Postado em: 28/07/2025

CLIPPING AHPACEG 26 A 28/07/25

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Secretário de saúde se reúne com agentes da saúde

https://g1.globo.com/go/goias/videos-ja-1-edicao/video/secretario-de-saude-se-reune-com-agentes-da-saude-13791217.ghtml

Saúde se mobiliza contra risco de colapso por insumos com tarifaço

https://ohoje.com/

Justiça extingue ação sobre direcionamento de pacientes do Hugo para UTIs privadas

https://g1.globo.com/go/goias/videos-ja-2-edicao/video/justica-extingue-acao-sobre-direcionamento-de-pacientes-do-hugo-para-utis-privadas-13791970.ghtml

Conselho Federal de Medicina proíbe o uso de anestesia geral e sedação para realização de tatuagem

https://g1.globo.com/saude/noticia/2025/07/28/proibe-anestesia-geral-sedacao-tatuagem.ghtml

Saúde estadual e entidades discutem mitigação de impactos do tarifaço americano

https://goias.gov.br/saude/saude-estadual-e-entidades-discutem-mitigacao-de-impactos-do-tarifaco-americano/

Ahpaceg alerta: Tarifa de 50% dos EUA pode causar colapso na saúde brasileira com impacto imediato de R$ 4,25 bilhões

https://www.foconacional.com.br/2025/07/ahpaceg-alerta-tarifa-de-50-dos-eua.html

Goiás cria fórum para acompanhar os impactos do tarifaço de Trump na saúde

https://www.jornalopcao.com.br/ultimas-noticias/saude-estadual-cria-forum-para-acompanhar-os-impactos-do-tarifaco-de-trump-no-setor-728924/

Mabel pede, e Ministério da Saúde sinaliza positivamente para investigação que pode comprometer Rogério Cruz

https://www.jornalopcao.com.br/bastidores/mabel-pede-e-ministerio-da-saude-sinaliza-positivamente-para-investigacao-que-pode-comprometer-rogerio-cruz-728857/

Rede de saúde mental sofre com preconceito e abandono histórico, mas resiste com cuidado humanizado

https://www.jornalopcao.com.br/reportagens/rede-de-saude-mental-enfrenta-preconceito-abandono-historico-e-baixo-investimento-embora-resista-com-cuidado-humanizado-728661/

Impasse judicial em Sertãozinho: Desapropriação de hospital particular para ampliar atendimento no SUS gera controvérsias

https://canaonline.com.br/conteudo/desapropriacao-de-hospital-privado-em-sertaozinho-sp-gera-polemica-e-contestacao-judicial.html

Justiça suspende resolução do CFM que endurece regras para transição de gênero

https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/justica-suspende-resolucao-do-cfm-que-endurece-regras-para-transicao-de-genero/

Tecnologia: menos burocracia, mais tempo para o cuidado

https://medicinasa.com.br/paradoxo-tecnologia-saude/

Gestão na saúde pública e as Organizações Sociais de Saúde

https://medicinasa.com.br/gestao-na-saude-publica/

O HOJE

Saúde se mobiliza contra risco de colapso por insumos com tarifaço

Representantes de hospitais, clínicas, sindicatos e cooperativas buscam soluções conjuntas para proteger o atendimento à população

Diante do cenário de incertezas causado pela possível adoção de tarifas retaliatórias entre Brasil e Estados Unidos, o Governo de Goiás, por meio da Secretaria Estadual da Saúde (SES-GO), anunciou em reunião acontecida no sábado, 26 de julho, a criação de um Fórum Permanente dos Setores Público e Privado da Saúde.

O objetivo é acompanhar de forma conjunta os efeitos da crise comercial e construir estratégias de mitigação para evitar o colapso do sistema estadual de saúde, caso a reciprocidade tarifária entre os países entre em vigor.

A decisão foi tomada durante reunião realizada na sede da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), em Goiânia. Participaram o secretário da Saúde de Goiás, Rasível Santos, e representantes de entidades do setor público e privado.

A estrutura do fórum será semelhante à do comitê gestor da saúde criado durante a pandemia da covid-19, reunindo gestores, especialistas e entidades da cadeia produtiva da saúde. Segundo projeções do governo estadual, caso as tarifas sejam aplicadas, o Sistema Único de Saúde (SUS) pode ter aumento de custos de US$ 1,6 bilhão ao ano, enquanto o setor privado seria impactado com mais US$ 1,65 bilhão.

A soma ultrapassa US$ 3 bilhões anuais apenas em Goiás. “No ano passado, o Estado já gastou 14,31% da receita corrente líquida em saúde, sendo que o mínimo constitucional é 12%. Ou seja, já estamos operando acima do limite”, alertou Rasível.

O secretário também demonstrou preocupação com a possível quebra de hospitais privados, o que poderia causar sobrecarga ainda maior na rede pública. “Já tivemos cinco hospitais que fecharam as portas em 2025. Agora, ouvimos relatos de que outros dez estão em risco. Quando uma unidade privada fecha, o paciente migra automaticamente para o SUS, pressionando nossos serviços”, afirmou.

De acordo com o presidente da Ahpaceg, Renato Daher, o impacto será sentido especialmente na alta complexidade. Equipamentos como ressonâncias magnéticas, tomógrafos e aparelhos de hemodinâmica dependem de peças e manutenção importadas, majoritariamente dos Estados Unidos.

“Não há substituição rápida. A falta desses insumos pode levar à interrupção de serviços essenciais e ao risco de desassistência de pacientes em estado grave”, disse. Já o presidente do Conselho de Administração da Ahpaceg, Haikal Helou, destacou o risco de colapso: “Hoje, 22% da população de Goiás possui plano de saúde. Se houver aumento de desemprego e queda na renda, como reflexo da crise, essas pessoas vão deixar de pagar os planos e buscar atendimento no SUS. É um efeito cascata.”

Indústria farmacêutica teme desabastecimento

O impacto não se restringe aos hospitais. Representantes da indústria farmacêutica goiana também expressaram preocupação. Segundo Marcelo Reis, presidente do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas de Goiás (Sinfaego), medicamentos de alto custo como os oncológicos, imunobiológicos e para doenças raras são, em sua maioria, produzidos com patentes e tecnologia dos EUA.

“Não se consegue fazer substituição de forma simples. Muitas vezes, não há sequer similares disponíveis no mercado nacional. A depender da aplicação das tarifas, podemos ter aumento expressivo de preços ou até desabastecimento em determinadas linhas terapêuticas”, afirmou.

O presidente do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), Rafael Martinez, alertou que a escassez de insumos compromete a atuação dos profissionais da saúde, além de provocar aumento da carga de trabalho no setor público e possível redução de vagas no setor privado.

Além da Ahpaceg, participaram da reunião outras entidades da área da saúde. Estiveram presentes representantes da Associação dos HosReunião contou com entidades de saúde, como Ahpaceg, Unimed, Ibross, Coopanest-GO e Sindihoesg pitais do Estado de Goiás (Aehg) e da Unimed Goiânia, duas instituições com forte atuação no setor hospitalar e de planos de saúde.

O encontro também contou com o Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás (Sindihoesg) e o Sindicato das Clínicas Radiológicas e de Diagnóstico por Imagem (Sindimagem). A Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas de Goiás (Coopanest-GO) contribuiu com informações sobre os impactos para os procedimentos cirúrgicos. Enquanto o Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde (Ibross) levou preocupações sobre a gestão das unidades públicas. Participaram ainda o Hospital de Olhos, o Cerof/UFG, a Clínica de Esporte e a indústria farmacêutica Halex Istar, entre outras instituições.

Além da criação do fórum estadual, o secretário Rasível Santos informou que o governador Ronaldo Caiado (UB) está articulando, junto ao Fórum Nacional de Governadores, um movimento para tentar excluir o setor da saúde da lista de possíveis retaliações comerciais. “A saúde não pode ser penalizada por uma crise econômica de natureza política e comercial.

O governador está em contato com outros estados e com o governo federal para construir uma solução”, afirmou. Outro ponto debatido foi a necessidade de incentivo à produção nacional de insumos e equipamentos médicos, reduzindo a dependência de fornecedores internacionais.

Segundo a Ahpaceg, a crise tarifária evidencia a fragilidade da indústria nacional da saúde e reforça a urgência de investimentos em pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico.

Além disso, o fórum terá a função de articular medidas com universidades, centros de pesquisa e instituições públicas para embasar decisões com base em dados técnicos e evidências. “Precisamos de agilidade, transparência e planejamento.

Estamos nos preparando para o pior, mas esperamos uma solução diplomática que impeça esse desastre”, concluiu o secretário. A próxima etapa será a instalação oficial do fórum, prevista para agosto, com reuniões periódicas e a elaboração de planos de contingência para diferentes cenários. A expectativa é de que, com mobilização política e técnica, seja possível minimizar os danos à saúde pública e privada de Goiás.

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TV ANHANGUERA

Secretário de saúde se reúne com agentes da saúde

https://g1.globo.com/go/goias/videos-ja-1-edicao/video/secretario-de-saude-se-reune-com-agentes-da-saude-13791217.ghtml

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Justiça extingue ação sobre direcionamento de pacientes do Hugo para UTIs privadas

https://g1.globo.com/go/goias/videos-ja-2-edicao/video/justica-extingue-acao-sobre-direcionamento-de-pacientes-do-hugo-para-utis-privadas-13791970.ghtml

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SES/GO

Saúde estadual e entidades discutem mitigação de impactos do tarifaço americano

Fórum Permanente será criado nos mesmos moldes do que foi instaurado durante a pandemia de Covid-19, com representação dos setores público e privado

Durante reunião realizada na manhã deste sábado (26/07), o secretário da Saúde de Goiás, Rasível Santos, e representantes de entidades do setor, definiram pela criação de um Fórum Permanente dos Setores Público e Privado, para acompanhar o cenário diante dos impactos da guerra tarifária entre o Brasil e os Estados Unidos. A proposta é de que o Fórum siga os mesmos moldes do comitê que foi criado durante a pandemia de Covid-19.

Caso entre em vigor a reciprocidade tarifária, a expectativa é de que as redes pública e privada tenham juntas aumento de custos de mais de US$ 3 bilhões de dólares anualmente. “A gente teria um impacto estimado de US$ 1,6 bilhão de dólares com relação aos gastos em saúde pública, ou seja, para o Sistema Único de Saúde (SUS), e US$ 1,65 bilhão de dólares no setor privado”, explicou o titular da SES, ao lembrar que o Estado já extrapola os gastos da vinculação constitucional. “No ano passado, a gente fechou em 14,31%, sendo que o mínimo constitucional é de 12%. Então é mais de 20% do valor inicial que a gente poderia estar gastando”, explicou o secretário.

Rasível Santos ainda falou sobre o temor de que as tarifas inviabilizem a manutenção de unidades de saúde privadas, o que sobrecarregaria ainda mais o SUS no estado. “A gente já teve cinco hospitais que deixaram de funcionar (em 2025) e eu estava ouvindo agora na reunião que tem em torno de 10 hospitais que estão nessa situação, que podem também se inviabilizar financeiramente e fecharem. Quando fecha um hospital privado, acaba trazendo sobrecarga para o SUS […] Isso traz pressão para os nossos hospitais e nos nossos serviços”, ressaltou.

Aumento de custos
Segundo o presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), Renato Daher, um dos principais receios gira em torno dos custos de manutenção dos equipamentos, insumos e medicamentos que atendem a alta complexidade, uma vez que a maioria deles são adquiridos principalmente com fornecedores norte-americanos. “O setor de imagem com aparelhos de ressonância magnética, tomógrafos, equipamentos de hemodinâmica, usados para realizar os cateterismos, dependem de peças e insumos importados. Assim, existe a possibilidade de pacientes ficarem desassistidos”, pontuou.

O presidente do Conselho de Administração da Ahpaceg, Haikal Helou, destacou que, em Goiás, 22% da população possui plano de saúde e que, com possível aumento no desemprego e crise econômica, haverá um grande risco de colapso da rede pública de saúde. “Então a iniciativa do secretário e do governador Ronaldo Caiado, de trazer todos os partícipes para dialogar sobre as dificuldades e podermos assim, avaliar uma contingência em conjunto, é extremamente saudável e nos dá uma chance de lutar contra as mudanças que nós não controlamos, pelo menos para que possamos receber esse impacto e sairmos com alternativas que possam tornar esse risco menor”.

Outros setores
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas de Goiás (Sinfaego) , Marcelo Reis, um impacto desastroso seria no caso da aplicação de reciprocidade de tarifas por parte do governo federal. “Medicamentos de alto custo como os oncológicos e para as chamadas doenças órfãs (ou raras), além de imunobiológicos, possuem patente norte-americana. Não se faz substituição de maneira simples”, explicou ele.

O presidente do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), Rafael Martinez, comenta que um cenário de falta de insumos afeta o trabalho dos profissionais da saúde, além da sobrecarga de trabalho no sistema público, ou redução de postos de trabalho no privado. Outras entidades participaram da reunião, realizada na sede da Ahpaceg, em Goiânia. Entre elas, a Associação dos Hospitais do Estado de Goiás (Aehg), a Unimed Goiânia, o Sindicato das Clínicas Radiológicas, Ultrassonografia, Ressonância Magnética, Medicina Nuclear e Radioterapia no Estado de Goiás (Sindimagem), o Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás (Sindihoesg), o Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde (Ibross), a Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas de Goiás (Coopanest-GO), Hospital de Olhos, Cerof-UFG, Clínica de Esporte, Halex Istar, Jarbas Doles, dentre outros.

Tratativas
Além da abertura de diálogo que está sendo feita com as entidades de saúde de Goiás, com a previsão de criação do Fórum e outros planos de contingência, o secretário informou que o governador Ronaldo Caiado tem trabalhado para tentar manter o setor de saúde fora do imbróglio tarifário. A pauta deverá ser levada ao próximo fórum de governadores, na tentativa de sensibilizar e garantir o apoio de outras unidades da federação.

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PORTA G1

Conselho Federal de Medicina proíbe o uso de anestesia geral e sedação para realização de tatuagem

Decisão foi publicada no Diário Oficial da União nesta segunda (28). Segundo texto, procedimentos reparadores com indicação médica são exceções.

O Conselho Federal de Medicina proibiu o uso de sedação, anestesia geral ou bloqueios anestésicos periféricos para a realização de tatuagens. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta segunda-feira (28).

De acordo com a resolução, a proibição vale para procedimentos de todos os tamanhos e em todas as regiões do corpo. A exceção é no caso de tatuagens indicadas por médicos para reconstrução de partes do corpo.

Em janeiro deste ano, o empresário e influenciador Ricardo Godoi, de 46 anos, morreu em um hospital particular de Itapema (SC), depois de supostamente ter tomado anestesia geral para fazer uma tatuagem.

Essa prática era comum entre famosos. Como no caso do cantor Igor Kannário, que decidiu "fechar o corpo" em apenas uma sessão. Ou o da influenciadora e irmã do jogador Neymar, Rafaella Santos, que tatuou um leão nas costas.

MC Cabelinho também revelou que tomou uma anestesia geral em uma das tatuagens. “Contratei uma equipe médica, fechei uma sala de cirurgia, os médicos disseram que era possível e eu tomei anestesia geral, dormi por 8 horas, fiquei entubado, porque era nas costas. Tatuei as costas toda”, explicou em entrevista ao “Na Piscina com Fê Paes Leme”.

Na época da morte de Godoi, o g1 conversou com especialistas para entender as diferenças entre sedação e anestesia geral, os riscos e quando os procedimentos são indicados. (Veja a seguir).

Quais os riscos do procedimento?

Assim como qualquer outro tipo de intervenção, a anestesia tem riscos, explica Esthael Cristina Querido Avelar, médica anestesiologista pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

"Alguns tipos de medicações fazem com que ocorra a inibição da respiração espontânea desse paciente. Quando a gente faz anestesia geral, obrigatoriamente a gente provoca isso, e se o médico, por alguma questão anatômica, não conseguir ter acesso à via aérea do paciente, tem risco de fazer uma hipoxemia ou uma falta de oxigênio nos tecidos", diz a anestesiologista, que também é coordenadora do Núcleo de Dor da Clínica Atualli Spine Care.

Além disso, a médica explica que algumas medicações podem provocar uma queda muito abrupta, dependendo da dose, da pressão do paciente e da frequência cardíaca.

George Miguel Goes, médico anestesiologista especialista no tratamento da dor do Hospital Israelita Albert Einstein, ressalta que para receber uma anestesia, o paciente precisa de preparação, como o jejum de oito horas.

"Há o risco de broncoaspiração, o alimento que está no estômago ir parar nos pulmões, se ele não estiver em jejum. Essa é uma complicação frequente. Também pode ter problemas com alergias, arritmias, crises de asma. Tudo isso precisa ser pesado antes de uma anestesia".

O tempo também deve ser levado em conta. "Quando falamos em sedação para endoscopia, falamos de 10 minutos. Quanto mais tempo, mais medicação e mais risco", completa o médico do Hospital Israelita Albert Einstein.

Sedação x anestesia geral

Os especialistas lembram que existem diferenças entre sedação e anestesia geral. Nos casos de Rafaella e Igor Kannário, eles dizem que foram sedados. Já MC Cabelinho diz que tomou anestesia geral.

Anestesia geral: o paciente para de fazer a respiração, ele é inibido de respirar espontaneamente. É aplicada em ambiente hospitalar, precisa de um carrinho de ventilação.

Sedação: pode ser leve, moderada ou até profunda. É possível tirar um pouco a dor do paciente. Ele é induzido ao sono, mas pode despertar durante todo o procedimento. Neste caso, existem clínicas liberadas pela Anvisa para procedimentos com sedação.

"A sedação não tira por completo a sensibilidade da pessoa, seu nível de consciência fica mais rebaixado, mas não está totalmente inconsciente. Na anestesia geral, o paciente fica na mão do anestesista, perde o controle da respiração, precisa de um aparelho de ventilação. A sedação é como um sono mais profundo e a anestesia geral é um estado de inconsciência", aponta George Miguel Goes.

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FOCO NACIONAL

Ahpaceg alerta: Tarifa de 50% dos EUA pode causar colapso na saúde brasileira com impacto imediato de R$ 4,25 bilhões

A Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) emitiu um alerta urgente à sociedade e ao poder público: uma possível guerra comercial entre Brasil e Estados Unidos pode comprometer gravemente o funcionamento do sistema de saúde brasileiro, com impacto imediato estimado em R$ 4,25 bilhões para os setores público e privado.

O motivo da preocupação é a possível imposição de tarifa de 50% sobre os US$ 1,7 bilhão em produtos médicos importados anualmente dos EUA, que hoje são essenciais para o funcionamento de hospitais públicos e privados em todo o país.

A explicação é simples. Dados da Secex/Comex apontam que os Estados Unidos são responsáveis por uma grande parcela desses insumos, que incluem desde medicamentos oncológicos de ponta, como o Keytruda (Merck), até equipamentos de imagem avançados (GE Healthcare), contrastes para exames, próteses ortopédicas e insumos de laboratório (Medtronic, entre outros).

A Ahpaceg adverte que não se trata de uma questão meramente comercial, mas de uma ameaça direta à continuidade dos tratamentos médicos e à saúde pública brasileira.

“A quase totalidade dos equipamentos de imagem, insumos farmacêuticos de ponta, órteses, próteses e materiais especiais utilizados em nossos hospitais é importada, com grande concentração de fornecedores americanos. A substituição desses fornecedores pode levar de 3 a 5 anos, o que deixa o sistema altamente vulnerável”, alerta Renato Daher (foto), presidente da Ahpaceg.

Entre os riscos diretos do tarifaço para a saúde, segundo a Ahpaceg, estão: desabastecimento imediato de insumos como imunoglobulina e contrastes para exames; aumento médio de até 15% nos custos operacionais dos hospitais (dados: Mercer); pressão sobre o orçamento do SUS e repasses aos planos de saúde; paralisação de serviços essenciais em hospitais de alta complexidade e risco de encarecimento e limitação no acesso a tratamentos para milhares de pacientes.

A Ahpaceg também destaca que mais de 50% dos dispositivos médicos usados no SUS vêm dos EUA, o que amplia ainda mais a gravidade da situação.

“Estamos em alerta máximo, também porque as compras do setor de saúde são dolarizadas e uma possível desvalorização do real vai impactar esse mercado. O tarifaço anunciado pelos EUA é uma ameaça real à estabilidade do sistema de saúde de Goiás e do Brasil. É urgente que o governo federal atue com firmeza para proteger os pacientes e a sustentabilidade das instituições de saúde”, reforça Renato Daher.

Em reuniões realizadas nos dias 23 e 24 com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e seu secretariado, a Ahpaceg apresentou propostas para enfrentar a crise iminente. Entre elas, estão a inclusão do setor hospitalar privado nas linhas de crédito com juros reduzidos (10% ao ano) já anunciadas pelo governo e medidas emergenciais para garantir o abastecimento de itens críticos.

Sobre a Ahpaceg

Com sede em Goiânia (GO), a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) foi criada em 2003 e representa as principais instituições hospitalares privadas goianas. Trabalhando com foco na excelência, atua na defesa da qualidade e segurança dos serviços de saúde, promovendo políticas públicas eficazes e sustentáveis para o setor privado.

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JORNAL OPÇÃO

Goiás cria fórum para acompanhar os impactos do tarifaço de Trump na saúde

O fórum tem representação dos setores público e privado. A preocupação do governo é com a possibilidade de sobrecarga do SUS, além de aumento de custo e dificuldade de manutenção de peças e equipamentos importados dos EUA

Goiás criou um fórum para acompanhar o impacto, principalmente na saúde, da guerra tarifária entre o Brasil e os Estados Unidos. Chamado de Fórum Permanente dos Setores Público e Privado, foi criado pela Secretaria de Estado de Saúde. A preocupação é com a possibilidade de reciprocidade tarifária, que segundo a pasta causaria um aumento de custos de mais de US$ 3 bilhões de dólares anualmente. 

O Fórum foi determinado em reunião com o secretário da Saúde de Goiás, Rasível Santos, e representantes do setor, no sábado, 26. Este deve seguir os moldes do comitê criado durante a pandemia de Covid-19.

Para o secretário, o governador Ronaldo Caiado tem trabalhado para tentar manter o setor de saúde fora do imbróglio tarifário. Em reunião com empresários, o governador chegou a dizer que haverá um diálogo com autoridades norte-americanas na tentativa de isentar esse segmento, englobando insumos de saúde, das tarifas. “É um gesto humanitário. Não é possível a inclusão da área de medicamentos, que são fundamentais para a vida das pessoas, e também de peças de aparelhos que são da indústria americana”, disse na ocasião.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que as medidas devem entrar em vigor a partir de 1º de agosto. O cenário econômico do Brasil vai depender de algumas variáveis como as soluções propostas pelas empresas e da reação do governo. Segundo Rasível, o impacto estimado com gastos em saúde pública, ou seja, para o Sistema Único de Saúde (SUS), é de US$ 1,6 bilhão de dólares. Já para o setor privado é de US$ 1,65 bilhão de dólares. 

Goiás já extrapola os gastos da vinculação constitucional. “No ano passado, a gente fechou em 14,31%, sendo que o mínimo constitucional é de 12%. Então é mais de 20% do valor inicial que a gente poderia estar gastando”, explicou o secretário. Em 2025, cinco hospitais deixaram de funcionar no Estado. O secretário expressou preocupação sobre a possibilidade das tarifas inviabilizem a manutenção de unidades de saúde privadas, o que sobrecarregaria a rede pública. Segundo ele, há cerca de 10 hospitais privados que podem se inviabilizar financeiramente ou fechar. 

“Quando fecha um hospital privado, acaba trazendo sobrecarga para o SUS […] Isso traz pressão para os nossos hospitais e nos nossos serviços”, disse Rasível. 

Uma das principais preocupações é com o custo de manutenção dos equipamentos, insumos e medicamentos que atendem a alta complexidade, de acordo com a pasta. A maioria deles são adquiridos principalmente com fornecedores norte-americanos, segundo o presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), Renato Daher. Ele disse que o impacto pode acontecer em aparelhos de ressonância magnética, tomógrafos, equipamentos de hemodinâmica, que dependem de peças e insumos importados. 

Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas de Goiás (Sinfaego), Marcelo Reis, medicamento de alto custo como os oncológicos e para doenças raras possuem patente norte-americana. “Não se faz substituição de maneira simples”, explicou ele. 

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Mabel pede, e Ministério da Saúde sinaliza positivamente para investigação que pode comprometer Rogério Cruz

Atual prefeito teria identificado repasses que foram realizados, mas se perdido pelo caminho, sem nenhum investimento que resultasse deles na gestão anterior

Na segunda semana de julho, Sandro Mabel foi a Brasília para uma reunião com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Oficialmente, o prefeito de Goiânia apresentou demandas e solicitou apoio do Ministério da Saúde para a ampliação do Teto MAC (Média e Alta Complexidade), que define o limite de repasses federais à capital para procedimentos de maior complexidade, além da construção de novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

Porém, a coluna Bastidores apurou que o chefe do Executivo municipal fez, também, um outro pedido ao ministro Padilha. Acompanhado de seu secretário da Saúde, Luiz Peillizzer, Mabel teria pedido ao Ministério que fizesse uma investigação “pente-fino” em todos os repasses federais feitos para a Saúde de Goiânia durante a gestão de Rogério Cruz.

Isso, porque o atual prefeito teria identificado repasses que foram realizados, mas se perdido pelo caminho, sem nenhum investimento que resultasse deles na gestão anterior.

Padilha, por sua vez, como apurado pela coluna, sinalizou positivamente. O ministro teria garantido que fará a investigação por meio do Departamento Nacional de Auditoria do SUS, o DenaSUS.

Em maio deste ano, o Jornal Opção já havia noticiado que Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) confirmou que formalizaria um pedido para que o DenaSUS ampliasse uma auditoria em curso nas maternidades municipais da capital e investigasse, também, a aplicação dos recursos federais nas unidades nos anos de 2022 a 2024, período da gestão do ex-prefeito Rogério Cruz. 

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Rede de saúde mental sofre com preconceito e abandono histórico, mas resiste com cuidado humanizado

Faltam recursos, profissionais e estrutura nas unidades da capital. Ao mesmo tempo, gestores, especialistas e usuários defendem o modelo antimanicomial e lutam por mais acolhimento, vínculo e reintegração social

Por trás das paredes desgastadas e do silêncio das salas de espera nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) de Goiânia, uma rede complexa de cuidados em saúde mental tenta resistir à precariedade e o baixo investimento. Faltam profissionais, insumos básicos, medicamentos essenciais e até computadores para o registro e o repasse de dados ao Ministério da Saúde. O que sobra é a luta cotidiana de usuários, trabalhadores e especialistas para garantir um atendimento mais humano, acolhedor e digno.

Segundo especialistas, a capital enfrenta uma crise estrutural na política de saúde mental, marcada pelo subfinanciamento, má gestão e descaso político que se ampliou na última administração municipal.

O psicólogo sanitarista Marco Aurélio Lima, especialista em saúde coletiva e presidente da Comissão de Saúde Hospitalar do Conselho de Psicologia de Goiás, contextualiza o papel dos CAPS dentro da Reforma Psiquiátrica. “É uma política baseada no cuidado com liberdade, que rompe com a lógica dos hospitais psiquiátricos e propõe acolhimento territorial, em equipe multiprofissional, com projeto terapêutico singular.”

Goiânia, segundo ele, ainda tem uma estrutura insuficiente diante da demanda. “Faltam CAPS, faltam profissionais. A pandemia escancarou isso. Além de psicólogo e psiquiatra, é preciso educador físico, pedagogo, terapeuta ocupacional, assistente social. E o CAPS tem que estar perto de onde o paciente vive, porque isso faz diferença no vínculo e na adesão ao tratamento.”

Para Lima, a ideia de saúde mental precisa ser desconectada do estigma da “loucura”. “Não é frescura. A população passou a buscar atendimento depois da pandemia. Mas, se ao chegar vê que falta tudo, se desilude e só volta na emergência — que é mais caro e menos eficaz.”

Ele reforça que as comunidades terapêuticas, muitas vezes financiadas com dinheiro público, são ambientes de violação de direitos. “Há denúncias de cárcere privado, trabalho forçado (laborterapia), localização em áreas rurais isoladas, sem profissionais qualificados. Ao contrário dos CAPS, que trabalham pela reinserção social, essas instituições promovem o isolamento e o apagamento do sujeito.”

Estigmas

Lima lembra que atendimento em saúde mental ainda enfrenta estigmas sociais. “Não é frescura. As pessoas começaram a buscar atendimento psicológico depois da pandemia, perceberam que não é só para ‘louco’. Mas quando chegam no serviço e veem que não tem profissional, que falta medicamento, o descrédito se instala”, explica

Entre as soluções apontadas, estão o aumento do número de CAPs, a capacitação contínua das equipes, valorização profissional com planos de carreira, articulação com a atenção básica e criação de projetos terapêuticos personalizados. Marco Aurélio defende que o cuidado seja integrado à política de assistência social e à geração de renda, pois o empoderamento do paciente é fundamental para o sucesso terapêutico.

“O atendimento deve ser próximo da casa do usuário, com vínculo, liberdade e dignidade. E não uma reclusão forçada em comunidades terapêuticas. A política de saúde mental precisa ser fortalecida com base na escuta, acolhimento e humanidade. Não podemos retroceder”.

Memes e ataques velados nas redes sociais

Outra preocupação destacada tanto pelo gerente de saúde mental de Goiânia, Roberto Vaz, quanto pelo psicólogo Marco Aurélio Lima, é o crescente número de memes e piadas disseminadas nas redes sociais que fazem referência ao CAPS de forma estigmatizante.

Expressões como “vou te mandar pro CAPS”, “o fulano fugiu do CAPS” ou “parece que esqueceu de tomar o remedinho” são usadas de maneira pejorativa para ridicularizar comportamentos considerados excêntricos ou fora da norma. Embora muitas dessas frases sejam tratadas como brincadeiras inocentes, elas reforçam estigmas profundamente arraigados sobre o sofrimento psíquico e os espaços de cuidado em saúde mental, além de contribuírem para o afastamento da população desses serviços, por medo de julgamento, vergonha ou desinformação.

Essas manifestações humorísticas estão enraizadas em um imaginário social construído ao longo de décadas de internações compulsórias em hospitais psiquiátricos, muitas vezes marcadas por violência, isolamento e violação de direitos. Por outro lado, campanhas e movimentos buscam reforçar a importância do serviço e lutam por uma sociedade que compreenda que sofrimento psíquico não é sinônimo de anormalidade ou desvio, mas uma condição humana que requer escuta, cuidado e respeito.

CAPS residência no Novo Mundo

Apesar das dificuldades enfrentadas pela rede pública, há exemplos de dedicação e práticas inovadoras que resistem ao colapso. No CAPS III Novo Mundo, que conta com residência terapêutica, a proposta é garantir um espaço de acolhimento contínuo, inserido no território e voltado para a autonomia do usuário. O local conta com uma pequena biblioteca, que precisa de doações de livros, área de convivência e oficinas, além de uma área externa fresca e agradável cercada por árvores e sombra.

A gerente da unidade, Consuelo Guilardi, que atua no serviço há 25 anos, explica que o atendimento é multiprofissional e inclui psiquiatras, psicólogos, técnicos e terapeutas. “A prioridade dessa unidade é a criação do vínculo do usuário com os técnicos, com o médico e os profissionais que atendem aqui”, relata.

Consuelo detalha que, por ser um CAPS III, o local funciona em horário comercial, mas conta com acolhimento noturno de até 15 dias para pessoas em crise, com possibilidade de extensão em casos específicos. “O objetivo é evitar a crise ou a internação hospitalar. O usuário pode permanecer conosco nesse período, com suporte técnico, até se estabilizar”, explica.

Além disso, a residência terapêutica associada ao CAPS permite que alguns usuários morem no local por tempo indeterminado, com supervisão contínua, como parte do processo de transição para a vida autônoma. “A residência não é para isolar. Eles precisam vivenciar outros espaços, frequentar clubes, ir ao cinema, ao museu. Isso contribui muito para o tratamento”, afirma.

Para Consuelo, a convivência e a inserção comunitária são tão terapêuticas quanto a medicação. “Temos pacientes que vêm todos os dias, mesmo sem demanda clínica, só para conviver, socializar. Isso mostra a carência de outros dispositivos no território capazes de acolher suas limitações. Precisamos expandir os centros de convivência. O ideal seria ter ao menos um em cada distrito sanitário de Goiânia”, defende.

Demanda crescente e infraestrutura insuficiente

O prédio do CAPS Vassily Chuc, uma das unidades mais importantes da capital, está deteriorado. Segundo Roberto Vaz, gerente de Saúde Mental de Goiânia, o imóvel é alugado e chegou a ser desapropriado e leiloado, mas o processo parou. “Como era alugado, a responsabilidade pela manutenção era do proprietário”, explica. Ainda assim, a unidade segue com capacidade de atendimento de até 30 pacientes por turno.

O problema, contudo, não é só físico. O crescimento da demanda, impulsionado por múltiplos fatores como a pandemia de Covid-19, o aumento no uso de álcool, cigarro, drogas lícitas e ilícitas, o vício em jogos de azar e os impactos das novas tecnologias, tem pressionado o sistema. “A prevenção, o tratamento justo e o acolhimento têm um custo imensurável, tanto humano quanto financeiro”, afirma Roberto.

Além da precariedade visível, há entraves invisíveis: a subnotificação de atendimentos devido à falta de computadores para registro e envio de dados ao Ministério da Saúde, o que compromete o repasse de recursos federais. Segundo ele, a regulação do sistema também foi afetada negativamente desde que a gestão de algumas unidades passou para o Estado.

Ainda assim, o atual modelo de gestão apresenta mudanças. Roberto destaca que a nomeação das gerências de saúde mental, antes atreladas a indicações políticas sem critérios técnicos, passou a ocorrer com mais cuidado a partir de sua chegada ao cargo. Uma das diretrizes da nova gestão, segundo ele, é reforçar o acolhimento nos casos de recaída, evitando rupturas nos vínculos terapêuticos.

Habilitação junto ao Ministério da Saúde

Com a retomada da Coordenação Nacional de Saúde Mental pelo Ministério da Saúde, sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia trabalha para habilitar oficialmente diversas unidades da rede psicossocial, o que permitiria ampliar o financiamento federal e fortalecer os serviços existentes. De acordo com o gerente de saúde mental do município, Roberto Vaz, a cidade pretende regularizar a situação de cinco CAPS que ainda não têm habilitação formal junto à União: CAPSP, CAPS Cativar, CAPS Liberdade, CAPS Noroeste e CAPS AD Oeste.

Roberto explica que a habilitação depende da conformidade com normas técnicas e da publicação de novas portarias federais. “A gente teve reunião com a Natália, que é gerente estadual de saúde mental, e ela explicou que ainda não saiu a portaria que define os procedimentos do centro de convivência, como registrar os profissionais, o que pode ser considerado atividade. Sem isso, não dá pra habilitar o ‘Cuca Fresca’, por exemplo”, afirma.

Segundo ele, além das exigências formais, há também questões estruturais. “O centro de convivência não pode ser anexo a outro serviço. Ele tem que estar em um espaço independente. No caso do Cuca Fresca, ele fica ao lado do ambulatório de psiquiatria, então hoje ele não pode ser habilitado.”

A habilitação das unidades não é apenas um trâmite burocrático — ela impacta diretamente o financiamento, a contratação de profissionais, a estabilidade da rede e o reconhecimento da política de saúde mental em âmbito federal. Sem esse vínculo formal, as unidades seguem funcionando com recursos municipais, o que sobrecarrega o orçamento local e limita a expansão dos serviços.

Realidade de abandono

Apesar do modelo proposto, a realidade é outra. Vanete Resende, da Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental (Aussum), relata que os serviços ficaram “abandonados” durante a gestão do ex-prefeito Rogério Cruz (SD) e permanecem desestruturados sob o atual governo. “Falta até o básico, como soro. Falta remédio, principalmente para quem está em tratamento contra dependência química”, denuncia.

Ela relata ainda a ausência de capacitação específica para os profissionais, o que compromete o atendimento em momentos críticos. “Muitas vezes uma pessoa tem um surto psicológico e os profissionais não sabem como agir, porque não foram treinados para isso”, afirma.

Além da falta de estrutura, há risco de despejo de algumas unidades por inadimplência do município com os proprietários dos imóveis alugados. A ameaça de fechamento de CAPS em decorrência de dívidas herdadas da gestão anterior gera insegurança e interrompe tratamentos.

“Esse abandono acaba empurrando as famílias para comunidades terapêuticas, que muitas vezes praticam abuso, tortura e castigo. Não têm médicos, só isolamento. É um manicômio disfarçado. Um retrocesso”, alerta Vanete.

As comunidades terapêuticas e a violação de direitos

A preocupação com o crescimento das comunidades terapêuticas também é compartilhada por Marco Aurélio. Segundo ele, o Conselho Regional de Psicologia de Goiás, em parceria com o Ministério Público e a Vigilância Sanitária, identificou uma série de irregularidades nesses espaços. Em 2025, por exemplo, 28 dessas instituições foram fechadas no município de Anápolis.

“As denúncias vão de cárcere privado a trabalho forçado, a chamada laborterapia. Essas comunidades estão em áreas rurais, isoladas, e os pacientes ficam anos sem contato com o mundo exterior. Isso é o oposto do que propõe o CAPS, que trabalha com autonomia e protagonismo”, enfatiza.

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CANA ONLINE

Impasse judicial em Sertãozinho: Desapropriação de hospital particular para ampliar atendimento no SUS gera controvérsias

Decreto para desapropriar hospital particular e ampliar atendimento no SUS vira impasse judicial em SP; entenda

Em Sertãozinho, a Prefeitura decretou que instalações do Hospital Netto Campello, em funcionamento, são de interesse público. Os fundadores do centro médico entraram na Justiça questionando a medida.

O Hospital Netto Campello, localizado em Sertãozinho (SP), foi fundado nos anos 1950 e é um dos dois da cidade, juntamente com a Santa Casa. Criado para atender trabalhadores do setor sucroenergético e suas famílias, é administrado pelo Grupo Hapvida desde 2023. Com 44 leitos, centro cirúrgico e pronto-socorro 24 horas, o hospital atende pacientes de diversos planos de saúde da região.

A tentativa de ampliação de vagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) através da desapropriação de um hospital particular em funcionamento se tornou o centro de uma disputa judicial em Sertãozinho (SP), na região de Ribeirão Preto (SP).

A falta de vagas no SUS e a necessidade de aumentar a oferta de atendimentos médicos pela rede pública foram as justificativas apresentadas pelo prefeito Zezinho Gimenez (MDB) para o decreto de desapropriação. O objetivo era utilizar as instalações do Hospital Netto Campello, que segundo estudos realizados pela administração municipal, encontrava-se subaproveitado.

A Hapvida, responsável pela gestão do hospital, comunicou que segue acompanhando o caso e que todos os serviços continuam sendo realizados normalmente. Enquanto isso, a Canaoeste, associação dos fundadores do centro médico, alega que a desapropriação não resolveria o déficit histórico da cidade e que estrategicamente não faz sentido desapropriar um hospital privado em funcionamento.

Diante do impasse, a Canaoeste entrou com uma ação judicial questionando a medida da Prefeitura. O juiz responsável indeferiu a liminar, porém o mérito da desapropriação ainda será julgado posteriormente. Enquanto isso, a população de Sertãozinho aguarda para entender os rumos que essa decisão tomará e como isso impactará o atendimento médico na região.

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GAZETA DO POVO

Justiça suspende resolução do CFM que endurece regras para transição de gênero

A Justiça Federal no Acre suspendeu nesta sexta-feira (25) a norma do Conselho Federal de Medicina (CFM) que proíbe o uso de bloqueadores hormonais para mudança de gênero em crianças e adolescentes. A Resolução 2.427/2025, de abril deste ano, também aumenta de 18 para 21 anos a idade mínima para a realização de cirurgias de transição, quando os procedimentos implicarem potencial efeito esterilizador.

O Ministério Público Federal (MPF) argumentou que a regra configura “retrocesso social e jurídico, em flagrante violação às evidências científicas consolidadas”. Os procuradores pediram a suspensão liminar da medida e a condenação do CFM ao pagamento de R$ 3 milhões em danos morais coletivos.

O montante seria revertido em ações, projetos educativos e de enfrentamento das violências contra pessoas trans e travestis, elaborados com a participação de entes da sociedade civil e governamentais.

Nos autos, o Conselho rebateu a ação civil pública do MPF e apontou que o tema já é discutido no Supremo Tribunal Federal (STF), portanto, não caberia à Justiça Federal decidir. O juiz federal Jair Araújo Facundes, da 3ª Vara Federal Cível e Criminal da Seção Judiciária do Acre, rejeitou o argumento.

A resolução de abril altera uma norma editada pelo CFM em 2019 (Resolução 2.265/19). Facundes esclareceu que não está em discussão o poder regulamentador do CFM sobre o proceder médico profissional, mas “há discordância genuína acerca dos limites desse poder regulamentador quando o tema envolve outras áreas do conhecimento”.

O magistrado ressaltou que a resolução anterior foi “resultado de um amplo debate com diversos representantes da sociedade civil e pesquisadores”, enquanto a norma atual foi “elaborada exclusivamente pelo CFM”. Dessa forma, ele estabeleceu que qualquer nova alteração na resolução de 2019, “deverão ser necessariamente antecedidas de debate e deliberação com a participação de pelo menos os mesmos órgãos e entidades que participaram de sua elaboração”

“Se o CFM reconheceu a necessidade de várias especialidades na elaboração da regulamentação do tema, não pode revogar sem passar pelo mesmo procedimento de aprovação, exceto se apresentar razões para tanto”, disse Facundes ao apontar vício procedimental e falta de fundamentação na nova resolução do CFM.

Cadastro

O Conselho também determinou que serviços médicos que realizam procedimentos cirúrgicos de transição de gênero deverão, obrigatoriamente, cadastrar os pacientes e repassar as informações aos Conselhos Regionais de Medicina competentes.

O juiz afirmou que cadastros, como o exigido na resolução, são “catalogações de seres humanos em razão de características pessoais são, por definição, incompatíveis com o direito à privacidade e intimidade, com a dignidade e respeito uniforme que todas as pessoas merecem”.

Juiz critica “tom irônico” do CFM

O CFM sustentou que a imposição da idade mínima de 21 para cirurgias de redesignação está prevista em legislação aprovada pelo Congresso. No entanto, o juiz lembrou que a lei foi discutida e aprovada com uma “finalidade ou fim público bem distante do tema ora tratado”.

Facundes apontou que o dispositivo “veicula um paternalismo incompatível com a autonomia da vontade” por dispor a “indivíduos transgêneros que conservem órgãos correspondentes ao sexo biológico junto ao especialista adequado (se genitália masculina, urologista; se feminina, ginecologista)”.

Segundo o magistrado, para justificar essa regra em específico, o CFM “adotou um tom irônico, inapropriado quando se discute temas que envolvam sofrimento humano e dor, junto a público com índices de suicídio acima dos demais grupos sociais”.

“De qualquer forma, há todo um arcabouço jurídico que garante às pessoas o direito de escolher seus médicos, e se alguém, mesmo com genitais masculinos, sente-se mais confortável e seguro em se consultar com um ginecologista, o Estado não deve interferir nessa escolha. Caberá ao médico e paciente decidirem se será chamado um terceiro profissional, mas não se legitima, prima facie, essa imposição”, disse.

Terapia hormonal

Em relação às terapias hormonais, o CFM defendeu a vedação de bloqueadores hormonais para crianças e adolescentes com base na falta de pesquisas durante a vigência da Resolução no 2.265/19 e em estudos europeus como o “Cass Review”, elaborado no Reino Unido.

Facundes ponderou que o Judiciário “não tem expertise para intervir em controvérsias científicas”, porém, defendeu que o Judiciário “deve examinar e decidir se a razão exposta para suspender um tratamento, mesmo que experimental, é, em si mesma, coerente frente às premissas enunciadas”.

“Assim sendo, o mencionado relatório Cass Review não legitima a vedação dos bloqueadores hormonais, antes recomenda sua adoção desde que no âmbito de pesquisa científica, como constava na Res. 2.265/19”, ressaltou.

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MEDICINA S/A

Tecnologia: menos burocracia, mais tempo para o cuidado

O simbolismo da burocracia na saúde brasileira ainda é uma realidade cotidiana. Profissionais da área sobrecarregados, formulários extensos, processos manuais e filas de espera, sobretudo nos postos de saúde, são características que tornam o acesso ao atendimento demorado e exaustivo. Como falar em cuidado humanizado, um termo da moda, se ainda há tanto para mudar?

A boa notícia é que a transformação digital, especialmente após a chegada da inteligência artificial, tornou-se uma aliada poderosa para mudar essa realidade. As ferramentas disponíveis no mercado podem esclarecer dúvidas, traduzir termos técnicos e sugerir planos de cuidado sob medida, tornando a jornada de saúde dos pacientes (e de trabalho dos profissionais) mais compreensível, segura e acolhedora.

De acordo com um levantamento da Medscape, 62% dos profissionais da saúde apontam a sobrecarga de tarefas repetitivas como um dos principais motivos para o esgotamento. Na recepção, isso significa menos tempo para acolher com atenção e mais desgaste com agendamentos e confirmações de consultas e exames. Porém, hoje, a tecnologia já permite automatizar esses processos: com soluções que integram informações dos agendamentos e triagens, é possível otimizar o fluxo de atendimento e garantir uma melhor experiência ao paciente. E o resultado disso são equipes mais disponíveis para cuidar e pacientes satisfeitos desde o primeiro contato.

Sempre ouvimos que a tecnologia poderia afastar o olhar humano do atendimento, o que pode ser verdade em caso de má administração. Mas, na prática, o que vemos é o contrário: usada com inteligência, a tecnologia está permitindo resgatar a atenção e a escuta que o cuidado humanizado exige.

Os efeitos dessa transformação já são visíveis. Em clínicas que adotaram a inteligência artificial, os índices de burnout entre os profissionais de saúde têm diminuído. Na rede norte-americana Kaiser Permanente, por exemplo, 74% dos médicos relataram sentir-ser mais presentes nos atendimentos após a adoção de plataformas machine learning, ou seja, aqueles sistemas que “aprendem” os dados ao longo do tempo, sem a necessidade de reprogramação. Na saúde, a IA pode aprender a reconhecer a voz do médico e interpretar termos clínicos através da repetição.

No Brasil, essa percepção também cresce entre os gestores. Uma pesquisa da PwC Brasil revelou que 68% dos diretores de hospitais acreditam que a tecnologia será o principal fator de transformação nos próximos três anos. Para a maioria, ela tornará o sistema de saúde mais eficiente e ajudará na democratização do acesso aos tratamentos.

Mais do que uma tendência, o uso da IA é um recurso essencial para resgatar o que o cuidado em saúde tem de mais valioso: o tempo dedicado às pessoas. Automatizar o que é repetitivo não significa desumanizar. Pelo contrário, é uma forma de devolver aos profissionais de saúde.

*Eduardo Nunes é fundador e CEO da Wellon.

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Gestão na saúde pública e as Organizações Sociais de Saúde

Nos últimos anos, a gestão da saúde pública no Brasil vem sendo um tema de debate e inovação e passado por diversas transformações, impulsionadas pela necessidade de melhorar a eficiência dos serviços e ampliar o acesso da população. Dentre as estratégias adotadas para melhorar a eficiência e ampliar o acesso aos serviços de saúde, a gestão por Organizações Sociais de Saúde (OSS) tem se destacado como modelo viável e eficaz, participando também do processo de descentralização da saúde. Neste contexto, o modelo de gestão por OSS tem se mostrado importante, proporcionando maior autonomia, eficiência e qualidade nos serviços prestados à população alinhadas às diretrizes e políticas públicas estabelecidas pelo SUS.

A descentralização da saúde pública visa garantir que os serviços de saúde sejam oferecidos de forma mais próxima da população, com decisões sendo tomadas para contemplar as especificidades de cada região. A descentralização facilita o acesso à saúde, promovendo a participação das gestões municipais e estaduais, favorecendo uma resposta mais rápida e adequada às demandas locais, garantindo maior equidade e qualidade no atendimento à população.

Ao assumir a gestão de unidades de saúde, as OSS promovem maior eficiência, agilidade e qualidade nos serviços de saúde, alinhadas com as diretrizes do SUS e atendendo de maneira efetiva as necessidades da população.

Um dos exemplos mais notáveis da aplicação do modelo de gestão por OSS é o Ceará, que tem adotado essa abordagem com sucesso em diversas regiões. A implementação das OSS nas áreas de saúde, como hospitais e unidades de pronto atendimento e atenção primária, permitiu a melhoria na qualidade do atendimento e maior agilidade nos processos administrativos e assistenciais.

As perspectivas para o futuro da gestão por OSS são promissoras. Com o fortalecimento da implementação de boas práticas, controle e transparência e a busca por inovação na gestão, as OSS irão se consolidando cada vez mais como um modelo eficaz de gestão da saúde pública no Brasil.

*Virgínia Silveira é Diretora Presidente do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH).

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Assessoria de Comunicação