CLIPPING AHPACEG 08/12/25
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
'OAB da Medicina': entenda em 7 pontos o exame para médicos recém-formados aprovado em comissão do Senado
A crise que está levando médicos a desistir da residência
Doenças raras em foco: momento histórico para a ciência brasileira
https://medicinasa.com.br/doencas-raras-em-foco/
Amil investe R$ 50 milhões em espaço exclusivo no Sírio-Libanês
https://medicinasa.com.br/amil-eespaco-sirio/
Abordagem personalizada melhora evolução clínica de pacientes com choque séptico
https://medicinasa.com.br/abordagem-personalizada-sepse/
Telessaúde otimiza fluxo de pacientes e encurta tempo de espera
https://medicinasa.com.br/telemedicina-fluxo-pacientes/
Imposições unilaterais podem inviabilizar segmento de OPME
https://www.saudebusiness.com/industria/imposicoes-unilaterais-podem-inviabilizar-segmento-de-opme/
PORTAL G1
'OAB da Medicina': entenda em 7 pontos o exame para médicos recém-formados aprovado em comissão do Senado
Exame deverá representar uma etapa adicional para a obtenção do registro profissional para os graduandos de Medicina. Quem não for aprovado na ProfiMed não poderá solicitar o CRM.
Nesta semana, a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado aprovou o projeto de lei que estabelece a obrigatoriedade de aprovação no Exame Nacional de Proficiência em Medicina (ProfiMed) para médicos recém-formados. O PL ainda precisa ser votado pelo Senado e pela Câmara de Deputados (entenda mais abaixo.)
Se aprovado, o exame vai representar uma etapa adicional para a obtenção do registro profissional para os graduandos de Medicina. A proposta está sendo chamada por muitos de "OAB da Medicina" por sua semelhança com a prova obrigatória para advogados.
Abaixo, entenda em 7 pontos o que propõe o PL e como a criação do ProfiMed mudará a formação médica no país.
1. O que é o ProfiMed?
O Exame Nacional de Proficiência em Medicina tem como objetivo verificar a qualidade da formação dos concluintes de graduação em Medicina e sua habilitação para a prática médica. A prova está prevista em um projeto de lei que tramita no Congresso. (Veja mais abaixo sobre a tramitação.)
A etapa será obrigatória para a obtenção do registro profissional nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs). Ou seja, mesmo após concluir a graduação, o médico só poderá exercer legalmente a profissão se for aprovado na prova.
2. Como deve funcionar o ProfiMed?
O PL prevê que o exame seja coordenado e elaborado pelo Ministério da Educação (MEC). A prova deve ser aplicada duas vezes por ano em todos os estados e no Distrito Federal.
O ProfiMed deverá avaliar competências profissionais e éticas, conhecimentos teóricos e habilidades clínicas, com base nos padrões mínimos exigidos para o exercício da profissão.
3. O que muda com o exame?
Atualmente, um médico recém-formado pode solicitar o CRM após a colação de grau e pode atuar profissionalmente a partir da emissão do documento.
Se aprovado, o ProfiMed vai adicionar uma etapa que antecede a emissão do documento, já que o profissional só terá direito ao registro profissional após ser aprovado no exame.
Já para profissionais que se formaram em instituições internacionais e precisam revalidar o diploma para atuar no Brasil, também será possível obter a revalidação do documento por meio do ProfiMed. A prova equivalerá às duas etapas do Revalida.
O que é o Revalida: o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira é a prova realizada por médicos formados fora do Brasil que querem exercer a profissão aqui no país. O exame tem duas etapas — a primeira é uma prova escrita (com questões objetivas e discursivas); e a segunda, prática, para testar as habilidades clínicas do médico — e é considerada difícil: na edição do 2º semestre de 2022, por exemplo, apenas 3,75% dos inscritos foram aprovados nas duas etapas e tiveram seus diplomas revalidados.
4. O que acontece com quem reprovar no exame?
O texto do PL prevê a criação da Inscrição de Egresso em Medicina (IEM), que permite ao recém-formado realizar atividades técnico-científicas enquanto não for aprovado no ProfiMed.
5. Quando o exame passará a ser aplicado?
O ProfiMed segue em discussão no Senado e, em seguida, na Câmara. Uma vez aprovado e sancionado, a iniciativa deve entrar em vigor em um ano.
6. O que diz o CFM
O Conselho Federal de Medicina diz que o exame é “fundamental para aprimorar a qualidade da formação médica no país.”
“A implementação do Exame Nacional de Proficiência representa um avanço estrutural para o país. Não se trata apenas de uma etapa avaliativa, mas de uma política pública que assegura que apenas profissionais realmente preparados recebam o registro para atuar. Isso protege a população e fortalece a fiscalização do exercício médico”, afirmou Alceu Pimentel, conselheiro federal suplente e coordenador-substituto da Comissão de Assuntos Políticos do CFM em reunião do grupo, em novembro.
Em abril, o CFM já havia defendido a criação do ProfiMed, argumentando que a avaliação do médico é fundamental para a segurança da população e, portanto, necessária para a concessão do registro profissional.
7. Tramitação do projeto
Na quarta-feira (3), o PL 2.294 de 2024, de autoria do senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), foi aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado por 11 votos a 9. Ela ainda precisa passar por um turno suplementar de votação no colegiado antes de seguir para a Câmara dos Deputados.
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PORTAL DW
A crise que está levando médicos a desistir da residência
Longas jornadas, assédio moral, baixa remuneração são alguns dos problemas estruturais da especialização médica. Situação pode impactar atendimento à população no futuro.
“Uma vez cheguei a chorar, pois não via a luz do dia por duas semanas”. Esse é o relato de Silvia (que teve o nome alterado pela reportagem), de 29 anos, especialista em cirurgia geral, que concluiu a residência no primeiro semestre deste ano, em São Paulo.
Ela prefere manter o anonimato por medo de represálias, diante do aumento do número de casos de assédio moral e jornadas exaustivas sofridas pelos médicos residentes em todo o Brasil. “Já cheguei a trabalhar mais de 100 horas por semana. Incontáveis vezes somos humilhados em cirurgias ou até mesmo na frente dos pacientes”, diz a jovem. Diante da pressão exagerada, ela pensou em desistir diversas vezes ao longo dos três anos de especialização.
Ela não é a única a se queixar de um ambiente cada vez mais hostil na residência médica. Em 2022, residentes do primeiro ano em ortopedia e traumatologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) pediram demissão coletiva. Em carta, eles afirmaram que as condições de trabalho e a carga horária semanal, além do número reduzido de residentes, “tornaram nosso trabalho humanamente impossível de ser realizado”.
Embora não seja obrigatório realizar residência para ser médico , ela é necessária para a formação como especialista. O treinamento ocorre em hospitais, combina prática assistencial e atividades teóricas, sempre sob supervisão, e varia de dois a cinco anos, dependendo da área.
Esse percurso, porém, tem esbarrado em problemas estruturais. Segundo Lucas Faidiga, presidente da Associação Nacional de Médicos Residentes (ANMR), parte das vagas seguem ociosas enquanto a pressão aumenta sobre quem está nos programas. Hoje, apenas cerca de 70% das vagas disponíveis estão preenchidas, segundo ele.
Segundo dados da Demografia Médica no Brasil 2025 (DMB), realizado pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e instituições parceiras, em dezembro de 2024, o Brasil tinha 353.287 médicos especialistas, cerca de 59% do total de profissionais registrados. Os outros 244.141, ou 41%, eram médicos formados, mas sem título de especialista.
Equilíbrio entre vida pessoal e profissional
Formado há dois anos em medicina, Renato (nome alterado pela reportagem) preferiu não fazer residência por conta da pressão e pouca qualidade de vida que a especialização oferece ao residente. Ele afirma que a relação médico-paciente vem se deteriorando e os ambientes de trabalho estão se tornando cada vez mais difíceis.
Devido às queixas de muitos colegas que seguiam na residência, ele optou por não se especializar em uma área e preservar sua saúde mental. Ele acredita que não seja o único que a fazer essa ponderação. Segundo o médico, trata-se de um movimento geracional que vem ganhando força nos últimos anos, levando em consideração a necessidade de mudanças em antigas estruturas já tradicionais e consolidadas, mas que se encontram desatualizadas.
“Ainda existe uma percepção popular de que o médico deve seguir uma jornada de altruísmo e abdicação, com um certo fator místico, mas que, na sociedade de hoje, é uma percepção que não se sustenta”, complementa.
Salários baixos e denúncias desencorajadas
Embora haja inúmeros relatos de assédio e jornadas exaustivas em residências médicas, Nicole Dittrich, residente de Radiologia e Diagnóstico por Imagem na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), diz que sua experiência tem sido diferente.
“A minha residência é bem respeitosa. Todos os chefes são muito respeitosos e a relação entre os colegas é muito boa. Nunca ouvi nenhum relato disso na minha residência. Já ouvi relatos de colegas de outras especialidades, mas eu não presenciei essas cenas”, conta.
Apesar disso, ela observa que a exposição e o desafio para mulheres continuam sendo maiores em qualquer carreira, inclusive na medicina. “As mulheres têm mais dificuldade de inserção, de terem suas opiniões com a mesma validação que um homem tem. Então, nesse sentido, acaba sendo mais desafiador para as mulheres”, afirma Dittrich, que também atua como representante dos residentes de Radiologia.
Ela também critica a remuneração e as condições de trabalho. “O valor da residência médica não é condizente com a carga horária que um médico está trabalhando. É um trabalho médico especializado, e o valor que se recebe é muito abaixo do valor de mercado de um médico generalista recém-formado. Isso prejudica até na própria residência, porque o tempo que deveria ser usado para se capacitar é usado para complementar a renda”, afirma.
Por que médicas mulheres ganham menos do que homens?
Silvia confirma que as diferenças de gênero aparecem com mais frequência em áreas com alta pressão, como cirurgia geral e ortopedia. “Na cirurgia geral ainda há bastante preconceito, inclusive de chefes que deixam os residentes homens fazerem cirurgia e as mulheres não, ou diferença de tratamento entre homens e mulheres”, diz.
Segundo a médica, essas especialidades mantêm hierarquias rígidas e perpetuam as mesmas ações ao longo de anos. Ela também afirma que situações de assédio moral não são levadas para setores responsáveis. “As denúncias são, sim, subnotificadas e desencorajadas por chefes. Se souberem que você denunciou, provavelmente sofrerá retaliação. Na maior parte das vezes, a denúncia não leva a nenhum desfecho”, diz. Em momentos de pressão ou desrespeito, ela conta que boa parte da equipe lida sozinha com o problema.
Saúde mental e futuro dos profissionais
Nesse contexto, Alcindo Cerci Neto, representante do Conselho Federal de Medicina na Comissão Nacional de Residência Médica, afirma que combater o assédio moral e psicológico deve ser prioridade. Para ele, o residente precisa ser reconhecido como profissional em formação, e não como mão de obra barata. Isso requer ambientes seguros de aprendizado, relações de respeito e clareza sobre as regras que regem a residência médica.
Cerci Neto também aponta limites no modelo brasileiro, centrado em carga horária e não em competências. Segundo ele, mesmo as 60 horas previstas em lei só são compatíveis com a preservação da saúde mental quando há descanso adequado, limites pós-plantão e acesso a apoio psicológico – algo ainda distante da realidade de muitos serviços.
Especialistas apontam que, antes de discutir evasão ou desinteresse dos recém-formados, o país precisa rever a lógica que sustenta a formação especializada e a atuação do médico em diferentes regiões.
Para Faidiga, a remuneração atual é um dos principais entraves. Ele lembra que o valor líquido recebido por grande parte dos residentes não passa de R$ 3,6 mil e pode ficar em R$ 3 mil dependendo do local da bolsa.
Para o presidente da ANMR, a má distribuição de especialistas é consequência direta da falta de infraestrutura, salários baixos em cidades pequenas e ausência de apoio estatal. Uma das soluções defendidas é a criação de um plano de carreira nacional, nos moldes do que já existe para outras profissões.
Cerci Neto reforça que o problema também está no desenho das políticas de formação. Ele aponta que o país forma mais médicos do que consegue absorver na residência, mas que muitas vagas seguem sem candidatos por falta de atratividade ou estrutura adequada. Especialidades consideradas estratégicas pelo SUS, como Medicina de Família e Comunidade ou Patologia, continuam com vagas ociosas mesmo após políticas de incentivo.
Um ponto crítico é a diferença entre a bolsa da residência e a remuneração de outras políticas públicas. “Enquanto um bolsista do Programa Mais Médicos recebe cerca de R$ 12 mil para uma jornada de 30 horas, o médico residente recebe pouco mais de R$ 4 mil, mesmo cumprindo o dobro da carga horária”, diz.
Impacto também nos pacientes
A pressão crescente dentro dos programas de residência tem reforçado um alerta que já vinha sendo discutido por entidades médicas e pesquisadores: o impacto direto do ambiente de formação na saúde mental dos futuros especialistas. Jornadas longas, hierarquias rígidas e dificuldade para relatar abusos formam um conjunto que deixa residentes mais vulneráveis ao adoecimento.
As consequências desse contexto aparecem de forma recorrente nas pesquisas e no cotidiano dos hospitais. O psiquiatra Marcel Fúlvio Padula Lamas, coordenador da Psiquiatria do Hospital Albert Sabin (HAS), afirma que o adoecimento dos residentes se concentra em três eixos: carga horária excessiva, cultura institucional hostil e falhas organizacionais.
A privação de sono e o desgaste físico, diz ele, diminuem a capacidade de enfrentar adversidades e, quando somados ao medo de retaliação, levam o residente ao isolamento. Esse conjunto aumenta o risco de burnout, depressão , ansiedade, ideação suicida e abandono da residência.
Lamas enfatiza que a solução passa por mudanças estruturais. Garantir descanso adequado, reduzir tarefas administrativas que não contribuem para a formação, qualificar preceptores e criar canais independentes de denúncia compõem, segundo ele, um conjunto mínimo de medidas. Programas de saúde mental acessíveis e sigilosos também são fundamentais, assim como o acompanhamento contínuo de indicadores, como taxas de desistência e prevalência de burnout.
Os efeitos dessa situação se estendem além da residência. “Ambientes hostis no início da carreira aumentam o risco de erros, reduzem empatia e comprometem a relação médico–paciente”, diz. Para o médico, falar sobre saúde mental na formação é discutir o futuro da assistência oferecida à população.
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MEDICINA S/A
Doenças raras em foco: momento histórico para a ciência brasileira
As doenças raras desafiam sistemas de saúde no mundo todo e, no Brasil, não é diferente. Ainda convivemos com barreiras importantes, como acesso difícil e desigual a especialistas, capacidade diagnóstica limitada e investigações que se arrastam por anos.
O impacto dessas doenças é expressivo. Embora cada enfermidade seja individualmente pouco frequente, calcula-se que existam entre 7 mil e 8 mil diferentes doenças raras, que juntas afetam até 13 milhões de brasileiros. A grande maioria tem origem genética.
Quando o diagnóstico atrasa – ou nunca chega – o que se prolonga é a incerteza. Famílias vivem anos peregrinando por consultas e exames sem obter uma resposta conclusiva, acumulando frustração, sofrimento e também custos silenciosos ao sistema de saúde, que precisa lidar com internações que poderiam ser evitadas e tratamentos, muitas vezes, desnecessários ou equivocados.
Diante desse cenário, iniciativas que estimulem a cooperação científica e ampliem a capacidade investigativa do país são essenciais. Um exemplo foi a realização, no final de outubro, da Conferência da Rede Internacional de Doenças Não Diagnosticadas (UDNI) no Rio de Janeiro – evento realizado, pela primeira vez, no hemisfério Sul e na América Latina. O movimento sinaliza que a comunidade global reconhece o potencial técnico e institucional da região.
E o Brasil mostrou que esse reconhecimento tem fundamento. A edição de 2025 foi a maior da história da UDNI, com 405 inscritos de 45 países, 55 palestrantes e moderadores, diversas sociedades médicas parceiras e debates que foram das fronteiras da genômica ao uso de inteligência artificial em casos complexos. A expressiva participação latino-americana reforça que o continente está pronto para avançar de forma mais coordenada.
Mas é fundamental reconhecer: um evento não resolve desafios estruturais. Ele pode inspirar, provocar, acelerar, mas só políticas contínuas consolidam mudanças reais. O país precisa ampliar o número de centros especializados e organizá-los em rede, formar mais profissionais treinados na área, integrar a genômica ao cuidado cotidiano e fortalecer a pesquisa clínica, que ainda opera aquém do seu potencial.
Nesse sentido, um movimento recente merece destaque especial. Um acordo firmado entre Ministério da Saúde, Fiocruz, Gemma Therapeutics e Casa dos Raros prevê o desenvolvimento de terapias gênicas no Brasil, com custos mais acessíveis. O primeiro protocolo, voltado à atrofia muscular espinhal (AME), deverá começar ainda em 2025. É um passo concreto rumo às tecnologias que moldarão o futuro da medicina e um sinal de que o país pode, sim, ocupar posição de liderança neste tema.
O impacto desse conjunto de iniciativas – UDNI, novos acordos, fortalecimento da pesquisa – será medido em resultados tangíveis: diagnósticos mais rápidos, famílias com respostas, terapias avançadas acessíveis. Capacidade técnica não nos falta; vontade de avançar, tampouco. O que ainda precisamos é transformar esse potencial em ações coordenadas dentro de um plano consistente, aperfeiçoando e alavancando as políticas públicas na área.
Se conseguirmos sustentar o que profissionais, sociedades médicas e organizações civis vêm defendendo há décadas, o Brasil poderá, enfim, assumir o protagonismo que demonstrou ser capaz de exercer no campo das doenças raras. É exatamente isso que os milhões de brasileiros que convivem com essas condições esperam – e merecem.
*Roberto Giugliani é Diretor Executivo da Casa dos Raros, Head de Doenças Raras da Dasa Genômica, Professor Titular da UFRGS e Médico Geneticista do HCPA (Porto Alegre, RS).
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Amil investe R$ 50 milhões em espaço exclusivo no Sírio-Libanês
A Amil inaugurou um espaço exclusivo no térreo do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, marcando o início de um investimento de R$ 50 milhões destinado a elevar a experiência do cliente da operadora na unidade.
“Ancoramos no Sírio-Libanês um espaço de alto padrão para atender nossos clientes. A partir daqui, pretendemos direcionar casos de altíssima complexidade. É apenas o início de uma parceria profícua em que se espera novos e maiores investimentos”, afirmou o presidente do conselho da Amil, José Seripieri Junior.
“É uma quebra de paradigma porque vai além de uma parceria entre operadora e hospital. É uma relação de negócios”, destacou Fábio Fossen, CEO do hospital.
O projeto prevê ainda para o primeiro trimestre de 2026 a entrega de um andar totalmente reformado e dedicado exclusivamente aos clientes Amil, com atendimento realizado pelo corpo clínico do próprio Sírio-Libanês.
A iniciativa reforça a estratégia da operadora em São Paulo, segunda maior praça da companhia, e consolida a parceria com um dos hospitais de maior referência em alta complexidade no país.
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Abordagem personalizada melhora evolução clínica de pacientes com choque séptico
Quando se está com infecção e pressão arterial muito baixa cada minuto conta. E cada decisão da equipe médica pode fazer a diferença entre a vida e a morte. Esse é o cenário do choque séptico, a fase mais aguda da sepse, uma infecção generalizada que compromete órgãos vitais. A mortalidade nessa condição pode chegar a 40%, mesmo com tratamento rápido e adequado.
Para oferecer um atendimento mais efetivo, pesquisadores de 19 países, sob liderança de pesquisadores da Pontificia Universidad Católica de Chile (PUC-Chile), da Fundação Vale del Lili, na Colômbia, e do Hcor, desenvolveram e testaram um protocolo personalizado de ressuscitação de sinais vitais. O resultado do estudo, chamado ANDROMEDA-SHOCK-2, acaba de ser publicado no JAMA e apresentado no Congresso Anual da Sociedade Europeia de Medicina Intensiva (ESICM), reforçando a relevância científica da pesquisa.
Único hospital brasileiro a participar do estudo, o Hcor teve papel relevante no planejamento estatístico, sendo responsável pela gestão de dados dos pacientes envolvidos. “Estamos muito orgulhosos por apoiar a Pontificia Universidad Católica de Chile e a Fundação Vale del Lili na liderança deste estudo. Foi muito gratificante ter atuado em colaboração com tantos países dispostos a encontrar um melhor tratamento para uma questão tão séria como a sepse”, explica o Superintendente Médico, de Ensino e Pesquisa do Hcor, Alexandre Biasi.
No total, foram analisados 1.467 pacientes. “Em comparação ao tratamento padrão, seguir um protocolo personalizado de ressuscitação hemodinâmica trouxe benefícios significativos para os pacientes com choque séptico — principalmente por reduzir o tempo de uso de terapias invasivas, como ventilação mecânica, hemodiálise e medicamentos vasopressores”, destaca.
O protocolo personalizado avalia sinais simples à beira do leito, como o tempo de enchimento capilar (como o sangue volta a circular nas extremidades do corpo), pressão arterial, pulso, saturação de oxigênio e ultrassom básico, permitindo que o tratamento seja adaptado à resposta de cada paciente em tempo real. O objetivo é recuperar a perfusão dos órgãos nas primeiras seis horas de atendimento do choque séptico, justamente quando há maior chances de reverter as consequências negativas desta síndrome. Diferente do método tradicional, que segue etapas padronizadas para todos, essa abordagem individualiza cada decisão médica, aumentando a chance de recuperação.
Para o especialista, esses resultados demonstram que observar sinais simples e aplicar protocolos individualizados tornam o atendimento mais eficiente e sustentável. “Cada decisão é baseada na condição real do paciente, e isso faz toda a diferença”, reforça.
O estudo abre novas perspectivas para o cuidado crítico em todo o mundo, mostrando que mesmo sinais simples, quando avaliados de forma estruturada e personalizada, podem transformar o desfecho de pacientes com choque séptico, diminuindo complicações e acelerando a recuperação.
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Telessaúde otimiza fluxo de pacientes e encurta tempo de espera
A transformação digital na saúde segue ganhando força no Brasil e já demonstra impacto direto no desempenho dos hospitais e na experiência dos pacientes. No centro desse avanço está a telemedicina, que surgiu em larga escala no contexto emergencial da pandemia e se tornou uma ferramenta essencial para reduzir deslocamentos desnecessários, agilizar triagens, ampliar o acesso a especialistas e garantir a continuidade do cuidado de forma mais eficiente.
Segundo o Ministério da Saúde, somente em 2024 foram realizados 2,5 milhões de atendimentos remotos, contra 1,5 milhão em 2023, representando um crescimento de 65% em apenas doze meses. A estrutura também se expandiu de maneira significativa: entre 2022 e 2024, o número de estados brasileiros com núcleos de telessaúde passou de 10 para 24, ampliando o alcance do serviço e permitindo que mais pessoas recebam suporte especializado, inclusive em áreas desassistidas.
Um estudo internacional publicado pelo periódico Healthcare (MDPI, 2025) analisou 57 artigos científicos produzidos entre 2020 e 2024 e confirmou que a telemedicina tem potencial real para reduzir desigualdades de acesso à saúde em áreas rurais, levar cuidados especializados a populações remotas e transformar como essas comunidades acessam serviços para a saúde.
Segundo Jeferson Sadocci, Diretor Corporativo de Mercado e Cliente da MV, esse potencial é notável pois a utilização de novas ferramentas, aliada com o histórico e o registro dos dados, mesmo à distância, tem se tornado fundamental para melhorar o acompanhamento contínuo e aproximar o paciente da instituição. “A telemedicina auxilia a reduzir erros e aumentar a eficiência operacional. Informações clínicas ficam mais organizadas, integradas e acessíveis e permitem às equipes oferecer um cuidado mais seguro e consistente para o paciente”.
Além dos meios de conversação, o monitoramento remoto de quem já foi atendido presencialmente também desponta como uma ferramenta de apoio e celeridade no cuidado com o paciente.
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SAUDE BUSINESS
Imposições unilaterais podem inviabilizar segmento de OPME
Gargalos inéditos, de retenção recorde de faturamento ao avanço de modelos de compra que pressionam a sobrevivência das empresas, segundo ABRAIDI.
O setor de saúde suplementar no Brasil, especificamente o segmento de Órteses, Próteses e Materiais Especiais – OPME – vive um momento de intensas transformações e pressões. O avanço de novos portais de compras, as dificuldades de operação e retenção de faturamento, e fenômenos recentes que vêm afetando principalmente as pequenas e médias empresas, têm criado um ambiente de incerteza e preocupação entre importadores e distribuidores de produtos para saúde que, em alguns casos, já estão na iminência de inviabilidade comercial.
As distorções no setor, que vem sendo registradas pela ABRAIDI em pesquisa há quase uma década chegaram a patamares jamais registrados. O montante de pagamentos pendentes ou não realizados pelos clientes, planos de saúde ou hospitais, chegou à marca de R$ 4,587 bilhões, no levantamento deste ano.
Desse total, R$ 2,2 bilhões, que imobilizou 17,63% do faturamento das empresas de produtos para saúde, estão relacionados à Retenção de Faturamento, que é o valor de OPME já utilizado na cirurgia, que por alguma falha ou impasse, não teve a autorização de faturamento aprovada pelo hospital ou pela operadora de plano de saúde.
As glosas injustificadas, aquelas cujo pagamento é paralisado ou não realizado sem motivo legítimo e transparentes, chegaram à R$ 229,7 milhões e a inadimplência à R$ 2,069 bilhões. O valor global comprometeu 36% do faturamento das empresas.
Por outro lado, o surgimento de portais de compra, que chegaram para padronizar processos, rastrear transações, ofertar maior agilidade nas cotações e centralizar informações vem produzindo efeitos colaterais que não podem mais ser ignorados.
Sob o pretexto de modernizar e otimizar as compras, a maioria desses portais tem imposto aos fornecedores custos adicionais expressivos, que não necessariamente se traduzem em valor proporcional. Os portais de compras de OPME operam, muitas vezes, em uma lógica de leilão reverso. Para ter o direito de participar das cotações, o fornecedor precisa pagar taxas de acesso e, em determinados modelos de negócio, taxas sobre o volume transacionado.
Trata-se de um verdadeiro pedágio com condição obrigatória para poder vender a clientes já cativos, sem perspectiva de ampliação do mercado ou da visibilidade do portfólio.
Outro ponto de extrema gravidade é o avanço do chamado empacotamento de procedimentos e insumos, que vem se disseminando em diversas redes hospitalares e operadoras de planos de saúde. Sob o argumento de otimizar custos, esse modelo tem promovido reduções unilaterais de valores, agrupando diferentes procedimentos e materiais em pacotes de remuneração única e reduzida.
A prática, além de carecer de respaldo técnico e jurídico, distorce a composição de custos e compromete a qualidade assistencial, uma vez que induz à utilização de materiais de menor desempenho e à limitação de tratamentos.
Trata-se de uma forma disfarçada de contenção de despesas que, na prática, compromete a liberdade técnica dos profissionais, o equilíbrio contratual e a segurança dos pacientes, além de desrespeitar normas de referência, como as da CBHPM, e princípios básicos do Código de Defesa do Consumidor.
Esses desafios, no entanto, não são isolados. Eles refletem um cenário mais amplo de mudanças estruturais na relação entre fabricantes, distribuidores, prestadores e operadoras. Contexto que exige, mais do que nunca, coesão institucional, diálogo permanente e atuação técnica responsável porque muitas empresas já vivem um completo desequilíbrio econômico-financeiro.
Temos consciência da dimensão desses impactos e da ansiedade legítima de nossos associados diante de práticas de mercado que já comprometem a sustentabilidade das empresas e a qualidade do atendimento ao paciente. Por isso, reforçamos nosso compromisso histórico com a representatividade efetiva, a defesa jurídica e regulatória, e a busca de soluções equilibradas, que conciliem os interesses do setor com as boas práticas éticas e de governança.
Entendemos que, diante de um ambiente tão complexo, a resposta mais eficiente não está na fragmentação, mas sim no fortalecimento das instituições existentes e na construção coletiva de propostas que representem, de fato, a diversidade e a força de união do setor de OPME, que tem travado uma queda de braço com gigantes de enorme poder político e financeiro. Eles dão as cartas na saúde suplementar do país e deixam na vulnerabilidade as empresas de produtos para a saúde e na última ponta o consumidor.
Seguimos tentando ampliar o diálogo com órgãos reguladores, com o Legislativo e com a sociedade civil, reafirmando a importância de um setor de saúde suplementar ético, transparente e sustentável. Nosso compromisso é continuar sendo uma voz técnica, ponderada e firme na defesa de um mercado mais justo e equilibrado para todos.
*Sérgio Rocha é presidente da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (ABRAIDI).
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Assessoria de Comunicação