Postado em: 22/01/2021

AHPACEG NA MÍDIA - 2ª onda pode ter menos leitos

2ª onda pode ter menos leitos

Covid-19: Em reunião interna e com tom de preocupação, representantes da saúde de Goiás falaram da impossibilidade de abrir novas vagas de UTI na mesma proporção que no início da pandemia

A rede pública de saúde de Goiás não entrou em colapso na primeira onda da pandemia de coronavírus em 2020 por conta da grande abertura de novos leitos de unidade de Terapia Intensiva (UTI) e enfermaria. No entanto, essa quantidade alta de novas vagas para internação de pacientes com Covid-19 pode não se repetir na segunda onda de 2021. É o que técnicos do governo de Goiás, representantes da rede privada e do Ministério Público afirmaram em reunião por vídeo conferência na tarde de quarta-feira (20).

Subsecretária de Saúde de Goiás, Luciana Vieira, foi enfática em sua fala ao dizer que a capacidade de abrir novos leitos mudou. “A vacina não vai ter impacto suficiente. Todos nós sabemos melhor do que ninguém que a capacidade do sistema de saúde é restrita. Limitada não só pelos leitos, mas pelos equipamentos, profissionais… O estado saiu de 300 leitos de UTI para 600 leitos (na primeira onda da pandemia). A gente não consegue dobrar de novo”, afirmou a gestores durante o encontro.

A discussão foi provocada pelo promotor de justiça, Marcus Antônio Ferreira Alves, que demonstrou preocupação com a ocupação de leitos na rede pública estadual em 82%, registrada no dia da reunião. “Nós estamos chegando no pico da taxa de ocupação estadual. Zonas perigosíssima de crise”, afirmou.

O promotor lembrou que, de acordo com a equipe técnica da rede pública estadual, uma taxa de ocupação de leitos acima de 80% já significa trabalhar com capacidade máxima. A ocupação dos leitos de UTI da rede pública estadual às 18 horas desta quinta-feira (21) era de 82%.

No pico da pandemia em 2020, a rede estadual pública de Goiás chegou a ter 318 leitos de UTI. O máximo de ocupação foi de 94%. Atualmente são 243 leitos de UTI, com capacidade de ativar novos leitos até 281.

Ainda durante a reunião de quarta, promotor Marcus Antônio também citou a região do Entorno do Distrito Federal (DF) e o fechamento do hospital de campanha de Águas Lindas, que possui 200 leitos, sendo 40 de UTI, e foi fechado em outubro por decisão do governo federal.

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Um dos fatores que impediram abertura do mesmo quantitativo de leitos na primeira onda da pandemia foi a desabilitação de leitos pelo governo federal quando a pandemia diminuiu, segundo fala da gerente de atenção terciária, Danielle Jacques. “Ter leito de UTI Covid-19 habilitado pelo Ministério da Saúde significa o recebimento de recursos financeiros federais para custear a internação naquela vaga. Não tem como expandir e não ter repasse financeiro do Ministério da Saúde”, declarou a gerente durante a reunião.

Reportagem do POPULAR da edição dessa quarta mostrou que cinco hospitais da rede privada em Goiânia tiveram as UTIs ocupadas em 100% nesta semana. Representante dos hospitais particulares de alta complexidade, Haikal Helou, também falou sobre a impossibilidade de abrir novos leitos na rede privada, nesta mesma reunião.

“É impossível abrir os leitos na mesma proporção que se demanda. Manaus não é uma exceção, pode virar uma regra. Ainda dá tempo de intervir”, afirmou ele. Ele explicou que os hospitais privados já estão cheio de pacientes com outras doenças, sem ser Covid-19, como doentes crônicos, com câncer e problemas cardíacos.

Superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás, Flúvia Amorim sugeriu que, diante da situação grave exposta na reunião, fosse criado um grupo para ver outras estratégias para diminuir a disseminação do vírus. Ela chegou a citar que as escolas são um ambiente mais controlável, mas que existem outras atividades que não são controláveis e que o risco é maior.

Aumento de vagas

A Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), informou que por enquanto não são previstos novos decretos para aumentar o distanciamento social e diminuir a disseminação do vírus. O estado reforça a necessidade de a população manter as medidas de proteção, como uso de máscaras facial e higienização das mãos com água e sabão, além do uso de álcool em gel e o distanciamento social, evitando aglomerações, diz o trecho da nota da secretaria.

Ainda em resposta para a reportagem, a SES-GO disse que a estratégia para suportar um aumento de demanda por internações no Entorno do DF é abertura de mais leitos no hospital de campanha de Goiânia. Já sobre o aumento de vagas de UTI de Covid-19 no geral, a SES-GO informou que prevê aumento de leitos no HCamp de Goiânia e, principalmente, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. Se for necessário, rede privada pode ser utilizada, mas ainda não é o momento, diz o trecho da resposta da secretaria.

A reportagem solicitou quais eram os pedidos de habilitação de leitos ao Ministério da Saúde. A SES-GO informou que pediu o levantamento desses dados à área técnica.

A Secretaria garantiu ainda que apenas os leitos de Águas Lindas foram desmobilizados por conta da decisão do governo federal, mas que em outros casos, como o do Hospital de Urgência de Anápolis, houve apenas um remanejamento do tipo de paciente destinada ao leito. (O Popular, 22/01/21)