CLIPPING AHPACEG 15/12/25
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Indústria das liminares na saúde suga bilhões, quebra planos e ameaça milhões de pacientes
Dasa conquista pela segunda vez consecutiva o selo QGA de segurança
Projeto vai revelar os 100 melhores hospitais públicos brasileiros
https://medicinasa.com.br/100-hospitais-publicos/
Previsibilidade e precisão: IA na gestão logística da saúde
https://medicinasa.com.br/ia-gestao-logistica/
Como resolver o gargalo da enfermagem sem risco jurídico
https://medicinasa.com.br/compliance-inovacao/
Saúde: o combustível da vida e a prevenção como valor central
https://medicinasa.com.br/saude-combustivel-vida/
Resistência antimicrobiana: um desafio de gestão e segurança
https://medicinasa.com.br/ram-seguranca-paciente/
DIÁRIO DE SP
Indústria das liminares na saúde suga bilhões, quebra planos e ameaça milhões de pacientes
Escritórios de advogados especializados, pedidos padronizados e liminares concedidas em plantões judiciais, sob decisões rápidas e sem critério técnico, alimentam a chamada máfia das liminares, um mercado bilionário que se aproveita da urgência médica e empurra a conta para milhões de consumidores
A chamada 'máfia das liminares' transforma a urgência médica em um mercado bilionário, por meio de decisões judiciais rápidas e sem critério técnico, cujo custo recai sobre os consumidores - Imagem: Reprodução / Marcelo Casal Jr / Agência Brasil
Leandro Amaral Publicado em 13/12/2025, às 17h29
A judicialização desenfreada da saúde suplementar deixou de ser um instrumento excepcional de garantia de direitos e passou a operar, em muitos casos, como uma engrenagem organizada que drena recursos, distorce decisões médicas e compromete a sustentabilidade de todo o sistema. O crescimento acelerado de liminares concedidas sem análise técnica aprofundada abriu espaço para o que o próprio setor passou a classificar como a máfia das liminares, um modelo que transforma a urgência médica em estratégia jurídica e financeira.
Dados do Conselho Nacional de Justiçamostram que o volume de ações envolvendo planos de saúde cresce ano após ano, com dezenas de milhares de novos processos ajuizados anualmente. Uma parcela expressiva dessas demandas é decidida em caráter de urgência, muitas vezes durante plantões judiciais, sem perícia médica prévia, sem análise de evidência científica e sem avaliação do impacto coletivo da decisão. Em diversos tribunais, a taxa de deferimento de liminares supera 60%, inclusive em casos que envolvem tratamentos fora do rol da ANS ou uso off label de medicamentos.
O padrão das ações revela organização. Petições praticamente idênticas, pedidos repetidos em diferentes varas e decisões proferidas em sequência apontam para a atuação de escritórios de advogados especializados exclusivamente nesse tipo de demanda. Amparados por laudos genéricos e relatórios médicos padronizados, esses escritórios transformaram o litígio em método recorrente, criando um mercado paralelo que opera à margem da regulação técnica da saúde suplementar.
O impacto financeiro dessa engrenagem é concreto e crescente. Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar indicam que os custos associados à judicialização já consomem bilhões de reais por ano e cresceram de forma acelerada na última década. São despesas imprevisíveis, que escapam de qualquer cálculo atuarial e corroem o equilíbrio econômico dos contratos. Cada liminar individual transfere para o coletivo uma conta que não estava prevista, pressionando reajustes e inviabilizando planos mais acessíveis.
O efeito chega diretamente ao consumidor. Mensalidades mais altas, redução de opções no mercado e a saída silenciosa de operadoras menores são consequências diretas desse modelo. A judicialização excessiva não amplia o acesso à saúde, mas cria um sistema desigual, no qual o tratamento passa a depender mais da capacidade de acionar a Justiça do que de critérios médicos, regulatórios ou contratuais.
Embora existam casos legítimos e urgentes, o abuso das liminares expõe um vazio institucional. A ANS possui atuação limitada diante de decisões judiciais. Núcleos de apoio técnico ainda não estão presentes de forma uniforme em todas as comarcas. O Judiciário, pressionado por volume e urgência, decide muitas vezes sem o suporte técnico necessário. Não há mecanismos eficazes de responsabilização para práticas abusivas que transformam a urgência médica em modelo de negócio.
O resultado é um sistema tensionado por todos os lados. Operadoras operam sob risco permanente, pacientes pagam a conta e a Justiça assume, na prática, o papel de regulador informal da saúde suplementar. A máfia das liminares não protege o cidadão. Ela drena recursos, distorce o sistema e ameaça a continuidade de um modelo que ainda atende milhões de brasileiros.
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SAÚDE BUSINESS
Dasa conquista pela segunda vez consecutiva o selo QGA de segurança
A auditoria ressaltou avanços significativos, como a maturidade técnica dos núcleos regionais de segurança do paciente, o progresso digital e o pioneirismo no modelo de governança assistencial.
A Dasa, medicina diagnóstica, tornou-se a primeira empresa do setor no país a alcançar, a reacreditação do Núcleo de Segurança do Paciente, o reconhecimento da Quality Global Alliance (QGA), que certifica a maturidade das práticas de segurança do paciente. O relatório oficial destacou pontos como a relevância institucional da Dasa, sua capacidade técnico-científica, o papel estratégico do Comitê de Segurança do Paciente, a evolução em transformação digital e o pioneirismo no setor de diagnóstico.
A avaliação contemplou a estrutura, as práticas e os resultados dos 6 Núcleos Regionais de Segurança do Paciente — São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Nordeste, Centro-Oeste e Sul. Após atender aproximadamente 90% dos 153 critérios aplicáveis, a companhia manteve o Nível Expert. O reconhecimento reafirma o compromisso das unidades com a qualidade assistencial, a segurança do paciente e a melhoria contínua dos processos, consolidando sua trajetória de excelência em saúde.
Para Roberto Cury, vice-presidente de atendimento e experiência do cliente na Dasa, o selo reforça uma trajetória que se consolidou ao longo dos últimos anos. “Essa recertificação demonstra que segurança não é pontual, mas parte estruturante do nosso modelo assistencial. A integração dos núcleos regionais garante que práticas estratégicas cheguem à ponta com consistência.”
A estrutura dos Núcleos de Segurança da Dasa
O modelo de núcleos regionais foi criado para padronizar práticas assistenciais, fortalecer a governança e garantir respostas rápidas a riscos operacionais. Cada núcleo reúne equipes multidisciplinares responsáveis por implementar, monitorar e revisar ações nos eixos avaliados pela QGA:
· Identificação correta do paciente
· Comunicação efetiva
· Segurança medicamentosa
· Procedimentos seguros e prevenção de quedas
· Controle de infecções e higiene das mãos
A rotina inclui auditorias internas, análise de eventos adversos, monitoramento de indicadores, capacitação das equipes e adoção de políticas corporativas como Cultura Justa, disclosure e fortalecimento dos sistemas estruturados de notificação.
Para Leonardo Vedolin, vice-presidente Médico da Dasa, o resultado reforça um movimento contínuo. “Segurança do paciente exige continuidade. Renovar o selo da QGA confirma que estamos no caminho certo, investindo na melhoria contínua das práticas que asseguram a segurança do paciente em nossas unidades. Esse trabalho sustenta o Plano Anual de Segurança do Paciente e garante que todas as marcas da companhia— incluindo análises clínicas, imagem, vacinas, anatomia patológica e infusão — sigam práticas unificadas de segurança, com alinhamento nacional e capacidade de resposta regional”.
Segundo Annelise Correa Wengerkievicz Lopes, diretora de qualidade e segurança do paciente, o modelo de núcleos regionais traduz princípios de segurança em rotinas diárias. “A recertificação confirma o compromisso da nossa instituição com o aprimoramento das práticas e de oferecer um ambiente seguro para pacientes e colaboradores.”
Com o início do novo ciclo, a Dasa seguirá acompanhada por auditorias de manutenção semestrais, dentro de um processo contínuo de aprimoramento das práticas assistenciais e fortalecimento da cultura de segurança.
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MEDICINA S/A
Projeto vai revelar os 100 melhores hospitais públicos brasileiros
Um projeto inédito no país, encabeçado pelo Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde (Ibross), vai revelar os 100 melhores hospitais públicos do Brasil. Os “top 10” serão premiados em maio de 2026.
A iniciativa conta com a parceria da OPAS/OMS (Organização Pan-Americana da Saúde), do Instituto Ética Saúde (IES), do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
A lista dos hospitais indicados ao Prêmio Melhores Hospitais Públicos do Brasil será divulgada em janeiro e considerará serviços hospitalares dos governos federal, estadual ou municipal, com atendimento 100% pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Os 100 concorrentes ao prêmio incluem hospitais gerais — adultos ou pediátricos — e hospitais especializados nas áreas de ortopedia, oncologia, cardiologia e maternidade, todos com mais de 50 leitos e produção registrada no SIH (Sistema de Informações Hospitalares) do Ministério da Saúde entre agosto de 2024 e julho de 2025. Hospitais psiquiátricos e de longa permanência não serão incluídos.
Para a definição dos 100 “finalistas”, foram aplicados critérios como acreditação hospitalar, taxas de ocupação e taxa de mortalidade, disponibilidade de leitos de terapia intensiva e tempo médio de permanência dos pacientes internados, dentre outros.
A relação dos 100 indicados será posteriormente ranqueada, com base em pesquisa de satisfação independente com os pacientes, no nível de acreditação dos serviços e nas informações de compliance fornecidas pelos hospitais. Também será considerada uma avaliação de eficiência que cruzará os dados de atendimentos com a disponibilidade de recursos financeiros.
Com a iniciativa, o Ibross busca reconhecer e divulgar as melhores práticas de gestão e assistência à saúde na rede pública hospitalar do país.
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Previsibilidade e precisão: IA na gestão logística da saúde
A cadeia de suprimentos hospitalar sempre representou um desafio crítico na gestão em saúde. A falta de insumos pode comprometer atendimentos de urgência, enquanto o excesso de estoque gera custos elevados e desperdício. Em um ambiente em que a escassez de recursos e a pressão assistencial são constantes, a previsibilidade e a precisão operacional deixaram de ser diferenciais e tornaram-se vitais. É justamente nesse ponto que a Inteligência Artificial (IA) vem assumindo um papel transformador, oferecendo um novo patamar de precisão e eficiência na operação logística hospitalar.
Há muitos anos, a incorporação de algoritmos preditivos e técnicas de machine learning vem permitindo que o planejamento hospitalar evolua de um modelo reativo para um modelo preditivo e, mais recentemente, com as novas tecnologias, é possível aplicarmos mais contexto e automação nessa dinâmica. Isso significa que, além de responder a crises de abastecimento, os sistemas passem a antecipar cenários, avaliar riscos e recomendar ações corretivas antes que o impacto chegue ao paciente.
Em várias instituições brasileiras, soluções baseadas em IA já proporcionam economia de milhões de reais em custos de estoque e compras, além de impactar diretamente a qualidade assistencial. A automação de rotinas de planejamento, compras, distribuição e priorização de fornecedores tem reduzido gargalos e aprimorado a previsibilidade de toda a cadeia.
Segundo levantamento da PwC (2025), 58% dos executivos de saúde no Brasil relataram ganhos expressivos de eficiência com o uso de IA generativa no supply chain hospitalar, especialmente em previsão de demanda, gestão de fornecedores e monitoramento de estoques críticos. O dado ilustra o avanço de uma tendência global: a consolidação de sistemas inteligentes voltados à gestão estratégica da saúde.
Nos meus quase 20 anos de atuação em sistemas de Supply Chain para saúde, vejo que o amadurecimento dessas tecnologias trouxe um novo paradigma. Já estamos reconstruindo nossas soluções com IA, com arquiteturas escaláveis e seguras, voltadas à usabilidade e à experiência dos profissionais que vivem o dia a dia da operação. Em breve, agentes inteligentes serão capazes de automatizar etapas inteiras de planejamento e compras, enquanto camadas de gestão de performance garantirão rastreabilidade e controle e confiabilidade em tempo real.
No entanto, é importante reforçar que, em cenários críticos, a inteligência artificial não substitui a inteligência humana, ela a potencializa. A adoção da IA no supply chain hospitalar requer mais do que infraestrutura tecnológica: depende da qualidade dos dados, integração entre sistemas, sincronização dos processos e uma cultura organizacional voltada à inovação e à segurança.
Investir em aculturamento e capacitação contínua das equipes é essencial para que a automação seja utilizada de forma ética, contextual e alinhada aos princípios da saúde. A transformação digital só alcança seu propósito quando aliada à governança e ao compromisso de cada profissional envolvido.
Acreditamos que a convergência entre inteligência artificial e inteligência humana aponta para o futuro da gestão hospitalar: um futuro em que a tecnologia atua como instrumento estratégico de sustentabilidade, previsibilidade e segurança do paciente.
*Thiago Fialho é cofundador da GTPLAN.
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Como resolver o gargalo da enfermagem sem risco jurídico
O debate sobre a falta de profissionais de enfermagem no Brasil costuma girar em torno de dois extremos: a urgência das instituições em cobrir escalas e garantir a segurança assistencial e o receio de gestores diante de riscos jurídicos e trabalhistas que cercam o setor. Esse dilema não precisa existir, é possível inovar, ampliar acesso à força de trabalho e, ao mesmo tempo, operar dentro de um modelo absolutamente seguro em termos legais e regulatórios.
A Demografia da Enfermagem no Brasil 2025, estudo do Ministério da Saúde, divulgou um aumento de quase 44% dos postos de trabalho em cinco anos no setor. Em 2022, o número de vínculos ficou em cerca de 1,5 milhão. Lembrando que esse dado não reflete o número de pessoas atuando na enfermagem, já que um único profissional pode estar associado a mais de um contrato.
Mesmo com esse número, o Brasil ainda enfrenta déficit de profissionais, sobretudo em plantões críticos. Hospitais e clínicas têm dificuldade em ajustar suas equipes e isso gera sobrecarga, queda na qualidade assistencial e aumento de custos. Ao mesmo tempo, muitos profissionais qualificados enfrentam barreiras para acessar oportunidades compatíveis com sua rotina e disponibilidade.
A solução desse gargalo passa, necessariamente, por três frentes: flexibilidade, tecnologia e compliance. Qualquer iniciativa que ignore um desses pilares tende a gerar problemas que podem ir desde buracos na escala até insegurança jurídica.
O primeiro ponto é compreender que a saúde não pode mais operar apenas com modelos rígidos de contratação. Quando uma instituição precisa de cobertura imediata, ela não pode esperar semanas por uma admissão tradicional. É aí que a tecnologia se torna uma aliada poderosa. Plataformas especializadas conseguem conectar, em minutos, profissionais qualificados a unidades que precisam deles.
No Brasil, a enfermagem é uma profissão regulamentada e altamente crítica. Por isso, qualquer solução inovadora precisa ser construída junto ao marco regulatório, e não à margem dele. É possível, sim, oferecer flexibilidade aos profissionais e às instituições sem precarizar vínculos, sem driblar a legislação e sem expor gestores a passivos trabalhistas.
Esse equilíbrio exige estrutura, processos sólidos, modelos contratuais adequados, validação documental rigorosa, integração com conselhos profissionais, mecanismos de auditoria e governança.
Quando tecnologia e compliance caminham juntos, criamos um ambiente em que profissionais trabalham de forma mais sustentável, hospitais operam com segurança e o paciente recebe cuidados de alta qualidade.
A única condição é que inovação não seja tratada como um atalho e sim como uma estrutura de responsabilidade. O Brasil não precisa escolher entre segurança jurídica e inovação, o avanço real do setor acontece quando essas duas frentes caminham juntas.
*João Hugo Silva é CEO da Clicknurse.
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Saúde: o combustível da vida e a prevenção como valor central
Nos últimos anos, a discussão sobre o futuro da saúde ganhou novos contornos. Avanços tecnológicos, o envelhecimento da população e o aumento das doenças crônicas transformaram profundamente a forma como cuidamos de nós mesmos. No entanto, ainda prevalece um modelo de atenção voltado à reação, aquele que atua depois que a doença já se manifesta, e não, à promoção ativa da saúde.
Essa estrutura, presente em vários países, impõe custos crescentes e pressiona governos, empresas e indivíduos. No Brasil, os números mostram o tamanho do desafio. Segundo o IBGE, os gastos com saúde ultrapassaram R$ 700 bilhões em 2019. E embora a expectativa de vida, hoje em 76,4 anos, deva alcançar 77,8 anos até 2030, nem todos esses anos são vividos com autonomia e bem-estar. A lacuna entre longevidade e qualidade de vida segue aumentando.
Um levantamento da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), em parceria com o PoderData, mostrou que 71% dos usuários do sistema público e 85% dos beneficiários de planos privados não incorporam práticas preventivas no dia a dia. Mesmo com acesso a consultas e exames, a prevenção ainda ocupa um papel secundário na rotina dos brasileiros. O sedentarismo, a má alimentação e o estresse seguem entre os principais fatores de risco.
Estudos internacionais, como os conduzidos pela Universidade de Stanford e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mostram que cerca de 70% das mortes prematuras estão ligadas a hábitos e comportamentos modificáveis, como sedentarismo, má alimentação, tabagismo e consumo excessivo de álcool.
Sempre acreditei que saúde é o combustível da vida. Essa ideia traduz a essência da medicina preventiva: cuidar antes que o corpo adoeça, compreender que corpo e mente formam uma unidade indissociável e que o equilíbrio é a base de qualquer projeto de longevidade com qualidade.
A transformação necessária, porém, não depende apenas do indivíduo. Envolve empresas, governos e o próprio mercado da saúde. O relatório ROI do Bem-Estar 2024, da Wellhub, revelou que 99% das companhias brasileiras que medem o retorno financeiro de programas de bem-estar registram resultados positivos, com redução de custos médicos, queda no absenteísmo e aumento de produtividade. Investir em prevenção é mais do que uma escolha humana, é uma decisão estratégica.
A Organização Mundial da Saúde reforça esse movimento. Segundo a OMS, 15% dos adultos em idade produtiva sofrem de algum transtorno mental, e a depressão e a ansiedade resultam na perda de cerca de 12 bilhões de dias de trabalho por ano no mundo. Esses números mostram que cuidar da saúde mental e física não é custo, é sustentabilidade, humana e econômica.
A medicina do século 21 precisa consolidar um novo paradigma: o da prevenção como valor central. Um sistema que promova saúde, e não apenas trate doenças, gera benefícios éticos, sociais e econômicos. Não se trata de substituir a medicina curativa, mas de reconhecer que o cuidado contínuo é o verdadeiro antídoto contra o desgaste de um modelo reativo.
Em um mundo que corre contra o tempo, prevenir é o gesto mais inteligente e humano que podemos adotar. Porque saúde antes de ser gasto, negócio ou estatística, é e sempre será, o combustível da vida.
*Gilberto Ururahy é Diretor-médico especializado em medicina preventiva na Med-Rio Check-up.
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Resistência antimicrobiana: um desafio de gestão e segurança
A resistência antimicrobiana (RAM) é um dos maiores desafios da saúde moderna e também um dos mais silenciosos. De forma simples, ocorre quando microrganismos como bactérias, fungos e vírus passam a resistir aos medicamentos que antes eram eficazes. O resultado disso é alarmante: infecções mais difíceis de tratar, maior tempo de internação e aumento do risco de complicações graves.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1 em cada 6 infecções bacterianas no mundo já não responde adequadamente aos tratamentos disponíveis. Porém, mais do que um problema clínico, a resistência antimicrobiana é um problema de gestão e segurança do paciente.
Durante muito tempo, acreditou-se que o controle da resistência era responsabilidade exclusiva do médico prescritor. Hoje sabemos que a questão é mais ampla: envolve processos institucionais, cultura organizacional, governança clínica e educação contínua.
O uso inadequado de antibióticos, seja por automedicação ou prescrição excessiva, cria um ambiente favorável para o surgimento e disseminação de microrganismos multirresistentes. Por isso, enfrentar a resistência antimicrobiana exige integração entre assistência, gestão e qualidade.
Cada dose de antibiótico administrada é uma decisão que carrega impacto clínico e estratégico. Implementar programas institucionais de uso racional de antimicrobianos é uma medida essencial para equilibrar eficácia terapêutica, segurança e sustentabilidade do cuidado.
Além disso, a resistência antimicrobiana afeta diretamente indicadores sensíveis de gestão:
Tempo médio de permanência hospitalar;
Custos com internações prolongadas;
Taxas de reinternação e infecção hospitalar;
Desfechos clínicos e satisfação do paciente.
Promover o uso responsável de antimicrobianos é uma forma de fortalecer a cultura de segurança do paciente e otimizar recursos dentro das instituições de saúde.
A partir disso, é possível entender que os protocolos estabelecidos nas instituições não são eficazes se não houver engajamento das equipes assistenciais e da liderança institucional. O combate à resistência depende de corresponsabilidade: médicos, enfermeiros, farmacêuticos, gestores e pacientes precisam compreender seu papel nesse processo.
É fato que educar profissionais, monitorar resultados e manter a vigilância ativa são estratégias que salvam vidas e garantem a sustentabilidade dos sistemas de saúde.
E falar sobre resistência antimicrobiana é falar sobre o futuro da medicina. Pois sem ação coordenada voltamos a um cenário em que infecções simples se tornam ameaças graves. E com gestão eficiente, cultura de segurança e uso racional, podemos preservar a eficácia dos tratamentos e garantir um cuidado mais seguro para todos.
Portanto, a conscientização em relação à resistência aos antimicrobianos nos convida a uma reflexão prática: como cada decisão clínica pode se tornar uma escolha de valor para o paciente e para o sistema de saúde?
*José Branco é Presidente na Sociedade Médica de Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB), faz parte da Direção Executiva do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP), atua como Diretor Técnico do Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e é Diretor Médico da CLOUDSAÚDE.
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Assessoria de Comunicação