Postado em: 19/03/2021

Ahpaceg na Mídia - "Tem paciente internado no centro cirúrgico", diz presidente da Ahpaceg

A REDAÇÃO

"Tem paciente internado no centro cirúrgico", diz presidente da Ahpaceg

Goiânia - Com ocupação recorde de leitos para tratamento da covid-19 em Goiás, os hospitais já se encontram no limite tanto na rede pública quanto na privada. A lotação é uma preocupação diária para o sistema e, conforme afirmou ao jornal A Redação o presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade de Goiás (Ahpaceg), Haikal Helou, é possível dizer estado já vive uma situação de colapso.
 
"Temos hoje cerca de 300 pessoas na fila, esperando por um leito. Vimos um ex-governador morrer porque não conseguiu vaga de UTI. Não tem vaga pra ninguém. Para se ter uma ideia da situação em que estamos, tem hospital internando paciente no centro cirúrgico, na tentativa de socorrer e dar o tratamento mais próximo do adequado. Se isso não é colapso, eu não sei o que é", diz, preocupado.
 
Helou afirma que a situação em todo o Estado é muito difícil, já que o número de casos está além da capacidade de atendimento. Para tentar socorrer a todos, hospitais e profissionais estão recorrendo, muitas vezes, ao improviso. "Pacientes que deveriam estar em UTI são colocados em outras alas, como pronto-socorro e enfermaria, onde também já não temos vagas", ressalta.
 
O presidente da Ahpaceg informa ainda que, por conta disso, os hospitais estão com uma sobrecarga de leitos, tanto de enfermaria quanto de terapia intensiva e que, a partir de agora, as unidades associadas passarão a notificar ao Centro de Operações de Emergências (COE) em Saúde Pública de Goiás para Enfrentamento ao Coronavírus sobre o número de pacientes que estão internados em condições análogas à CTI.
 
"Aí sim teremos uma visão clara de como está a ocupação. Vamos ver que estamos com 115% a 130% de ocupação real", diz. Até o fechamento dessa matéria, a taxa de ocupação para UTI Covid era de 99,8% e de enfermaria era de 77%, nas redes pública e privada, segundo dados do Boletim Integrado de Leitos da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás.
 
Para atender os pacientes, a rede particular vai passar a pedir leitos de UTI para a rede pública. Ele explica que, com a lotação e a incapacidade de atendimento, os hospitais entrarão em contato com a rede regulatória para tentar fazer a transferência. "É um direito constitucional do cidadão. Se o hospital não consegue atender ou transferir, lançamos o paciente na rede estadual e ele passa a ser regulado pela rede pública, na tentativa de conseguir um leito de internação."
 
Outro ponto levantado pelo presidente da entidade é a escassez de material humano para atender os casos complexos. Helou destaca que os profissionais estão estafados por conta das longas jornadas e número crescente de pacientes. "Além do cansaço por conta do trabalho exaustivo, muitos morreram, outros estão afastados, alguns doentes, outros até mudaram de ramo porque não suportaram a carga tão pesada. De outro lado, ainda teve a grande quantidade de leitos abertos para atender a população, mas não é só isso que resolve. É preciso ter profissionais qualificados para atuar nessa situação e eles não são formados do dia para a noite", diz.
 
Se faltam profissionais, a situação não é diferente quando se olha para medicamentos e insumos. As medicações usadas para realizar a intubação de pacientes, como sedativos e relaxantes musculares, já estão no fim dos estoques, o que preocupa a associação. "Nos hospitais em que esses medicamentos já não acabaram, estão acabando. Estamos cancelando cirurgias que podem ser canceladas, mudando protocolos, porque a situação é extremamente preocupante. Recebi ligação de unidades de saúde de Brasília, solicitando esse tipo de medicamento, mas não temos nem para emprestar, é uma situação que está acontecendo em todo o país", afirma Helou.
 
O presidente da Ahpaceg reforça que, sem esses medicamentos, não há como dar o tratamento adequado em muitos casos. Ele explica que em situações extremas, mudam-se os protocolos, mas que o resultado pode não ser o mesmo. "Não tem como preservar o paciente da maneira correta. Podemos usar outras drogas, mas não terão o mesmo resultado, com isso o tratamento é realizado com dificuldade e a recuperação não vai ser adequada", diz.
 
Por fim, Helou fez um apelo para que a população siga os decretos municipais e estadual que determinam o fechamento de atividades não-essenciais para se preservar e evitar a contaminação e disseminação da doença. "Todo mundo quer trabalhar e sustentar sua família, ninguém quer fechar comércio e serviços por maldade. Essa dicotomia entre economia e saúde só existe até uma pessoa próxima a quem tem essa ideia ficar gravemente doente, e, aí, vai pedir vaga em hospital. A covid matou mais que qualquer doença esse ano e atingimos hoje a triste marca de 10 mil mortos em Goiás. Estamos em um momento que precisamos de empatia coletiva, que cada um faça sua parte."

A REDAÇÃO 19/03/21