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CLIPPING AHPACEG 05/12/25
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Avança proposta que cria exame nacional obrigatório para médicos
https://medicinasa.com.br/exame-obrigatorio-medicos/
Cibersegurança e LGPD: como reduzir riscos e ampliar confiança
https://medicinasa.com.br/ciberseguranca-lgpd-pacientes/
Nova norma do CFM: conflitos de interesse e a transparência
https://medicinasa.com.br/nova-norma-cfm/
A cláusula de coparticipação em contratos de seguro de saúde
https://medicinasa.com.br/clausula-coparticipacao/
A Nova Autogestão em Saúde
https://revistacobertura.com.br/noticias/artigos/a-nova-autogestao-em-saude/
Grupos monetizam desinformação sobre autismo e vendem substância tóxica a quem busca cura
MEDICINA S/A
Avança proposta que cria exame nacional obrigatório para médicos
A Comissão de Assuntos Sociais do Senado Federal aprovou, por 11 votos a 9, um projeto de lei que institui o Exame Nacional de Proficiência em Medicina (Profimed) como requisito obrigatório para que novos médicos obtenham registro profissional nos conselhos regionais de Medicina. A proposta ainda passará por mais um turno de votação no colegiado para a aprovação definitiva.
O texto aprovado é um substitutivo (texto alternativo) do relator, senador Hiran (PP-RR), ao Projeto de Lei (PL) 2.294/2024, de autoria do senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP). Como a CAS tem a decisão final sobre a proposta, é necessária a votação suplementar do envio do projeto à Câmara dos Deputados, explicou o presidente da comissão, senador Marcelo Castro (MDB-PI).
De acordo com o texto aprovado, o Profimed será coordenado, regulamentado e aplicado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Além do exame de proficiência para os egressos do curso, o texto amplia o alcance da proposta original e cria instrumentos para acompanhar a formação médica:
Estudantes do 4º ano do curso deverão fazer o Enamed, avaliação obrigatória sob coordenação do Ministério da Educação (MEC) para medir a qualidade dos cursos;
Plano de expansão da residência, com meta de alcançar, até 2035, ao menos 0,75 vaga de residência por médico formado;
Competência exclusiva da União para autorizar e supervisionar cursos de medicina;
Inscrição de Egresso em Medicina (IEM), permissão restrita a atividades técnico-científicas para quem ainda não for aprovado no Profimed.
“Nós do movimento médico consideramos esse o projeto de lei mais importante desse século, principalmente para proteger o povo brasileiro, porque vivemos uma crise perigosa de fragilidade na formação do médico brasileiro, consequência de uma proliferação desenfreada, irresponsável e mercantilista de cursos.” afirmou Hiran.
A iniciativa mantém a exigência do exame também para formados no exterior, mas equivale a aprovação no Profimed às duas etapas do Revalida, o que evita duplicidade de obrigações para quem já revalidou o diploma.
“Precisamos de uma solução urgente para esse crescimento desordenado de faculdades de medicina que não têm capacidade de formar bons médicos. Essa espécie de OAB da medicina é um ponto de inflexão no setor.” defendeu Astronauta Marcos Pontes, autor da proposta.
Divergências sobre avaliação
A aprovação do projeto ocorreu sob intenso debate. Parte dos parlamentares reconheceu a importância da proficiência, mas demonstrou preocupação com a aplicação concentrada em uma única prova ao final do curso e também com a coordenação da avaliação pelo CFM, e não pelo MEC.
“Não será apenas um teste final que vai reorganizar o sistema. Defendo a proficiência, mas como etapa de um processo mais amplo, que começa no quarto ano, com consequências para as escolas.” detalhou o senador Rogério Carvalho (PT-SE).
“Não sou a favor desse exame único no final do curso. Temos que avaliar o aluno durante todo o processo formativo. ” ponderou a senadora Zenaide Maia (PSD-RN).
Os dois senadores também são médicos.
Após a votação, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) ressaltou que o colegiado tem posição comum sobre a necessidade do exame, apesar das divergências sobre quem deve aplicá-lo.
“É fundamental que se saiba que todos somos favoráveis ao exame de proficiência. A divergência está em retirar do MEC a atribuição de aplicá-lo, como propôs o substitutivo.” declarou. (Com informações da Agência Senado)
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Cibersegurança e LGPD: como reduzir riscos e ampliar confiança
A transformação digital do setor de saúde, especialmente no âmbito das clínicas médicas, tem ampliado a eficiência do cuidado, a interoperabilidade entre sistemas e a capacidade de resposta das instituições. No entanto, essa evolução traz consigo um desafio igualmente relevante: a necessidade de proteger informações sensíveis.
Em razão de sua natureza, os dados de saúde são classificados pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) como “sensíveis”, exigindo tratamento mais rigoroso, medidas reforçadas de segurança e processos organizacionais próprios. Em um ambiente cada vez mais digitalizado, clínicas médicas tornam-se alvos privilegiados de ataques e incidentes, o que exige estrutura técnica, maturidade institucional e uma cultura consistente de segurança da informação.
A crescente informatização de prontuários, telemedicina, prescrições digitais e plataformas integradas ampliou significativamente o risco de fraudes, invasões e acessos indevidos. Hoje, clínicas e operadoras convivem com tentativas de captura de dados, falsificação de identidades médicas, solicitações indevidas de reembolsos, uso de engenharia social para obtenção de senhas, manipulação de credenciais de pacientes e disseminação de links fraudulentos que simulam comunicações legítimas.
Trata-se de fenômeno global, decorrente do alto valor econômico que informações de saúde têm em mercados ilícitos, além da própria fragilidade emocional e privada que tais dados representam. A regulação setorial acompanha essa preocupação: a Resolução Administrativa nº 81/23 da ANS estabelece diretrizes obrigatórias de segurança da informação, impondo controles de acesso, termos de responsabilidade e sigilo inclusive para terceiros que tenham contato com dados regulados pela Agência. O cenário demonstra que o tema deixou de ser acessório e passou a ocupar posição central na governança das instituições de saúde.
Nesse contexto, a proteção de dados em clínicas médicas demanda muito mais do que investimentos em tecnologia. Ela exige a construção de rígidos protocolos de governança que envolva políticas internas claras, definição de responsabilidades, gestão de riscos, processos de consentimento bem estruturados, controle de acessos e monitoramento contínuo. É indispensável que cada instituição compreenda que segurança da informação não se limita a sistemas robustos, mas depende de pessoas treinadas, fluxos internos adequados, contratos bem redigidos e supervisionados, bem como processos de auditoria permanentes. A integração entre áreas – jurídica, compliance, TI, desde o primeiro contato com o paciente por recepcionistas e secretárias até a direção clínica – torna-se um requisito para assegurar conformidade e fortalecer a confiança do usuário.
A LGPD, ao disciplinar o tratamento de dados pessoais sensíveis, transformou a privacidade em um componente de governança obrigatória. A lei impõe ao agente de tratamento o dever de demonstrar conformidade e de adotar medidas proporcionais ao risco da atividade, em especial por meio de relatórios de impacto, designação de encarregado, políticas formais, revisão de contratos com fornecedores e implementação de controles preventivos desde a concepção dos processos.
Longe de restringir a inovação, a LGPD confere previsibilidade, incentiva práticas seguras, fortalece a relação médico-paciente e estimula investimentos em soluções tecnológicas confiáveis. Para clínicas médicas, a conformidade deixou de ser mero requisito regulatório e passou a integrar a dinâmica da própria prestação de serviços, influenciando reputação, sustentabilidade e desempenho operacional.
Há, contudo, um aspecto frequentemente negligenciado: a corresponsabilidade do próprio paciente na segurança digital. Muitos incidentes decorrem de comportamentos inseguros dos titulares, como o compartilhamento de códigos de autenticação, o envio de documentos médicos por canais informais, o clique em links suspeitos, a instalação de aplicativos não oficiais ou o fornecimento de credenciais a pessoas mal-intencionadas que se passam por atendentes ou representantes de planos de saúde. Esses comportamentos, considerando a aplicabilidade do CDC, podem configurar culpa exclusiva do consumidor, rompendo o nexo causal em caso de incidente e afastando a responsabilidade da clínica ou da operadora.
Por isso, além das medidas internas, as instituições precisam investir em comunicação preventiva e educação digital contínua, adotando modelos de segurança baseados na experiência do usuário, com mensagens educativas, alertas de acesso, autenticação multifatorial e sistemas que orientem automaticamente o paciente a práticas mais seguras, na medida em que estamos diante da responsabilidade objetiva, ou seja, independentemente de culpa.
A conscientização do usuário é um dos pilares para a redução de fraudes. Os pacientes devem ser instruídos a reconhecer sinais de alerta, como cobranças de procedimentos não realizados, alteração não solicitada de dados cadastrais, links encaminhados por fontes duvidosas, pedidos de senhas ou códigos de verificação por WhatsApp, e notificações de acesso desconhecido em suas contas.
Tecnologias como inteligência artificial, interoperabilidade nacional, big data assistencial, prontuários integrados e telemedicina avançada tendem a expandir exponencialmente o volume e a sensibilidade das informações tratadas por clínicas médicas. Esse cenário amplia oportunidades assistenciais, aprimora diagnósticos, viabiliza medicina personalizada e reduz custos operacionais. No entanto, também potencializa riscos de ciberataques, vieses algorítmicos, e aumento da sofisticação das fraudes.
Em síntese, para clínicas médicas, proteger dados não é apenas uma obrigação jurídica: trata-se de preservar a confiança que fundamenta a relação médico-paciente e de garantir a continuidade do cuidado em um ambiente digital que combina oportunidades de inovação com riscos cada vez mais complexos à privacidade.
*Letícia Piasecki Martins é sócia do Meira Breseghello Advogados e membro da Comissão de Direito Médico e de Saúde da OAB São Paulo.
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Nova norma do CFM: conflitos de interesse e a transparência
O Conselho Federal de Medicina (CFM), desde março deste ano, implementou uma norma que exige que médicos informem ao Conselho a existência de vínculos com empresas farmacêuticas e fabricantes de próteses, como participação em palestras, consultorias ou pesquisas. Entretanto, em uma notícia recente foi informado que apenas 30 médicos brasileiros declararam vínculos com a indústria da saúde, conforme determina o CFM. E esse número se torna mais preocupante quando vemos o último levantamento do Conselho, de 2024, que diz que o Brasil possui 575.930 médicos ativos.
Vale dizer que, a norma não exige que o profissional declare informações sobre valores recebidos ou outros benefícios, somente a existência do vínculo. Ou seja, não se trata de proibir a relação entre médicos e indústria, mas de garantir que essas conexões sejam transparentes.
O problema surge quando essas relações permanecem ocultas, comprometendo a credibilidade das decisões clínicas e da própria medicina como instituição social.
A transparência é um valor ético fundamental e não uma mera exigência burocrática. É o que permite ao paciente compreender o contexto em que determinada conduta médica é adotada e ao mesmo tempo preservar a integridade do profissional. A bioética nos ensina que o dever de declarar vínculos é um compromisso com a justiça e com a confiança pública, princípios que sustentam a autonomia e segurança do paciente, além da integridade da relação médico-paciente.
Também, não podemos decretar o baixo índice de declarações somente por falta de comunicação institucional. Ele também reflete a fragilidade da cultura de compliance no ambiente médico e a resistência que ainda existe quando o assunto é prestação de contas. O CFM, ao criar a resolução, deu um passo importante, mas a ausência de divulgação ampla, de mecanismos simples de declaração e da publicação dos dados em formato acessível à sociedade enfraquece o alcance da medida. Transparência não se impõe apenas por norma, ela se constrói com educação, sensibilização e exemplo.
Nos Estados Unidos, por exemplo, existe a lei Sunshine Act que obriga a divulgação pública dos pagamentos realizados pela indústria a médicos, com detalhamento de valores e natureza dos serviços. O objetivo é garantir que eventuais conflitos de interesse sejam conhecidos e geridos de maneira responsável. No Brasil, a resolução do CFM é um passo inicial na mesma direção, mas ainda tímido diante do tamanho do desafio.
Por isso, falar sobre conflito de interesse não é apontar culpa, é reconhecer que o exercício da medicina acontece em um ambiente complexo, onde ciência, mercado e assistência se entrelaçam. O que se espera de uma instituição madura, é que reconheça esses riscos e os administre com transparência e ética. A omissão, por outro lado, fragiliza a confiança do paciente, expõe o profissional e compromete a credibilidade do sistema.
A bioética e o compliance caminham lado a lado na construção de uma cultura de integridade. É preciso que médicos, gestores e entidades representativas compreendam que declarar vínculos não é se expor, mas se proteger. A transparência fortalece o cuidado, protege o paciente e preserva a dignidade da profissão.
*Camila Cortez é advogada, consultora, palestrante especializada em Bioética, Direito Médico e Healthcare Compliance, fundadora da KCortez Consultoria, Diretora e Professora do Instituto BIOMEDS.
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A cláusula de coparticipação em contratos de seguro de saúde
O crescente número de demandas judiciais que buscam a declaração de nulidade ou a caracterização de abusividade das cláusulas de coparticipação tem ampliado o debate acerca da legalidade dessas disposições nos contratos de planos de saúde.
No entanto, uma simples análise da legislação vigente e da jurisprudência atual, à luz do princípio do equilíbrio contratual, evidencia que a cláusula de coparticipação constitui uma manifestação legítima da autonomia da vontade das partes no momento da pactuação do contrato de adesão ao plano de saúde.
Isso porque, nessa modalidade, o consumidor, ao optar por uma mensalidade mais acessível, assume o compromisso de arcar com um valor adicional fixo destinado à contraprestação devida à operadora, responsável pelo custeio do valor remanescente do procedimento, permitindo que os custos dos serviços sejam distribuídos entre as partes e assegurando o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
A Lei nº 9.656/98, em seu art. 16, VIII, reconhece expressamente a validade da coparticipação, desde que haja previsão contratual clara, com identificação dos procedimentos sujeitos ao regime e definição objetiva dos percentuais aplicáveis.
A regulamentação infralegal reverbera o mesmo entendimento: a Resolução CONSU nº 8/1998 apenas veda mecanismos que imponham ao beneficiário o custeio integral do procedimento ou dificultem indevidamente o acesso ao serviço, enquanto a Resolução Normativa nº 465/2021 da ANS estabelece que a coparticipação está limitada a 50% do valor contratado entre operadora e prestador, devendo observar os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
É evidente, assim, que a principal finalidade da modalidade de coparticipação é assegurar o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, atuando como mecanismo de moderação no uso dos serviços e de repartição equitativa dos custos.
Esse modelo possibilita a manutenção de mensalidades mais acessíveis, amplia o acesso dos consumidores aos serviços de saúde e vincula parte do pagamento ao uso efetivo do plano, contribuindo, assim, para a sustentabilidade do sistema de saúde suplementar e para a prevenção de aumentos generalizados nas mensalidades de todos os beneficiários. Desse modo, quem mais utiliza, pagará mais do que quem menos utiliza.
A jurisprudência, de igual modo, é firme ao reconhecer a validade da cláusula de coparticipação, desde que observados os deveres de informação e transparência contratual.
O judiciário, nesse contexto, tem papel relevante para estabilizar a judicialização das demandas que questionam as cláusulas e os cálculos de coparticipação nessa modalidade de contratação, o que deve ser feito, por um lado, para confirmar se as operadoras estão aplicando as coparticipações e os reajustes anuais de forma legal e, de outro lado, rechaçar com firmeza as milhares de ações, muitas delas movidas em massa mediante advocacia predatória e que genericamente discutem nulidade ou abusividade de cláusulas contratuais, de cálculos de coparticipação e de reajustes.
Não se pode, assim, desconsiderar que a adoção de uma interpretação consumerista irrestrita, sem observância dos princípios contratuais, fragiliza a segurança jurídica e desconsidera o pacto assumido entre as partes, além de efetivamente contrariar os dispositivos legais e regulamentares incidentes sobre a questão.
Ao aderir ao contrato, as partes assumem obrigações recíprocas, uma vez que cabe à operadora prestar informações adequadas e fornecer demonstrativos claros das cobranças, enquanto ao beneficiário incumbe o dever de adimplir a parcela proporcional ajustada e ao judiciário, ainda, preservar o equilíbrio dessas relações.
Na hipótese de controvérsia, é de se ressaltar que a análise técnica por perito atuarial é essencial para verificar a regularidade das cobranças e subsidiar a análise do magistrado acerca da aderência do contrato às normas regulatórias e às práticas de mercado, permitindo uma decisão mais bem embasada e que possa contribuir para a formação de uma jurisprudência técnica sobre o tema.
Assim, a modalidade de coparticipação não deve ser vista como obstáculo ao direito à saúde, mas como ferramenta essencial à ampliação do acesso à saúde e à manutenção da viabilidade econômica dos planos de saúde privados, amplamente respaldada na legislação e nas resoluções da agência reguladora do setor.
*Luana Sales Barros da Silva é advogada no Serur.
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PORTAL REVISTA COBERTURA
A Nova Autogestão em Saúde
A Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, na reunião da Diretoria Colegiada realizada no dia 31 de outubro p.p, aprovou a nova redação da resolução normativa que trata das entidades de autogestão no âmbito do sistema de saúde suplementar.
José Luiz Toro da Silva
O órgão regulador reconheceu que se fazia mister a alteração da regulação das autogestões em saúde porque a norma existente caracteriza um alto custo regulatório, podendo resultar na "insustentabilidade econômico-financeiro e descontinuidade de suas operações", não obstante o relevante papel social que exercem, pois não possuem finalidade lucrativa e são geridas pelos seus membros, empresas patrocinadoras ou mantenedoras, empregados e servidores públicos, representando mais de 4 milhões de beneficiários. Reconheceu a ANS que a norma até então vigente estabelecia critérios e condições restritivas, restringindo o acesso de muitas empresas e de categorias profissionais a esse exitoso modelo assistencial, mantida, porém, a regulação aplicável às autogestões de recursos humanos e órgãos assemelhados.
Aludida alteração foi objeto de inúmeros estudos e análises, bem como de intensa participação social e amplo debate.
As alterações aprovadas pela ANS referem-se, principalmente: (i) à ampliação do grupo familiar dos participantes, podendo abranger parentes consanguíneos e por afinidade até o 4º. Grau; (ii) a eliminação das restrições que existiam sobre a necessidade de as empresas patrocinadoras/mantenedoras serem do mesmo ramo de atividade ou grupo econômico; (iii) possibilidade de autogestões de uma ou mais categorias profissionais, eliminando restrição que existia; e (iv) a possibilidade das autogestões compartilharem a sua rede de prestadores de serviços com outras operadoras de planos privados de assistência à saúde.
A nova norma permitirá que pessoas jurídicas de ramos diversos possam se associar para a implantação de uma entidade de autogestão ou a integração a uma já existente, com objeto social exclusivo, destinada a proporcionar um plano de saúde mais acessível para os seus colaboradores. Doravante, empresas diversas, inclusive aquelas que estão em um mesmo distrito industrial, por exemplo, poderão constituir uma entidade de autogestão em saúde. Foi abolida a necessidade de correlação de atividades para patrocinadores u mantenedores das autogestões. As regras de convivência entre as empresas participantes são disciplinadas através de um convênio de adesão.
Igualmente, também foi afastada a exigência de associações ou fundações de uma única categoria profissional para a formação de um plano de saúde próprio, na modalidade de autogestão. Agora, categorias profissionais diversas poderão se unir, visando a constituição de um plano mais sólido e representativo, fortalecendo os princípios do mutualismo e solidariedade. Tal alteração facilitará e ampliará, por exemplo, a formação de autogestões, por iniciativa de Sindicatos, Associações Profissionais e outras formas de representação de categoriais profissionais. A norma também trata da elegibilidade de militares e ex-militares de um ou vários entes federativos.
As alterações foram realizadas, a fim de ampliar a elegibilidade das autogestões de saúde, devendo ser preservado o princípio da representatividade, pois o "ato constitutivo da entidade de autogestão deverá prever que todos os beneficiários titulares que contribuam para o custeio do plano de saúde, bem como o mantenedor ou patrocinador, serão elegíveis para compor seu órgão máximo de administração, bem como quaisquer outras instâncias de caráter deliberativo, fiscalizador ou consultivo, quando existentes". Esse aspecto é que diferencia as autogestões dos outros segmentos do mercado de saúde suplementar. A nova norma estabelece uma estrutura organizacional mínima que deverá ser observada pelas entidades de autogestão, pois os beneficiários titulares, os mantenedores e patrocinadores não são simples contratantes, mas sim os proprietários da entidade de autogestão, devendo participar de sua administração.
As alterações realizadas abrem, inclusive, a possibilidade de potenciais beneficiários e empresas, atualmente sem qualquer assistência suplementar à saúde, se tornarem elegíveis para a constituição ou a integração a uma entidade de autogestão, "estimulando o mercado e aumentando o acesso da população à saúde", lembrando que os planos de autogestão não possuem finalidade lucrativa, sendo que todos os seus resultados são revertidos para a própria entidade, sem distribuição de lucros e dividendos para seus dirigentes ou associados, bem como não possuem custos de intermediação e estão sujeitos a um regime tributário diferenciado, pois possuem natureza jurídica associativa ou fundacional.
Enfim, citada norma corrige uma situação limitadora que existia, proporcionando uma ampliação da elegibilidade do grupo de beneficiários, com a oxigenação das carteiras das autogestões, estimulando o mercado e aumentando o acesso da população à serviços de saúde de qualidade, geridos pelo seus beneficiários titulares e empresas patrocinadoras ou mantenedoras, observadas as garantias e reservas financeiras determinadas pela legislação vigente, observados os conceitos de mutualismo, solidariedade e sociedade civil organizada.
A nova norma ampliará a concorrência, com reflexos nos preços e na qualidade atualmente oferecida, com potencial de ampliação da massa atualmente assistida pelos planos privados de assistência à saúde.
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PORTAL TERRA
Grupos monetizam desinformação sobre autismo e vendem substância tóxica a quem busca cura
Roberta encontrou em uma comunidade online a promessa de cura de seu filho de cinco anos, diagnosticado com autismo. Seguindo orientações, ela deu ao menino algumas doses de dióxido de cloro, e também ingeriu o mesmo líquido, para tratar outros problemas de saúde. O que os dois tomaram como medicamento alternativo é, na verdade, uma substância tóxica e corrosiva, usada na fabricação de produtos de limpeza. Após alguns dias, o efeito era devastador.
Mãe relata ter ido para o hospital com o filho após ambos tomarem dióxido de cloro.
"Pensei que íamos morrer", relatou a mãe, no grupo de mensagens que a aconselhava. Mas ela não se queixava nem admitia ter sido iludida - queria saber o que tinha feito de errado. Outros usuários e administradores do grupo, que lucram com a venda do falso medicamento, a incentivaram a voltar a intoxicar a criança, com a falsa alegação de que isso iria curá-la. O "tratamento" tinha duração de três meses.
A reportagem teve impacto antes mesmo de sua publicação. Depois que o Estadão Verifica questionou o governo brasileiro sobre a propagação de desinformação sobre saúde no Telegram, a Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou um pedido formal à empresa para remover grupos e canais que vendiam ilegalmente dióxido de cloro como suposta cura para doenças, do câncer ao autismo. Segundo o governo, 30 comunidades foram removidas em 19 de setembro. Grupos monitorados pelo Verifica, porém, continuam ativos.
No banco de dados da FGV estão cerca de 60 milhões de postagens publicadas em grupos do Telegram considerados conspiracionistas, em toda a América Latina e no Caribe. Foram identificadas cerca de 47 mil publicações que difundiram informações incorretas ou enganosas sobre autismo em aproximadamente 1.600 grupos e canais abertos ao público. Nessas comunidades há 4 milhões de usuários. Os pesquisadores mapearam menções a mais de cem diferentes substâncias ou procedimentos para tratar autismo nos grupos de Telegram, sendo que o dióxido de cloro é de longe a indicação mais citada. Os dados mostram que o número de mensagens enganosas sobre o transtorno aumentou mais de 150 vezes em cinco anos.
A amostra analisada revela que as comunidades se organizam majoritariamente por país, mas há também evidências de articulação internacional. Cerca de 15 mil posts idênticos, parte em espanhol e parte em português, circularam em comunidades colombianas e brasileiras. Já o Chile divide quase 4 mil conteúdos iguais com a Colômbia e 3 mil com o México, e esses dois últimos países têm 5,4 mil posts em comum.
A investigação identificou, por exemplo, um post que circulou em um grupo chileno em 2021 e, em 2023, passou por comunidades da Colômbia e do México. No ano seguinte, chegou aos brasileiros. A publicação é um compilado de links com orientações sobre como usar dióxido de cloro.
A segunda mensagem, também em espanhol, afirma que uma criança desenvolveu autismo após receber 18 vacinas em um único dia, o que demonstraria a relação de causa e efeito. Esse boato, que também circula no Brasil, foi checado e desmentido pelo Estadão Verifica em 2024.
Riscos para a saúde
O neurocientista Bambini explica que o dióxido de cloro é um agente oxidante altamente tóxico. "Não existe cenário seguro para seu uso terapêutico", disse. A ingestão pode causar lesões severas no trato gastrointestinal, vômitos, diarreia intensa, queimaduras nas mucosas e desidratação, com impacto ainda maior em crianças.
Em mensagens monitoradas pelos checadores, é possível observar que sintomas como náusea, ardência, vômitos e diarreia são apresentados como sinais de "desintoxicação", o que acaba normalizando reações que indicam início de lesões. De acordo com Bambini, esses sintomas refletem os danos imediatos que o dióxido de cloro pode causar. O efeito oxidativo do produto pode destruir células da boca, do esôfago e do intestino, além de provocar sangramentos, inflamação aguda e perdas rápidas de líquido. "A agressão às mucosas ocorre logo nas primeiras exposições", afirmou.
O neurocientista ressalta que os riscos vão além do sistema digestivo. O dióxido de cloro compromete a capacidade do sangue de transportar oxigênio. Em níveis mais elevados, pode levar à perda de consciência e até à morte. Autoridades de saúde alertam ainda que o líquido pode afetar negativamente os rins e o fígado. Por isso, instituições como a Food and Drug Administration (FDA), a OMS, a European Medicines Agency (EMA) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbem o uso terapêutico do composto.
Pseudocientistas
Em geral, as figuras apresentadas como "especialistas" nas comunidades online não têm formação médica. Na Colômbia, o ColombiaCheck entrevistou um dos nomes mais citados nessas comunidades, Beyman Yepes Murillo, conhecido como Dr. Yepes. Ele admitiu não ser médico e alegou usar o título de "doutor" porque é "chamado assim pelas pessoas porque elas foram curadas".
Yepes disse atuar há quase duas décadas oferecendo consultas virtuais baseadas nos protocolos de Andreas Kalcker e Jim Humble, criadores do MMS. O falso "doutor" relatou prescrever dietas restritivas, desparasitação, enemas e uso contínuo do dióxido de cloro, que descreveu como "inofensivo".
Kerri Rivera, norte-americana que hoje vive no México, é uma figura de culto nos grupos que desinformam sobre o autismo. Em 2013, ela escreveu um livro que promove a alegada cura do transtorno com MMS e que foi removido de plataformas de venda por seu conteúdo enganoso. Rivera não é médica nem tem formação de cientista. Até monetizar a falsa cura com venda de livros, palestras e consultas, era corretora de imóveis.
Andreas Kalcker também é citado frequentemente nessas comunidades como fonte para respaldar as alegações. Ele foi mencionado como um dos maiores promotores do dióxido de cloro na América Latina na investigação A ciência que os promotores do dióxido de cloro realmente dominam, publicada por uma aliança de veículos, incluindo Colombiacheck, em 2022.
Procurado pelo Estadão Verifica, Kalcker alegou não afirmar que existe cura para o autismo no sentido tradicional, mas que "existem abordagens biofísicas que podem melhorar significativamente a qualidade de vida de muitas pessoas". Kerri Rivera, Leo Araujo, Pri Gavazzi e o site Purifica o Brasil também foram procurados, mas não responderam.
No Brasil, vender dióxido de cloro é crime
No ano passado, o Ministério da Justiça no Brasil notificou dez sites de comércio eletrônico brasileiros que vendiam irregularmente dióxido de cloro como tratamento para o autismo e também para "inativar" vacinas - procedimento que só existe no mundo do charlatanismo. Mas alguns deles, como ClO2 e Purifica o Brasil, continuam no ar.
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Assessoria de Comunicação
DIETA: Ipasgo exclui necessidade de autorização prévia para as dietas enterais
Boa notícia para os hospitais: a nova tabela Mat Med, publicada pelo Ipasgo, exclui a necessidade de autorização prévia para as dietas enterais. A mudança vai ao encontro de uma reivindicação dos hospitais, debatida em reunião do Comitê de Administradores da Ahpaceg, que analisou o novo fluxo determinado pelo Ipasgo para a cobrança, prescrição e evolução das dietas enterais.
A exclusão da autorização confere mais agilidade às prescrições, pois antes os nutricionistas dos hospitais precisavam solicitar nova autorização a cada dez dias para cada paciente. A mudança é considerada uma grande vitória.
“É uma vitória para todos, pois prescrição e evolução são importantes, e as nutricionistas gastavam muito tempo fazendo solicitações de autorização prévia”, observou a consultora regional da Danone, Christine Alves, que participou da reunião do Comitê de Administradores juntamente com administradores, faturistas e nutricionistas das instituições associadas.
CLIPPING AHPACEG 04/12/25
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Mulher é presa suspeita de extorquir familiares de pessoas doentes
Sindhoesg inaugura Galeria de Ex-Presidentes em solenidade marcada por história e reconhecimento
https://www.issoegoias.com.br/2025/12/sindhoesg-inaugura-galeria-de-ex.html
ANS atualiza regulamentação de autogestões em saúde após quase 20 anos
Políticas institucionais como tradução da cultura organizacional
Gestão hospitalar em 2026 deve atingir novo patamar com IA
https://medicinasa.com.br/gestao-hospitalar-2026/
Modelos de remuneração por desfecho clínico: como aplicar na prática
https://www.saudebusiness.com/operadoras/modelos-de-remuneracao-por-desfecho-clinico/
TV ANHANGUERA
Mulher é presa suspeita de extorquir familiares de pessoas doentes
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ISSO É GOIÁS
Sindhoesg inaugura Galeria de Ex-Presidentes em solenidade marcada por história e reconhecimento
Goiânia - Em uma solenidade repleta de significado e de história, o Sindhoesg recebeu, na manhã de hoje, 3, um público especial para a inauguração da sua Galeria de Ex-Presidentes. O encontro reuniu os ex-presidentes Luiz Antônio Ludovico de Almeida, Paulo Rassi, José Silvério Peixoto Guimarães e Valney Luiz da Rocha.
Francisco Ludovico de Almeida Neto, primeiro presidente do Sindicato, já falecido, foi representado pela filha Maíra Ludovico. Representantes do setor hospitalar, o presidente do Conselho de Administração da Ahpaceg e familiares dos homenageados também prestigiaram a inauguração.
O presidente do Sindhoesg, Gustavo Clemente, falou sobre a importância do momento e sobre a história construída ao longo de mais de quatro décadas. Ele lembrou que o Sindhoesg nasceu em 1981 e atravessou ciclos marcados por criação, fortalecimento, inovação e modernização. Cada um desses períodos foi conduzido por lideranças que dedicaram tempo, energia e visão ao desenvolvimento da entidade e da saúde privada em Goiás.
Gustavo Clemente enfatizou que a galeria eterniza quem ajudou a formar a identidade do Sindicato, que já teve diferentes nomes – Shoclaesgo, Sessego, Sesg - e hoje se consolida como uma instituição respeitada. Ele destacou o legado de cada presidente, começando pelo fundador, Francisco Ludovico de Almeida Neto, que esteve à frente de 1982 a 1994 e deixou bases sólidas para o crescimento da entidade.
Em seguida, lembrou a consolidação institucional promovida por Luiz Antônio Ludovico de Almeida, presidente entre 1994 e 2000; o avanço no diálogo com o setor durante a gestão de Paulo Rassi, de 2000 a 2006; os anos de transformações e desafios liderados por José Silvério Peixoto Guimarães, de 2006 a 2021; e o período de equilíbrio e foco em resultados conduzido por Valney Luiz da Rocha, entre 2021 e 2024.
“Cada presidente aqui homenageado deixou uma marca própria, contribuiu com seu estilo de gestão e fortaleceu a identidade do nosso Sindicato”, disse Gustavo Clemente, que encerrou agradecendo a presença dos ex-presidentes, o trabalho de suas diretorias e o apoio das famílias que sempre acompanharam esse caminho. Ele declarou oficialmente inaugurada a Galeria, que celebra o passado, fortalece a imagem institucional do Sindhoesg e seu compromisso com o futuro.
Galeria dos Ex-Presidentes do Sindhoesg
PresidentePeríodo
Francisco Ludovico de Almeida Neto 1982 – 1994
Luiz Antônio Ludovico de Almeida1994 – 2000
Paulo Rassi 2000 – 2006
José Silvério Peixoto Guimarães 2006 – 2021
Valney Luiz da Rocha2021 – 2024
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SAÚDE BUSINESS
ANS atualiza regulamentação de autogestões em saúde após quase 20 anos
Atualização da RN 137 moderniza regras para autogestões em saúde e busca reequilibrar o setor após anos de assimetria regulatória.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou a atualização da Resolução Normativa (RN) nº 137, que regulamenta o funcionamento das autogestões no sistema de saúde suplementar.
A aprovação da medida ocorreu na reunião de diretoria colegiada, no dia 31 de outubro, e busca corrigir um desequilíbrio regulatório. Segundo a Agência, há quase 20 anos, a resolução impõe custos desproporcionais às entidades desse modelo e ameaça sua sustentabilidade econômica.
A nova normativa moderniza o conceito de autogestão sem alterar sua essência, permitindo maior flexibilidade na operação e na composição das carteiras de beneficiários. Entre as principais mudanças estão:
Multipatrocínio ampliado: possibilidade de participação de patrocinadores de diferentes ramos de atividade, desde que mantida a representatividade;
Categorias profissionais integradas: permissão para que mais de uma categoria componha o mesmo grupo de beneficiários;
Compartilhamento de rede assistencial entre operadoras de diferentes modalidades;
Ampliação do conceito familiar, agora estendido até o quarto grau de parentesco por afinidade;
Uso do plano fora da área de abrangência, autorizado para até 10% dos beneficiários da carteira.
Para Mário Jorge, presidente da UNIDAS, a decisão representa um marco.
“Hoje é um dia histórico para as autogestões em saúde, pelo qual a UNIDAS batalhava há mais de 10 anos. A decisão, contudo, nos impõe novos desafios. Ao reparar um desequilíbrio no setor, a ANS nos oferece a oportunidade de oxigenar o público elegível, sem perder de vista o nosso papel social e a natureza de nossa atuação, que coloca o beneficiário no centro do cuidado”, afirmou.
As restrições que vigoravam até agora — como a obrigatoriedade de patrocinadores do mesmo ramo e os limites às categorias profissionais — foram estabelecidas em 2006, com a criação da RN 137. Desde então, apenas uma modificação relevante havia sido feita, em 2014, sem resolver os entraves ao crescimento das autogestões.
Os dados da ANS reforçam a disparidade. Entre 2006 e 2025, as operadoras de mercado tiveram expansão de quase 50% no número de beneficiários, enquanto as autogestões — entidades sem fins lucrativos e de forte papel social — mantiveram crescimento modesto. Essas organizações contribuem historicamente para aliviar a demanda sobre o SUS, ao atender diretamente trabalhadores e seus dependentes.
Diante desse cenário, a UNIDAS defendia, há mais de uma década, a revisão da norma. O debate ganhou força nos últimos três anos, culminando na aprovação, uma conquista significativa para as operadoras de autogestão e um passo importante na busca por maior equilíbrio regulatório no setor.
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Políticas institucionais como tradução da cultura organizacional
Diretrizes organizacionais transmitem valores e sustentam a cultura de qualidade, segurança e ética no cuidado.
Toda instituição tem políticas, normas e diretrizes que regem seu funcionamento. Algumas são escritas com rigor técnico, outras se acumulam em manuais, intranets e comunicados. Mas o que muitas organizações de saúde ainda não perceberam é que as políticas institucionais são a tradução mais visível da cultura organizacional.
O jeito como uma política é criada, comunicada e vivida no dia a dia revela muito mais sobre a identidade de uma instituição do que slogans em campanhas ou frases inspiradoras nas paredes. Uma política é um espelho de valores. Mostra o que a organização realmente acredita, prioriza e tolera.
Cultura organizacional: o que não está escrito, mas é praticado
Cultura organizacional é, essencialmente, o conjunto de crenças, hábitos e comportamentos que definem como as pessoas agem quando ninguém está olhando. Ela não está no manual de conduta, está na prática cotidiana, nas decisões pequenas, nas reações a crises, no tratamento dado às pessoas e na coerência entre discurso e ação.
Mas embora a cultura seja algo invisível, as políticas institucionais são o seu meio mais concreto de materialização.
Uma instituição que valoriza a segurança do paciente, por exemplo, traduz isso em políticas claras, objetivas e acessíveis.
Uma organização que realmente acredita na transparência estabelece políticas de comunicação interna e gestão de dados consistentes.
E uma instituição que fala sobre gestão de pessoas demonstra isso também em suas políticas de recursos humanos e de apoio emocional às equipes.
As políticas são, portanto, a cultura em linguagem formal.
Entre o que está escrito e o que é vivido
O maior risco das políticas institucionais é quando elas se transformam em textos decorativos, criados para atender a auditorias, certificações ou exigências externas, sem estarem verdadeiramente incorporadas à cultura da instituição.
Quantas vezes encontramos políticas impecáveis no papel, mas que não se refletem na prática diária?
Políticas de humanização que não chegam aos corredores.
Políticas de comunicação que não orientam a realidade do diálogo entre setores.
Políticas de gestão de riscos que não são conhecidas por quem executa as tarefas críticas.
Essa desconexão entre o formal e o vivido geram riscos institucionais: os profissionais percebem o abismo entre o discurso e a prática e deixam de acreditar nas intenções da organização de saúde.
Uma política que não se traduz em comportamento perde credibilidade e fragiliza a cultura.
Políticas que educam e sustentam comportamentos
As políticas são ferramentas pedagógicas. Elas não apenas definem o que pode ou não ser feito, mas também educam as pessoas sobre o que é valorizado, permitido e incentivado na instituição.
Uma política bem construída:
Traduz o propósito em práticas concretas;
Garante coerência nas decisões entre diferentes áreas;
Cria previsibilidade e segurança psicológica, porque as regras são claras e justas;
Favorece a integração de novos profissionais, que compreendem rapidamente “como as coisas funcionam por aqui”.
Por isso, políticas não devem ser apenas instrumentos administrativos. Elas são documentos de cultura, capazes de orientar, inspirar e alinhar comportamentos.
O papel das lideranças na tradução da cultura
Líderes são os principais tradutores da cultura e, consequentemente, das políticas. São eles que garantem que o conteúdo das políticas se torne ação. Quando um líder respeita e faz cumprir uma política institucional, ele reforça o senso de coerência e justiça. Quando ignora ou relativiza, transmite a mensagem de que as regras são opcionais.
As políticas só ganham vida quando a liderança:
As comunica de forma clara e humana;
As explica no contexto da missão institucional;
As aplica com consistência, sem exceções injustificadas;
As utiliza como ferramenta de desenvolvimento, não de punição.
Em outras palavras, o líder é o elo entre o que está escrito e o que é vivido.
Políticas e cultura da qualidade na saúde
No setor da saúde, as políticas institucionais têm um papel ainda mais sensível: elas sustentam a qualidade, a segurança e a ética do cuidado.
O verdadeiro diferencial não está em “ter as políticas”, e sim em como elas orientam o comportamento das pessoas. Uma política de segurança do paciente não muda nada se for desconhecida ou ignorada. Ela precisa ser vivida como princípio, não como documento.
Da mesma forma, políticas de gestão de pessoas ou de comunicação institucional, quando realmente aplicadas, fortalecem a cultura de confiança, diálogo e corresponsabilidade. Cada política é uma peça que compõe o mosaico da cultura da qualidade e quando todas se alinham, a instituição alcança coerência organizacional.
Podemos afirmar que toda política institucional comunica valores, mesmo que de forma indireta. Quando há coerência entre valores e políticas, a cultura se fortalece. Quando há divergência, surgem ruídos e desconfiança. Uma instituição que diz valorizar o aprendizado, mas não oferece políticas que incentivem a educação permanente, contradiz seu próprio discurso.
Quando há desalinhamento entre o que está escrito e o que é vivido, as políticas passam a ser vistas como imposições. Isso gera resistências, desmotivação e descrédito. O profissional deixa de enxergar sentido nas normas, e o comportamento coletivo tende a se afastar daquilo que a organização deseja cultivar.
O resultado é o que poderíamos chamar de “burocracia cultural”: estruturas rígidas que tentam regular tudo, mas não transformam nada. A solução é devolver às políticas o seu verdadeiro papel: instrumentos de coerência cultural.
Políticas que inspiram
Políticas institucionais não são apenas ferramentas de gestão. Elas são instrumentos de narrativa organizacional. Contam, em linguagem formal, quem somos, o que acreditamos e como queremos agir.
Quando bem construídas e aplicadas com coerência, as políticas se tornam poderosas tradutoras da cultura: conectam valores à prática, estratégia à rotina, e propósito à entrega. Por outro lado, quando se distanciam da realidade, elas deixam de educar e passam a engessar.
O desafio das lideranças é garantir que cada política seja mais do que um documento: seja uma expressão viva da cultura organizacional, capaz de inspirar, orientar e transformar. Porque, no fim, as instituições são aquilo que suas pessoas fazem todos os dias e as políticas existem justamente para garantir que esse fazer cotidiano continue alinhado ao propósito que dá sentido à existência de todos nós.
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MEDICINA S/A
Gestão hospitalar em 2026 deve atingir novo patamar com IA
A gestão hospitalar está prestes a dar um salto tecnológico significativo em 2026, impulsionada pela expansão do uso de Inteligência Artificial (IA), pelo avanço de soluções de automação e pelo aumento dos investimentos em infraestrutura de TI. A combinação entre pressão por eficiência e necessidade de modernização tem levado hospitais a priorizar tecnologias capazes de simplificar rotinas, melhorar a experiência do paciente e reduzir custos operacionais.
A consolidação da IA como ferramenta cotidiana nas operações hospitalares deve marcar o próximo ano. Modelos inteligentes tendem a se expandir para áreas administrativas, como faturamento, auditoria e regulação, além de apoiar decisões clínicas com base na análise de indicadores e previsões operacionais.
Esse movimento acompanha a crescente maturidade do setor em relação à digitalização, que orienta a busca por soluções simples, integradas e orientadas por dados. A IA deixa de ser vista como promessa e passa a assumir papel prático, entregando resultados concretos às instituições.
A modernização da infraestrutura de TI está diretamente ligada a essa evolução. Nos últimos anos, organizações de saúde têm acelerado a migração para sistemas mais seguros e interoperáveis, capazes de suportar o uso intensivo de dados e aplicações baseadas em IA. A adoção de plataformas integradas também ganha força, já que unificar informações assistenciais, administrativas e financeiras em um único ambiente é essencial para reduzir erros, eliminar retrabalho e melhorar a tomada de decisão.
Ao mesmo tempo, o aumento contínuo dos custos médicos e operacionais exige práticas mais eficientes. Ferramentas de análise e monitoramento de indicadores, acompanhadas de soluções preditivas, tornam-se indispensáveis para apoiar a gestão estratégica. A governança de dados também se fortalece como necessidade, impulsionando políticas de segurança, padronização, interoperabilidade e auditoria dos sistemas inteligentes.
O ano de 2026 tende a se consolidar como marco para instituições que buscam modernizar suas operações sem adicionar complexidade. A integração entre sistemas, o uso de IA e a capacitação das equipes passam a ser pilares para acompanhar uma sociedade em constante transformação e cada vez mais exigente por soluções tecnológicas que sustentem um novo patamar da gestão hospitalar.
*Kele Dias é Executiva de Negócios da CeosGO.
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Modelos de remuneração por desfecho clínico: como aplicar na prática
A transição do fee for service para o value-based healthcare é imperativa para a sustentabilidade.
O sistema de saúde brasileiro, historicamente guiado pelo modelo fee for service (pagamento por serviço), enfrenta desafios de sustentabilidade e qualidade assistencial.
Como alternativa, os modelos de remuneração por desfecho clínico ganham força ao substituir o pagamento por volume pelo valor entregue ao paciente, medido pelos resultados alcançados.
Apesar do avanço global da Saúde Baseada em Valor, sua adoção no Brasil ainda é limitada: apenas cerca de 10% dos hospitais possuem contratos realmente baseados em valor. Esse cenário reforça a urgência de uma mudança estrutural.
Para impulsionar essa transição, a ANS vem publicando guias e diretrizes que orientam a implementação desses modelos.
Embora exijam transformação organizacional, os pagamentos por desfecho trazem benefícios claros: melhor alinhamento de incentivos, compartilhamento de riscos e maior sustentabilidade hospitalar.
Tipos de modelos de pagamento baseados em valor
A remuneração baseada em valor não se resume a um único formato. Existem diversos modelos de pagamento que podem ser aplicados de forma isolada ou combinada, essenciais na transição para o Value-Based Healthcare (VBHC).
Pagamentos por Pacote (Bundled Payments)
Também conhecidos como bundles ou pagamentos empacotados, este modelo estabelece um valor fixo e pré-negociado para a jornada completa do paciente em um episódio específico de cuidado (ex: cirurgia de joelho, tratamento de parto).
O pagamento cobre todos os serviços essenciais (hospitalização, honorários médicos, medicamentos, reabilitação) dentro de um período definido.
O prestador assume o risco de custos acima do pacote, mas se beneficia da eficiência operacional em saúde e da redução de custos com qualidade se entregar o desfecho clínico esperado.
Pagamento por Capitação (Capitation)
Neste modelo, o prestador recebe um valor fixo mensal por beneficiário (Per Member Per Month – PMPM), independentemente da utilização dos serviços.
Para que seja um modelo baseado em valor, a captação deve incluir incentivos por performance clínica e estar atrelada a metas de qualidade e prevenção, promovendo a integração do cuidado e coordenação assistencial.
Pagamento por Desempenho (Pay for Performance)
Conhecido como P4P, este modelo oferece um pagamento adicional ou bônus ao prestador, condicionado ao cumprimento de metas pré-estabelecidas, geralmente relacionadas a métricas de qualidade assistencial e indicadores clínicos e assistenciais.
Embora não substitua o modelo de remuneração principal (podendo ser fee for service, capitation ou bundle), adiciona uma camada de incentivos por performance clínica, focando em resultados específicos.
Como começar a aplicar modelos de remuneração por desfecho clínico
A aplicação bem-sucedida de modelos de remuneração por desfecho clínico requer uma base sólida de tecnologia, governança e mudança cultural.
1. Mapeamento da linha de cuidado e análise de prontidão
A operadora e o prestador devem avaliar sua maturidade. Isso inclui:
Avaliação de maturidade digital, infraestrutura e governança.
Identificação de processos críticos e gargalos assistenciais que impactam os desfechos.
2. Definição de indicadores de desfecho e processo
O sucesso do pagamento por resultado depende da medição correta:
Estabelecer KPIs clínicos (ex: taxa de reinternação), operacionais (ex: tempo de espera) e de experiência do paciente (PX) como métrica.
É importante realizar o ajuste de risco populacional para garantir que a remuneração seja justa.
3. Estruturação de integração e interoperabilidade
O fluxo de dados é o coração dos modelos de remuneração por valor em hospitais, o que inclui:
Unificação de dados assistenciais e financeiros (ERP, prontuário eletrônico, BI).
Implementação de dashboards, auditoria contínua e gestão robusta de contratos.
4. Criação dos modelos contratuais
A negociação de contratos baseados em desfechos deve ser transparente:
Definir as métricas de valor que serão remuneradas.
Estabelecer critérios de elegibilidade claros para o paciente.
Detalhar os riscos compartilhados e os mecanismos de incentivo e penalidade.
5. Governança clínica e capacitação
O engajamento das equipes é vital para o sucesso dos incentivos por performance clínica:
Obter o engajamento médico e das equipes multiprofissionais.
Desenvolver uma cultura orientada a desfechos e responsabilidade em saúde.
6. Pilotos, escalabilidade e melhoria contínua
É fundamental iniciar de forma controlada e evoluir gradualmente:
Começar com projetos piloto por linha de cuidado (ortopedia, cardiologia, oncologia) ou procedimentos de alto custo.
Realizar a medição real de impacto e implementar ciclos de ajustes contínuos.
Exemplo de aplicação no Brasil
A migração para remuneração por desfecho clínico é promissora em áreas de alto volume e previsibilidade. Um exemplo prático no Brasil é a aplicação desses modelos na cirurgia ambulatorial.
Os pacotes de cuidado aumentam a eficiência e a resolutividade, pois o prestador é incentivado a tratar o paciente de forma rápida, segura e com foco no desfecho clínico. Ao evitar internações prolongadas e reduzir complicações, esse modelo alinha qualidade assistencial e sustentabilidade financeira.
Ao priorizar a qualidade e a eficiência operacional em saúde, operadoras e prestadores se unem em torno do paciente. Essa é a chave para a sustentabilidade e para a entrega do verdadeiro valor em saúde.
Dúvidas frequentes
Quais são os 7 tipos de remuneração?
Os 7 tipos mais comumente citados, incluindo modelos híbridos e de transição, são:
Fee for Service: Pagamento por item de serviço.
Capitação (Capitation): Pagamento fixo por paciente/mês.
Pagamento por Pacote (Bundled Payments): Pagamento fixo por episódio de cuidado.
Pagamento por Desempenho (P4P): Bônus por metas de qualidade.
Diária Global: Valor fixo por dia de internação.
Salário: Remuneração fixa de profissionais em estruturas próprias.
Modelos Híbridos/Compartilhamento de Risco (Global Budget, Shared Savings): Combinação de métodos para incentivar a responsabilidade em saúde e o compartilhamento de risco.
Quais são os modelos de pagamento dos planos de saúde?
O modelo dominante nos planos de saúde é o fee for service. Contudo, as operadoras de saúde brasileiras estão em transição, buscando implementar modelos alternativos, como:
Pagamento por Capitação;
Pagamento por Pacote;
Pagamento por Desempenho (P4P).
Esses modelos são fundamentais para garantir a sustentabilidade e a qualidade da saúde suplementar, alinhando os interesses da operadora e do prestador aos desfechos em saúde do paciente.
Modelos de remuneração do mercado de saúde?
O mercado de saúde global e brasileiro está em um movimento de convergência para o Value-Based Healthcare. Além do fee for service, os modelos de remuneração por desfecho clínico mais aplicados incluem os contratos baseados em desfechos, os Pagamentos por Pacote e o P4P.
O futuro aponta para a predominância de modelos híbridos de remuneração e o uso de contratos baseados em performance e risco ajustado, que garantem o foco na prevenção e na avaliação de desfechos em saúde.
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Assessoria de Comunicação
CLIPPING AHPACEG 03/12/25
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Medicina personalizada deve transformar modelo assistencial
Planos de saúde coletivos apresentam leve redução em 2025
https://monitormercantil.com.br/planos-de-saude-coletivos-apresentam-leve-reducao-em-2025/
Judicialização da saúde consome R$ 1,84 bilhão com dez medicamentos mais caros
A cláusula de coparticipação em contratos de seguro de saúde
https://medicinasa.com.br/clausula-coparticipacao/
Violência contra médicos abre discussões do II Webinar do CFM
https://portal.cfm.org.br/noticias/violencia-contra-medicos-abre-discussoes-do-ii-webinar-do-cfm
Como implementar a gestão de cuidado preventivo nas operadoras
https://www.saudebusiness.com/operadoras-de-saude/gestao-de-cuidado-preventivo/
REVISTA COBERTURA
Medicina personalizada deve transformar modelo assistencial
Novo relatório da série Caminhos da Saúde Suplementar 2035 destaca impactos clínicos, econômicos e tecnológicos da genômica, da saúde digital e da desospitalização para o setor
A adoção da medicina personalizada baseada em genômica pode transformar profundamente o modelo assistencial da saúde suplementar brasileira, com impacto direto na sustentabilidade e nos resultados clínicos, indica a nova edição da série Caminhos da Saúde Suplementar: Perspectivas 2035, do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). O estudo projeta que a incorporação coordenada de tecnologias de precisão pode gerar economia potencial de R$ 15 bilhões a R$ 25 bilhões ao ano, impulsionada por diagnósticos mais precisos, terapias otimizadas, prevenção personalizada de doenças crônicas e expansão do cuidado domiciliar estruturado. e acesse a íntegra do estudo.
Para José Cechin, superintendente executivo do IESS, a área vive um ponto de virada. "A medicina personalizada tem capacidade real de reorganizar o sistema, permitindo que o setor ofereça cuidado mais eficiente, mais seguro e mais sustentável. Estamos diante de uma mudança estrutural na forma como tratamos, prevenimos e acompanhamos as doenças."
Segundo o relatório, a medicina personalizada já apresenta evidências robustas de benefício em áreas como oncologia, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Em câncer, a precisão terapêutica pode elevar as taxas de resposta de 25% a 30% para 60% a 75%, enquanto na cardiologia a abordagem personalizada reduz 25% a 35% dos eventos maiores. A nutrigenômica - área que relaciona variações genéticas às respostas nutricionais - demonstrou reduzir em 71% a incidência de diabetes tipo 2 em intervenções baseadas no perfil genético individual.
O avanço tecnológico também tem sido determinante para viabilizar essa transição. O custo do sequenciamento do genoma completo caiu de US$ 3 bilhões em 2003 para menos de US$ 1.000 em 2023, abrindo espaço para uso populacional, tanto em prevenção quanto em estratificação de risco. A farmacogenômica, por sua vez, já mostra resultados imediatos, com redução de 30% a 50% dos eventos adversos medicamentosos e economia anual média de US$ 5.535 por beneficiário em programas estruturados.
Cechin destaca o potencial econômico dessa mudança: "Ao reduzir complicações evitáveis, ajustar o tratamento ao perfil genético e permitir intervenções mais precoces, a medicina personalizada não apenas melhora o desfecho dos pacientes como reduz desperdícios. É uma combinação rara em saúde: melhores resultados com menor custo."
A desospitalização também aparece como elemento central da reorganização assistencial. Iniciativas internacionais de "Hospital at Home" mostram reduções expressivas de custos (32%), tempo de internação (33%) e readmissões em 30 dias (58%). Embora experiências iniciais na saúde suplementar brasileira indiquem resultados promissores, apenas 12-15% das operadoras mantêm programas estruturados de cuidado domiciliar, segundo o estudo.
A incorporação integrada de saúde digital - incluindo monitoramento remoto, inteligência artificial e telemedicina - é apontada como habilitadora estratégica da medicina personalizada. Dispositivos de monitoramento contínuo, combinados a algoritmos preditivos, já são capazes de identificar deterioração clínica com até 84% de acurácia, possibilitando intervenções precoces e redução de hospitalizações.
Apesar do potencial, o IESS ressalta que o avanço da medicina personalizada enfrenta desafios regulatórios, tecnológicos e educacionais. Entre eles, lacunas na legislação brasileira para dados genômicos, ausência de um marco de não discriminação genética, limitações de infraestrutura tecnológica e baixa capacitação profissional - apenas uma parcela reduzida dos médicos se considera apta a interpretar testes genéticos.
Cechin reforça a necessidade de coordenação entre os atores do setor: "Se o Brasil quiser aproveitar essa oportunidade, operadoras, prestadores, reguladores e instituições de pesquisa precisarão se mover juntos. A medicina personalizada exige novos arranjos regulatórios, integração de dados e investimentos consistentes em qualificação profissional."
Para acelerar essa transição até 2035, o estudo propõe quatro pilares estratégicos: infraestrutura genômica compartilhada, programa nacional de nutrigenômica aplicada, expansão estruturada da desospitalização e modelos de remuneração baseados em valor, com reinvestimento das economias obtidas em inovação e ampliação do acesso.
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MONITOR MERCANTIL
Planos de saúde coletivos apresentam leve redução em 2025
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) atualizou o Painel de Reajustes de Planos Coletivos, ferramenta que reúne estatísticas consolidadas sobre os aumentos aplicados pelas operadoras em contratos coletivos empresariais e por adesão. Segundo a agência reguladora, o reajuste médio aplicado a esses contratos de assistência médico-hospitalar de janeiro a agosto de 2025 foi de 11,15%, uma leve redução em relação ao reajuste médio do ano anterior.
Diferentemente do que faz com os planos de saúde individuais, a ANS não define um índice de reajuste específico para os coletivos. Porém, esses planos estão no radar de observação da agência. "São fiscalizados principalmente por meio da análise de reclamações de consumidores e da garantia de cumprimento de regras contratuais e de atendimento". A agência atua para evitar abusos e inconsistências, podendo intervir em casos de práticas consideradas irregulares, como reajustes excessivos e não previstos.
O Painel de Reajustes de Planos Coletivos apresenta informações agrupadas por tipo de contratação, porte do contrato, modalidade e porte da operadora, e permite consultas individualizadas por empresa. "Os percentuais refletem os reajustes anuais informados pelas operadoras com base na variação de custos efetivamente praticada", explica a agência.
As informações do painel são alimentadas pelo conjunto de dados "Reajuste de Planos Coletivos", disponível no Portal Brasileiro de Dados Abertos. Os dados abrangem os reajustes praticados nos contratos firmados sob a regulamentação da Lei nº 9.656/98, com preço preestabelecido, e são atualizados trimestralmente após o encerramento do envio dos comunicados pelas operadoras.
Regras
Os contratos com menos de 30 vidas - que são reajustados de acordo com as regras do Agrupamento de Contratos -, o percentual médio aplicado no período foi de 14,81%, quase cinco pontos percentuais acima dos contratos de maior porte, que registraram reajuste médio de 9,95%. O distanciamento entre os dois grupos se manteve no comparativo com ciclos anteriores.
O Painel destaca que um em cada quatro beneficiários em contratos coletivos reajustados em 2024 estava vinculado a contratos com menos de 30 vidas (23,9%). A proporção se manteve nos primeiros oito meses de 2025 (23,6%). Dentro deste grupo, os contratos com até cinco vidas ampliaram sua participação ao longo dos anos: de 4,7% em 2014 para 14,8% em 2024 e 15% até agosto de 2025.
Nos planos exclusivamente odontológicos, o reajuste médio entre janeiro e agosto de 2025 foi de 3,68%, permanecendo estável em relação a 2024 e abaixo dos valores praticados em 2022 e 2023.
Nesse segmento, os contratos com menos de 30 vidas registraram reajuste médio de 5,29%, enquanto os contratos de maior porte tiveram média de 3,27% no mesmo período. Diferentemente dos produtos médico-hospitalares, os planos odontológicos não seguem a regra de agrupamento de contratos.
Os dados mostram ainda que a participação dos contratos odontológicos com menos de 30 vidas aumentou de 9,7% em 2014 para 21,2% em 2024.
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CÂMARA DOS DEPUTADOS
Judicialização da saúde consome R$ 1,84 bilhão com dez medicamentos mais caros
A judicialização da Saúde no Brasil levou, até agosto deste ano, a gastos superiores a R$ 1,8 bilhão apenas na compra dos dez medicamentos mais caros, todos decorrentes de ações individuais. Esse valor não inclui despesas geradas por decisões em ações coletivas.
A Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados realizou audiência pública para discutir o tema. Debatedores defenderam a adoção da medicina baseada em evidências como estratégia para reduzir gastos e dar mais segurança às decisões judiciais.
A responsável pela área de judicialização no Ministério da Saúde, Tarciana Barreto, informou que quase um quinto do total foi gasto com o medicamento Elevedys, terapia genética usada no tratamento da distrofia muscular de Duchenne. Segundo ela, não há comprovação científica suficiente sobre sua eficácia.
"Foram registradas mortes relacionadas ao uso do Elevedys no exterior. Se ele não tivesse sido suspenso pela Anvisa, os 216 pareceres executórios recebidos pelo Ministério da Saúde poderiam ter gerado quase R$ 2 bilhões em gastos", afirmou.
A deputada Adriana Ventura (Novo-SP), autora do requerimento da audiência, lembrou que a tendência também ocorre no setor privado. Em 2023, ações contra planos de saúde ultrapassaram 234 mil processos, aumento de 60% em relação a 2020. A judicialização da saúde suplementar gerou R$ 5,5 bilhões em gastos no ano passado.
"Estamos falando da sustentabilidade do SUS e da saúde suplementar. Os impactos atingem pacientes e famílias, e lidamos com um orçamento finito diante de necessidades infinitas", afirmou a parlamentar.
A deputada defende que decisões judiciais se baseiem em evidências científicas e diretrizes transparentes, para garantir segurança aos pacientes e ao sistema.
Segundo dados do Ministério da Saúde, gastos com decisões individuais representam quase um terço do orçamento anual do Mais Médicos (R$ 6,4 bilhões); quase metade do Brasil Sorridente (R$ 4,2 bilhões); um quinto do Programa Nacional de Imunizações (R$ 8,6 bilhões); e equivalem ao orçamento anual do Samu.
O Ministério lembrou que, até 2024, decisões judiciais eram baseadas apenas em relatórios médicos e direcionadas a tecnologias não incorporadas ao SUS. Decisão do Supremo Tribunal Federal (temas 6 e 1234, que originaram as súmulas vinculantes 60 e 61) determinou que a concessão de medicamentos não incorporados deve ser excepcional.
Nos últimos cinco anos, 70% de todo o gasto federal com judicialização foi destinado à compra de apenas dez medicamentos. A procuradora nacional da União de Políticas Públicas da AGU, Cristiane Souza Fernandes Curto, destacou que sete em cada dez brasileiros dependem do SUS, o que representa mais de 150 milhões de pessoas.
Uso distorcido
A coordenadora de Saúde na Secretaria de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Priscila Louly, destacou a necessidade de evitar o uso distorcido do Judiciário. Dados da Advocacia-Geral da União mostram que, no ano passado, R$ 2,7 bilhões atenderam decisões judiciais que beneficiaram apenas 6 mil pacientes - valor equivalente ao orçamento do programa Farmácia Popular.
"Hoje lidamos com medicamentos de altíssimo custo. Há dez anos, o remédio mais caro custava R$ 80 mil. Hoje há tratamentos que chegam a R$ 10 milhões ou R$ 20 milhões por paciente", afirmou.
Falhas no acesso
Para a cardiologista Ludhmilla Hajjar, a judicialização reflete falhas de acesso no sistema de saúde, e não uma disputa entre cidadãos e o Estado.
"Uma mãe que busca um medicamento na Justiça não está contra o Estado; ela está tentando salvar o filho. O Judiciário virou a última porta de socorro, e essa porta está sobrecarregada, colocando em risco a sustentabilidade do sistema", disse.
Ela defendeu o fortalecimento da medicina baseada em evidências, tanto para orientar decisões judiciais quanto para agilizar o registro de novos medicamentos.
Similares
A diretora de Acesso ao Mercado da Interfarma, Helaine Capucho, informou que sete das dez moléculas mais pedidas na Justiça já estão incorporadas ao SUS. Entre as que ainda não foram incorporadas, muitas têm genéricos ou similares disponíveis no mercado brasileiro, mas o processo regulatório pode levar até quatro anos.
Entre as sete moléculas mais demandadas que já estão no SUS, cinco ainda aguardam a publicação de protocolo clínico, etapa que pode levar até 16 meses, seguida por mais de dois anos para a primeira compra
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MEDICINA S/A
A cláusula de coparticipação em contratos de seguro de saúde
O crescente número de demandas judiciais que buscam a declaração de nulidade ou a caracterização de abusividade das cláusulas de coparticipação tem ampliado o debate acerca da legalidade dessas disposições nos contratos de planos de saúde.
No entanto, uma simples análise da legislação vigente e da jurisprudência atual, à luz do princípio do equilíbrio contratual, evidencia que a cláusula de coparticipação constitui uma manifestação legítima da autonomia da vontade das partes no momento da pactuação do contrato de adesão ao plano de saúde.
Isso porque, nessa modalidade, o consumidor, ao optar por uma mensalidade mais acessível, assume o compromisso de arcar com um valor adicional fixo destinado à contraprestação devida à operadora, responsável pelo custeio do valor remanescente do procedimento, permitindo que os custos dos serviços sejam distribuídos entre as partes e assegurando o equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
A Lei nº 9.656/98, em seu art. 16, VIII, reconhece expressamente a validade da coparticipação, desde que haja previsão contratual clara, com identificação dos procedimentos sujeitos ao regime e definição objetiva dos percentuais aplicáveis.
A regulamentação infralegal reverbera o mesmo entendimento: a Resolução CONSU nº 8/1998 apenas veda mecanismos que imponham ao beneficiário o custeio integral do procedimento ou dificultem indevidamente o acesso ao serviço, enquanto a Resolução Normativa nº 465/2021 da ANS estabelece que a coparticipação está limitada a 50% do valor contratado entre operadora e prestador, devendo observar os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.
É evidente, assim, que a principal finalidade da modalidade de coparticipação é assegurar o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, atuando como mecanismo de moderação no uso dos serviços e de repartição equitativa dos custos.
Esse modelo possibilita a manutenção de mensalidades mais acessíveis, amplia o acesso dos consumidores aos serviços de saúde e vincula parte do pagamento ao uso efetivo do plano, contribuindo, assim, para a sustentabilidade do sistema de saúde suplementar e para a prevenção de aumentos generalizados nas mensalidades de todos os beneficiários. Desse modo, quem mais utiliza, pagará mais do que quem menos utiliza.
A jurisprudência, de igual modo, é firme ao reconhecer a validade da cláusula de coparticipação, desde que observados os deveres de informação e transparência contratual.
O judiciário, nesse contexto, tem papel relevante para estabilizar a judicialização das demandas que questionam as cláusulas e os cálculos de coparticipação nessa modalidade de contratação, o que deve ser feito, por um lado, para confirmar se as operadoras estão aplicando as coparticipações e os reajustes anuais de forma legal e, de outro lado, rechaçar com firmeza as milhares de ações, muitas delas movidas em massa mediante advocacia predatória e que genericamente discutem nulidade ou abusividade de cláusulas contratuais, de cálculos de coparticipação e de reajustes.
Não se pode, assim, desconsiderar que a adoção de uma interpretação consumerista irrestrita, sem observância dos princípios contratuais, fragiliza a segurança jurídica e desconsidera o pacto assumido entre as partes, além de efetivamente contrariar os dispositivos legais e regulamentares incidentes sobre a questão.
Ao aderir ao contrato, as partes assumem obrigações recíprocas, uma vez que cabe à operadora prestar informações adequadas e fornecer demonstrativos claros das cobranças, enquanto ao beneficiário incumbe o dever de adimplir a parcela proporcional ajustada e ao judiciário, ainda, preservar o equilíbrio dessas relações.
Na hipótese de controvérsia, é de se ressaltar que a análise técnica por perito atuarial é essencial para verificar a regularidade das cobranças e subsidiar a análise do magistrado acerca da aderência do contrato às normas regulatórias e às práticas de mercado, permitindo uma decisão mais bem embasada e que possa contribuir para a formação de uma jurisprudência técnica sobre o tema.
Assim, a modalidade de coparticipação não deve ser vista como obstáculo ao direito à saúde, mas como ferramenta essencial à ampliação do acesso à saúde e à manutenção da viabilidade econômica dos planos de saúde privados, amplamente respaldada na legislação e nas resoluções da agência reguladora do setor.
*Luana Sales Barros da Silva é advogada no Serur.
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PORTAL CFM
Violência contra médicos abre discussões do II Webinar do CFM
Com alertas sobre casos de violência contra médicos e casos de gestores que pretendem submeter o profissional a trabalho escravo, o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), José Hiran Gallo, deu início às discussões do II Webinar do Médico Jovem, realizado pela autarquia nesta terça-feira (2). Entre os exemplos relatados pelo diretor do CFM, Hiran citou o caso recente de uma médica diplomada há poucos anos gravemente ferida no rosto em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no município de Aparecida de Goiânia (GO), demonstrou indignação com o crime e declarou que a profissional receberá o apoio dos Conselhos de Medicina. “Não podemos deixar isso acontecer. A pessoa jamais vai pensar que no local de trabalho, trazendo saúde para o paciente, será agredida pelo próprio paciente”, lamentou.
O coordenador da Comissão de Integração do Médico Jovem do CFM, Bruno Leandro de Souza, também destacou a preocupação com o tema. Nossa sociedade está doente, mas quando essa doença atinge os locais onde estão pessoas que saem de suas casas para ajudar, acolher, confortar, curar, quando possível, isso se torna muito mais assustador”, lamenta o conselheiro.
Resolução CFM – Como ação do Conselho no combate à violência contra médicos, o presidente do Conselho destacou a aprovação da Resolução CFM 2.444/2025, que “estabelece garantias de segurança para os médicos no exercício de sua atividade profissional em todas as unidades de saúde em funcionamento no território nacional e normas para a fiscalização e a interdição ética”. A norma é relatada pelo conselheiro federal pelo Rio de Janeiro, Raphael Câmara e foi editada pelo CFM em agosto.
A Resolução foi apresentada pelo relator após a abertura do seminário online, que pela manhã também discute temas como publicidade médica e as vantagens e desvantagens do trabalho médico como Pessoa Jurídica. Assista à íntegra do evento em CFM AO VIVO : II Webinar de Integração do Médico Jovem | Portal Médico
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SAÚDE BUSINESS
Como implementar a gestão de cuidado preventivo nas operadoras
O cuidado preventivo é a chave para o equilíbrio financeiro e a melhoria dos desfechos clínicos.
Investir em saúde preventiva contribui para a redução dos gastos assistenciais. É por isso que a gestão de cuidado preventivo vem ganhando espaço como estratégia central para as operadoras de saúde.
O avanço da Atenção Primária, os modelos baseados em valor e a necessidade de controlar custos tornaram o cuidado preventivo em saúde uma prioridade. Ao estruturar processos, dados e fluxos assistenciais, as operadoras conseguem intervir antes das complicações, oferecer acompanhamento contínuo e fortalecer a coordenação do cuidado.
A seguir, veja como programas de prevenção de doenças, rastreamentos regulares e monitoramento de saúde preventiva mostram impacto direto na redução de internações evitáveis e na melhora da experiência do paciente.
Como implementar a gestão de cuidado preventivo nas operadoras
O que é gestão de cuidado preventivo e por que ela é essencial nas operadoras
A gestão de cuidado preventivo é um conjunto de estratégias e práticas sistêmicas que visam identificar, acompanhar e intervir em grupos populacionais, com os seguintes objetivos:
evitar o surgimento de doenças (prevenção primária),
detectar condições em estágios iniciais (prevenção secundária) e
evitar a progressão de agravos e complicações (prevenção terciária).
Em essência, o acompanhamento contínuo do paciente busca promover a saúde e bem-estar do paciente, com uma integração entre níveis de cuidado.
A gestão de cuidado preventivo é o pilar central da gestão do cuidado em atenção primária (APS). A APS atua como o coordenador do cuidado preventivo e a porta de entrada preferencial, garantindo o acompanhamento contínuo do paciente.
É na APS que o cuidado centrado no paciente se manifesta, sendo o ponto ideal para a identificação de riscos, a realização de rastreamento e check-ups regulares, e a implementação de intervenções precoces em saúde.
Como estruturar um modelo preventivo eficiente
A adoção de um modelo de gestão de cuidado preventivo exige metodologia e compromisso com o acompanhamento contínuo do paciente.
É importante investir na integração dos dados, treinamento de equipes, protocolos claros e uma visão populacional. A seguir, um passo a passo direto para implementação:
1. Diagnóstico inicial da população
É fundamental conhecer o perfil epidemiológico dos beneficiários, incluindo dados demográficos, principais morbidades e indicadores de utilização de serviços. Essa análise orienta intervenções mais precisas e o gerenciamento de riscos à saúde.
2. Coleta e integração de dados assistenciais
Utilize prontuários eletrônicos e informações de laboratórios para criar uma visão unificada e completa da jornada de saúde do paciente. O uso de dados para gestão preventiva sustenta decisões clínicas mais rápidas e assertivas.
3. Estratificação de risco baseada em evidências
Classifique os beneficiários em diferentes grupos de risco (baixo, moderado e alto) para focar os recursos onde eles são mais necessários e garantir o gerenciamento de riscos.
Essa etapa define prioridades, intensidade de cuidado e ações proativas, além de estruturar cuidados preventivos e personalizados.
4. Criação de programas preventivos por linha de cuidado
Desenvolva programas de prevenção de doenças direcionados (ex: diabetes, hipertensão, saúde da mulher), utilizando protocolos clínicos preventivos específicos para cada condição. A lógica de gestão populacional em saúde garante continuidade e foco no paciente.
5. Implementação de protocolos integrados (APS, especialistas, navegação)
Padronize condutas com protocolos clínicos preventivos. A integração entre níveis de cuidado reduz a duplicidade de exames e melhora o fluxo assistencial.
Além disso, a integração do cuidado é um dos pilares da Saúde Baseada em Valor (SBV), que tem como foco principal a otimização dos desfechos clínicos para o paciente por um custo acessível.
6. Tecnologia e ferramentas de apoio
Investir em plataformas de analytics, inteligência artificial e telemonitoramento para o controle da saúde preventiva e o suporte à decisão clínica, com a ajuda da tecnologia.
7. Educação permanente do beneficiário
Promover a medicina preventiva e promoção da saúde por meio de comunicação clara e constante inventiva o engajamento e a maior adesão a tratamentos e programas. Isso aumenta a satisfação dos usuários e reduz complicações.
8. Métricas, KPIs e monitoramento contínuo
Definir indicadores de desempenho (KPIs) relacionados tanto a resultados clínicos (desfechos) quanto a resultados econômicos (custos e sinistralidade) para avaliar o sucesso e realizar ajustes.
Relacionado:[E-book] SBF 2025: insights estratégicos para gestores de saúde: Como implementar a gestão de cuidado preventivo nas operadoras
Benefícios da gestão de cuidado preventivo
A saúde preventiva transforma a operadora de um simples pagador de contas para um verdadeiro gestor de saúde. Os resultados são percebidos tanto no balanço financeiro quanto na qualidade de vida dos beneficiários.
Para operadoras
Nas operadoras, a redução de internações evitáveis é um dos primeiros resultados percebidos. Intervenções precoces diminuem a necessidade de procedimentos de alta complexidade, além de garantir uma atenção humanizada.
A sinistralidade também tende a cair quando há controle mais efetivo das doenças crônicas e prevenção de agravos. A estabilização dos casos permite que a operadora mantenha custos mais previsíveis ao longo do tempo.
Outro efeito positivo é a otimização dos custos assistenciais, que surge como consequência direta da realocação inteligente de recursos, com prioridade para a Atenção Primária. Esse movimento fortalece a porta de entrada, amplia resolutividade e evita duplicidades.
À medida que a população crônica é acompanhada de forma estruturada, a previsibilidade financeira também tende a melhorar. Com isso, a operadora consegue projetar despesas com maior segurança e tomar decisões mais estratégicas.
O fortalecimento da APS se torna evidente quando os fluxos preventivos estão integrados. A atenção integrada e preventiva aumenta a coordenação do cuidado e cria uma experiência mais consistente para o beneficiário.
Como efeito da gestão de cuidado preventivo está o aumento da eficiência operacional, a partir da padronização de processos e com a atuação conjunta das equipes. A coordenação reduz retrabalhos, falhas de comunicação e inconsistências assistenciais.
Para beneficiários
Do lado dos beneficiários, a adesão aos tratamentos aumenta quando o cuidado é centrado na pessoa e quando existe uma relação mais próxima e de confiança com a operadora. Isso favorece o engajamento e melhora o acompanhamento.
As complicações e agravos se tornam menos frequentes quando há detecção precoce e monitoramento contínuo. O paciente recebe suporte antes que a condição evolua, evitando eventos graves.
Além disso, o acompanhamento contínuo e personalizado garante que cada beneficiário receba a atenção adequada ao seu perfil de risco. Programas de gestão populacional tornam o cuidado mais direcionado e efetivo.
A melhoria dos desfechos clínicos reflete a soma dessas práticas. O beneficiário experimenta uma vida mais saudável, com menos episódios críticos e maior estabilidade de saúde.
A experiência de cuidado também se torna mais positiva quando o paciente se sente monitorado, orientado e amparado. Isso fortalece a relação com a operadora e ajuda a construir confiança no sistema.
Por fim, o incentivo à promoção da saúde ganha força quando a operadora atua como parceira ativa na construção de hábitos saudáveis. O beneficiário percebe que existe uma preocupação contínua, que vai além do tratamento de doenças.
Em resumo, a transição para um modelo focado na gestão de cuidado preventivo é o caminho mais sustentável para a redução de custos por prevenção e a garantia de excelência assistencial.
Operadoras que investem na gestão preventiva se posicionam como líderes, oferecendo valor real para seus beneficiários e estabilidade para seus acionistas.
Dúvidas frequentes
O que é cuidado preventivo?
O cuidado preventivo se refere a todas as ações e serviços de saúde destinados a evitar doenças, lesões e outras condições de saúde. Isso inclui desde a vacinação e orientação sobre estilo de vida até exames de rastreamento e intervenções para reduzir fatores de risco específicos.
O que é gestão preventiva?
Gestão preventiva, no contexto de saúde suplementar, é a aplicação de técnicas de gestão para organizar e otimizar os recursos (humanos, financeiros e tecnológicos) em função da saúde da população.
Isso envolve a utilização do uso de dados para gestão preventiva e a implementação de programas de prevenção de doenças com o objetivo de gerar valor, reduzir riscos e diminuir custos a longo prazo.
O que é gestão do cuidado?
A gestão do cuidado se dedica a garantir que o paciente receba o cuidado certo, no lugar certo e no momento certo. Ela envolve a coordenação de serviços, a comunicação entre os profissionais de saúde e a integração entre níveis de cuidado (APS, secundário e terciário).
Quais são os 4 tipos de prevenção?
Os quatro tipos de prevenção em saúde são classificados de acordo com o momento da intervenção no curso da doença:
Prevenção Primária: Evitar a ocorrência da doença (ex: vacinação, promoção de hábitos saudáveis).
Prevenção Secundária: Detectar a doença em estágios iniciais, antes do surgimento dos sintomas (ex: exames de rastreamento, como a mamografia).
Prevenção Terciária: Minimizar as complicações de uma doença já estabelecida, reabilitar o paciente e melhorar a qualidade de vida (ex: gestão de pacientes crônicos, fisioterapia após AVC).
Prevenção Quaternária: Evitar a medicalização excessiva e iatrogenias, protegendo o paciente de intervenções desnecessárias.
Quer acompanhar as principais transformações da saúde no Brasil? Continue acompanhando os conteúdos da Saúde Business e fique por dentro de tudo que movimenta a gestão, inovação e os negócios no setor.
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Assessoria de Comunicação
Ahpaceg e Anahp avançam em parceria estratégica para fortalecer setor de saúde

O presidente da Ahpaceg, Renato Daher, e a executiva da entidade, Lorena Telles, estiveram na sede da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), em São Paulo, em uma agenda dedicada ao intercâmbio de experiências e ao alinhamento de uma parceria estratégica entre as instituições. O encontro teve como foco o fortalecimento do setor de saúde em Goiás e no cenário nacional.
Durante a visita e em reunião com Thiago Camargo, diretor de Gestão e Projetos da Anahp, foram discutidas iniciativas que devem impulsionar a atuação conjunta das duas entidades ao longo dos próximos anos. Uma das frentes já definidas é a realização de um evento conjunto em abril de 2026, que marcará o início formal das ações conjuntas.
Renato Daher destaca que novidades importantes estão por vir, e a expectativa é que 2026 seja marcado por uma agenda robusta de atividades integradas, reforçando o papel de ambas as organizações na defesa e no desenvolvimento do setor de saúde privado no país.
CLIPPING AHPACEG 02/12/25
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
O futuro das cirurgias minimamente invasivas e da medicina regenerativa: conheça a One STEP®
https://medicinasa.com.br/one-step/
O papel dos médicos na evolução da medicina digital
https://medicinasa.com.br/medicos-medicina-digital/
Testamento Vital: proteção e garantia das vontades do paciente
https://medicinasa.com.br/testamento-vital/
Dasa anuncia o uso da IA para laudos de ultrassom em tempo real
Política nacional visa aprimorar os programas de residência em saúde
MEDICINA S/A
O futuro das cirurgias minimamente invasivas e da medicina regenerativa: conheça a One STEP®
Práticas minimamente invasivas, foco em regeneração e controle rigoroso dos tecidos despontam como tendências para os próximos ciclos.
À medida que o ano chega ao fim, médicos e equipes clínicas renovam o interesse por abordagens cirúrgicas que entregam resultados superiores com menos trauma e mais segurança. Práticas minimamente invasivas, foco em regeneração e controle rigoroso dos tecidos despontam como tendências para os próximos ciclos.
A técnica One STEP®, criada pelo cirurgião plástico Dr. Patricio Centurion e lançada em 2017 pela DMC, tem sido reconhecida entre especialistas como um avanço relevante nesse cenário.
Baseada em um comprimento de onda específico (diferente dos métodos convencionais à base de laser tradicional), ela atua seletivamente sobre as células do tecido adiposo, promovendo procedimentos mais seguros e eficientes. São mais de 6.500 casos de sucesso realizados no Brasil, com destaque para aplicações em lipoaspiração, lipedema, reconstrução mamária, tratamento de feridas complexas, lesões articulares e outros protocolos de medicina regenerativa.
O que torna a One STEP® diferente: Diferencial técnico-científico e preservação tecidual
A One STEP® é fruto de uma engenharia óptica avançada. Seu diferencial está na emissão de luz com potência controlada, abaixo da temperatura corporal, e no comprimento de onda preciso, que permite uma atuação seletiva sobre as células. Isso garante maior preservação dos tecidos, menor risco inflamatório e mais conforto ao paciente.
Publicações científicas indexadas na PubMed confirmam que, apesar de outras tecnologias no mercado proporem abordagens semelhantes, nenhuma alcança o nível de preservação tecidual, eficácia regenerativa e segurança clínica proporcionada pela One STEP®. A técnica é a primeira, e até então única, no Brasil a atender às diretrizes da Resolução da Diretoria Colegiada nº 508 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que trata sobre as boas práticas com células humanas para uso terapêutico e pesquisas clínicas.
Aplicações: Da Medicina Regenerativa à Estética de alta precisão
A tecnologia tem sido amplamente utilizada em tratamentos regenerativos, com destaque para a extração de células-tronco do tecido adiposo. A One STEP® otimiza esse processo ao facilitar a retirada da gordura de forma mais seletiva e segura. O tecido é então centrifugado na própria sala de cirurgia, permitindo sua manipulação imediata. Trata-se de um avanço significativo em eficácia clínica e redução de custos, ao eliminar etapas laboratoriais externas.
Essas células regenerativas são empregadas com sucesso em tratamentos de feridas complexas, como as decorrentes de diabetes avançado, além de atuarem em reconstruções mamárias pós-mastectomia, promovendo melhor integração celular e recuperação funcional da área afetada.
O São Paulo Futebol Clube, por exemplo, integrou recentemente a tecnologia em seu protocolo de tratamento de lesões. Essa inovação, que aplica células-tronco mesenquimais retiradas da gordura do próprio atleta para tratar e acelerar a recuperação, coloca o Tricolor como pioneiro no uso da técnica no Brasil, evidenciando a excelência da One STEP®.
Fora dos campos, a aplicação clínica é igualmente relevante. Mulheres em tratamento de lipedema — condição que afeta entre 10% e 18% da população feminina — beneficiam-se de procedimentos menos invasivos. A técnica, ao preservar melhor os tecidos e permitir uma extração mais seletiva da gordura, oferece resultados clínicos superiores com menor risco de complicações nos casos em que a cirurgia é necessária. O tempo de recuperação reduzido significa maior qualidade de vida durante o processo.
Na medicina estética, a tecnologia One STEP® tem sido aplicada com destaque em procedimentos como a lipoaspiração e lipoescultura de alta precisão. Sua ação seletiva foca diretamente nas células de gordura, preservando as áreas ao redor, o que reduz o trauma cirúrgico, a dor no pós-operatório e acelera a recuperação do paciente, resultando também em melhores desfechos clínicos.
Comece o ano com uma tecnologia de ponta: Por que implementar a One STEP® em 2026?
Para o médico que busca elevar o padrão de suas cirurgias, a One STEP® é um protocolo consolidado, respaldado por resultados clínicos, validado por parcerias estratégicas — como a do São Paulo FC — e humanizado por histórias reais de pacientes que recuperaram sua autoestima por meio de cirurgias menos invasivas e com menos complicações.
A tecnologia é utilizada em procedimentos de lipoaspiração de alta definição, reconstruções mamárias, tratamentos de cirurgia vascular e áreas como urologia, ortopedia, coloproctologia, entre outras— uma abrangência que poucas soluções no mercado conseguem oferecer.
A One STEP® oferece um treinamento teórico e prático sem custo: basta acessar o site e entrar na fila de espera. O treinamento possibilita o contato com um cirurgião com ampla experiência no uso da técnica, além de demonstração em um caso real de utilização da técnica.
Mais de 600 especialistas no país já usam a One STEP ®em diversas aplicações.
Para saber mais sobre como trazer a tecnologia para dentro do seu consultório e iniciar 2026 com uma tecnologia de ponta que pode revolucionar sua prática cirúrgica, acesse o site da One STEP®.
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O papel dos médicos na evolução da medicina digital
Na era da medicina digital, o papel dos profissionais nas mais diversas funções e hierarquias vem sendo redefinido para atender às novas demandas da área. Os médicos, por exemplo, não atuam mais somente no cuidado direto ao paciente, mas tem participação essencial em todos os processos da cadeia de saúde, inclusive na integração de novas tecnologias aos processos clínicos, liderando a exploração do potencial de recursos como a Inteligência Artificial (IA) e soluções de suporte à decisão clínica (SDC).
Isto porque essas ferramentas não promovem mudanças apenas ao aprimoramento dos processos, redução de burocracias e otimização de custos e da mão de obra. A promoção da IA na saúde é responsável por transformações significativas na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, além da qualidade do cuidado ofertado aos pacientes.
A base da prática da medicina, desde seus primórdios, é promover o bem-estar humano. Nesse sentido, o uso adequado da IA na área da saúde tem o poder de reforçar essa premissa, desde que os médicos e demais profissionais sigam no controle das tarefas envolvendo essa tecnologia, e não o inverso.
Atualmente, o uso da Inteligência Artificial já possui aderência considerável por parte das instituições de saúde. Segundo pesquisa desenvolvida pela Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP) em conjunto com a Wolters Kluwer, 82,3% das instituições de saúde já disponibilizam algum tipo de recurso ou solução de Inteligência Artificial para práticas ou processos pré-estabelecidos.
Em contraponto, de acordo com a pesquisa, 74,5% dos respondentes apontam que a organização está pouco preparada para aplicar o uso de tecnologias de IA nas áreas clínicas nos próximos 2 anos, o que revela uma lacuna no processo de integração da tecnologia à rotina das instituições de saúde no país.
O papel dos médicos e da BEM
Além do obstáculo mencionado, a confiabilidade dos insights gerados também é um dos fatores decisivos para a adoção da IA na medicina. A confiança dos profissionais na tecnologia depende diretamente de um processo editorial criterioso, que articula ciência, julgamento humano e integridade metodológica a partir da Medicina Baseada em Evidências (MBE).
O envolvimento direto dos médicos na inserção da tecnologia na saúde é essencial para garantir que a digitalização seja mantida centrada no paciente e não focada apenas na eficiência do sistema. Se bem integrada, a IA tem o potencial de ampliar a capacidade de resposta clínica, melhorar a relação médico-paciente e ajudar a criar um sistema de saúde mais eficiente e orientado para o ser humano, mas isso depende substancialmente da inclusão do médico neste processo.
A compreensão da jornada do paciente, combinada com as habilidades e a proficiência em IA, pode definir soluções escaláveis, eficazes, sustentáveis e adaptadas ao mundo real, além de protocolos de uso racional e equilibrado do recurso tecnológico, com base nas evidências médicas mais atualizadas disponíveis.
Diante disso, a Inteligência Artificial, alinhada à utilização de soluções de SDC e da MBE, apresenta um grande potencial para alavancar a prestação de cuidados de saúde, principalmente estando integrada à prática clínica por médicos que entendem por completo as novas demandas da medicina digital, sem deixar de lado o bem-estar e o cuidado prestado aos pacientes.
*Allan Conti é Diretor Comercial da Wolters Kluwer Health no Brasil.
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Testamento Vital: proteção e garantia das vontades do paciente
Em um cenário de avanços contínuos na medicina e crescente valorização da autonomia individual, a discussão sobre o planejamento do fim da vida ganha relevância inquestionável. O Testamento Vital, formalmente conhecido como Diretivas Antecipadas de Vontade (DAV), emerge como um instrumento jurídico e ético fundamental. Ele permite que qualquer pessoa, em pleno gozo de suas faculdades mentais, determine previamente os tratamentos de saúde que deseja ou não receber, caso se encontre em situação de incapacidade de expressar sua vontade.
No Brasil, a ausência de uma lei específica que regulamente o Testamento Vital não o torna inválido ou ineficaz. Pelo contrário, sua fundamentação jurídica reside em princípios constitucionais fundamentais, como a dignidade da pessoa humana (Art. 1º, III, da Constituição Federal) e a autonomia privada (Art. 5º, II). O principal marco regulatório para a classe médica é a Resolução nº 1.995/2012 do Conselho Federal de Medicina (CFM) , que, embora não seja uma lei em sentido estrito, possui força normativa para a categoria e serve como um importante balizador para a aplicação das DAV. Esses princípios asseguram ao indivíduo o direito de decidir sobre seu próprio corpo, inclusive para recusar tratamentos que apenas prolonguem artificialmente a vida em situações irreversíveis.
A Resolução do CFM estabelece que o paciente pode registrar, por escrito, suas vontades quanto aos cuidados médicos, detalhando os procedimentos que aceita ou recusa, de modo a evitar ambiguidades futuras. O documento deve ser elaborado de forma clara e objetiva por escrito, preferencialmente com a presença de duas testemunhas, e registrado em cartório por escritura pública, conferindo-lhe maior segurança jurídica. As DAV prevalecem sobre a vontade de familiares e, via de regra, sobre o parecer médico, desde que não violem o Código de Ética Médica. Além disso, é aconselhável revisar o documento periodicamente, especialmente após eventos significativos na vida, como o diagnóstico de uma nova doença ou mudanças de valores pessoais.
A jurisprudência brasileira, embora ainda em fase de consolidação, tem se mostrado favorável à validade das Diretivas Antecipadas de Vontade. É importante notar que, embora o Superior Tribunal de Justiça (STJ) demonstre uma tendência de flexibilizar as formalidades dos testamentos patrimoniais para preservar a vontade do testador, a discussão sobre o Testamento Vital ganha contornos específicos . Um marco interpretativo fundamental é o Enunciado 597 da V Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal (CJF) , que, embora sem força de lei, representa entendimento doutrinário consolidado e serve de guia para juízes e tribunais. O enunciado afirma: “É válida a declaração de vontade expressa em documento autêntico, também chamado de testamento vital, em que a pessoa estabelece disposições sobre o tipo de tratamento de saúde, ou não tratamento, que deseja no caso de se encontrar sem condições de manifestar a sua vontade.”
Essa orientação reforça a legitimidade das DAV no ordenamento jurídico brasileiro, oferecendo maior segurança tanto para pacientes quanto para médicos. A doutrina especializada reconhece as Diretivas Antecipadas de Vontade como instrumento de efetivação da autonomia privada e do direito à morte digna, permitindo ao indivíduo preservar sua vontade mesmo em situações de vulnerabilidade extrema . Tal entendimento ganhou ainda mais relevância após a pandemia de Covid-19, quando houve um aumento significativo nos registros de Testamentos Vitais no Brasil, evidenciando maior conscientização sobre a fragilidade da vida.
Mais que um documento jurídico, o Testamento Vital é expressão de autonomia e dignidade. Ao elaborá-lo, evita-se a sobrecarga emocional de familiares diante de decisões críticas, assegurando, assim, o respeito às escolhas do paciente e garantindo que sua passagem ocorra de forma condizente com seus valores e convicções.
*Júlia Mauad é Acadêmica do Poletto & Possamai.
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SAÚDE BUSINESS
Dasa anuncia o uso da IA para laudos de ultrassom em tempo real
Além da revisão a expectativa é cruzar informações com exames anteriores do paciente para maior precisão de resultados
A Dasa, empresa brasileira de medicina diagnóstica, implementou uma nova aplicação de inteligência artificial para atuar na verificação de laudos de ultrassonografia nos laboratórios das marcas Delboni e Salomão Zoppi, como uma averiguação adicional. A previsão é de que, no futuro, essa tecnologia seja ampliada para outras marcas do grupo.
De acordo com os responsáveis pela inovação, o sistema atua como um assistente virtual que revisa os laudos antes da entrega e compara as informações com o histórico de exames do paciente. “A inteligência artificial atua como uma segunda checagem dos laudos em busca de inconsistências e alertando para possíveis gaps antes da finalização. Além da revisão interna, também cruza informações com exames anteriores do paciente, elevando o padrão de segurança e precisão dos laudos e fortalecendo a confiança entre médico e paciente”, explica Giancarlo Domingues, superintendente médico de Inovação em Diagnóstico por Imagem e Patologia da Dasa.
Tecnologia aliada a humanização
Para o diretor de Operações Médicas, Alexandre Valim, quanto mais completo o histórico do paciente, mais aprimorada se torna a entrega dos resultados e o apoio aos médicos a cada novo exame. “E, mesmo com a assistência da IA, o médico tem a palavra final, conferindo o resultado para garantir a validação e a responsabilidade do diagnóstico”, complementa Valim.
Desde 2020, a empresa utiliza algoritmos para acelerar a realização de exames de ressonância magnética, aumentando o conforto dos pacientes. Além disso, aplica inteligência artificial em tomografias para identificar achados relevantes, emprega Processamento de Linguagem Natural (NLP) para analisar milhares de laudos por dia e sinalizar resultados críticos, e mantém parcerias tecnológicas, como com o Google Cloud, para leitura automática de pedidos médicos (OCR) e aprimoramentos em sua plataforma digital de saúde, o Nav.
“A Dasa realiza mais de 400 milhões de exames por ano e se relaciona com mais de 20 milhões de pessoas. Inovação e medicina caminham juntas na Dasa. Nosso compromisso é utilizar novas tecnologias de ponta, como a inteligência artificial, para apoiar os médicos, aumentar a precisão e oferecer sempre o melhor cuidado possível aos pacientes”, conclui Valim.
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Política nacional visa aprimorar os programas de residência em saúde
O documento tem o propósito também de ampliar a presença de profissionais em áreas estratégicas do SUS e regiões menos assistidas
A Política Nacional de Residências em Saúde (PNRS) foi aprovada pela Comissão Intergestores Tripartite (CIT), na última quinta-feira, em Brasília. O documento foi elaborado pelos Ministérios da Saúde e da Educação, tem como objetivo consolidar as residências médicas e em áreas profissionais da saúde como uma estratégia prioritária para a formação de especialistas e o fortalecimento do SUS. O próximo passo será a publicação da portaria interministerial no Diário Oficial da União (DOU).
A PNRS é elaborada através de escuta qualificada, discussões em instâncias colegiadas, e consulta pública e tem o compromisso de ordenar a formação especializada pelo SUS – com base nas necessidades regionais e nacionais –, e dimensionar especialistas, apoiando a definição de áreas prioritárias e territórios estratégicos. Também busca expandir e qualificar os programas de residência, garantindo provimento de especialistas em regiões de vazios assistenciais e fortalecer o financiamento tripartite, assegurando sustentabilidade da política.
Benefícios
Entre os objetivos da PNRS, estão qualificar a prática formativa, integrando ensino, serviço e comunidade, orientada pelos princípios do SUS; aprimorar sistemas de gestão, monitoramento e avaliação, garantindo transparência e efetividade; e estimular inovação científica e tecnológica, com produção e disseminação de novos conhecimentos em saúde. A política segue os princípios da equidade na distribuição territorial dos programas e vagas, da integralidade do cuidado em saúde, da interprofissionalidade como base do processo formativo e da segurança do paciente como valor estruturante.
“Com a PNRS vamos expandir e qualificar os programas de residência, reduzindo a desigualdade regional de acesso a especialistas; aprimorar sistemas de gestão, monitoramento e avaliação; ampliar incentivos financeiros; e valorizar residentes, preceptores, tutores e coordenadores, além de realizar ações voltadas para a saúde mental dos residentes”, disse o secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Felipe Proenço. Conforme o secretário, a política também fortalece o objetivo estratégico do Programa Agora Tem Especialistas de expandir a oferta desses profissionais em áreas estratégicas para o SUS e em regiões menos assistidas.
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Assessoria de Comunicação
Ahpaceg participa da celebração dos 75 anos da AMG e da entrega da Comenda Ordem do Mérito Dr. Luiz Rassi


CLIPPING AHPACEG 01/12/25
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Por que os robôs estão dominando as cirurgias ortopédicas
https://medicinasa.com.br/robos-cirurgias-ortopedicas/
Saúde ocular: como impulsionar o setor da oftalmologia no Brasil
https://medicinasa.com.br/desigualdade-oftalmologia/
O imbróglio das Unimed, enésimo round
O judiciário no setor regulado de saúde: entre convencimento e consciência
Inteligência Epidemiológica Artificial: se outra pandemia chegasse em 2026, como seria?
Plataforma de IA simplifica acesso aos dados do DataSUS
https://www.saudebusiness.com/ti-e-inovao/plataforma-de-ia-simplifica-acesso-aos-dados-do-datasus/
Rede D'Or é eleita a empresa de saúde mais confiável do Brasil em ranking da Newsweek
MEDICINA S/A
Por que os robôs estão dominando as cirurgias ortopédicas
O uso da robótica na Medicina está crescendo, com aplicações em áreas cirúrgicas, como cirurgia geral, Urologia, Gastrocirurgia, Ginecológica, Neurocirurgia e Ortopedia (mais precisamente na área de próteses). “Os robôs permitem melhorar a precisão dos procedimentos, pois garantem em muitas áreas movimentos com precisão submilimétrica. Além disso, os braços robóticos permitem chegar aonde muitas vezes a mão e a visão humanas não alcançam. Como uma visão mais apurada conseguimos garantir maior segurança ao manipular estruturas nobres”, explica o ortopedista Marcos Cortelazo, especialista em joelho e traumatologia esportiva e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). O ortopedista explica que a cirurgia robótica já é feita no Brasil e se destaca como um avanço importante na artroplastia de joelho por trazer diversos benefícios ao médico e paciente.
Mas quando o assunto é cirurgia robótica, não espere um robô que age sozinho. “Um robô cirurgião que age por conta própria ainda é ficção cientifica. Na verdade, hoje, quando falamos de cirurgia robótica nos referimos principalmente a um equipamento com um braço robótico equipado com pinças e câmeras. Esse braço é totalmente controlado pelo cirurgião. Então, o sucesso do procedimento ainda se deve totalmente à experiência e ao conhecimento do médico”, diz o ortopedista. “O robô é um coadjuvante da atividade médica. É uma ferramenta para melhorar o desempenho, precisão e segurança dos procedimentos, mas precisa ser comandado pelo médico, até para a tomada de decisões”, reforça Marcos Cortelazo.
A precisão é a grande vantagem, mas não é a única
Segundo o ortopedista, na artroplastia do joelho, as partes de sustentação do peso do joelho são completamente substituídas por componentes protéticos. “O procedimento tornou-se cada vez mais comum nas últimas décadas para tratar a degeneração do joelho e aliviar a dor e a incapacidade. A maioria das artroplastias ainda são convencionais, o que significa que os cirurgiões as realizam manualmente, julgando quanto osso remover com base em seu treinamento e experiência. Um número crescente dessas cirurgias é realizado usando robôs cirúrgicos que dependem de imagens pré-operatórias ou da descoberta de marcos anatômicos durante a cirurgia para determinar onde cortar”, explica o médico. “O robô filtra os tremores da mão do cirurgião, eliminando-os, o que evita movimentos involuntários e, consequentemente, aumenta a assertividade e a segurança”, afirma o médico. “Essa precisão é submilimétrica, o que também garante que o procedimento seja menos invasivo. Com o auxílio do robô, as incisões são mais exatas e o trauma é menor, o que se traduz em cirurgia mais rápida, menor sangramento e tempo de internação, recuperação mais rápida, pós-operatório mais tranquilo e incisões menores” acrescenta Marcos.
A câmera 3D facilita a operação
O ortopedista explica que as câmeras presentes no braço robótico do equipamento também geram, em tempo real, imagens de alta definição que podem ser aumentadas, assim auxiliando no posicionamento dos instrumentos cirúrgicos e na tomada de decisões pelo cirurgião. “Na ortopedia, as imagens em 3D permitem que o cirurgião planeje melhor os cortes ósseos e o posicionamento da prótese para garantir um encaixe e alinhamento mais preciso, o que tende a ser mais difícil com a técnica tradicional”, destaca o ortopedista, que afirma que esse encaixe mais preciso da prótese no osso melhora o prognóstico da cirurgia e o paciente tem menos chance de sofrer com problemas como dor, rigidez e inchaço da região após o procedimento. “Apesar de ter bons resultados, na técnica tradicional, o encaixe depende unicamente da experiência do cirurgião, o que, em alguns casos, pode resultar em um posicionamento não tão exato, causando alterações no alinhamento da articulação que fazem diferença a longo prazo, especialmente em relação à durabilidade da prótese”, afirma o médico.
Segundo pesquisa publicada no Archives of Orthopaedic and Trauma Surgery, a cirurgia robótica traz melhores resultados do que cirurgias semelhantes realizadas manualmente. Comparando 541.122 pacientes que receberam cirurgias convencionais com 17.249 que receberam cirurgias robóticas entre 2016 e 2019, os pesquisadores descobriram que os pacientes que passaram pela cirurgia robótica tiveram internações hospitalares que foram quase meio dia mais curtas. Eles também eram significativamente menos propensos a ter uma série de complicações, como infecções, perda excessiva de sangue e fraturas, luxações ou complicações mecânicas de suas próteses. No entanto, um entrave apontado pelo estudo é o preço, que é mais alto na cirurgia robótica. “Os custos da artroplastia robótica de joelho tendem a ser maiores em comparação à técnica tradicional, mas a tendência é que se torne cada vez mais utilizada e acessível”, destaca Marcos Cortelazo, que reforça que, apesar do risco de complicações ser menor na cirurgia robótica, tudo depende da experiência e conhecimento do médico, afinal, o robô não faz nada sozinho. “Por isso, é fundamental que você busque um médico especializado, principalmente porque a cirurgia robótica possui uma maior curva de aprendizado. Apenas ele poderá dizer se essa é realmente a melhor opção para o seu caso e prosseguir com o procedimento da maneira adequada”, finaliza Marcos.
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Saúde ocular: como impulsionar o setor da oftalmologia no Brasil
A saúde ocular é um pilar fundamental para a nossa qualidade de vida, aprendizado e relacionamentos. No entanto, embora seja um direito essencial, os cuidados com a visão se mantêm como um privilégio distante para milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade social. O que testemunhamos é que este problema não é apenas uma questão de saúde, mas o início de um ciclo vicioso de exclusão social e educacional.
O acesso à atenção oftalmológica é prejudicado por barreiras estruturais. Para a população de baixa renda, as implicações vão desde a dificuldade para agendar consultas especializadas, com longas filas para atendimento no sistema público, até a impossibilidade financeira de adquirir um par de óculos. Quando essa dificuldade atinge crianças e adolescentes, o impacto é particularmente devastador.
Em um paradoxo, o Brasil é um polo de excelência em oftalmologia na América Latina, contando com formação de alta qualidade e centros de referência que aplicam tecnologia de ponta, contribuindo significativamente para a pesquisa na área.
Contudo, essa excelência coexiste com um desafio. Segundo o IBGE, há mais de 6,5 milhões de pessoas com algum grau de deficiência visual no país. Além disso, uma pesquisa apoiada pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) revelou que 34% da população adulta nunca consultou um oftalmologista.
No ambiente educacional, a falta de um diagnóstico precoce e a ausência dos óculos necessários transformam a sala de aula em um ambiente desconfortável. A criança, incapaz de enxergar o quadro ou de ler os livros, perde o interesse e a motivação, resultando em queda do desempenho escolar, estigmatização e, muitas das vezes, na evasão escolar.
É essa urgência que deu origem ao ‘Em Um Piscar de Olhos’. Não lidamos apenas com estatísticas, trabalhamos para resgatar vidas que estão sendo limitadas. Ao longo de nossa trajetória, identificamos inúmeros jovens que jamais haviam passado por uma triagem oftalmológica. A invisibilidade dos problemas de refração em comunidades menos favorecidas é, na prática, um catalisador da desigualdade.
A boa notícia é que as ações de impacto social voltadas para a oftalmologia podem ser um caminho estratégico e sustentável para promover uma transformação. Ao identificar e encaminhar milhares de pacientes que estavam à margem do sistema, projetos como o nosso criam uma demanda organizada e significativa.
Isso impulsiona a necessidade de mais consultas especializadas, gerando fluxo para clínicas e oftalmologistas. Igualmente, fomenta o mercado com a aquisição de equipamentos e movimenta a cadeia produtiva das óticas, que passam a fornecer óculos em grande volume, muitas vezes por meio de acordos com o setor público ou corporativo.
Dessa forma, a responsabilidade social se estabelece como um impulsionador econômico, beneficiando simultaneamente a saúde pública e o desenvolvimento do setor privado. Prova disso é o nosso alcance: em menos de quatro anos, nossa metodologia já atendeu mais de 189 mil crianças e adolescentes em mais de dez estados brasileiros.
Por meio de uma triagem rápida e não invasiva nas escolas, seguida pelo encaminhamento imediato para consultas e doação de óculos, demonstramos que a visão é a porta para o conhecimento e abri-la para a população é o maior investimento que podemos fazer em um futuro mais justo e promissor.
*Leonardo Figueiredo é CEO da H&Care Brasil e criador da metodologia Em Um Piscar de Olhos.
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ESTADO DE MINAS
O imbróglio das Unimed, enésimo round
A Seguros Unimed acelerou sua expansão comercial no Rio de Janeiro no momento em que a Unimed-FERJ e a Unimed Brasil tentam reorganizar a assistência deixada pelo colapso financeiro e operacional da Unimed-Rio.
No setor, os relatos são de “fogo amigo”: a Seguros Unimed tem disputado prestadores de serviços, recrutado corretores e intensificado a oferta de seus produtos justamente nas praças onde a Unimed-FERJ tenta estabilizar o atendimento.
Esse avanço se dá em um cenário com versões conflitantes. O colapso da Unimed-Rio levou, em 2016, à assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) voltado a preservar o atendimento dos beneficiários. A Seguros Unimed integrou o acordo como garantidora.
A seguradora afirma, porém, ter deixado de fazer parte do TAC há mais de um ano, em fevereiro de 2024, após uma decisão da Justiça Federal do Rio de Janeiro, que a teria desonerado das obrigações previstas no termo. A empresa diz que, desde então, não foi mais chamada para reuniões, atos ou deliberações relacionadas ao TAC.
A Seguros Unimed, de fato, tem operado de forma independente da transição conduzida pelo TAC e buscado expandir sua presença no mercado, enquanto Unimed-FERJ e Unimed Brasil tentam evitar novo apagão assistencial.
No entanto, a saída da seguradora do TAC, relatada pela própria companhia, não é reconhecida pelos demais signatários do acordo.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) afirmou à coluna que não recebeu qualquer notificação judicial autorizando a retirada da Seguros Unimed da qualidade de compromissária do termo. O Ministério Público Federal disse que não tem conhecimento dessa decisão. E o Ministério Público do Rio de Janeiro respondeu que a informação não consta no procedimento de acompanhamento do TAC.
Em abril de 2024, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou que os beneficiários da Unimed-Rio seriam transferidos para a Unimed-FERJ. Há pouco menos de um mês, a assistência desses usuários passou para a Unimed Brasil.
Em nota, a Seguros Unimed destacou que “permanece comprometida com a estabilidade do Sistema Unimed e com a conformidade regulatória”. A empresa afirmou que a alegada saída do TAC se deu por conta do agravamento do cenário econômico-financeiro da Unimed-Rio.
A Seguros Unimed também disse que, nas comunicações públicas sobre a transferência da carteira da Unimed-Rio para a Unimed-FERJ, a ANS não a mencionou entre os entes envolvidos. Isso, de acordo com a companhia, reforça que ela não participa mais do TAC.
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SAUDE BUSINESS
O judiciário no setor regulado de saúde: entre convencimento e consciência
Ele protege os direitos dos pacientes, regula práticas médicas e hospitalares e preserva o interesse público
A atuação judicial no setor regulado de saúde não pode ser compreendida como mera extensão da rotina forense. Trata-se de um campo singular, profundamente marcado por exigências técnicas, pela tutela da vida e pela necessidade de assegurar estabilidade regulatória em um ambiente que historicamente se estruturou para proteger o interesse público.
Empresas e atividades submetidas à vigilância sanitária operam sob um regime jurídico que não é acidental. Ele resulta de décadas de construção institucional, desenvolvimento normativo e amadurecimento de práticas capazes de garantir segurança, qualidade e confiabilidade. Cada registro, cada certificação, cada inspeção e cada norma existe para preservar um delicado equilíbrio entre inovação, competitividade econômica e proteção sanitária.
Quando conflitos desse universo chegam às portas do Judiciário, espera-se que o julgador ultrapasse o tradicional juízo de convencimento, aquele centrado exclusivamente na valoração formal das provas, e adote um juízo de consciência. Essa forma ampliada de apreciação não abandona a técnica jurídica, mas reconhece que, no âmbito sanitário, as decisões judiciais possuem repercussões que vão além das partes e alcançam o próprio funcionamento das políticas públicas de saúde.
Uma decisão judicial nesse setor pode afetar cadeias produtivas sensíveis, interferir no abastecimento de produtos essenciais, comprometer controles de rastreabilidade ou enfraquecer mecanismos de vigilância imprescindíveis. Do mesmo modo, uma decisão consciente fortalece a integridade sanitária, dá segurança jurídica ao desenvolvimento tecnológico e garante que a população continue tendo acesso a produtos e serviços que atendam padrões rigorosos de segurança e qualidade.
É por isso que a atuação judicial exige prudência, sensibilidade institucional e plena compreensão da finalidade maior que orienta a vigilância sanitária: proteger a vida e assegurar que o mercado regulado opere dentro de parâmetros que preservem a saúde coletiva. Decidir com consciência é compreender o papel estratégico do Judiciário na manutenção desse sistema complexo, técnico e historicamente consolidado.
Refletir sobre isso não significa restringir o exercício jurisdicional, mas qualificá-lo. Significa reconhecer que, no setor regulado de saúde, o juiz não apenas julga litígios; ele tutela a confiança pública, preserva a credibilidade das políticas sanitárias e colabora para que o país mantenha padrões de segurança e responsabilidade compatíveis com o que a sociedade espera.
Que essa reflexão fortaleça o diálogo entre direito, regulação e justiça, e reafirme a importância de decisões conscientes, céleres e efetivas decisões que honrem o papel histórico do Estado na proteção da saúde e garantam que o acesso a produtos e serviços seguros continue sendo um compromisso inegociável.
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Inteligência Epidemiológica Artificial: se outra pandemia chegasse em 2026, como seria?
Ciência vai bem, lideranças nem tanto
Quando a pergunta é: “A sociedade mundial está mais preparada para outra pandemia como a de 2020?” A resposta clara é: Não. Mas se a questão é: “A ciência e a tecnologia médica estão mais preparadas e habilitadas a tratar epidemias, comparando a 5 anos atrás?” A resposta absoluta é: extraordinariamente mais preparadas. Se as lideranças humanas em 2025 continuam tão medíocres quanto em 2020, seu poder clínico-científico não tem comparação: saltamos 50 anos em 5.
O poder de deturpar a informação e explorar o negacionismo vacinal hoje é tão real quanto há 5 anos. A disposição de colaboração global parece ainda mais escassa. Humanos continuam patéticos. Basta ver a sustentabilidade ambiental: a timidez de resultados da COP-30 evidencia a fragilidade civilizatória desta primeira metade do século. Quanto mais ciência temos, mais ignorância política acumulamos. Sempre haverá um Pinker para negar qualquer pessimismo quanto aos avanços em equidade social. A isso denominamos relativismo temporal, uma espécie de otimismo retrospectivo: “bem, mas no século XIX era pior…”
Os fatos atuais contradizem. A nação mais rica do mundo destila verticalização por todos os lados e ergue barreiras quanto à pesquisa de vacinas mRNA. A segunda mais rica é um misto de tergiversação e mistério. Tente um contato pessoal (não- digital) com qualquer empresa chinesa e aterrize novamente no século XX…
Imagine rebobinar 2020 e apertar play em 2025. Se a pandemia irrompesse hoje, considerando o estágio atual das plataformas de IA, bioinformática e automação laboratorial, o cenário epidemiológico seria drasticamente diferente, principalmente quanto à velocidade da resposta científica. Embora a biologia humana (tempo que o corpo leva para reagir) e a burocracia humana (tempo que suas lideranças demoram a convergir) não mudem na mesma velocidade, a fase “descoberta-&-design imunoterápico” (outrora um romance de inverno) virou haicai, acelerando de meses para dias, quiçá horas. Em 2020, o genoma do SARS-CoV-2 foi decifrado em semanas, mas a proteína Spike só apareceu no microscópio depois de muito nitrogênio líquido e paciência criogênica. Hoje, algoritmos de LLM não leem a Spike: eles a antecipam, esboçam maquetes em 3-D e simulam sua dança com o receptor ACE2. Mais que isso: sugerem proteínas sintéticas mais estáveis e vacinas pan-coronavírus capazes de prever mutações que o próprio vírus ainda ignora.
Hoje, ferramentas como o AlphaFold 3 (Google DeepMind) e o ESM Fold (Meta) são capazes de prever a estrutura 3D de qualquer proteína viral em minutos, com precisão atômica. Se soubéssemos em 2020 o que sabemos hoje, não apenas entenderíamos a forma do vírus, mas também como ele infecta e quais variantes são perigosas quase que instantaneamente.
A fase de pesquisa vacinal levaria poucas horas, embora o gargalo continuasse sendo os ensaios clínicos (testes em humanos), que levam meses. No entanto, a Cognição Artificial ajudaria a recrutar pacientes mais rápido e analisar dados em tempo real, talvez encurtando a aprovação de 11 meses para algo em torno de 6 a 8 meses. A ‘descoberta de antivirais’ seria a maior diferença. Em 2020, perdemos tempo testando drogas antigas (Hidroxicloroquina, Ivermectina, Remdesivir) com resultados incertos. Hoje, máquinas de inteligência epidemiológica podem testar bilhões de moléculas existentes (contra a estrutura do vírus) em dias (simulações computacionais). Teríamos identificado candidatos reais a antivirais nas primeiras semanas (‘triagem virtual massiva’). É muito provável que tivéssemos um ‘tratamento antiviral eficaz’ disponível quase ao mesmo tempo (ou até antes) das vacinas, reduzindo drasticamente a mortalidade hospitalar.
Por outro lado, a vigilância e o diagnóstico são hoje muito mais efetivos, como, por exemplo, a (1) Detecção por Som, que já opera com aplicativos (smartphone) baseados em LLMs. Eles são capazes de detectar o Covid-19 com alta precisão no som da tosse do usuário, permitindo triagem em massa sem necessidade de kits físicos (que faltaram em 2020). Da mesma forma, as (2) Análises por Imagem se exponenciaram, diferenciando instantaneamente uma pneumonia-Covid de outras pneumonias (redução no tempo de triagem e na lotação dos Pronto-Atendimentos). Sem falar na (3) Vigilância Preditiva, como o sistema BlueDot já fazia em 2020, só que agora utilizando LLMs que analisam em segundos redes sociais e relatórios médicos globais.
Ou seja, nosso smartphone já escuta o timbre rouco que denuncia o vírus; o algoritmo radiologista ‘pinta de vermelho’ a pneumonia-Covid (antes do laudo chegar); e um radar lexical fareja a “pneumonia estranha” nas redes, antes mesmo que o hospital comece a lotar. Resultado: ao contrário de ‘Manaus-2020’, o oxigênio chega antes da falta de ar.
A ciência que temos hoje teria resolvido aquele ‘quebra-cabeça viral’ de 2020 quase instantaneamente. Não teríamos passado meses “no escuro” tentando entender como a doença funciona. Disporíamos de medicamentos mais cedo, vacinas melhores (% protetivo) e menos informação duvidosa circulando pelas mídias especializadas. Estudos recentes, como o “Early detection of emerging SARS-CoV-2 Variants from wastewater through genome sequencing and machine learning”, publicado este ano pela University of Nevada, mostram que a IA consegue identificar com precisão assinaturas de variantes virais em misturas complexas de esgoto, permitindo intervenções antes do surto explodir. Trata-se do chamado Wastewater Intelligence (“inteligência de águas residuais”), que em 2020 era só tese de mestrado, mas hoje já está disponível para redes integradas de esgoto (desde que a cidade, claro, tenha um gestor lúcido e determinado, alguém que perceba que rastrear vírus em esgoto vale tanto quanto monitorar a qualidade do ar).
Boston, por exemplo, joga xadrez com os patógenos. Desde março de 2020, a Massachusetts Water Resources Authority (MWRA) e a prefeitura local coletam amostras diárias na estação Deer Island. O painel de 10 de janeiro de 2025 mostrou uma média de ‘1.206 cópias de RNA SARS-CoV-2 por mililitro’, com tendência estável e oscilação de apenas 6% (relatório da MWRA confirma que picos virais no esgoto antecipam em 1 a 3 semanas o salto de internações e casos clínicos). Em Amsterdã, a Rijksinstituut voor Volksgezondheid en Milieu (RIVM), Rede Nacional Holandesa, analisa semanalmente amostras em cerca de 40% de suas Estações Residuais (133 estações). Foi exatamente esse sistema que, em 2021, detectou a variante Ômicron no esgoto do aeroporto de Schiphol, antes de seu espalhamento comunitário. A proposta é simples: quem pesquisa o esgoto lê o futuro; quem tampa o nariz para ele recicla velhas (e tristes) recordações.
Hans Henri P. Kluge, Diretor Regional da OMS na Europa, em seu speech na reunião de alto nível realizada em Copenhagen (novembro de 2025), levantou a importância das tecnologias de IA para a proteção humana: “Gostaria que todos vocês imaginassem um mundo, daqui a menos de 10 anos, onde uma mãe em uma aldeia rural possa receber um diagnóstico instantâneo em seu celular, graças a uma IA que fala sua língua e conhece seu histórico médico; onde uma enfermeira em uma pequena clínica pode acessar as mesmas ferramentas de ponta que os principais hospitais de Paris ou Estocolmo; onde cada profissional de saúde, do voluntário comunitário ao cirurgião especialista, tenha um assistente de IA que nunca se cansa, nunca se esquece e os ajuda a concentrar esforços onde realmente importa”. Kluge não estava falando para turistas ou médicos de família, mas para as principais lideranças clínico-assistenciais de 53 estados-membros da Comunidade Europeia. Seu discurso tinha o tom de uma citação helênica: “Não culpe os pés por não conseguir subir em árvores”.
Em 26 de janeiro de 2025, havia mais de 777 milhões de casos confirmados de Covid-19, com mais de 7,7 milhões de óbitos em todo o mundo, classificando a pandemia-2020 como a quinta mais mortal da história. Embora ela seja hoje um “problema de saúde estabelecido e contínuo, que não constitui mais uma emergência de saúde pública”, a pandemia catalisou uma crise médico-assistencial global sem precedentes, que deixa rastros ainda hoje. O que se pode afirmar, em novembro de 2025, é que algumas nações estão rapidamente deixando a era da “vigilância reativa” (esperar que os infectados cheguem aos hospitais) para entrar na era da “Inteligência Epidêmica Preditiva”.
O estudo chinês “Artificial intelligence in the COVID-19 pandemic: balancing benefits and ethical challenges in China’s response”, publicado pela Nature em 2025, faz uma análise profunda sobre o uso das IAs nos eventos pandêmicos, inclusive no de 2020, consagrando o LLM como uma nova e poderosa salvaguarda para qualquer quadro epidêmico: “A natureza persistente e evolutiva da pandemia Covid-19, que se estendeu para além de 2023, frustrou as expectativas iniciais de uma solução rápida, semelhante ao surto de SARS em 2003. A rápida disseminação e mutação do vírus, aliadas às variadas políticas internacionais de prevenção, evidenciam a complexidade da governança global da saúde. No entanto, a IA emergiu como uma ferramenta crucial nessa batalha contínua. Cada revolução científica e tecnológica remodela a sociedade em diferentes graus, e o surgimento da IA é um exemplo contemporâneo: sua aplicação prudente é crucial para manter a estabilidade social e a sanidade pública em meio a qualquer pandemia”.
“A IA pode ajudar a determinar onde no mundo precisamos intensificar o monitoramento, tanto geograficamente quanto em certas espécies animais, passando por águas residuais e seres humanos. Isso nos permite focar nos pontos críticos que concentram maior risco”, explica o pesquisador dinamarquês Frank Møller Aarestrup, coautor do estudo “Artificial intelligence and One Health: potential for spillover prediction?”, publicado em setembro de 2025 pela The Lancet. O estudo também mostra a importância da abordagem “One Health”, que considera a saúde humana, animal e ambiental dentro do mesmo arcabouço preditivo. Surtos, como o Covid-19, parvovírus e gripe aviária, têm origem em animais, mas é difícil prever quando e onde um vírus desse tipo irá infectar humanos. As máquinas de cognição artificial e malhas de sensores podem facilitar enormemente essa vigilância, identifica o estudo. Muitos centros de pesquisa viral já trabalham com o conceito de co-cientista, um agente epidemiológico artificial capaz de apoiar a pesquisa científica desde a formulação de hipóteses, passando pela pesquisa bibliográfica até a análise e a apresentação de dados. Marion Koopmans (Erasmus University), também coautora no estudo da Lancet, afirma que a IA em cinco anos transformará as respostas globais às pandemias: “Ao analisar grandes volumes de dados climáticos e socioeconômicos, a IA pode ajudar a prever onde e como os surtos ocorrerão, avaliar seu impacto e aprimorar a compreensão das respostas do sistema imunológico a novos patógenos.”
Cientistas da Universidade de Oxford também publicaram em 2025, na Nature, o trabalho “Artificial intelligence for modelling infectious disease epidemics”, mostrando que os LLMs estão transformando as respostas epidemiológicas. “Se essas ferramentas forem integradas aos sistemas nacionais de saúde, poderão salvar milhões de vidas em futuras pandemias”, explica no estudo o professor Moritz Kraemer, coautor da pesquisa.
Por outro lado, a mesma IA que costura escudos pode afiar facas: alguns biólogos já conseguem modificar vírus usando tecnologia de LLMs. Plataformas de cognição artificial podem fornecer conselhos preciosos para solucionar problemas de biólogos amadores na elaboração de, por exemplo, armas biológicas. O estudo “Forecasting LLM-enabled biorisk and the efficacy of safeguards”, publicado em julho de 2025, mostra que “graças à IA, a expertise necessária para causar intencionalmente uma nova pandemia poderia se tornar acessível a muito mais pessoas”. A pesquisa avalia os riscos por meio de 46 especialistas em biossegurança e biologia, juntamente com 22 especialistas em previsão viral. A mediana das previsões indica que, se as IAs atingissem metas específicas de desempenho “o risco anual de uma epidemia causada por humanos, com mais de 100.000 mortes, aumentaria de 0,3% para 1,5%”. Ou seja, dissolve-se o mito de que o “gênio do mal” precisa ter PhD; basta usar o prompt certo.
Considerando agora a IA no pulso do paciente: os smart-epidemiological-watches (relógios epidêmicos inteligentes) despontam no horizonte. Durante a pandemia de 2020, constatou-se que cerca de 44% das infecções eram transmitidas dias antes dos primeiros sintomas. Detectar portadores nesse limiar (pré-sintomático) tornou-se, portanto, uma condição crítica para conter surtos. Em março de 2025, o estudo finlandês-americano “Terminating pandemics with smartwatches” demonstrou que ‘relógios inteligentes comuns’, acrescidos de “algoritmos para detecção precoce de infecções”, podem funcionar como ‘microestações de vigilância populacional’.
Esses dispositivos já monitoram continuamente frequência cardíaca, variabilidade da FC, temperatura cutânea, padrões de sono, atividade física, etc. Alterações discretas nesses sinais surgem horas ou dias antes dos sintomas do Covid-19, influenza e outros patógenos. Quando o algoritmo detecta esse “desvio de base”, envia um alerta. Se o usuário reduzir em 66% seus contatos com humanos logo em seguida ao alerta, o número de reprodução (R) cai de 2,55 para 1,37 na cepa do Covid-19 e de 1,55 para 0,81 em uma gripe pandêmica. Resultado: com R abaixo de 1, a cadeia de transmissão se extingue. Mesmo quando R permanece ligeiramente acima de 1, o surto desacelera drasticamente, criando margem de manobra para vacinar, rastrear e tratar antes que a curva epidemiológica dispare.
Nessa direção, imagine um “exército silencioso de microssentinelas cravados no pulso de bilhões de pessoas” (o número de usuários de smartphones atingiu 5,78 bilhões em 2025). São algoritmos de IA “farejando” na pulsação e na pele o sussurro do vírus dias antes da tosse ecoar. Ao primeiro desvio, o relógio dispara o alerta e cada cidadão cancela, por exemplo, um jantar, cortando galhos inteiros da árvore de contágio, derrubando o R para abaixo de 1 antes mesmo que a epidemia ‘perceba que começou’.
Mas a ‘lógica mRNA’ não nos poupa apenas de vírus, mas também de tumores. Os avanços vacinais podem se tornar muito mais intensos e radicais nos próximos meses ou anos, como mostra o estudo “Personalized mRNA Vaccines Will Revolutionize Cancer Treatment—If Funding Cuts Don’t Doom Them”, publicado em novembro de 2025 pela Scientific American: …tão logo o tumor cancerígeno pancreático foi removido de Barbara Brigham, no outono de 2020, pesquisadores do departamento de patologia do Hospital do Memorial Sloan Kettering (Nova York) foram chamados. Enquanto Brigham, agora com 79 anos, se recuperava em seu leito hospitalar, aguardando voltar para casa, seu tumor e partes do pâncreas já eram enviados ao laboratório. Recebiam um código de barras e eram congelados a 80 graus negativos. Os fragmentos foram deixados em formol para evitar a degradação; depois foram colocados em uma máquina que, gradualmente, substituiu a água de cada célula por álcool. Uma equipe de pesquisadores tirou imagens de alta resolução dos fragmentos e, com um bisturi, removeu uma série de secções de tecido tumoral. Dois meses depois, Brigham retornou ao hospital para receber uma vacina adaptada às mutações que diferenciavam seu tumor pancreático. Feita por mRNA, a vacina era essencialmente um conjunto de instruções genéticas para ajudar seu sistema imunológico a perseguir proteínas mutantes de suas células tumorais. Passaram-se quatro anos desde que Brigham recebeu a última das nove doses de sua “vacina personalizada”. Nesse tempo, ela viu um neto terminar a faculdade e se casar, além de presenciar o doutorado de outro. Assistiu também a dezenas de jogos de basquete ao lado de seus outros dois netos, embalando a mais nova, nascida em 2024. Ela organiza um encontro semanal com os amigos e tenta viver o lema ‘uma pequena aventura todos os dias’. Continua livre do câncer de pâncreas.
Brigham foi um dos 16 pacientes do estudo que recebeu a vacina, e um dos 8 que apresentaram uma resposta imune significativa. Seis desses 8 pacientes ainda estão em remissão. Em 2020, poucos poderiam imaginar que o correio genético entregaria anticorpos “sob medida”.
O que pode conter esse avanço e abrir brechas para novas pandemias? As lideranças humanas, por óbvio. Os cortes em verbas de investimento científico promovidos em todo o mundo, capitaneados pela falange de burgomestres instalada no governo dos EUA, indicam o risco pandêmico que podemos enfrentar. Os cortes em 2025, que totalizam US$ 3 bilhões em fundos, segundo dados da NIH (National Institutes of Health) e da NSF (National Science Foundation), abatem o coração da pesquisa médica. De acordo com análise do jornal The Washington Post, a pesquisa sobre doenças infecciosas em 2025 já foi afetada com 14,4% (só as doenças respiratórias tiveram um corte de quase 6%). Pesquisas sobre doenças cardiovasculares, câncer e desenvolvimento vacinal também foram afetadas. A China bate palmas, a Europa, por tabela, também reduz investimentos acadêmicos (principalmente aqueles que decorrem de acordos bilaterais) e o resto do mundo tira o “pó das máscaras de 2020”…
É muito provável que, se a caixa de ferramentas cognitivas artificiais que utilizamos em 2025 tivesse aterrissado em Wuhan, em 2020, ou se um novo primo-covidiano surgisse hoje, o intruso virótico teria sido desmascarado em 72 horas. Em 14 dias, algoritmos multimodais já exibiriam seu prontuário profilático, distinguindo alvos antivirais de prateleira; na terceira semana, o protótipo de vacina mRNA estaria encapsulado, pronto para fase 1; e na sexta semana, boosters sob medida aguardariam apenas o selo regulatório. Ou seja, antes que o vírus aprendesse a pronunciar “ômicron”, a pandemia já seria nota de rodapé no GenBank, um susto contido num triscar de bytes.
O jurista sócio-liberal italiano Norberto Bobbio (1909-2004) descreveu o labirinto humano: “Acreditamos saber que existe uma saída, mas não sabemos onde ela está. Não havendo ninguém do lado de fora que nos possa indicá-la, temos que procurá-la por decisão própria. O que o labirinto ensina não é onde está a saída, mas quais são os caminhos que não levam a lugar algum”. No caso epidêmico, o elemento humano de hoje, representado pelas lideranças políticas de governos e parlamentos do G7, G20 ou G170, faz a diferença, infelizmente a favor do cataclismo pandêmico. Estamos preparados para os patógenos, mas despreparados para enfrentar uma das gerações de líderes globais mais medíocres dos últimos 50 anos, eleitas ou ungidas pelo apoio popular.
Guilherme S. Hummel - Head Mentor – EMI (eHealth Mentor Institute)
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Plataforma de IA simplifica acesso aos dados do DataSUS
O objetivo do projeto é democratizar informações de saúde pública armazenadas pelo SUS
Com a ajuda da tecnologia, os dados do DATASUS – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil – devem ser transformados em informações acessíveis, por meio de um sistema de perguntas e respostas, uma espécie de “chatgpt do SUS”.
Atualmente, as informações, apesar de serem públicas, estão armezadas em forma de planilhas complexas, com informações robustas e técnicas o que inviabiliza o acesso da população. O objetivo do projeto de inteligência artificial da startup Dadosfera, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) é elaborar um “Modelo de Linguagem Natural Brasileiro para Análise de Dados Tabulares do DATASUS”.
A nova tecnologia vai permitir que qualquer pessoa faça perguntas em português simples ao DATASUS e receba uma resposta. E poderá ser utilizada também por profissionais da área da saúde. Um usuário poderá, por exemplo, perguntar “Quantas internações por dengue aconteceram no estado de São Paulo em 2024?”. O sistema irá processar a pergunta, buscar os dados corretos em sua base e devolver a resposta de forma compreensível.
Segundo o coordenador do projeto e professor titular do Departamento de Ciência da Computação da UFMG, Marcos André Gonçalves, mesmo sendo informações oficiais e abertas, hoje elas estão em planilhas complexas, que acabam restritas a especialistas. “Com essa tecnologia, qualquer cidadão poderá fazer perguntas em português simples e obter respostas estruturadas.”
O projeto terá duração de 12 meses e vai passar por algumas fases de desenvolvimento até ser liberado para a população. A iniciativa conta com a subcoordenação de Altigran Soares da Silva, professor titular do Instituto de Computação da Universidade Federal do Amazonas (IComp/UFAM), e outros 11 pesquisadores: oito de iniciação científica (graduação), dois de mestrado e um de pós-doutorado.
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GAZETA DO POVO
Rede D'Or é eleita a empresa de saúde mais confiável do Brasil em ranking da Newsweek
O ranking global World's Most Trustworthy Companies 2025, da revista Newsweek, apontou a Rede D'Or como a empresa de saúde mais confiável do Brasil. O levantamento é um dos mais respeitados do mundo corporativo e ouviu 65 mil pessoas em 20 países, somando 200 mil avaliações e meio milhão de menções analisadas na internet.
A pesquisa avalia a confiança de consumidores/pacientes, colaboradores e investidores, reforçando o reconhecimento de uma marca que se destaca por unir excelência técnica, credibilidade e compromisso com o cuidado.
Mais do que um título, o reconhecimento da Newsweek reforça a liderança da Rede D'Or e a consistência de uma trajetória construída ao longo de décadas, com base em qualidade, transparência e responsabilidade em cada relação.
O que sustenta essa confiança
Na percepção dos consumidores e pacientes, a Rede D'Or se destaca pela excelência no atendimento, pela segurança dos processos clínicos e pela clareza na comunicação. Entre colaboradores, o destaque vem de uma cultura que valoriza oportunidades reais de crescimento, reconhecimento profissional e propósito compartilhado.
E na visão dos investidores, a empresa se firma pela governança sólida, sustentabilidade das práticas e visão de longo prazo, pilares que tornam a Rede D'Or um dos grupos mais admirados da saúde suplementar.
Na soma desses critérios, a Rede D'Or conquistou o posto de empresa brasileira mais confiável no setor de saúde, liderando a categoria Health Care & Life Sciences no ranking nacional. "Ser uma empresa confiável significa cuidar de forma responsável em todas as frentes: pacientes, médicos, colaboradores e investidores. A confiança é o que conecta tudo isso", afirma Rodrigo Gavina, CEO da Rede D'Or São Luiz.
Esses reconhecimentos se somam à presença da companhia entre as empresas brasileiras com maior número de hospitais listados no ranking World's Best Hospitals, da Newsweek. Em 2025, 28 unidades figuram entre as melhores do país, representando um quarto de todas as instituições brasileiras incluídas na lista.
Reconhecimento que vai além da pesquisa
A força dessa reputação se reflete também em outros prêmios de destaque. Em 2025, a Rede D'Or foi eleita a melhor empresa de serviços médicos pelo ranking Valor 1000, uma premiação anual organizada pelo jornal Valor Econômico, e teve seus hospitais reconhecidos entre os Mais Amados de São Paulo e do Rio de Janeiro, em votação realizada pelos leitores da Revista Veja.
Na capital paulista, a marca São Luiz conquistou o 1º lugar no ranking, e o Hospital Vila Nova Star ficou com o 3º lugar. No Rio de Janeiro, o Barra D'Or, o Copa D'Or e o Quinta D'Or foram eleitos pelos cariocas como os hospitais mais amados da cidade.
O Vila Nova Star e o São Luiz Itaim são opções diferenciadas e referências em serviços hospitalares para a comunidade médica e pacientes de São Paulo e de todo o Brasil.
Na Rede D'Or, a confiança se manifesta em protocolos clínicos rigorosos, em investimentos constantes em inovação, no respeito às equipes médicas e no foco inegociável na experiência de cada paciente. Essa postura fortalece um ciclo virtuoso: profissionais mais engajados, pacientes mais satisfeitos e resultados sustentáveis.
O reconhecimento é resultado de uma avaliação rigorosa, analisando critérios fundamentais para consumidores, colaboradores e investidores.
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Assessoria de Comunicação
Com o apoio da Ahpaceg, médicos participam de curso sobre técnica inovadora no diagnóstico de doenças biliares e pancreáticas

Nos dias 28 e 29 de novembro, médicos cirurgiões que atuam em hospitais da Rede Ahpaceg participaram do curso de colangioscopia com SpyGlass, um procedimento de colangioscopia avançada que permite a visualização direta e em alta definição dos ductos biliares e pancreáticos, por meio de sonda de fibra óptica e microcâmera, sem a necessidade de Raios-X ou contraste radiológico.
O evento, idealizado pelo médico Manoel Lemes em parceria com a empresa Boston Scientific, aconteceu na sexta-feira, 28, das 9h às 16h30, na sede da Ahpaceg, e continuou na manhã de sábado, 29. Aberto também a gestores hospitalares e representantes de operadoras de saúde, o curso foi pensado para integrar diferentes elos da cadeia assistencial em torno da adoção da tecnologia SpyGlass.

O objetivo do treinamento foi apresentar os benefícios da colangioscopia com SpyGlass, reconhecida por permitir diagnóstico e intervenção com maior precisão em casos complexos como cálculos biliares de difícil remoção, estenoses, lesões indeterminadas nos ductos e possíveis tumores biliares ou pancreáticos.
Ao apoiar a realização do curso, a Ahpaceg contribui para que médicos tenham acesso a novas tecnologias que aprimoram a qualidade e a segurança da assistência. Essa aproximação entre profissionais, gestores e operadoras fortalece a adoção de práticas mais modernas e, sobretudo, beneficia diretamente os pacientes, que passam a contar com diagnósticos mais precisos e cuidados cada vez mais seguros.


Parceira da Ahpaceg, a Boston Scientific oferece uma linha de financiamento aos associados para a aquisição da nova tecnologia.
Ahpaceg reúne hospitais para alinhar registro de indicadores e fortalecer a transparência na saúde privada em Goiás

A Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) realizou ontem, 27, uma reunião técnica para esclarecer dúvidas dos associados sobre indicadores assistenciais e promover a troca de experiências entre o grupo. O registro dos indicadores integra as ações da Ahpaceg, que, a partir de 2026, passará a divulgar as informações periodicamente, medida inédita no setor de saúde privada goiano e que vai ampliar a transparência sobre a qualidade e segurança dos serviços.
Na reunião, realizada na sede da Associação, a enfermeira Madalena Del Duqui, coordenadora de Educação Continuada da Ahpaceg, detalhou informações sobre fichas técnicas, critérios de inclusão e exclusão de numeradores e denominadores, além de orientar sobre o correto lançamento dos dados. Ela também abordou as dúvidas mais frequentes recebidas dos hospitais.

Três instituições associadas apresentaram estratégias próprias para o monitoramento e a consolidação dos indicadores: Hospital do Coração de Goiás, Hospital Santa Helena e Hospital Ortopédico de Goiânia. As contribuições mostraram caminhos para aprimorar processos internos e qualificar a análise de resultados.
Segundo Madalena, a programação continua na próxima semana com uma edição online voltada aos demais hospitais e clínicas de imagem. As especialidades de oftalmologia terão um momento exclusivo, também marcado para a próxima semana.

A ampliação dos segmentos participantes da plataforma de indicadores está em andamento. Nutrição e farmácia serão incorporadas ao sistema, e profissionais dessas áreas terão reunião específica no dia 4 de dezembro, às 14 horas, na sede da Ahpaceg. O encontro abordará a plataforma, as fichas técnicas e os indicadores mais frequentes e relevantes.
O registro e monitoramento dos indicadores são fundamentais para a gestão dos serviços de saúde, pois permitem aferir desempenho, identificar oportunidades de melhoria e apoiar decisões estratégicas. Para a população, representam uma forma objetiva de compreender a qualidade e a segurança do atendimento oferecido pela rede privada. A iniciativa de disponibilizar esses dados de maneira sistemática pretende fortalecer a transparência e ampliar a confiança dos usuários nos serviços hospitalares do estado.