar os custos para os beneficiários e evitar abusos.
Reativação dos planos individuais com reajuste mais flexível: pode aumentar a competitividade e oferecer mais opções aos consumidores, mas exige renúncia a algumas conquistas.
Criação de um plano ambulatorial sem urgência e emergência: pode reduzir os custos para os beneficiários e aliviar a pressão sobre os hospitais, mas pode criar um produto com menos proteção.
“Essas medidas têm o potencial de equilibrar o ecossistema de saúde suplementar, promovendo a sustentabilidade financeira, mas certamente reduzirão a qualidade dos serviços oferecidos”, comenta o especialista.
Conquistar a sustentabilidade na saúde suplementar é um desafio complexo, mas possível de ser alcançado com ações coordenadas, inovação e foco na eficiência e qualidade do cuidado. O caminho parece estar na conversa e no entendimento entre todos os que fazem parte dessa cadeia.
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Assessoria de Comunicação