CLIPPING AHPACEG 11/11/25
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Fraude em licitação: irmãos Magacho e ex-procurador de Formosa viram réus por corrupção na pandemia
Unimed Federação Centro Brasileira debate critérios para terapia ABA
https://www.folhadoplanalto.com.br/2025/11/unimed-federacao-centro-brasileira.html
Unimed do Brasil vai assumir assistência de beneficiários da Unimed Ferj a partir de 1º/12
A resolução aprovada pela ANS e a nova autogestão em saúde
https://medicinasa.com.br/nova-autogestao/
Estudo avalia os riscos de hospedar dados do SUS com big techs estrangeiras
https://medicinasa.com.br/dados-digitalizacao-sus/
A evolução silenciosa das UTIs e o futuro do cuidado intensivo
https://medicinasa.com.br/evolucao-silenciosa-utis/
Unimed testa modelo de telecirurgia robótica com rede pública de internet
JORNAL OPÇÃO
Fraude em licitação: irmãos Magacho e ex-procurador de Formosa viram réus por corrupção na pandemia
Segundo o promotor de Justiça Douglas Chegury, os crimes ocorreram em 2020
A Justiça de Goiás recebeu denúncia do Ministério Público (MPGO) contra quatro pessoas acusadas de participar de um esquema de fraude em licitação e corrupção que teria causado prejuízo estimado de R$ 700 mil aos cofres públicos de Formosa. A decisão é da 2ª Vara Criminal da comarca, que também determinou o sequestro de bens dos investigados no mesmo valor.
Foram denunciados Rafael Magacho Vinícius dos Santos Silva, Bernardo Magacho dos Santos Silva, Leonardo Cândido Martins Bonini e Humberto de Alencastro Costa Ferreira. Nas redes sociais, Bernardo Magacho se apresenta como médico que “deixa você mais bonito (a) e jovem”. Ele possui mais de 112 mil seguidores no Instagram.
Segundo o promotor de Justiça Douglas Chegury, os crimes ocorreram em 2020, durante a pandemia, quando os acusados teriam manipulado processos de dispensa de licitação para superfaturar kits de testes de Covid-19.
Os médicos Bernardo e Rafael Magacho teriam usado a empresa Magacho Exportação & Importação Ltda. para importar e vender os produtos a preços inflados, com o apoio do empresário Humberto, que intermediava as negociações. O então procurador do município, Leonardo Bonini, teria atuado para garantir o sucesso do esquema e receber propina.
“O filão a ser explorado foi o poder público, notadamente municípios. Dentre os clientes captados pelos médicos e pelo empresário Humberto estava o município de Formosa. O intermediador Humberto foi quem apresentou Leonardo para darem início ao esquema”, explicou o promotor Douglas Chegury.
O MPGO aponta que o grupo acertou a fraude antes mesmo da licitação ser aberta. Em 13 de maio de 2020, os envolvidos já discutiam valores e condições, embora o processo (Dispensa de Licitação nº 184/2020) só tenha sido formalizado no dia seguinte.
A empresa Magacho já estava previamente definida como vencedora, e os denunciados forjaram orçamentos de três empresas inexistentes para dar aparência de legalidade à concorrência. Coube ao então procurador Leonardo ratificar as irregularidades com parecer jurídico favorável.
A primeira entrega de 5 mil kits de testes, segundo as investigações, foi feita diretamente a Leonardo por Humberto. A Justiça considerou os indícios suficientes para receber a denúncia e dar início à ação penal, atendendo ao pedido do MPGO para bloqueio de bens dos réus.
O Jornal Opção tentou contato com Rafael Magacho Vinícius dos Santos Silva, Bernardo Magacho dos Santos Silva, Leonardo Cândido Martins Bonini e Humberto de Alencastro Costa Ferreira pelas redes sociais mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para que os citados se manifestem.
Operação
O Ministério Público de Goiás (MPGO) deflagrou em abril a operação Homocinética, que investiga uma possível fraude em licitação para a aquisição de testes de Covid-19 pela Secretaria Municipal de Saúde de Formosa (GO), cidade localizada no Entorno do Distrito Federal.
As suspeitas se referem a processos ocorridos em 2020, durante o auge da pandemia causada pelo coronavírus Sars-CoV-2. Durante a operação, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão autorizados pela 2ª Vara Criminal de Formosa.
A apuração é conduzida pela 3ª Promotoria de Justiça de Formosa e envolve possíveis crimes contra a administração pública, como corrupção, peculato, falsidade ideológica e fraude a licitação pública.
As ações ocorreram em Curitiba, Goiânia e Aparecida de Goiânia, tendo como alvos residências dos investigados Rafael Vinícius Magacho dos Santos Silva e Bernardo Magacho dos Santos Silva, além da empresa Magacho Exportação e Importação, suspeita de envolvimento na negociação de materiais hospitalares durante a crise sanitária.
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FOLHA DO PLANALTO
Unimed Federação Centro Brasileira debate critérios para terapia ABA
Participantes de workshop aprenderam como analisar a assistência de prestadores para aprimorar as negociações
A compreensão e a abordagem dos Transtornos do Neurodesenvolvimento, especialmente o autismo, têm sido um desafio constante nas Operadoras de Saúde, impactando diretamente a qualidade do atendimento e a eficiência dos serviços. Para enfrentar esse desafio, a Unimed Federação Centro Brasileira promoveu um workshop inovador sobre Análise do Comportamento Aplicada, nos dias 6 e 7 de novembro, na sede da entidade.
Durante o evento, técnicos e gestores dos serviços TEA das Unimeds Federadas tiveram a oportunidade de aprender com a psicóloga Beatriz Costa sobre a aplicação de Práticas de Análise do Comportamento Aplicada, com o objetivo de fortalecer a assistência, aprimorar a avaliação de prestadores e otimizar as negociações. O resultado esperado é um atendimento mais eficaz, que não apenas atenda às necessidades dos beneficiários, mas também contribua para a sustentabilidade do sistema de saúde, mitigando fraudes e desperdícios.
Especialista em neuropsicologia e supervisora CABA BR, ela apresentou como deve ser a formação de um terapeuta do ramo, a estrutura da clínica e até mesmo as condutas e participação dos pais.
“Com conhecimento, as equipes da Unimed conseguem mitigar fraudes nos processos terapêuticos, assim como ter entendimento para negociar a redução de custos e garantir a qualidade da intervenção”, afirmou.
Uma das dificuldades mais comuns relatadas pelos participantes foi encontrar profissionais capacitados. “Temos problemas com a capacitação e formação online. Por ser interior, é difícil achar profissionais de qualidade nessa área, que realmente se importem com os pacientes”, contou Naiara Gonçalves, supervisora de Contas Médicas da federada Unimed Regional Sul Goiás.
Entender para negociar
Na federada Unimed Araguaína, os desafios são os mesmos. A falta de padronização técnica das clínicas, de acordo com o que define a Associação Brasileira de Ciências do Comportamento (ABPMC), é uma questão cotidiana.
No entanto, em 2024, foi inaugurado o Espaço Bem Viver, de assistência própria da operadora para os beneficiários. Com isso, foi possível também aprimorar o contato com os prestadores.
“Temos o serviço, sabemos o que é correto e conseguimos exigir. Se conseguimos fazer, outras clínicas também conseguem”, defendeu a psicóloga Beatriz Alves, que é coordenadora do Espaço Bem Viver.
A qualidade da terapia ofertada também se tornou um foco. “Não é só deixar o paciente permanecer por muito tempo (na terapia). A alta é importante, assim como a busca pela autonomia dessas crianças”, acrescentou a também psicóloga Sthefany Monteiro, que atua como supervisora no Espaço Bem Viver.
Esse é um exemplo de que o conhecimento do cenário de terapia ABA é fundamental para negociar, como explicou Beatriz Costa. “As operadoras podem mostrar seus conhecimentos em terapia para negociar. Mostrar que a Unimed precisa do prestador, mas o prestador também precisa da Unimed”.
Esse workshop é um passo importante na busca por soluções inovadoras e eficazes para os desafios enfrentados pelas Operadoras de Saúde, e reflete o compromisso da Unimed Federação Centro Brasileira com a excelência e a qualidade no atendimento à saúde.
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PORTAL ANS
Unimed do Brasil vai assumir assistência de beneficiários da Unimed Ferj a partir de 1º/12
Acordo foi definido em reunião na sede da ANS na tarde desta segunda-feira, 10/11
Em reunião realizada na sede da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) na tarde desta segunda-feira, 10/11, dirigentes da Unimed Ferj e da Unimed do Brasil acertaram que a Unimed do Brasil vai assumir integralmente a responsabilidade pela assistência a todos os beneficiários da Unimed Ferj a partir do dia 1º de dezembro de 2025.
A medida foi proposta pela ANS em reunião que contou com toda a diretoria da reguladora, além do procurador-chefe da Agência, de representantes das duas operadoras, do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, do Ministério Público Federal e da Defensoria Pública Estadual do Rio de Janeiro. “Com a assinatura desse acordo pelas duas operadoras, vamos restabelecer o pleno atendimento aos beneficiários, prioridade máxima para a ANS”, pontuou o diretor-presidente da Agência, Wadih Damous.
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MEDICINA S/A
A resolução aprovada pela ANS e a nova autogestão em saúde
A Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, na reunião da Diretoria Colegiada realizada no dia 31 de outubro p.p, aprovou a nova redação da resolução normativa que trata das entidades de autogestão no âmbito do sistema de saúde suplementar.
O órgão regulador reconheceu que se fazia mister a alteração da regulação das autogestões em saúde porque a norma existente caracteriza um alto custo regulatório, podendo resultar na "insustentabilidade econômico-financeiro e descontinuidade de suas operações", não obstante o relevante papel social que exercem, pois não possuem finalidade lucrativa e são geridas pelos seus membros, empresas patrocinadoras ou mantenedoras, empregados e servidores públicos, representando mais de 4 milhões de beneficiários. Reconheceu a ANS que a norma até então vigente estabelecia critérios e condições restritivas, restringindo o acesso de muitas empresas e de categorias profissionais a esse exitoso modelo assistencial, mantida, porém, a regulação aplicável às autogestões de recursos humanos e órgãos assemelhados.
Aludida alteração foi objeto de inúmeros estudos e análises, bem como de intensa participação social e amplo debate.
As alterações aprovadas pela ANS referem-se, principalmente: (i) à ampliação do grupo familiar dos participantes, podendo abranger parentes consanguíneos e por afinidade até o 4º. Grau; (ii) a eliminação das restrições que existiam sobre a necessidade de as empresas patrocinadoras/mantenedoras serem do mesmo ramo de atividade ou grupo econômico; (iii) possibilidade de autogestões de uma ou mais categorias profissionais, eliminando restrição que existia; e (iv) a possibilidade das autogestões compartilharem a sua rede de prestadores de serviços com outras operadoras de planos privados de assistência à saúde.
A nova norma permitirá que pessoas jurídicas de ramos diversos possam se associar para a implantação de uma entidade de autogestão ou a integração a uma já existente, com objeto social exclusivo, destinada a proporcionar um plano de saúde mais acessível para os seus colaboradores. Doravante, empresas diversas, inclusive aquelas que estão em um mesmo distrito industrial, por exemplo, poderão constituir uma entidade de autogestão em saúde. Foi abolida a necessidade de correlação de atividades para patrocinadores u mantenedores das autogestões. As regras de convivência entre as empresas participantes são disciplinadas através de um convênio de adesão.
Igualmente, também foi afastada a exigência de associações ou fundações de uma única categoria profissional para a formação de um plano de saúde próprio, na modalidade de autogestão. Agora, categorias profissionais diversas poderão se unir, visando a constituição de um plano mais sólido e representativo, fortalecendo os princípios do mutualismo e solidariedade. Tal alteração facilitará e ampliará, por exemplo, a formação de autogestões, por iniciativa de Sindicatos, Associações Profissionais e outras formas de representação de categoriais profissionais. A norma também trata da elegibilidade de militares e ex-militares de um ou vários entes federativos.
As alterações foram realizadas, a fim de ampliar a elegibilidade das autogestões de saúde, devendo ser preservado o princípio da representatividade, pois o "ato constitutivo da entidade de autogestão deverá prever que todos os beneficiários titulares que contribuam para o custeio do plano de saúde, bem como o mantenedor ou patrocinador, serão elegíveis para compor seu órgão máximo de administração, bem como quaisquer outras instâncias de caráter deliberativo, fiscalizador ou consultivo, quando existentes". Esse aspecto é que diferencia as autogestões dos outros segmentos do mercado de saúde suplementar. A nova norma estabelece uma estrutura organizacional mínima que deverá ser observada pelas entidades de autogestão, pois os beneficiários titulares, os mantenedores e patrocinadores não são simples contratantes, mas sim os proprietários da entidade de autogestão, devendo participar de sua administração.
As alterações realizadas abrem, inclusive, a possibilidade de potenciais beneficiários e empresas, atualmente sem qualquer assistência suplementar à saúde, se tornarem elegíveis para a constituição ou a integração a uma entidade de autogestão, "estimulando o mercado e aumentando o acesso da população à saúde", lembrando que os planos de autogestão não possuem finalidade lucrativa, sendo que todos os seus resultados são revertidos para a própria entidade, sem distribuição de lucros e dividendos para seus dirigentes ou associados, bem como não possuem custos de intermediação e estão sujeitos a um regime tributário diferenciado, pois possuem natureza jurídica associativa ou fundacional.
Enfim, citada norma corrige uma situação limitadora que existia, proporcionando uma ampliação da elegibilidade do grupo de beneficiários, com a oxigenação das carteiras das autogestões, estimulando o mercado e aumentando o acesso da população à serviços de saúde de qualidade, geridos pelo seus beneficiários titulares e empresas patrocinadoras ou mantenedoras, observadas as garantias e reservas financeiras determinadas pela legislação vigente, observados os conceitos de mutualismo, solidariedade e sociedade civil organizada.
A nova norma ampliará a concorrência, com reflexos nos preços e na qualidade atualmente oferecida, com potencial de ampliação da massa atualmente assistida pelos planos privados de assistência à saúde.
*José Luiz Toro da Silva é Advogado e Professor. Sócio do escritório Toro e Advogados Associados.
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Estudo avalia os riscos de hospedar dados do SUS com big techs estrangeiras
E se as principais informações sobre a sua saúde fossem reunidas e integradas em um grande banco nacional para facilitar diagnósticos e tratamentos? Essa ideia já está em andamento no Sistema Único de Saúde (SUS), mas, a depender de como é implementada, pode comprometer o direito à privacidade dos cidadãos e a soberania digital brasileira. Isso é o que diz um estudo realizado no Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que tem buscado entender as armadilhas envoltas nessa teia.
O trabalho foi apresentado na 16ª Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFPR (Siepe) pelo discente de graduação João Pedro Bueno Ghizelini, orientado pela professora Carolina Batista Israel, que é autora do livro Redes Digitais, Espaços de Poder, Por uma Geografia da Internet (2021).
A transformação digital do sistema público de saúde no Brasil vem avançando em sintonia com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), tendo como marco o lançamento de uma portaria em 2020 que instituiu a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), repositório com informações de operadoras, laboratórios, farmácias e aplicativos usados pelos cidadãos.
O documento também previu a criação do Conecte SUS, plataforma integrada à rede que permite ao usuário acessar registros de vacinas, exames e atendimentos. Em 2024, surgiu o Meu SUS Digital, versão aprimorada do Conecte SUS. Paralelamente às iniciativas federais, nasceram soluções locais, como o Saúde Já Curitiba, desenvolvido pela prefeitura da capital paranaense, que integra dados municipais ao ecossistema da RNDS.
A grande promessa desses projetos é otimizar e personalizar serviços de saúde, mas, dependendo de como são construídos, podem colocar dados nacionais em risco. A começar pelo espaço onde as informações da RNDS são armazenadas. Sua infraestrutura foi inicialmente alocada nos servidores da Amazon Web Services (AWS), sediada nos Estados Unidos, expondo informações sensíveis a empresas estrangeiras.
Para evitar problemas assim, especialistas propuseram que a hospedagem da RNDS fosse feita inteiramente em uma companhia do Governo Federal, a Empresa Nacional de Inteligência em Governo Digital e Tecnologia da Informação (Serpro), o que não se concretizou. Em vez disso, foi implementado o chamado Serpro MultiCloud, infraestrutura combinada com serviços de grandes empresas de tecnologia estrangeiras como a AWS. Portanto, parte dos dados continua hospedada fora do país e nas mãos de companhias internacionais, mesmo com supervisão nacional, explicam os pesquisadores.
Isso acontece porque o Brasil enfrenta uma dependência tecnológica global, permanecendo refém de servidores localizados nos Estados Unidos, segundo os autores do estudo. Essa situação deixa o país vulnerável a falhas, restrições de acesso ou intervenções capazes de afetar o controle sobre dados estratégicos de saúde.
Sob a lógica do capitalismo de vigilância, conceito da pesquisadora Shoshana Zuboff que descreve o uso massivo de dados pessoais para prever e influenciar comportamentos, elas podem acentuar desigualdades profundas e ameaçar a soberania sobre os dados dos brasileiros.
“O dado pessoal em saúde, além de sensível, é economicamente estratégico. Sabemos que 10 países controlam 88% das patentes em medicamentos e vacinas, e eles estão no norte global”, diz Ghizelini.
Israel explica que esse fenômeno ocorre não apenas em escala global, mas também local e individual, e os desdobramentos do acesso a dados e políticas de privacidade são interseccionais. “É um problema coletivo, mas que afeta mais setores da sociedade do que outros, a depender da vulnerabilidade social”.
Falta de transparência pode comprometer o acesso a direitos
Com foco nessa problemática, Ghizelini realizou uma análise do Meu SUS Digital e do Saúde Já Curitiba, avaliando a política de privacidade desses aplicativos à luz da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que regula o tratamento de dados pessoais por organizações públicas e privadas no Brasil. O pesquisador também analisou a geolocalização dos serviços que hospedam os dados dos usuários, utilizando a ferramenta LocalizeIP para verificar o domínio virtual do Meu SUS Digital.
Ghizelini remeteu ainda um requerimento à Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, com apoio da UFPR, solicitando informações detalhadas sobre a governança de dados do aplicativo Saúde Já Curitiba, como nomes dos responsáveis pelo tratamento, armazenamento, uso para fins de marketing e canais de acesso aos dados dos usuários.
O estudo concluiu que as transformações em curso na saúde brasileira têm um custo alto, e que alguns aplicativos possuem políticas de privacidade pouco transparentes. Nesse sentido, o pesquisador argumenta que a solução para os riscos e assimetrias gerados pela digitalização da saúde no Brasil não deve se restringir ao debate meramente tecnológico, mas precisa perpassar o princípio da soberania digital, capacidade de uma sociedade e seu Estado de definir, governar e controlar tecnologias indispensáveis à sua autodeterminação.
Ghizelini defende também a criação de mecanismos de governança transparentes e democráticos que garantam o controle social e a fiscalização pública das políticas digitais em saúde, e a implementação de uma Reforma Sanitária Digital, proposta por Luiz Vianna Sobrinho, pesquisador e membro da Estratégia Latino-Americana de Inteligência Artificial (ELA-IA).
Essa ideia visa fortalecer o papel do Estado na regulação das tecnologias em saúde, assegurando que o uso de dados e algoritmos atenda ao interesse público e não aos interesses comerciais das grandes corporações. A proposta busca resgatar o espírito da Reforma Sanitária original, que deu origem ao SUS, e adaptá-lo aos desafios contemporâneos da digitalização.
“Uma matéria da The Economist chegou a dizer que os dados são o novo petróleo”, lembra Israel. “E cada vez mais vemos todas as esferas da nossa vida participando dessa nova economia. Precisamos trabalhar para que ela não siga reproduzindo desigualdades e comprometendo o acesso a direitos”, finaliza. (Com informações da Agência Ciência UFPR)
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A evolução silenciosa das UTIs e o futuro do cuidado intensivo
Há três décadas, adentrar uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) era sinônimo de ingressar em um ambiente de intervenções heroicas, mas muitas vezes limitadas pela tecnologia disponível. Pacientes com falência de múltiplos órgãos enfrentavam prognósticos difíceis, e o suporte à vida era, em grande parte, reativo e segmentado. Hoje, quando olhamos para a evolução do tratamento intensivo nos últimos anos, testemunhamos uma revolução silenciosa, impulsionada por avanços tecnológicos que transformaram as UTIs em centros de cuidado mais precisos, proativos e, acima de tudo, eficazes.
Onde antes a falência renal significava partir para uma diálise convencional, com remoção rápida de fluidos que frequentemente desestabilizava pacientes críticos, hoje já é possível contar com sistemas capazes de oferecer terapias contínuas que, de forma muito mais gradual e fisiológica, permitem estabilidade ao paciente e, consequentemente, melhores desfechos clínicos. Ou seja, na prática, já é possível que o organismo do paciente se adapte sem quedas bruscas de pressão, um benefício inestimável para aqueles já em estado hemodinamicamente instáveis
Mas a grande virada, e talvez a mais significativa, se refere à possibilidade de transição de um suporte focado em órgãos isolados para uma abordagem integrada. A tecnologia não parou nos rins. A abordagem multi-órgãos, possível graças aos novos sistemas e protocolos, permite que uma mesma plataforma ofereça ao mesmo tempo suporte renal contínuo aliado a cuidados respiratórios, hepáticos, de purificação sanguínea, dentre outros.
Toda essa versatilidade, fruto de uma engenharia sofisticada, foi fundamental no contexto da pandemia de covid-19, por exemplo, onde as unidades de terapia intensiva foram colocadas ao limite e precisaram utilizar de todas as ferramentas possíveis para suportarem a demanda e a pressão daquele momento. A pandemia escancarou a necessidade de aceleração da adesão tecnológica nas UTIs e a importância do olhar holístico ao paciente.
Contudo, a tecnologia, por mais avançada que seja, é apenas uma ferramenta. Seu verdadeiro potencial é liberado pelas mãos e mentes dos profissionais de saúde. Por isso, a evolução dos tratamentos de UTI exige também uma constante atualização das equipes médicas, a partir de um compromisso inabalável com a educação continuada. Além, é claro, do trabalho multidisciplinar, que contribui de forma integrada e conjunta para garantir o melhor prognóstico aos pacientes.
As últimas décadas foram transformadoras do ponto de vista tecnológico para os ambientes hospitalares, sobretudo aqueles de terapia intensiva. Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. É imperativo pensar em estratégias para ampliar o acesso às ferramentas de ponta e garantir que a capacidade de oferecer um suporte integrado e abrangente não seja um privilégio de poucas instituições, mas uma realidade em todas as UTIs.
Ao investir em equipamentos modernos e na capacitação das equipes, garantimos que mais pacientes críticos tenham a chance de recuperação, com menos sequelas e uma melhor qualidade de vida. É neste caminho que devemos mirar os próximos 30 anos. Para garantir que o futuro dos centros de cuidado possa contar com cada vez mais precisão, personalização e eficácia nos tratamentos. Com o objetivo final de salvar vidas e restaurar a saúde com a máxima dignidade.
*Paulo Lins é nefrologista, intensivista e gerente médico da Vantive.
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SAÚDE BUSINESS
Unimed testa modelo de telecirurgia robótica com rede pública de internet
Experiência inédita, na América Latina, consolida a viabilidade técnica e social da cirurgia remota, com foco em inclusão e sustentabilidade do modelo.
Em um feito que combina tecnologia, ciência e propósito social, a Unimed realizou a primeira telecirurgia robótica da América Latina utilizando rede pública de internet, conectando médicos e pacientes separados por mais de 3 mil quilômetros. O projeto, apresentado por Gualter Ramalho, diretor de Mercado e Marketing da Unimed do Brasil, representa um marco na história da medicina brasileira — e inaugura uma nova etapa de inclusão cirúrgica mediada por tecnologia.
O experimento foi resultado de três meses de trabalho e planejamento. Entre agosto e outubro de 2025, a equipe realizou três cirurgias progressivas, com distâncias e complexidades crescentes. A primeira, entre dois pontos separados por 500 quilômetros, obteve latência de apenas 0,01 segundo — um desempenho superior aos padrões globais.
Em setembro, a segunda etapa conectou o cirurgião em João Pessoa a um paciente em Curitiba, separados fisicamente por mais de 12 mil quilômetros (ou 31 mil quilômetros de cabeamento óptico), com resposta de 0,02 segundo. O terceiro ato, em outubro, foi transmitido ao vivo, unindo as duas cidades a uma distância de 3.200 quilômetros e consolidando a primeira telecirurgia robótica da América Latina feita com internet convencional.
Diferentemente dos protocolos internacionais, que normalmente exigem redes privadas e conexões dedicadas, a experiência da Unimed utilizou internet pública — ou “não dedicada”, ou seja, a mesma rede comercial disponível a qualquer usuário. A opção por essa estrutura teve caráter estratégico: testar a viabilidade de uma cirurgia robótica remota segura e de alta precisão com infraestrutura acessível, condição essencial para expandir o modelo a diferentes regiões do país.
Do pioneirismo à inclusão: um modelo para o país
O projeto marca o início de uma era em que a cirurgia se torna inclusiva e acessível, rompendo barreiras geográficas e sociais, segundo Ramalho. Em palestra no RD Summit, o executivo destacou como a tecnologia robótica vem evoluindo rapidamente — de procedimentos abertos para cirurgias endoscópicas e, agora, para o controle remoto via robô.
A inovação amplia a precisão cirúrgica, reduz o desgaste físico do cirurgião e permite que especialistas experientes atuem mesmo à distância, estendendo o alcance do conhecimento médico.
Mais do que um marco técnico, o projeto foi concebido com viés humanitário e educacional. “Estamos falando de uma solução social mediada por tecnologia”, afirmou o executivo. “Nosso objetivo é levar esse modelo de excelência para qualquer cidadão brasileiro, incluindo populações ribeirinhas e comunidades do interior, que hoje não têm acesso a esse tipo de assistência”, ressaltou.
Para sustentar o avanço, a Unimed criou um comitê científico e técnico (CET) voltado à pesquisa clínica aplicada, certificação profissional e controle de qualidade. Esse grupo é responsável por supervisionar os protocolos de segurança, garantir a regularização junto às autoridades sanitárias e disseminar boas práticas.
“A capacitação é a principal barreira para disseminar a tecnologia”, ressaltou Ramalho, lembrando que a educação médica continuada é parte da essência cooperativista da Unimed.
Em paralelo, um comitê de negócios foi formado para estruturar um modelo sustentável e multimarcas, permitindo parcerias com empresas privadas sem vínculo exclusivo com fornecedores de tecnologia. O propósito, segundo Ramalho, é assegurar que o projeto permaneça acessível e replicável, com base em um modelo de cooperação e adesão espontânea.
Inovação com propósito e cooperação em larga escala
O alcance do sistema Unimed confere musculatura ao projeto. São 340 cooperativas, 170 hospitais e 116 movimentos em atividade, além de uma base que realiza 665 milhões de procedimentos por ano, presente em 39% dos municípios brasileiros. Essa estrutura é vista como diferencial para escalar a cirurgia robótica e transformá-la em um serviço acessível e de impacto nacional.
Durante os testes, o desempenho técnico foi considerado excepcional: largura de banda superior a 100 megabytes, perda de imagem e áudio zero e latência mínima entre o comando do console e a resposta do robô. Ramalho afirmou que não houve delay perceptível.
“O cirurgião estava no quarto, o paciente em outra cidade, e a resposta era imediata. É uma demonstração concreta de que a excelência científica pode ser democratizada com recursos existentes”, explicou.
O projeto envolveu 42 profissionais, entre médicos, engenheiros, técnicos e especialistas em conectividade, e contou com quatro empresas parceiras, responsáveis pela infraestrutura e validação técnica. Cada etapa foi documentada e publicada para fins de transparência e validação científica.
Brasil, de consumidor a exportador de tecnologia
A experiência também inaugura uma nova fase no posicionamento do país no campo da inovação em saúde. “O Brasil deixa de ser apenas consumidor e passa a ser exportador de tecnologia médica”, afirmou Ramalho. A iniciativa da Unimed pode abrir caminho para cooperações internacionais, com médicos de diferentes países atuando juntos em tempo real — um modelo de cuidado transnacional e colaborativo.
No centro dessa transformação, Ramalho reforçou que a humanização segue sendo o valor norteador da medicina, mesmo em meio ao avanço tecnológico. “O olhar, a escolha e o contato humano são insubstituíveis. Mas a tecnologia pode ampliar esse olhar, levar cuidado e acolhimento — o nosso ‘colo humanitário’ — a quem antes estava distante de qualquer possibilidade de acesso”, pontuou.
Tecnologia a serviço da equidade
O programa de cirurgia robótica remota da Unimed se consolida, assim, como uma das iniciativas mais ousadas de inclusão tecnológica na saúde brasileira. Não voltado apenas ao setor suplementar, o projeto pretende beneficiar todo o sistema, público e privado, levando excelência cirúrgica e conhecimento médico especializado a localidades onde a distância costumava ser uma sentença de desassistência.
Para Ramalho, trata-se do início de uma revolução silenciosa.
“Estamos inaugurando uma era de telecirurgia inclusiva, em que a tecnologia serve como ponte entre o saber médico e o cidadão. É a prova de que inovação e humanização não são opostos — são complementares”, finalizou.
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Assessoria de Comunicação