Postado em: 18/12/2025

CLIPPING AHPACEG 18/12/25

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Adiada votação final de exame de proficiência para médicos

https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2025/12/17/adiada-votacao-final-de-exame-de-proficiencia-para-medicos

Investigação da morte de Benício chega aos donos do Hospital Santa Júlia

https://www.cm7brasil.com/noticias/policia/investigacao-da-morte-de-benicio-chega-aos-donos-do-hospital-santa-julia-veja-video/

Por que decidiram vetar a entrada de um remédio que evita diálise no SUS?

https://veja.abril.com.br/coluna/letra-de-medico/por-que-decidiram-vetar-a-entrada-de-um-remedio-que-evita-dialise-no-sus/#google_vignette

Sustentabilidade na saúde começa na organização do ciclo de receita

https://medicinasa.com.br/sustentabilidade-financeira/

Como os médicos podem reduzir impostos ainda em 2025

https://medicinasa.com.br/reduzir-impostos-2025/

Por que o hospital 100% inteligente deve ser humano

https://medicinasa.com.br/hospital-inteligente/

AGÊNCIA SENADO

Adiada votação final de exame de proficiência para médicos

 

A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) adiou a análise final do projeto de lei que cria um exame nacional de proficiência para médicos formados no Brasil (PL 2.294/2024), após divergências sobre a forma de avaliação e o papel das instituições envolvidas. 

A decisão foi tomada nesta quarta-feira (17), depois de pedido de vista (tempo para análise) apresentado pelo senador Rogério Carvalho (PT-SE). Com a vista concedida, a votação em turno suplementar ficou para uma próxima reunião da comissão, ainda sem data definida. 

A proposta, que já havia sido aprovada em primeiro turno no início de dezembro, voltou à pauta para votação em turno suplementar, etapa necessária por se tratar de decisão final da comissão sobre um texto substitutivo (texto alternativo ao do projeto original). O senador Rogério Carvalho justificou o pedido de vista ao afirmar que o voto em separado apresentado por ele não chegou a ser discutido anteriormente. 

— Meu voto em separado não foi apreciado pela comissão em função de a matéria ter sido votada [em primeiro turno] e ter tido maioria. Foram apresentadas emendas, foi feito um novo relatório, e peço vista desse relatório para que a gente possa discutir na sessão seguinte — argumentou. 

Relator do substitutivo, o senador Dr. Hiran (PP-RR) explicou que o parecer apresentado no turno suplementar manteve integralmente o texto aprovado anteriormente e que ele rejeitou as emendas apresentadas. 

— De modo geral, as emendas retomam propostas já rejeitadas. Nosso relatório não mudou, é exatamente igual. O voto em separado não foi votado porque o nosso relatório foi aprovado — ponderou. 

O senador defendeu a proposta e criticou a expansão de cursos de medicina sem qualidade adequada. 

— Prolifera-se neste país uma inflação absurda de cursos de medicina com formação absolutamente inadequada, com médicos mal formados — declarou ele. 

Presidente da CAS, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) ressaltou que a principal controvérsia não está na existência do exame, mas na definição de quem deve ser responsável pela avaliação. 

— Não me parece que haja senador contrário ao exame de proficiência. A discussão está em torno de quem deve ser o responsável pela avaliação, se o Ministério da Educação ou o Conselho Federal de Medicina, que é uma inovação — pontuou. 

Ele destacou ainda que o pedido de vista está previsto no regimento da Casa e, por isso, foi concedido. 

Controvérsia 

O debate contou ainda com manifestações em defesa do papel do Conselho Federal de Medicina (CFM). A médica Dra. Eudócia (PL-AL) questionou as resistências ao projeto. 

— O Conselho Federal de Medicina julga os médicos quando há erro, mas não pode fazer uma prova para avaliar a qualidade desses profissionais? Isso é inadmissível, esse projeto está aqui desde 2024 — reclamou. 

Na mesma linha, o autor do projeto, senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), argumentou que a separação entre quem forma e quem fiscaliza é essencial. 

— O conceito é simples: quem executa não fiscaliza. A responsabilidade final recai sobre o profissional, e é o conselho que tem capacidade de julgar se ele está apto para exercer a medicina — declarou. 

Mudanças 

O projeto institui o Exame Nacional de Proficiência em Medicina (Profimed) como requisito para o registro profissional, sob coordenação do CFM, e prevê instrumentos de acompanhamento da formação médica, como avaliação obrigatória durante o curso e ampliação das vagas de residência.

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PORTAL CM7

Investigação da morte de Benício chega aos donos do Hospital Santa Júlia

Amazonas – Os proprietários do Hospital Santa Júlia prestaram depoimento à Polícia Civil do Amazonas nesta quarta-feira (17) no âmbito da investigação que apura a morte do menino Benício Xavier Freitas, de 6 anos, após atendimento médico na unidade, em Manaus. As oitivas ocorreram no 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP) e fazem parte do inquérito que investiga possíveis falhas no atendimento e na gestão hospitalar.

Durante o depoimento, os representantes da instituição foram questionados sobre os protocolos internos adotados no pronto-socorro, especialmente em relação à prescrição, checagem e administração de medicamentos de alto risco. A polícia busca esclarecer como uma dose elevada de adrenalina foi liberada e aplicada por via intravenosa em uma criança que apresentava sintomas compatíveis com laringite.

O caso ganhou grande repercussão após a confirmação de que Benício recebeu três doses de adrenalina pura na veia, totalizando 9 miligramas, procedimento indicado apenas em situações extremas, como paradas cardiorrespiratórias. A aplicação ocorreu mesmo sem dupla checagem da prescrição e sem validação farmacêutica, falhas já apontadas pela investigação policial.

Imagens inéditas e depoimentos colhidos ao longo do inquérito mostram que Benício chegou andando ao hospital, com tosse seca e febre. Um mês antes, havia sido atendido na mesma unidade e tratado com adrenalina por inalação, protocolo considerado adequado para o quadro clínico. Desta vez, no entanto, a conduta adotada foi diferente e resultou em rápida piora do estado de saúde da criança.

Segundo a Polícia Civil, a médica responsável pelo atendimento admitiu o erro na prescrição em mensagens trocadas com um colega e em relatório interno. Ainda assim, Benício só foi transferido para a UTI horas depois, sofreu seis paradas cardíacas e morreu na madrugada do dia 23 de novembro.

A investigação também aponta possíveis irregularidades administrativas por parte do Hospital Santa Júlia. De acordo com o delegado Marcelo Martins, a instituição cadastrou a médica Juliana Brasil como pediatra em plataforma do Ministério da Saúde, apesar de ela não possuir especialização reconhecida na área. O cadastro é de responsabilidade do estabelecimento de saúde, e a pessoa que realizou a declaração pode responder por falsidade ideológica.

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REVISTA VEJA

Por que decidiram vetar a entrada de um remédio que evita diálise no SUS?

A doença renal crônica (DRC) é uma enfermidade silenciosa e progressiva que, se não for diagnosticada e tratada de forma adequada, tende a evoluir para o estágio avançado, quando pode ser necessário a diálise ou o transplante renal.

O diagnóstico precoce, com exames simples como a creatinina e o exame de urina, e a implementação de estratégias terapêuticas eficazes têm o potencial de modificar a história natural da doença.

Felizmente, os avanços científicos dos últimos anos tornaram isso possível por meio de terapias capazes de retardar a progressão da DRC e preservar a função renal, adiando – ou até evitando – a evolução para as fases mais avançadas.

Portanto, foi com grande preocupação que recebemos a decisão preliminar da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde), tomada em dezembro, que recomendou a não incorporação da finerenona ao Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento da DRC associada ao diabetes tipo 2. Tal recomendação contraria evidências científicas robustas e, mais do que isso, afronta o direito dos brasileiros ao acesso a um tratamento capaz de melhorar desfechos clínicos em uma condição de alto impacto individual, social e econômico.

Cerca de 50 mil novos pacientes começam a fazer diálise todos os anos no Brasil – 79% são dependentes exclusivamente do SUS. A principal consequência dessa recomendação é o aprofundamento de uma iniquidade já existente no sistema de saúde brasileiro.
Atualmente, a finerenona encontra-se disponível para pacientes atendidos pela saúde suplementar, enquanto permanece inacessível à população dependente do SUS. Cria-se, assim, um cenário no qual pacientes com a mesma condição clínica, o mesmo risco de progressão da doença e os mesmos desfechos potenciais passam a ter trajetórias de cuidado distintas, determinadas, não por critérios clínicos ou científicos, mas, sim, pela sua condição socioeconômica. Trata-se de uma situação que contraria o princípio constitucional da equidade, um dos pilares do SUS, cujo objetivo é oferecer mais a quem mais precisa. 

A DRC associada ao diabetes é mais prevalente justamente entre populações socialmente vulneráveis, que dependem majoritariamente do sistema público de saúde. Negar a esses pacientes o acesso a uma terapia capaz de reduzir desfechos renais e cardiovasculares, amplamente respaldada por evidências científicas, agrava desigualdades e compromete a integralidade do cuidado.

Do ponto de vista clínico, a eficácia e a segurança da finerenona foram demonstradas em grandes ensaios clínicos randomizados, como FIDELIO-DKD, FIGARO-DKD, CONFIDENCE e na análise integrada FIDELITY, com redução consistente de desfechos renais e cardiovasculares clinicamente relevantes. Esses resultados embasam sua incorporação em diretrizes internacionais e sua adoção na prática clínica em diferentes sistemas de saúde.

Além disso, a recomendação preliminar da Conitec ignora a expressiva manifestação da sociedade na consulta pública, que reuniu pouco mais de 1.700 contribuições, das quais 97,3% foram favoráveis à incorporação. Sociedades médicas, especialistas, entidades representativas de pacientes e a sociedade civil reconheceram o impacto positivo dessa tecnologia na trajetória clínica de milhares de brasileiros.

Sob a perspectiva econômica e sistêmica, o Brasil destina atualmente mais de R$ 4,2 bilhões anuais à terapia dialítica no SUS, sendo cerca de R$ 1,3 bilhão referentes a pacientes diabéticos em hemodiálise. A manutenção de um modelo centrado predominantemente no tratamento do estágio avançado, em detrimento de estratégias que retardem a progressão da doença, perpetua custos elevados e resultados subótimos. A incorporação de terapias eficazes deve ser compreendida como investimento em sustentabilidade do sistema e em justiça social.

A Sociedade Brasileira de Nefrologia, em conjunto com outras entidades, já formalizou seu posicionamento junto ao Ministério da Saúde, reafirmando seu compromisso histórico com a ciência, a equidade e o fortalecimento do SUS. A incorporação da finerenona no sistema público não representa um privilégio, mas a correção de uma distorção: assegurar que pacientes do SUS tenham acesso às mesmas terapias já disponíveis na saúde suplementar, quando respaldadas por evidências sólidas e consenso técnico.

Reavaliar essa recomendação é, portanto, um imperativo ético, sanitário e institucional. Trata-se de garantir que decisões regulatórias não aprofundem desigualdades, mas promovam um cuidado mais justo, baseado em evidências e alinhado aos princípios que fundamentam o sistema público de saúde brasileiro.

* José A. Moura Neto é médico e presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia

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MEDICINA S/A

Sustentabilidade na saúde começa na organização do ciclo de receita

A sustentabilidade financeira da saúde não será alcançada comprimindo margens. Ela depende da nossa capacidade de reconstruir lógica, incentivos e previsibilidade no sistema. E, analisando o movimento real do setor, eu chego a uma conclusão que precisa ser encarada com menos tabu e mais pragmatismo: não existe saída sustentável sem inovação aplicada ao ciclo de receita.

Não estamos diante de um problema conjuntural de curto prazo. Estamos diante de um paradoxo estrutural que se arrasta há anos. Segundo o IESS, no período de 12 meses encerrados em março de 2025, a VCMH (Variação do Custo Médico-Hospitalar) registrou 14,5% de crescimento — novamente muito acima da inflação geral do período. Para efeito de comparação, o relatório anterior, referente aos 12 meses encerrados em dezembro de 2024, já havia apontado alta de 12,9%. (Fontes: IESS – VCMH mar/2025 e VCMH jul/2025). Essa divergência prolongada desmonta qualquer tentativa de equilíbrio: não existe modelo sustentável quando a inflação da saúde se move em velocidade estruturalmente superior à economia real.

E esse descompasso não fica preso em macroeconomia. Ele se materializa no dia a dia, no atrito operacional e na erosão invisível de valor. Estudos e análises técnicas amplamente aceitas no mercado, incluindo referências do IESS, mostram que entre 10% e 30% das contas hospitalares sofrem glosa — grande parte evitável. Isso não é detalhe operacional. É vazamento contínuo de sustentabilidade financeira que se repete, mês após mês, em escala sistêmica.

Quando olhamos o que a tecnologia já permite hoje, a urgência fica ainda mais evidente. Pesquisa global da Deloitte (2025) mostra que mais de 70% dos C-levels de sistemas de saúde no mundo vão priorizar eficiência e produtividade como agenda estratégica imediata este ano, e cerca de 90% esperam aceleração de tecnologias digitais no setor. Isso reforça um ponto que, para mim, precisa ser reposicionado no debate brasileiro: IA, automação inteligente e dados estruturados não são “modernização”. São instrumentos para reequilibrar o sistema e reconstruir racionalidade econômica.

É exatamente nessa interseção — finanças da saúde, previsibilidade e dados — que reside o ponto de virada da sustentabilidade. Quando cada etapa, da recepção ao pós-faturamento, passa a ser monitorada em tempo real e sustentada por dados confiáveis, o hospital não apenas reduz glosas e retrabalho: ele ganha previsibilidade de receita, fortalece sua sustentabilidade financeira e libera energia para focar no cuidado ao paciente. Transformar o ciclo de receita em um fluxo preventivo, integrado e inteligente não é mais uma vantagem competitiva opcional; é um movimento essencial para instituições que querem sobreviver a margens cada vez mais pressionadas, garantir liquidez e investir onde realmente importa: em qualidade assistencial e inovação.

A sustentabilidade da saúde suplementar exige que tenhamos coragem de deslocar a conversa. Não é só sobre eficiência clínica. É sobre eficiência transacional. É sobre tratar o ciclo de receita como motor estratégico — e não como centro de fricção, ruído e perda.

E é nesse sentido que acredito que entramos em um ciclo decisivo. O setor tem, pela primeira vez, tecnologia suficiente para reconstruir confiança e ajustar incentivos de forma inteligente, escalável e transparente. Agora, o que falta é maturidade coletiva para colocar isso como prioridade imediata — e não como agenda periférica.

Se queremos sustentabilidade real, não podemos mais tratar inovação como fronteira experimental. Precisamos tratá-la como fundamento econômico. E essa transformação precisa começar agora.

*Bruno Lee é diretor de operações da Osigu no Brasil.

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Como os médicos podem reduzir impostos ainda em 2025

No setor de saúde, números não mentem: clínicas lotadas não garantem contas equilibradas. A verdade incômoda é que boa parte das decisões financeiras ainda nasce no improviso, enquanto custos, impostos e expectativas dos pacientes só sobem. Com o fim do ano se aproximando, profissionais médicos (como clínicas, consultórios e autônomos) têm uma janela limitada para otimizar a carga tributária.

Quem administra uma clínica hoje precisa de clareza, método e coragem para encarar o que não aparece no prontuário: ineficiências, desperdícios e decisões fiscais mal estruturadas. Os próximos meses trazem uma oportunidade rara de virar o jogo. Ainda dá tempo de ajustar o Imposto de Renda de 2025, tanto na PF quanto na PJ, e preparar a operação para a Reforma Tributária que vai reorganizar preços, margens e rotinas de quem trabalha com saúde. É hora de agir antes que a conta chegue. As orientações abaixo são fruto de planejamento especializado voltado especificamente para o setor médico.

A vida financeira do médico e a última janela de isenção

A vida financeira de um médico sempre acontece em três dimensões simultâneas: a da Pessoa Física, onde entram despesas pessoais, previdência, dependentes, educação e o impacto bruto do IR; a da Pessoa Jurídica, onde se definem regime tributário, ISS, pró-labore, distribuição de lucros, despesas dedutíveis e obrigações acessórias; e um terceiro modelo híbrido, que mistura contas da clínica com despesas pessoais, gerando riscos e inviabilizando créditos futuros do IVA. Entender essas fronteiras e tratá-las com rigor técnico é o ponto de partida: a PF e a PJ devem ser analisadas juntas, como um sistema único que conversa entre si, mas com limites operacionais claros para que o médico não pague imposto duas vezes e nem caia em malha fina.

Na prática, isso exige enxergar a vida financeira como uma engrenagem: o pró-labore precisa refletir o trabalho efetivo, a distribuição de lucros deve estar amparada por contabilidade real e o fluxo de pagamentos pessoais não pode jamais ser empurrado para dentro da conta da clínica. Só assim é possível capturar os créditos do futuro IVA, garantir isenção legítima na distribuição de lucros até o fim de 2025 e manter segurança diante do avanço da fiscalização eletrônica. Médicos que se reorganizam agora conseguem reduzir a carga tributária de forma legal, consistente e alinhada às exigências da Reforma Tributária, evitando que o aumento da complexidade do sistema se transforme em aumento de imposto na vida real.

A importância de organizar a Pessoa Física para 2025

A corrida para ajustar a PF é tão relevante quanto a decisão do regime da empresa. Muitos médicos pagam mais IR do que deveriam por não organizarem despesas dedutíveis ou por distribuírem lucros sem vínculo com uma contabilidade robusta. Casais, por exemplo, podem redistribuir gastos de saúde e educação para quem está em uma faixa de tributação mais vantajosa. Com o cruzamento eletrônico ampliado para 2025, recibos manuais deixam de ser suficientes, e cada inconsistência pode gerar cobrança automática.

Quem recebe apenas lucros distribuídos precisa entender que, nesse caso, deduções típicas do IRPF não fazem diferença alguma. Já quem recebe pró-labore deve analisar a composição renda x deduções para evitar retenções excessivas. E autônomos, ainda muito comuns no setor, conseguem reduzir substancialmente o IR mantendo um livro-caixa organizado, com despesas como aluguel, secretária, equipamentos, manutenção e cursos devidamente registrados.

A última janela de isenção na distribuição de lucros

O fim de 2025 marca uma virada decisiva para médicos que atuam como pessoas jurídicas. A mudança na legislação trouxe um novo horizonte para a tributação de lucros, a Lei nº 15.987/2025 prevê que, a partir de 2026, lucros distribuídos passarão a ser tributados. Porém, há uma brecha extremamente favorável, todos os lucros apurados até 31 de dezembro de 2025 continuarão isentos, desde que haja contabilidade completa, com demonstrações contábeis regulares que suportem o lucro apurado e aprovação formal até essa data.

Essa regra transformou o planejamento tributário do setor. Não se trata mais apenas de “fechar as contas”: é preciso garantir documentação sólida para proteger lucros acumulados que, no futuro próximo, estariam sujeitos ao novo imposto. A Receita Federal ainda definirá os procedimentos operacionais para pagamentos feitos até 2028, mas uma coisa já está clara: quem não tiver registros estruturados poderá perder completamente a isenção.

A distribuição de lucros passa, portanto, para um ambiente mais rastreável. O cruzamento automático de dados, o fortalecimento da fiscalização digital e o fim do espaço para informalidades exigem que clínicas atuem com precisão. A antecipação de lucros, quando feita com respaldo contábil, se torna um movimento estratégico e não apenas um ajuste de última hora.

A Reforma Tributária adiciona mais uma camada de complexidade. A partir de 2026, o sistema antigo e o novo passam a coexistir, com a CBS e o IBS ganhando espaço gradualmente enquanto ISS e PIS/COFINS reduzem até desaparecerem por completo em 2030. Esse período híbrido envolve volume maior de obrigações acessórias, novas regras de crédito tributário e a necessidade de rastrear, com rigor, cada compra, cada serviço, cada pagamento. Não é exagero: a transição é um divisor claro entre gestões profissionais e operações improvisadas.

O impacto financeiro da Reforma não é estático, ele muda ano a ano e varia conforme o grau de organização da clínica. Quem tiver documentação consistente poderá capturar créditos tributários relevantes, especialmente em insumos, tecnologia, equipamentos e serviços essenciais. Quem não tiver, simplesmente pagará mais imposto. A EC 132 prevê redução de até 60% na alíquota do IVA para serviços essenciais, como saúde, mas esse benefício só se concretiza para clínicas que possuírem contabilidade hábil para comprovar créditos. Na prática: o direito existe, mas só se materializa para quem estiver pronto.

Nesse cenário, a escolha do regime tributário deixa de ser uma decisão anual e passa a ser parte da estratégia da operação. Consultórios pequenos podem continuar encontrando eficiência no Simples Nacional, sobretudo quando beneficiados pelo Fator R. Mas clínicas estruturadas, com equipe, insumos e investimentos recorrentes, tendem a pagar mais ao permanecer no Simples, já que o regime não permite o aproveitamento dos créditos do futuro IVA. Para operações maiores, o Lucro Presumido frequentemente se mostra mais vantajoso, especialmente para quem pode acessar a equiparação hospitalar — um benefício ainda subutilizado no setor, mas capaz de reduzir IRPJ e CSLL em até 87% sobre a parcela da carga incidente sobre o lucro.

Clínicas que realizam exames diagnósticos, pequenos procedimentos, cirurgias ambulatoriais ou serviços de apoio hospitalar podem solicitar a equiparação. O benefício exige estrutura formal, registro sanitário e escopo técnico, mas pode ser aplicado inclusive de forma retroativa, gerando economia imediata. Para operações com maior complexidade e uso intenso de insumos e serviços, o Lucro Real se torna ainda mais estratégico, pois é o regime que melhor se adapta ao modelo de créditos do novo IVA, embora exija contabilidade impecável e controle total da operação.

Em um cenário de mudança estrutural, a mensagem é simples: 2025 não é um ano qualquer. É a última chance de garantir isenção total na distribuição de lucros, o primeiro passo de uma transição tributária que vai durar até 2030 e o momento mais inteligente para organizar PF, PJ e operação contábil com precisão. Quem se prepara agora atravessa a Reforma Tributária com segurança. Quem adia as decisões corre o risco de transformar o aumento da complexidade em aumento real de imposto.

*Adriana Melo é mentora financeira, especialista em finanças e tributação, com mais de 20 anos de experiência em finanças corporativas, planejamento, controladoria e uma especialização estratégica em tributação.

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Por que o hospital 100% inteligente deve ser humano

Recentemente foi inaugurado, na China, o primeiro hospital operado cem por cento por robôs, capaz de realizar triagens e diagnósticos com alto índice de precisão. Em outubro de 2025, o jornal Metrópoles destacou que o Brasil, em parceria com o governo chinês, também avança na criação de hospitais inteligentes públicos. O principal projeto é o Instituto Tecnológico de Medicina Inteligente (ITMI-Brasil), em São Paulo, que contará com 800 leitos, investimento estimado em 320 milhões de dólares e integração com ambulâncias 5G e sistemas de telessaúde. O objetivo é reduzir o tempo médio de atendimento de casos graves de 17 horas para cerca de duas. Essas iniciativas mostram que a transformação digital na saúde já é uma realidade e que o desafio agora é equilibrar tecnologia, eficiência e cuidado humano.

A automação amplia a eficiência, mas exige governança tecnológica capaz de garantir continuidade, segurança e resposta rápida diante de falhas ou ataques, além de demandar investimentos significativos em implantação, integração e manutenção. Um hospital pode operar com robôs e sistemas inteligentes em tempo real, mas só continuará sendo hospital se mantiver a capacidade de enxergar o paciente como pessoa, sem substituir o vínculo e a sensibilidade que sustentam o cuidado.

A tecnologia é ferramenta essencial para aprimorar diagnósticos e prever riscos, mas seu valor depende da atuação dos profissionais especialistas, médicos, enfermeiros, técnicos e equipes multidisciplinares que unem conhecimento, experiência e empatia. São esses profissionais que interpretam dados, compreendem contextos e tomam decisões em situações complexas. Nenhum algoritmo é capaz de reproduzir a escuta, o tato e o discernimento clínico que definem o ato de cuidar.

O avanço digital também impõe um novo papel à regulação. A aplicação de soluções inteligentes na saúde desafia normas tradicionais e requer regras claras de interoperabilidade, segurança da informação e responsabilidade profissional. Regulamentar não significa frear o progresso, mas assegurar confiança e transparência a pacientes, instituições e profissionais.

Os sistemas processam informações, mas quem compreende pessoas são os especialistas que cuidam delas. São eles que percebem o medo, a dúvida e a dor que não aparecem em relatórios. O futuro da saúde não depende de hospitais sem pessoas, e sim de instituições que saibam unir tecnologia, empatia e propósito. O hospital cem por cento inteligente é aquele que usa a inovação para potencializar o humano. A verdadeira inteligência na saúde continua sendo a capacidade de acolher e a pertinência do cuidar.

*Bruno Muszkat é médico radiologista e CEO da Medicom Exames.

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Assessoria de Comunicação