Postado em: 29/09/2025

CLIPPING AHPACEG 27 A 29/09/25

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Pesquisa indica consciência de brasileiros com saúde do coração

https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2025-09/pesquisa-indica-consciencia-de-brasileiros-com-saude-do-coracao

Turquia vira capital mundial do transplante capilar e atrai pacientes de todo o mundo

https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2025/09/28/turquia-vira-capital-mundial-do-transplante-capilar-e-atrai-pacientes-de-todo-o-mundo.ghtml

Filha acusa hospital de negligência após perder pai e mãe em minutos em Goiás

https://www.dm.com.br/saude/filha-acusa-hospital-de-negligencia-apos-perder-pai-e-mae-em-minutos-em-goias/

Equipamentos médicos e insumos de saúde bucal serão afetados por tarifaço de Trump, diz Padilha 

https://exame.com/brasil/equipamentos-medicos-e-insumos-de-saude-bucal-serao-afetados-por-tarifaco-de-trump-diz-padilha/

Estudo inédito vai revelar o estágio de Interoperabilidade do sistema de saúde brasileiro

https://medicinasa.com.br/brasil-interoperabilidade/

Segurança do Paciente: dados, transparência e comunicação

https://medicinasa.com.br/seguranca-paciente-einstein/

Amortalidade: o futuro possível além do mito da imortalidade

https://medicinasa.com.br/amortalidade-futuro-possivel/

PORTAL G1

Turquia vira capital mundial do transplante capilar e atrai pacientes de todo o mundo

Indústria movimenta bilhões de dólares por ano com pacotes que incluem cirurgia, hotel de luxo e tradutor. Fantástico acompanhou brasileiros em clínicas de Istambul.

Nos últimos anos, a Turquia se tornou o destino número um no mundo para quem quer fazer transplante capilar.

Uma indústria que movimenta bilhões de dólares por ano cresce com a promessa de resolver o problema de quem não quer ficar careca.

Istambul, cidade que já foi capital dos impérios Romano, Bizantino e Otomano, agora ganhou outro título: a capital mundial dos cabelos.

Mais de um milhão de pessoas viajaram ao país em 2024 para realizar procedimentos estéticos — e a maior parte delas buscava transplantes capilares.

Hoje, a cidade tem mais de mil clínicas especializadas nesse tipo de cirurgia.

Nos últimos anos, a Turquia se tornou o destino número um no mundo para quem quer fazer transplante capilar. Uma indústria que movimenta bilhões de dólares por ano cresce com a promessa de resolver o problema de quem não quer ficar careca.

Istambul, cidade que já foi capital dos impérios Romano, Bizantino e Otomano, agora ganhou outro título: a capital mundial dos cabelos. Mais de um milhão de pessoas viajaram ao país em 2024 para realizar procedimentos estéticos — e a maior parte delas buscava transplantes capilares. Hoje, a cidade tem mais de mil clínicas especializadas nesse tipo de cirurgia.

A procura não se explica apenas pelo resultado médico. O país oferece pacotes que unem cirurgia estética e turismo.

“O paciente não vem só operar. Ele tem uma experiência completa: carro de luxo no aeroporto, hotel cinco estrelas, tradutor acompanhando”, explicou ao Fantástico a empresária de turismo médico Ellen Assis Koçtürk.

Valores mais acessíveis

Os preços também atraem: no Brasil, um transplante pode custar de R$ 20 mil a R$ 40 mil. Na Turquia, os valores variam de 1.500 a 4 mil euros — cerca de R$ 9.300 a R$ 25 mil — incluindo cirurgia, hospedagem, traslado, exames e acompanhamento inicial.

Essa diferença fez surgir até uma imagem simbólica nas redes sociais: voos que saem de Istambul lotados de passageiros com curativos na cabeça, apelidados de “Hairline”. O termo em inglês, que mistura “linha do cabelo” e “companhia aérea”, virou piada internacional e mostra o tamanho do fluxo de pacientes.

Entre eles está o ator brasileiro Arthur Amado, que mora na Holanda. Ele pesquisou por dois anos antes de decidir fazer o primeiro transplante. Gostou tanto do resultado que voltou para uma segunda etapa.

“Como ator, a imagem é importante. Eu sempre tive muito cabelo e, quando comecei a perder, me incomodou. Fiz o transplante, e ficou ótimo. Agora fiz a manutenção para deixar o preenchimento mais acentuado”, contou.

Antes da cirurgia, os pacientes passam por consulta médica, exames e marcações no couro cabeludo. Depois, os fios são raspados para a preparação. A técnica mais usada, chamada FUE, envolve três etapas. Primeiro, os folículos — estruturas da pele que produzem os cabelos — são retirados um a um da parte de trás da cabeça. Depois, o médico faz pequenas aberturas na área que vai receber o transplante. Por fim, os folículos são reimplantados, fio por fio.

Cada cirurgia pode durar até dez horas e alcançar seis mil fios transplantados.

No caso de Arthur, foram 3.200 folículos. Foram oito horas de cirurgia. "As anestesias foram tranquilas, o mais difícil foram as posições, muitas horas deitado de lado ou de bruço", conta. No dia seguinte, ele voltou à clínica para receber um kit com medicamentos e shampoo especial, usado na primeira lavagem.

Paciente, não cliente

Apesar da popularidade, especialistas reforçam que o transplante é uma cirurgia e envolve riscos.

"Pode haver sangramento, infecção, necrose de pele. O acompanhamento médico é essencial, ainda mais quando o paciente viaja longas horas de avião logo após operar”, explicou o cirurgião plástico brasileiro Fabrício Ribeiro.

O britânico Greg Williams, presidente da Associação de Cirurgia de Restauração Capilar do Reino Unido, destacou a importância da avaliação médica:

“O paciente deve ser tratado como paciente, não como cliente. É preciso analisar histórico de saúde, medicamentos e condições como diabetes ou hipertensão.”

Casos graves já foram registrados. Em janeiro deste ano, o britânico Martyn Latchman, de 38 anos, morreu durante um transplante em Istambul, após sofrer parada cardíaca ainda na anestesia. A clínica não tinha licença médica.

Outro episódio que viralizou foi o do influenciador britânico Ruben Chorlton-Owen que ignorou recomendações do pós-operatório e fez sexo três dias após a cirurgia. O esforço físico aumentou a pressão na região operada e provocou inchaço no rosto. “Acordei deformado, em pânico. Depois entendi que era efeito do transplante”, relatou.

Segundo o Ministério da Saúde da Turquia, os padrões de segurança seguem regulamentos da União Europeia. Ainda assim, as clínicas não são obrigadas a prestar contas às autoridades locais sobre como realizam os procedimentos. Essa brecha permite a existência de estabelecimentos sem supervisão adequada, o que aumenta o risco de complicações.

Mesmo assim, o setor cresce e atrai também brasileiros famosos. Rodrigo Faro fez um transplante no Brasil em 2016, quando foram implantados 3.500 folículos. "Fez total diferença para mim, melhorou muito a autoestima", afirmou o apresentador.

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AGÊNCIA BRASIL

Pesquisa indica consciência de brasileiros com saúde do coração

6 em cada 10 entrevistados mudaram hábitos 

Um questionário online respodido por 2 mil pessoas em todo o Brasil aponta que hábitos saudáveis para o coração são uma preocupação comum entre brasileiros. 

Realizada entre 25 de agosto e 2 de setembro pelo Instituto Ipsos a pedido da farmacêutica Novartis, a pesquisa ouviu de 64% dos entrevistados a afirmação de que adotaram novos hábitos de vida pela saúde do coração. A percepção de que esses hábitos são importantes também foi captada: 76% dos entrevistados disseram estar conscientes de que é possível se prevenir contra um infarto, e 72% disseram conhecer uma pessoa que infartou.

Entre os entrevistados que declararam ter mudado sua rotina em prol da saúde, 70% passaram a se alimentar de uma forma mais saudável, 64% começaram a se exercitar e 45% procuraram atividades com a finalidade de reduzir o estresse.

Ouvida pelo Ipsos para comentar a pesquisa, a cardiologista Maria Cristina Izar, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) e diretora científica do Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia, comemorou parte dos resultados.

“Esta pesquisa é uma prova de que as pessoas estão mais bem informadas e interessadas em preservar a saúde do coração, adotando comportamentos mais saudáveis. Isso significa um avanço importante se pensarmos que a nossa expectativa de vida mudou e a prevenção é o caminho do envelhecimento saudável”, destacou a cardiologista.

Sintomas diferentes em homens e mulheres
Por outro lado, apesar de 82% dos entrevistados terem consciência de que o infarto não distingue faixa etária, 51% das pessoas não sabiam que os sintomas do infarto são diferentes em homens e mulheres.

“Isso significa que precisamos abordar melhor esse tópico e informar a população sobre essa diferença, pois no lugar da clássica dor no peito, as mulheres podem apresentar cansaço extremo, náusea, dor nas costas, no pescoço ou falta de ar como manifestações do infarto. Inclusive, por serem considerados atípicos para doenças do coração, esses sintomas são frequentemente atribuídos a causas como estresse ou ansiedade, o que atrasa o diagnóstico e o tratamento adequado das mulheres”, alerta a cardiologista.

Exames

Outro dado considerado positivo nas respostas foi que 77% dos entrevistados sabem que existe mais de um tipo de colesterol, e 82% reconhecem que as taxas de colesterol ruim (LDL) podem ocorrer em qualquer idade.

Mais da metade dos entrevistados, 55%, também sabe que o colesterol ruim (LDL) alto aumenta a possibilidade do infarto, e oito em cada dez já fizeram exame de sangue para medir o colesterol.

Entre os que já fizeram exames de colesterol, 77% levam os resultados para algum especialista, mesmo que raramente. O principal profissional que avalia esse laudo é o clínico geral e, em segundo lugar, o cardiologista.

Para Maria Cristina Izar, é preocupante que 18% dos entrevistados nem sempre levem o resultado do exame para um médico avaliar. “Após a realização de um exame, é ideal mostrar os resultados para que o médico possa interpretá-los da maneira correta e indicar o devido tratamento”, avaliou. 

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DIÁRIO DA MANHÃ

Filha acusa hospital de negligência após perder pai e mãe em minutos em Goiás

A jovem Ghenyffer Lowrrany Fernandes, de 26 anos, acusa uma unidade de saúde de Corumbá de Goiás de negligência no atendimento à mãe, Cleonice Coelho Furtado de Sousa, de 53 anos. O caso ocorreu há 1 ano e 5 meses, quando Cleonice sofreu um infarto minutos após a morte do marido, Genismar Fernandes, conhecido como “Graia”, vítima de ataque cardíaco.

O boletim registrado na Polícia Civil aponta possíveis irregularidades no atendimento, ao incluir omissão de socorro, falhas no preenchimento de prontuário e relatos sobre a exposição dos corpos do casal. Segundo Ghenyffer, a mãe chegou consciente ao hospital, embora debilitada, com histórico de doença renal, diabetes e hipertensão.

De acordo com a filha, a mãe foi encaminhada para a enfermaria, mas não recebeu atendimento imediato. O médico de plantão teria se afastado após breve conversa, ao ignorar a queixa de falta de ar. O primeiro auxílio partiu de um acompanhante de outro paciente, já que enfermeiros não estavam na sala.

Momentos depois, Cleonice sofreu parada cardíaca. Ghenyffer relatou que implorou pela intervenção médica, mas o profissional teria se limitado a observar. A mãe apertou a mão da filha antes de morrer, enquanto a equipe só se aproximou após a retirada da jovem do quarto.

Câmeras de segurança mostram Cleonice quando chega ao hospital com dificuldade para andar, amparada pelos filhos. Nas imagens, ela aparece ao ser levada a um dos quartos, onde faleceu pouco depois.

No dia seguinte, a família foi informada de que os corpos do casal teriam sido colocados lado a lado em uma sala e expostos a comentários de funcionários. Também circulou a notícia de que imagens teriam sido compartilhadas na internet, mas Ghenyffer afirma não ter tido coragem de vê-las.

A jovem destacou ainda que o prontuário da mãe não foi preenchido pelo médico, mas por terceiros, que não presenciaram o óbito. O documento só foi disponibilizado à família 30 dias após a morte.

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EXAME

Equipamentos médicos e insumos de saúde bucal serão afetados por tarifaço de Trump, diz Padilha

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou, neste sábado, 27, que os preços dos medicamentos não devem ser diretamente impactados pelo novo tarifaço do presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Segundo o ministro, o impacto são voltados para a indústria exportadora brasileira.

“O impacto que essas tarifas absurdas feitas pelo presidente dos Estados Unidos gerou é para a indústria exportadora brasileira. A gente tem uma indústria na área da saúde, sobretudo da saúde bucal, de equipamentos médicos, de insumos para a saúde bucal que exportava inclusive para os Estados Unidos”, disse.

A declaração foi dada à jornalistas durante visita às obras e a inauguração de novas alas no Hospital Federal do Andaraí, localizado na zona norte da cidade do Rio de Janeiro.

Na última quinta-feira, 26, Trump anunciou tarifas de 100% sobre produtos farmacêuticos de marca ou patenteados. Segundo ele, a taxa será aplicada, a menos que a empresa farmacêutica esteja construindo uma fábrica nos EUA. A cobrança começará a partir de 1º de outubro.

Ele pondera, que já estão sendo tomadas medidas para mitigar esses impactos, por parte do governo federal, do Ministério da Saúde, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e com o financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para poderem manter os empregos, a produção e descobrir outros mercados.

“Essa indústria está exportando para outros países, não tem só os Estados Unidos para exportar”, afirmou.

Sobre medicamentos, o ministro disse que as restrições incentivaram novas parcerias para a produção nacional, como da insulina, medicamento usado no tratamento de diabetes.

Padilha também destacou que as próprias empresas americanas estão buscando parcerias com o Brasil, trazendo tecnologia para o país. Ele citou como exemplo, o acordo para a produção de vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), uma das principais causas de infecções respiratórias graves em bebês, incluindo quadros de bronquiolite.

Segundo o ministro, a vacina estará disponível no SUS a partir de novembro.

“Essas empresas que têm sede nos Estados Unidos, nessas situações, elas investem ainda mais no Brasil, transferem a tecnologia aqui no Brasil. A gente garante a vacina da bronquiolite para o povo brasileiro com essas parcerias e vai gerando renda, empregos e tecnologia aqui no Brasil”, afirmou.

Viagem para ONU

Padilha disse ainda que as restrições impostas à participação dele nas reuniões da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo presidente norte-americano, Donald Trump, podem até atrasar, mas não impedirão o Brasil de firmar parcerias na área da saúde com outros países.

“Eles até podem restringir a circulação de um ministro, mas não podem restringir a ideia. Não conseguem segurar a circulação da ideia e nem a força do Brasil na cooperação internacional com os outros países para trazer investimentos para cá”, disse.

Padilha, a esposa e a filha de 10 anos sofreram represálias por parte do governo de Trump. No mês passado, tanto a esposa quanto a filha tiveram os vistos para os EUA cancelados. O do ministro não foi cancelado porque já estava vencido desde 2024.

Este mês, por conta da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, que começou nessa terça-feira, 23, e segue até este sábado, Trump suspendeu a proibição de entrada de Padilha no país, mas restringiu a circulação dele ao hotel, à sede da ONU, e a instalações médicas, em caso de emergência. A participação presencial na reunião do Conselho Diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em Washington, seguiu, no entanto, restrita.

Padilha, que viajaria de Nova York a Washington nessa sexta-feira, 26, para a reunião, optou por não ir.

“Eu tinha reuniões marcadas em embaixadas de outros países e as restrições não permitiam que eu pudesse fazer isso. Eu ia sair de Nova York ontem para estar segunda-feira em Washington, na Assembleia da OPAS. Tudo isso foi impedido por essas restrições absurdas. Isso pode atrasar, mas não vai impedir que a gente possa firmar essas parcerias. Obviamente, o fato de não estar presente lá, essas reuniões não aconteceram presencialmente, [pode atrasar], mas elas vão acontecer aqui no Brasil ou em outros países”, garantiu.

Gravidez planejada

Durante a visita, o ministro fez uma demonstração da utilização do Implanon, implante contraceptivo, usado para prevenir a gravidez. Fácil de implantar, o medicamento custa de R$ 3 mil a R$ 5 mil em clínicas particulares.

De acordo com Padilha, o SUS irá ofertar, até o final do ano, 500 mil unidades, e 1,8 milhão até o final de 2026, de forma gratuita.

“Vai ser mais uma forma das mulheres poderem organizar a sua vida, organizar a vida da sua família e a gente poder reduzir algo que é muito grave no Brasil, que é a gravidez na adolescência”, disse Padilha.

Hospitais no Rio de Janeiro

Padilha cumpre agenda durante todo o sábado em hospitais no município do Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense, em Nova Iguaçu (RJ). Além de visitar o Hospital Federal do Andaraí, o ministro visita, em Nova Iguaçu, o Hospital Geral de Nova Iguaçu, Instituto Estadual de Oncologia da Baixada Fluminense, Rio Imagem Baixada – Centro de Diagnóstico.

No Hospital Federal do Andaraí, a visita marcou a reabertura do Centro de Tratamento de Queimados, do serviço de ortopedia e do espaço da cozinha, que estava fechado há mais de dez anos. A ação integra o Plano de Reestruturação dos Hospitais Federais, que objetiva ampliar o atendimento especializado e reduzir o tempo de espera por cirurgias na rede federal de saúde, em articulação com o programa Agora Tem Especialistas.

O Hospital do Andaraí é mantido por investimentos federais. Ao todo, são R$ 600 milhões para recuperar a unidade federal, que está sob a gestão municipal. De acordo com o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, com 30% das obras concluídas, a expectativa é finalizar todas as principais obras no primeiro trimestre de 2026.

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MEDICINA S/A

Estudo inédito vai revelar o estágio de Interoperabilidade do sistema de saúde brasileiro

ABCIS – Associação Brasileira CIO e Líderes de Tecnologia em Saúde, a SBIS – Sociedade Brasileira de Informática em Saúde, e o Instituto HL7 Brasil, organização desenvolvedora de padrões (SDOs) internacional, se uniram para lançar o “Panorama da interoperabilidade na saúde brasileira”, uma série histórica que pretende retratar a partir de 2025 os avanços do país sobre o tema.

A interoperabilidade, que é a capacidade de diferentes sistemas se comunicarem de forma padronizada e segura, ainda é um dos maiores desafios no Brasil. Problemas como silos de informação, falta de padronização, custos de integração elevados e barreiras regulatórias comprometem a continuidade do cuidado, a eficiência operacional e a segurança do paciente.

O estudo será feito a partir de realização de uma pesquisa de âmbito nacional. Trata-se de um questionário com 24 questões e com um tempo médio estimado de 20 minutos para responder na sua totalidade.

Voltado para os hospitais, laboratórios, operadoras e demais atores de saúde, a pesquisa tem como objetivo coletar dados sobre como as instituições estão lidando com a troca de informações, seja internamente ou com atores externos.

O comitê técnico da pesquisa é formado por representantes de três instituições reconhecidas: ABCIS, que traz a visão estratégica dos CIOs e líderes de tecnologia em saúde; SBIS, referência em conhecimento técnico, normativo e científico em informática em saúde; e o Instituto HL7 Brasil, responsável por fomentar no país os padrões internacionais de interoperabilidade, fundamentais para que os dados circulem de forma segura e eficiente.

A soma das expertises traz legitimidade, representatividade e força técnica à iniciativa, criando uma oportunidade inédita para construir uma visão integrada sobre o estágio da interoperabilidade no Brasil.

Segundo Jussara Rötzsch, presidente do HL7 Brasil, e terminologista e especialista em modelagem de informação no Hospital Sírio-Libanês, a união das entidades é um marco. “É a primeira vez que as principais instituições de saúde digital do Brasil se unem em uma pesquisa nacional sobre interoperabilidade. Esse diagnóstico é histórico porque nos ajudará a enxergar onde estamos e para onde precisamos ir. Cada avanço nessa agenda traz mais eficiência ao sistema de saúde e salva vidas”, comenta.

“A realização conjunta nasce da convergência de propósitos e da complementaridade de atuação dessas três entidades cíveis referenciadas pelo setor. Essa união inédita fortalece o propósito comum, que é acelerar a transformação digital da saúde no Brasil, tornando a interoperabilidade uma realidade em benefício de pacientes, profissionais e instituições, complementa Sonia Poloni, CEO da ABCIS.

“A interoperabilidade é mais que um desafio, ela é o futuro da saúde quebrando todos os paradigmas que conhecemos e criando realidades no Brasil e no mundo. Com isso, essa pesquisa se torna fundamental para todos nós que trabalhamos nesse sentido, unindo esforços institucionais de diferentes frentes para ampliar a nossa capilaridade de alcance e engajamento. As respostas com as informações de forma colaborativa serão uma grande bússola para orientar a consolidação da interoperabilidade no Brasil”, afirma Antônio Carlos Onofre de Lira, presidente da SBIS.

Contexto Regulatório

No Brasil, a interoperabilidade no sistema de saúde tem ganhado destaque nos últimos anos, especialmente com a evolução da saúde digital. Diversos marcos regulatórios, estratégias e normas técnicas vêm sendo implementados para garantir a troca segura, padronizada e eficiente de dados de saúde entre diferentes sistemas e instituições.

O recente Decreto Presidencial n° 12560 de julho de 2025 estabelece diretrizes nacionais para interoperabilidade em saúde. Na prática, determina que os sistemas de informação em saúde, tanto públicos quanto privados, sigam os padrões de interoperabilidade definidos pelo Ministério da Saúde.

A Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) se consolidou como o ambiente central de interoperabilidade nacional, permitindo que diferentes sistemas compartilhem dados clínicos, exames, vacinação.

Diagnóstico estratégico para apoiar decisões

De acordo com Atualpa Aguiar, diretor de tecnologia na MêdSenior, e coordenador do Grupo de Trabalho de Interoperabilidade na ABCIS, a iniciativa será fundamental para orientar políticas e investimentos. “Historicamente, a saúde suplementar e o SUS têm operado de forma paralela, com sistemas que não conversam entre si. Essa iniciativa permitirá mapear de forma realista o estágio da interoperabilidade no país, identificar lacunas e propor caminhos consistentes para evolução”, explica.

O levantamento também será uma ferramenta prática para os gestores. “Para hospitais, clínicas e operadoras, o diagnóstico será uma referência útil, vai ajudá-los a investir melhor, a escolher soluções mais alinhadas com padrões internacionais e a evoluir a partir do que já possuem hoje”, reforça Jussara.

Não se trata de uma ferramenta para medir o nível de maturidade em interoperabilidade de cada instituição e sim, um estudo estatístico que será útil do ponto de vista de benchmarking e referência no tema interoperabilidade em saúde. Nenhuma instituição terá os dados expostos, auditados. Serão dados que serão usados de forma anonimizada e macro”, explica Sonia.

Além disso, os resultados devem reduzir a tomada de decisão baseada apenas em percepções fragmentadas. “O grande valor dessa pesquisa está em oferecer um raio-x nacional sobre interoperabilidade. Em vez de decisões baseadas em percepções subjetivas, passaremos a ter dados concretos para orientar políticas públicas, investimentos e estratégias institucionais”, acrescenta Aguiar.

Próximos passos

O questionário já está disponível para participação de hospitais, clínicas, operadoras, laboratórios e demais instituições em todo o Brasil. Um recorte do resultado da pesquisa será apresentado publicamente durante o Healthcare Innovation Show (HIS), um dos mais importantes eventos de inovação em saúde do país, que acontece em outubro.

“A pesquisa tem potencial de criar uma base comum de entendimento para todo o setor. Com um diagnóstico nacional em mãos, passamos a falar a mesma língua e podemos estabelecer prioridades que tragam ganhos reais em eficiência, qualidade assistencial e sustentabilidade”, exalta Jussara. “Mais do que levantar dados, queremos provocar reflexão e mudança. Nosso objetivo é entregar ao setor um instrumento que sirva de guia para decisões estratégicas, de forma que a interoperabilidade deixe de ser apenas um discurso e se consolide como parte da infraestrutura crítica da saúde no Brasil”, completa Aguiar.

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Segurança do Paciente: dados, transparência e comunicação

A segurança do paciente é um dos pilares fundamentais da assistência em saúde de excelência. No Einstein, essa premissa é mais do que um compromisso institucional — é uma estratégia sustentada por uma cultura organizacional madura, orientada por dados, transparência e comunicação estruturada.

Essa trajetória é marcada pelo pioneirismo: da certificação ISO 9001, em 1994, à acreditação pela Joint Commission International (JCI), em 1999 — a primeira concedida a um hospital fora dos Estados Unidos —, o Einstein mantém alinhamento com os mais altos padrões internacionais.

Nos últimos anos, essa abordagem tornou-se ainda mais orientada por dados. A mensuração contínua de indicadores de qualidade, segurança e desfechos clínicos — incluindo os PROMs, reportados pelos próprios pacientes — passou a ser central para a tomada de decisões e melhoria contínua. A relevância dos PROMs é tamanha que a Newsweek, em seu respeitado ranking global de melhores hospitais, passou a dar maior peso a esse critério – e, ao obter a pontuação máxima, o Einstein alcançou o 22º lugar entre os melhores do mundo em 2025.

A formalização do Núcleo de Avaliação de Cuidados em Saúde (NAVS) e a criação do Escritório de Valor em 2017 são exemplos claros dessa virada estratégica. O Escritório de Valor, em particular, atua de forma integrada à Divisão de Prática Médica, desenvolvendo indicadores e dashboards para monitoramento da performance médica e assistencial, sistematizando iniciativas que evidenciam a entrega de valor e fornecendo suporte técnico para análises de impacto clínico e econômico. Já a parceria com o Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde (NATS) garante que a incorporação de novas tecnologias esteja alinhada à efetividade clínica e ao cuidado centrado no paciente.

Um dos pilares fundamentais para a segurança do paciente é a comunicação eficaz, especialmente durante as transições de cuidado, conhecidas como handover communication. Sabemos que a falha na comunicação é uma das principais causas de eventos adversos em saúde, reconhecendo essa criticidade, implementamos estratégias para mitigar os riscos.

Um exemplo é o monitoramento da “taxa de conformidade no processo de passagem de plantão”, que verifica o percentual de profissionais que realizam o processo entre turnos e entre áreas, garantindo a comunicação de informações fundamentais de forma padronizada, utilizando o método I-PASS. Essa padronização é crucial para evitar a perda de informações vitais sobre o paciente, seu histórico, medicações e plano de tratamento.

Outro indicador chave é a “taxa de conformidade na comunicação de resultado crítico”. O Einstein verifica se o enfermeiro descreve o processo de comunicação de resultados críticos de exames laboratoriais, se o radiologista descreve o processo de comunicação de resultados de pânico de exames de imagem, e se o laboratório comunica o resultado crítico em até 1 hora, com registro da conduta em prontuário. A agilidade e a precisão nessa comunicação são vitais para intervenções rápidas e seguras.

Já a “taxa de conformidade no processo de ordem verbal e telefônica” assegura que as ordens verbais sejam permitidas apenas em situações de urgência e emergência, e que as ordens telefônicas sigam um processo de registro, releitura e confirmação (read-back). Isso minimiza erros de interpretação e garante a rastreabilidade das informações.

Os indicadores clínicos refletem diretamente o impacto das práticas de segurança. A taxa de infecção de sítio cirúrgico em cirurgia limpa é de apenas 0,42%, e a densidade de incidência de infecção de corrente sanguínea associada a um cateter venoso central é de 0,25 — ambas inferiores às referências da literatura médica. Já na Anestesiologia, a taxa de infarto agudo do miocárdio no intraoperatório é de apenas 0,002%. Esses resultados são continuamente comparados com benchmarks internacionais, evidenciando o compromisso com a minimização de complicações e a entrega de valor assistencial.

A Pesquisa de Cultura de Segurança, aplicada bienalmente, reforça a solidez do sistema. Em 2023, pela primeira vez, 50% dos domínios foram classificados como fortes, e nenhum foi considerado frágil — superando a média dos hospitais americanos em seis domínios. Isso revela uma cultura organizacional resiliente, proativa e orientada ao aprendizado contínuo, com a comunicação como elemento central.

O futuro da segurança do paciente passa pela incorporação de tecnologias como robótica, inteligência artificial e patologia digital, além da expansão do Programa de Pertinência do Cuidado e da busca por acreditações internacionais focadas em condições clínicas. A equidade no acesso também é prioridade, com iniciativas como o Cuidado Integrado Acessível e o uso de dados para monitoramento de condições crônicas na atenção primária, inclusive no SUS.

A comunicação eficaz — presente desde o diagnóstico até o pós-alta — é o elo que conecta profissionais, sistemas e decisões, garantindo que o cuidado seja seguro, oportuno e centrado na pessoa. Com esse olhar para o futuro, o Einstein reafirma seu compromisso com a promoção de vidas mais saudáveis e com a evolução contínua do sistema de saúde.

*Paula Tuma é diretora de Qualidade e Segurança do Einstein Hospital Israelita.

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Amortalidade: o futuro possível além do mito da imortalidade

A ideia de viver eternamente sempre fascinou a humanidade. Desde a Epopeia de Gilgamesh, escrita há quase quatro mil anos, reis, alquimistas e até cientistas têm sonhado com a vida eterna. Hoje, líderes globais acompanham de perto os avanços da biotecnologia e do transplante de órgãos como forma de prolongar a existência. Mas se a imortalidade continua a povoar imaginários e conversas políticas, é preciso dizer com clareza: não passa de mito.

A ciência tem outro horizonte, muito mais concreto e plausível: a amortalidade. Diferente da imortalidade, ela não pretende eliminar a morte, mas sim adiar ao máximo suas causas naturais, expandindo a longevidade humana com qualidade de vida. O conceito parte de um reconhecimento: existe um limite biológico. Um estudo publicado em 2021 na Nature Communications estima que esse teto esteja entre 120 e 150 anos. Nosso corpo perde progressivamente a capacidade de se recuperar do estresse celular, mesmo na ausência de doenças graves. É um freio natural, até agora intransponível.

Mas a pergunta que mobiliza cientistas não é “como viver para sempre”, e sim “como chegar mais perto desse limite com saúde e autonomia?”. E aí entra o papel decisivo da medicina regenerativa e da terapia celular.

As pesquisas com células-tronco mostram que já vivemos uma revolução. Elas podem se transformar em diferentes tecidos (pele, músculo cardíaco, vasos sanguíneos, neurônios) e regenerar áreas comprometidas do corpo. Estudos publicados em periódicos internacionais, como o Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, destacam o avanço dessas terapias no reparo de tecidos danificados e no tratamento de doenças degenerativas. A combinação com engenharia de tecidos abre caminho para tratamentos cada vez mais sofisticados, capazes de restaurar funções vitais perdidas ao longo do envelhecimento.

Não é ficção. Existem terapias desse tipo já aprovadas em países como Estados Unidos, Canadá, Japão, Coreia do Sul e na União Europeia. No Brasil, a Anvisa autorizou, em 2023, o início de um ensaio clínico com células CAR-T para tratar cânceres hematológicos: um passo histórico. Desde 2020, a agência também aprovou terapias gênicas para leucemias, linfomas, mielomas e doenças genéticas raras. O próprio Ministério da Saúde destinou mais de R$ 200 milhões para pesquisas com CAR-T em instituições brasileiras. Esses movimentos mostram que o caminho da amortalidade já está sendo trilhado, ainda que de forma inicial e restrita.

O entusiasmo, porém, não dispensa cautela. Para que essas inovações cheguem com segurança aos pacientes, é preciso uma base regulatória sólida. No Brasil, a Anvisa já publicou normas específicas para produtos de terapia avançada, assim como FDA (EUA) e EMA (Europa) estabelecem critérios para terapia celular, medicina regenerativa e dispositivos associados. Coreia do Sul e Japão também investem pesado em regulações e ensaios clínicos. Esse cuidado não é burocracia: é a garantia de que avanços não virem promessas vazias ou riscos à saúde.

Mas talvez o maior desafio não esteja no laboratório nem na legislação, e sim na sociedade. Viver mais tempo, e com vitalidade, vai exigir mudanças profundas: novas formas de organizar o trabalho, educação contínua ao longo da vida, previdência reestruturada e atenção aos impactos ambientais de populações mais longevas. Também surgem dilemas éticos: quem terá acesso a essas terapias de alto custo? Como evitar que a longevidade seja um privilégio de poucos? Como equilibrar inovação científica e justiça social?

É por isso que precisamos refinar o debate. A imortalidade pertence ao campo da ficção científica, às narrativas mitológicas e às utopias tecnológicas. A amortalidade, por outro lado, é um conceito com base científica, que reconhece nossos limites biológicos mas busca expandi-los com responsabilidade. Mais do que prolongar a vida, trata-se de prolongar a vida saudável.

O futuro da humanidade não está em sonhar com a eternidade, mas em garantir que possamos viver cada vez mais e melhor. Hollywood adora vender a imortalidade como em filmes de vampiro, mas a ciência não compra esse roteiro. É hora de investir no que realmente importa: a ciência da amortalidade.

*Raul Canal é advogado especialista em Direito Médico e Odontológico, Presidente da Anadem, da AAAPV e da Confseg.

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O POPULAR

Uma luta contra o sol, o maior inimigo

Há dez anos, a realidade do povoado Recanto das Araras, no município de Faina, a 245 km de Goiânia, veio à tona por iniciativa do médico Gabriel Gontijo, então presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Atendendo o apelo da colega Sulamita Costa Wirth Chaibub, que lutava pelo reconhecimento de uma condição genética anormal envolvendo toda a comunidade, a entidade realizou a primeira ação naquele ponto distante dos grandes centros. Foi assim que o Brasil soube do Xeroderma Pigmentoso (XP), uma doença genética rara que deixa a pele muito sensível à luz solar, aumentando em até mil vezes o risco de câncer de pele.

Neste final de semana - nos dias 26 e 27 de setembro - a SBD, em parceria com a La Roche-Posay, retornou ao Recanto das Araras reafirmando o compromisso de a cada dois anos atender a comunidade. Com o suporte de 13 profissionais médicos, 700 pessoas foram atendidas, mais de cem consultas realizadas e 42 micro cirurgias realizadas. À frente da SBD, o dermatologista Carlos Barcaui, que há oito anos visita o povoado, comemora os avanços proporcionados pelas expedições. "Quando vim pela primeira vez, aqui não tinha árvores. Agora há muita sombra e as pessoas estão mais orientadas, mais conscientes de sua condição. Estamos pegando tumores bem menores."

Nas primeiras incursões, a SBD chegava ao povoado em caminhões adaptados com salas cirúrgicas. A partir de Faina é preciso vencer 40 km de estrada de chão e de Matrinchã, 20 km. Uma logística complicada. Este ano, três salas do colégio municipal da comunidade foram transformadas em centros cirúrgicos. "Melhorou muito", comemora Carlos Barcaui. Entre os pacientes atendidos estava Luiz Carlos Apolinário de Bastos, 48 anos, que descobriu a condição aos 18. Ele é irmão de Maria Darci Apolinário de Bastos, atual presidente da Associação Brasileira do Xeroderma Pigmentoso (ABRAXP), que desde o início do ano substitui Gleice Freire Machado, a maior referência na luta pelo reconhecimento da situação da comunidade.

Luiz Carlos Apolinário conta que decidiu não ter filhos. "Fiz essa opção porque já vi muita gente sofrer e não pude fazer nada". Outro irmão, também portador do gene, não sobreviveu à condição e ao câncer de cérebro e pulmão. O presidente da SBD lembra que desde o início das excursões muitos pacientes morreram, entre eles o agricultor Deíde Freire, que após mais de cem cirurgias para remover lesões cancerígenas, passou a usar prótese no rosto. Deíde, que morreu em junho de 2023, se tornou um personagem símbolo de Araras. O XP é uma condição que não tem cura, por isso a prevenção é o melhor caminho para combater a desordem genética e os malefícios provocados pela exposição aos raios ultravioletas.

Embora pesquisadores tenham identificado portadores de XP em todo o Brasil, a comunidade goiana possui a maior incidência mundial, com uma proporção de 1 para cada 400 pessoas. Embora muitos a tratem como uma doença, o presidente da SBD , Carlos Barcaui prefere chamar o XP de condição genética rara e não contagiosa que afeta homens e mulheres igualmente. Seus portadores possuem falhas no reparo do DNA, danificado pela radiação ultravioleta (UV). A exposição contínua ao sol provoca lesões cutâneas, tumores e complicações neurológicas.

As pesquisas, em especial na área da genética, avançam em busca de uma terapia que possa combater o XP. Por enquanto, os portadores do gene modificado devem usar protetores solares potentes, roupas especiais e abusarem de barreiras físicas como sombreamento. Procedimentos cirúrgicos contribuem para reduzir as lesões cutâneas, evitando o surgimento de tumores de grandes proporções que em alguns casos levam os pacientes a optarem pelo uso de prótese facial. O trabalho desenvolvido nos últimos dez anos em Araras reduziu consideravelmente o número de pacientes nessa condição.

Condição genética atinge ao menos 200 no Brasil

Durante a expedição da SBD, a pesquisadora Veridiana Munford, que atua ao lado de Carlos Menck, no Laboratório de Reparo de DNA da USP, esteve em Araras coletando material genético para compor um novo estudo em andamento. Ela lembra que o grupo de pesquisadores da USP esteve na comunidade pela primeira vez em 2010. "Na época, praticamente não havia estudos sobre XP." O que foi descoberto ali deu início a uma ampla investigação em todo o país. "Hoje sabemos que são cerca de 200 pacientes no Brasil inteiro com a doença, 23 deles em Araras. Neste trabalho vai entrar 120 portadores do gene de Goiás. Mas há oito subtítulos diferentes. Quando a gente vê a genética, percebemos que são genes distintos, com algumas peculiaridades, como neurodegeneração e sensibilidade ao sol diferentes."

Para Veridiana, a diferença dos moradores de Araras para pacientes de outras localidades do país é o fato de terem formado uma comunidade a partir, acredita-se, de um único ramo familiar. Os casamentos consanguíneos foram responsáveis pela continuidade dos casos. "Agora, como sabemos que existe a mutação, podemos orientar geneticamente. Os pacientes com XP apresentam câncer de pele, mas há alguns grupos que desenvolvem tumores internos." A pesquisadora Lígia Pereira Castro, em estudo coordenado por Carlos Menck, descobriu que a mutação do gene predominante nos pacientes de XP em Araras é exatamente igual ao de pacientes oriundos de quatro famílias que vivem na região do País Basco e de Cantábria, na Espanha. "Na Europa, a mutação está presente há mais de mil anos. Em Araras, os casamentos consanguíneos e o isolamento geográfico deram origem a uma alta frequência de pacientes com XP", informou Carlos Menck a uma publicação da USP.

"XP é muito mais do que apenas passar filtro solar"

"Xeroderma Pigmentoso não é somente operar e passar filtro solar. É muito mais", brada a dermatologista Sulamita Chaibub. Em 2009 ela atendeu o primeiro paciente da comunidade de Araras, Alisson Wendel Machado Freire, então com 4 anos, levado pela mãe, Gleice Freire Machado. Ela ouviu que muitos outros moradores da localidade apresentavam a mesma condição e outros tantos já tinham morrido. Servidora do Ministério da Saúde lotada no Hospital Alberto Rassi (HGG), unidade da Secretaria Estadual de Saúde (SES), ao lado de Gleice ela deu início a um movimento junto às autoridades para garantir o atendimento aos moradores do povoado e à ciência brasileira para garantir as pesquisas necessárias.

Hoje, Sulamita Chaibub não tem dúvidas de que o grande responsável pela visibilidade dada a Araras foi o colega Gabriel Gontijo, ex-presidente da SBD. "Ele é nosso patrono, abriu as portas e merece um monumento." Mas ela sabe também que a SES compreendeu a importância de manter o atendimento contínuo à comunidade. "Aqueles pacientes não tinham nada e estavam cheios de tumores, trabalhando no sol. Não sabiam nem usar um filtro solar. A SES envia uma médica mensalmente para atender na comunidade, entrega protetores solares e garante um carro com motorista para levar ao HGG e ao Hospital Araújo Jorge", elenca. O HGG é referência no tratamento de portadores de XP.

Sulamita Chaibub, se aposentou do serviço público em 2017 e continua atuante em seu consultório privado, além de manter o trabalho junto aos pacientes de XP. "Eu não tinha como fugir. Mesmo se eu quisesse, minha consciência não deixava. Caiu diante de nós um diagnóstico terrível, envolvendo uma comunidade inteira. Há 15 anos eu durmo pensando nisso", revela. Hoje a médica é diretora científica da Abrxp e a personagem médica mais respeitada de Araras. Na ação da SBD de 2025, ela entregou ao presidente Carlos Barcaui e ao representante da La Roche-Posay um dossiê de todo o trabalho e estudos científicos desenvolvidos ao longo dos últimos anos sobre a condição genética no povoado goiano.

"A genética dos portadores de XP precisa continuar a ser estudada", defende Sulamita Chaibub. Quem primeiro investigou cientificamente a comunidade de Araras foi o professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), Carlos Frederico Martins Menck, que tem experiência em genética molecular. "Ele e sua equipe identificaram que o gene de XP veio da Espanha na época da colonização do Brasil, mas acredito que tenha mais coisa", diz a médica. Ela conta que há pouco uma criança, filha de dois primos com o gen, mas não portadores de XP, foi diagnosticada com uma doença rara, de difícil tratamento. "Acredito que, além do XP, o gen pode apresentar outras comorbidades."

Casas específicas para portadores

A assistente social Gleice Freire Machado e o marido Jarbas são primos, carregam o DNA de XP, mas não desenvolveram a doença. Desde 2009, ao lado da médica Sulamita Chaibub ela tem empreendido uma luta incansável em busca de tratamento e qualidade de vida para os portadores de XP. Criadora e até o início do ano presidente da ABRAXP, ela decidiu entregar a função à Maria Darci Apolinário de Bastos depois de ter sido eleita vereadora de Faina e mais tarde indicada para a Secretaria de Saúde do município. "Preferi não misturar as coisas", explica. Ela continua vivendo em Araras com a família e se desloca diariamente para a sede do município, enfrentando os 40 km de estrada sem asfalto.

O filho Alisson, hoje com 22 anos, que desencadeou todo o processo que deu visibilidade ao povoado, também mora em Araras. Ruivo, ele já enfrentou cerca de cem procedimentos cirúrgicos para remover manchas provenientes de sua condição genética e atende todas as recomendações médicas, como o uso de filtro solar e roupas que protegem a pele do sol. Gleice lembra que qualquer mancha evolui muito rápido, por isso não é possível descuidar. "Além do XP, há outras doenças que podem surgir", afirma. Para ela, a expedição da SBD é de grande importância, mas defende algumas mudanças para garantir uma presença maior de portadores. "Veja esse sol, ninguém suporta e dificulta muito. Talvez tenhamos de repensar essa logística", afirma.

Gleice Machado lamenta que algumas reivindicações necessárias ao povoado ainda não tenham sido atendidas, como a cobertura da quadra esportiva, mas comemora a mais recente conquista da comunidade, o conjunto de 50 casas construída com verba do governo federal através do programa Minha Casa, Minha Vida Entidades, que a ABRAXP viabilizou. Araras conta atualmente com 200 famílias, aproximadamente 700 pessoas, mas parte delas vive na zona rural. "Depois de 11 anos conseguimos terminar as casas e algumas famílias já se mudaram. Foi uma longa caminhada até aqui. Tirei uma tonelada das costas. Teve uma paciente que morreu esperando a casa", conta.

As moradias foram projetadas especialmente para os portadores de XP. Com dois quartos, sala, banheiro e cozinha, todas as janelas possuem um insulfilm especial e toldos. "Elas foram idealizadas e planejadas considerando a particularidade deles. A entrada de sol é zero", explica. Diante da construção paralisada da Unidade Básica de Saúde (UBS), Gleice explica que a unidade deveria ter sido inaugurada em 2014. "Agora ela entrou para o PAC da Retomada. Esperamos que a conclusão realmente ocorra." Em novembro do ano passado o Tribunal de Justiça de Goiás inaugurou no povoado um Ponto de Inclusão Digital (PID). "Facilitou muito a vida dos moradores que agora não precisam sair daqui para serviços essenciais."

Ação envolveu outros tipos de atendimento

Nos dois dias da expedição 2025 da SBD em Araras, a La Roche-Posay, além de garantir todo o apoio logístico para a entidade, fez a entrega de cestas básicas e de um kit composto de protetor solar, hidratante e reparador às famílias com portadores da doença provocada pela mutação genética. Este ano, a empresa apresentou um produto novo, com 99% de proteção UV. "Ele é capaz de penetrar nas camadas mais profundas da pele, ideal para as pessoas dessa comunidade", explica Matheus Vieira, gerente de Marketing da empresa.

Além de 164 consultas e 42 cirurgias dermatológicas, a ação, com apoio da prefeitura de Faina, possibilitou outros tipos de atendimento, como odontológico e consultas com médicos generalista, ginecologista e psiquiatra. Foram levados ainda serviços bancários, orientação jurídica, atualização do CadÚnico e emissão do cartão SUS. Os atendimentos culminaram na regulação de 51 pessoas para outros tipos de procedimentos.

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Assessoria de Comunicação