Postado em: 23/10/2025

CLIPPING AHPACEG 23/10/25

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Baixa adesão à resolução do CFM sobre transparência com indústria farmacêutica preocupa

https://www.saudebusiness.com/gestao/legislacaoo-e-regulamentacao/ies-se-preocupa-com-baixa-adesao-a-resolucao-do-cfm-sobre-transparencia-em-relacao-a-industria-farmaceutica/

ESG ganha força nas decisões estratégicas e na remuneração executiva

https://www.saudebusiness.com/esg/esg-ganha-forca-nas-decisoes-estrategicas-e-na-remuneracao-executiva/

Gestão da internação do idoso: sucesso se mede na volta para casa

https://www.saudebusiness.com/hospitais/gestao-da-internacao-do-idoso-sucesso-se-mede-na-volta-para-casa/

Governo anuncia apoio a serviços que oferecem radioterapia

https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2025-10/governo-anuncia-apoio-pacientes-e-servicos-que-oferecem-radioterapia

Pesquisa sobre longevidade revela cenário otimista em relação ao envelhecer

https://medicinasa.com.br/bradesco-seguros-longevidade/

IA: saúde vive revolução que o marketing digital trouxe há 10 anos

https://medicinasa.com.br/ia-marketing-digital/

SAUDE BUSINESS

Baixa adesão à resolução do CFM sobre transparência com indústria farmacêutica preocupa

Instituto Ética Saúde defende maior rigor nas relações entre médicos e a indústria, e propõe que o CFM torne obrigatória a declaração de vínculos profissionais.

Em nota pública divulgada nesta terça-feira, 21 de outubro, o Instituto Ética Saúde (IES) expressou preocupação com a baixa adesão de médicos à Resolução nº 2.386/2024 do Conselho Federal de Medicina (CFM). A norma determina a divulgação de vínculos e potenciais conflitos de interesse entre profissionais e empresas do setor de saúde. 

No documento, assinado por Candida Bollis, presidente do Conselho de Administração do IES, e Edson Vismona, presidente do Conselho de Ética da instituição, o Instituto reforça que “as relações profissionais com indústrias e fornecedores farmacêuticos, de insumos da área da saúde e equipamentos médicos, devem ser formalmente declaradas aos órgãos competentes”.  

Segundo o texto, essas informações devem ser publicadas no site dos Conselhos Regionais de Medicina e na plataforma própria do CFM, de modo a garantir “rastreabilidade, integridade e conformidade ética”. 

O IES se coloca à disposição do Conselho Federal de Medicina e de outras entidades do setor para colaborar com iniciativas que estimulem a adesão dos profissionais e empresas à transparência. O Instituto também defende a criação de uma legislação que torne obrigatória a prestação dessas informações por força de lei.  

“Defendemos, ainda, a aprovação de legislação que torne obrigatória a prestação dessas informações por força de lei, com suporte tecnológico e operacional adequado por parte do Estado”, destaca o manifesto, mencionando o apoio à Frente Parlamentar de Fiscalização, Integridade e Transparência (FIT) e aos projetos de lei nº 4.864/2024, nº 1.041/2024 e nº 7.990/2017, em tramitação na Câmara dos Deputados. 

Entre as propostas apresentadas, o Instituto sugere que o prazo para envio das declarações pelos médicos seja reduzido de 60 para 30 dias, com o objetivo de dar mais agilidade e compatibilidade aos ciclos financeiros do setor. O documento também faz um apelo para que o CFM torne as declarações mandatórias.  

“O CFM tem uma oportunidade histórica de se posicionar contra os malefícios que comprometem a integridade do sistema e afetam diretamente os pacientes. A omissão na prestação dessas informações enfraquece a confiança da sociedade e perpetua práticas incompatíveis com os princípios éticos que devem nortear a atuação médica e empresarial. É hora de agir com responsabilidade, firmeza e urgência. Transparência não é uma escolha, é um compromisso inadiável e ético”, afirma o texto. 

O manifesto reafirma o apoio à resolução do CFM e à construção coletiva de mecanismos que fortaleçam a transparência e a ética nas relações entre médicos, empresas e demais agentes do setor. 

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ESG ganha força nas decisões estratégicas e na remuneração executiva

De relatórios auditados a metas atreladas à remuneração, a governança reforça padrões de transparência, ética e sustentabilidade no setor da saúde.

A dimensão G (Governança) do ESG evoluiu de um foco restrito ao cumprimento de normas para se tornar o pilar que sustenta e dá longevidade às agendas ambiental (E) e social (S).

No setor de saúde, instituições que incorporam práticas de governança ESG de forma estruturada — por meio de comitês nos conselhos de administração, cláusulas contratuais de sustentabilidade, metas vinculadas à remuneração executiva e auditoria independente — reforçam sua credibilidade diante de investidores, parceiros e órgãos reguladores, ao mesmo tempo em que mitigam riscos jurídicos e operacionais.

Em linha com a crescente integração das práticas ESG à estratégia corporativa, a Rede Mater Dei de Saúde vem fortalecendo sua estrutura de governança e transparência para garantir que a sustentabilidade seja um eixo permanente da gestão.

Em 2025, a instituição criou o Comitê Nacional de Sustentabilidade, com o objetivo de potencializar e acelerar os impactos da Mater Dei na sociedade. O grupo é formado pelas principais lideranças corporativas e tem como missão discutir resultados, propor avanços e monitorar o desempenho ESG da organização. As ações e deliberações do Comitê são reportadas regularmente à vice-presidência, que apresenta os resultados nas reuniões do Conselho de Administração, assegurando o alinhamento entre a alta liderança e a estratégia institucional.

“A mensuração e auditoria das métricas ESG seguem padrões reconhecidos internacionalmente, e no âmbito das relações comerciais, todos os contratos formais da Mater Dei incluem cláusulas robustas de sustentabilidade e compliance, que tratam de integridade, responsabilidade ambiental e boas práticas empresariais”, explica Renata Salvador Grande, vice-presidente Comercial e Marketing.

O descumprimento dessas cláusulas pode acarretar rescisão contratual. No entanto, a instituição reconhece que parte das compras e contratações ainda ocorre por meio de ordens de compra ou acordos simplificados, e trabalha para ampliar a inclusão dessas cláusulas em toda a cadeia de suprimentos.

“A comunicação dos avanços também segue um padrão estruturado. Publicamos Relatórios de Sustentabilidade anuais, elaborados com base nas diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI), e disponíveis publicamente em nosso site de Relações com Investidores, além de serem divulgados nas redes sociais e canais de relacionamento com stakeholders.”

Entre as metas de médio e longo prazo, Renata destaca a adoção e o aprimoramento de frameworks internacionais, como o GRI, e, a partir do próximo relatório, do Sustainability Accounting Standards Board (SASB); e a convergência com normas globais de sustentabilidade, com estudos em andamento para o cumprimento das novas regras contábeis IFRS S1 e IFRS S2, emitidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB).

Governança na prática laboratorial

Na área laboratorial, o Grupo Fleury tem buscado fortalecer sua governança ESG por meio da estruturação de processos e metas e pela criação de comitês formais que asseguram a integração da sustentabilidade à estratégia corporativa.

Desde 2021, a empresa conta com o Comitê de ESG e Novos Modelos, formado por cinco membros — quatro deles externos ao Grupo. O colegiado tem o papel de orientar e aprimorar a jornada ESG da companhia, impulsionar o tema na cultura organizacional e identificar novas oportunidades de geração de valor sustentável.

A cadeia de fornecedores e parceiros também está alinhada às diretrizes ESG. “Todos os contratos incluem anexos específicos — o Termo de Sustentabilidade e Cidadania e o Termo Anticorrupção — com cláusulas relacionadas a meio ambiente, direitos humanos, governança e integridade, bem como à privacidade e proteção de dados, quando aplicável”, explica Daniel Marques Périgo, gerente sênior de Sustentabilidade.

O executivo conta que, antes da homologação, os fornecedores passam por diligência de compliance, e aqueles com maior relevância no volume de compras são convidados a participar do Programa de Excelência no Relacionamento com a Cadeia de Fornecimento (PERC), que possui critérios de desempenho ESG. As melhores práticas são reconhecidas anualmente, e todos os parceiros devem seguir as diretrizes do Código de Confiança para Terceiros.

A transparência é outro pilar essencial da governança. O Grupo Fleury publica, anualmente, seu Relatório de Sustentabilidade, verificado de forma independente e elaborado de acordo com as diretrizes GRI, SASB, Relato Integrado e Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD). “O documento está disponível ao público na homepage institucional e no site de Relações com Investidores”, destaca Périgo.

Com metas de médio e longo prazos, o Plano Estratégico ESG do Grupo Fleury estabelece objetivos até 2030 relacionados à redução de resíduos, diversidade em liderança e ampliação do acesso à saúde.

No campo da governança e transparência, o Grupo se prepara para adotar as normas IFRS S1 e S2, que em breve serão obrigatórias pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para companhias abertas.

Outro exemplo de práticas ESG na governança vem do Grupo Sabin, que desde 2022 possui um Grupo de Trabalho ESG (GT ESG), fórum multidisciplinar que reúne gestores de áreas-chave, como Comunicação Corporativa, Estratégia, Pessoas, Qualidade e Sustentabilidade Ambiental — além do Instituto Sabin. O grupo acompanha metas e indicadores definidos para toda a organização, assegurando que a agenda ESG esteja presente desde o planejamento até a execução.

“Há 18 anos a empresa publica seu Relatório de Sustentabilidade e, desde 2022, segue o padrão da GRI. O documento apresenta resultados, estratégias e impactos de programas e práticas vinculados à matriz de materialidade, com verificação externa e independente das informações financeiras”, explica Andréa Pinheiro, diretora de Relações Institucionais.

O Sabin incorpora critérios ESG também na qualificação de fornecedores. Os contratos incluem cláusulas explícitas de compliance, exigindo conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), a Lei Anticorrupção e compromissos socioambientais, além de avaliações sobre práticas éticas, trabalhistas e ambientais.

Andréa conta que a transparência com stakeholders é contínua. “Além da publicação anual do Relatório de Sustentabilidade, o Grupo realiza o Encontro Nacional com Stakeholders, evento híbrido voltado à prestação de contas e apresentação de resultados, avanços e metas.”

Para o futuro, a executiva diz que a companhia planeja incluir a asseguração externa do Relatório de Sustentabilidade nos próximos ciclos, consolidando assim a confiabilidade de seus dados. As metas de curto e médio prazo contemplam o avanço da migração da matriz energética, a expansão da reciclagem de resíduos, o investimento em empreendedorismo de impacto social, a formação de líderes comunitários de saúde e o aumento da representatividade de profissionais negros em cargos de liderança.

ESG atrelado à remuneração já é uma realidade

A remuneração variável de executivos é cada vez mais atrelada ao cumprimento de metas ESG, incentivando a liderança a priorizar essas pautas.

Relatório divulgado pela KPMG em 2024 apontou que 78% das 375 empresas estudadas, em 15 países, usam medidas de sustentabilidade no cálculo da remuneração dos executivos seniores.

Mas a divulgação dos resultados e a associação direta entre desempenho ESG e remuneração ainda é um desafio. Embora as metas de sustentabilidade e diversidade ainda não estejam formalmente atreladas à remuneração variável dos executivos na Mater Dei, esses temas já integram os processos de gestão, compliance e acompanhamento de desempenho.

Já o Grupo Fleury tem entre seus diferenciais da governança a inclusão de metas ESG na remuneração variável (PLR) de todos os colaboradores, incluindo os executivos.

“Há alguns anos, o programa de PLR corporativo contempla três indicadores ESG — um ambiental, um social e um de governança — que representam 10% do total do bônus anual. Essas metas são derivadas do Plano Estratégico de ESG e validadas anualmente, reforçando o compromisso com resultados mensuráveis”, conta Périgo.

Além dos indicadores corporativos, áreas específicas possuem metas táticas próprias, relacionadas à redução de resíduos biológicos, ampliação do acesso à saúde, cumprimento de treinamentos de integridade e compliance, e diversidade em cargos de liderança.

No Sabin, sustentabilidade e diversidade não são tratadas como metas isoladas ou bonificações acessórias. Elas estão integradas ao planejamento estratégico e fazem parte do desempenho global que orienta a remuneração variável dos executivos.

“O mapa estratégico da companhia incorpora Objectives and Key Results (OKRs) ambientais, sociais e de governança, alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) prioritários do ciclo vigente. Essa abordagem reforça que o avanço da agenda ESG e o crescimento do negócio são indissociáveis”, comenta Andréa.

Segundo Nelmara Arbex, sócia-líder de ESG da KPMG no Brasil, independentemente do setor, há vários exemplos de empresas que colocam indicadores relacionados às metas sociais e ambientais, inclusive, éticas e de transparência, dentro das metas que devem ser atingidas para que o executivo ou líder tenha acesso à remuneração variável.

“Quando os indicadores passam a compor metas vinculadas à remuneração variável, a qualidade e a precisão de sua mensuração aumentam significativamente. Isso ocorre porque os sistemas de gestão associados a esses indicadores tendem a ser mais robustos e confiáveis, uma vez que todos os envolvidos têm interesse em saber, com clareza, quando as metas são atingidas — e quando não são.”

No entanto, Nelmara alerta que, antes da definição de que indicadores ou quais metas entrarão no cálculo da remuneração variável, a liderança deve discutir quais indicadores entrarão na remuneração variável e, depois, comunicar claramente essa informação aos times.”

Segundo a executiva, há evidências crescentes de que vincular metas ESG à remuneração variável de executivos e colaboradores contribui para aprimorar não apenas o desempenho financeiro das empresas, mas também sua reputação e credibilidade institucional.

“Nas escolas de gestão, é consenso que toda meta atrelada à remuneração estimula melhorias de performance. Quando a organização define indicadores ESG como parte de seu sistema de incentivos, ela eleva o nível das discussões internas, promove reflexão estratégica sobre o que realmente importa para o negócio e aprimora a qualidade da gestão como um todo.”

Além disso, na sua visão, investidores e avaliadores de risco têm reconhecido que a boa administração de temas sociais, ambientais, éticos e de transparência é um sinal da solidez da governança corporativa — e, portanto, um fator determinante na avaliação da sustentabilidade financeira de longo prazo.

“No entanto, não existe um modelo único para estruturar a inclusão de metas ESG na remuneração variável. As empresas costumam chegar a essa decisão por diferentes caminhos, mas o princípio é o mesmo: as metas devem refletir aspectos essenciais para o sucesso, a resiliência e o resultado financeiro da organização, seja em horizontes de curto, médio ou longo prazo. A governança deve atuar como condutora desse processo, garantindo que a escolha dos indicadores seja feita com critérios técnicos e estratégicos, da mesma forma que ocorre com as metas financeiras”, destaca Nelmara.

Os riscos para quem não acompanha essa transformação podem ser significativos. Instituições de saúde que mantêm estruturas de governança frágeis enfrentam dificuldade de acesso a capital ESG, maior exposição a litígios e penalidades regulatórias, além de perda de credibilidade junto a parceiros e pacientes. A ausência de processos claros de auditoria e prestação de contas pode minar a confiança do mercado e afastar investidores comprometidos com critérios de sustentabilidade.

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Gestão da internação do idoso: sucesso se mede na volta para casa

Planejamento clínico, equipe integrada e alta funcional definem o sucesso da internação do idoso — mais do que o tempo de leito.

Amanda De Paula

O Brasil tem 32,1 milhões de pessoas com mais de 60 anos, representando 15,6% da população, e a tendência é de crescimento nas próximas décadas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse cenário exige um olhar ainda mais atento no cuidado intra-hospitalar do idoso, começando pela redução do tempo de leito, que não é o mesmo que precipitar alta, e pela proteção dele contra complicações evitáveis, como quedas, lesões por pressão, infecções, broncoaspiração e tromboembolismo.

O sucesso no tratamento desse paciente, quando internado, não se mede somente pela alta. A qualidade está no quanto de movimento, autonomia e vida ele leva de volta para casa.

Esse caminho, portanto, começa no que a prática clínica chama de projeto terapêutico, uma avaliação de quem ele era antes de internar. Perguntas como qual o grau de mobilidade, a presença de demência e o nível de autonomia em casa ajudam a organizar a jornada de cuidado do paciente.

Com esse rastreio inicial em mãos, o papel de cada área é melhor definido. A equipe médica avalia diagnóstico e risco. A enfermagem monitora sinais, previne quedas e orienta sobre segurança no leito, enquanto estomaterapeutas evitam lesões de pele.

A fisioterapia inicia movimento e caminhada assim que possível. A nutrição ajusta cardápio (textura, aceitação, risco de desnutrição) de acordo com a capacidade alimentar, em conjunto com a fonoaudiologia, que avalia deglutição para reduzir engasgos. Já a psicologia tem papel fundamental no acolhimento do paciente e seus familiares e ajuda na adesão ao plano de tratamento.

Na prática, isso se traduz em decisões diárias para encontrar o ponto de equilíbrio entre não precipitar a saída e não prolongar a permanência, especialmente de idosos 80+, que são mais suscetíveis à perda de função. O meio-termo seguro é retirar da cama quanto antes, com critério, e manter vigilância para evitar complicações. Em quadros como infecções e acidente vascular cerebral (AVC), a disponibilidade de leitos de reabilitação e a integração entre especialistas aceleram a recuperação do paciente.

Em outras palavras, um plano terapêutico bem definido e ancorado numa disciplina clínica reduz riscos. Para isso as unidades de saúde precisam estar bem articuladas e preparadas diante de números volumosos no cuidado desta população. Na Rede Total Care, por exemplo, entre agosto de 2024 e agosto de 2025 os hospitais registraram mais de 59 mil internações de idosos, com idade média de 74 anos. Em prontos-socorros, foram mais de 422 mil atendimentos. São números que traduzem o desafio e reforçam a importância da qualidade assistencial.

No hospital, o cuidado pede equipe alinhada, reabilitação desde o primeiro dia e informação clara. Em casa, é fundamental a continuidade no tratamento. E, no fim, o sucesso de todo o processo é percebido quando, no retorno ao cotidiano, autonomia e movimentos são preservados, consequências do uso do tempo de leito adequado e da alta funcional. Esse é o ponto central do cuidado dessa população.

Amanda De Paula é gerente médica clínica do Hospital Pan-Americano, da Rede Total Care

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AGÊNCIA BRASIL

Governo anuncia apoio a serviços que oferecem radioterapia

Novo auxílio integra 'Agora Tem Especialistas'

O Ministério da Saúde anunciou, nesta quarta-feira (22/10), em Brasília, ações para expandir os serviços de radioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS). Entre elas, estão a centralização da aquisição de medicamentos, a criação de um auxílio para custear transporte, alimentação e hospedagem dos pacientes e o repasse de R$ 156 milhões por ano em estímulo financeiro para que os serviços de saúde ampliem o número de atendimentos.
“Estamos colocando a radioterapia em outro patamar, em relação ao cuidado ao paciente com câncer”, disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em entrevista coletiva à imprensa. Durante o evento, ele assinou portarias sobre as novas regras para os serviços de radioterapia e para a Autorização de Procedimentos Ambulatoriais de Alta Complexidade (Apac).

De acordo com o Ministério da Saúde, quase 40% dos pacientes do SUS buscam atendimento fora da sua região de saúde para fazer radioterapia e precisam se deslocar, em média, por 145 quilômetros. A radioterapia é indicada em 60% dos casos de câncer. O novo auxílio garante, então, R$ 150 para custear o transporte e mais R$ 150 por dia para alimentação e hospedagem dos pacientes e acompanhantes.

Assistência farmacêutica oncológica
O Ministério da Saúde publicou ainda, no Diário Oficial da União, uma portaria sobre a assistência farmacêutica oncológica, que visa ampliar o acesso a medicamentos de alto custo. A partir dela, a União assume a responsabilidade pela aquisição de medicamentos para tratamento de câncer, com prioridade para novas tecnologias em oncologia.

A expectativa é reduzir preços em até 60% com as negociações de abrangência e escala nacional. O formato combina compra centralizada feita diretamente pelo ministério, negociações nacionais via registro de preços e aquisições descentralizadas pelos serviços oncológicos, mediante autorização específica.

O novo componente também garante ressarcimento a estados e municípios por demandas judiciais: durante o período de transição de 12 meses, a União reembolsará 80% dos valores judicializados. Além disso, serão criados centros regionais de diluição de medicamentos oncológicos, para reduzir desperdícios e otimizar o uso dos insumos.

As medidas anunciadas para o cuidado ao paciente com câncer fazem parte do programa Agora Tem Especialistas. Lançada em maio deste ano, a iniciativa tem o objetivo de reduzir o tempo de espera por atendimentos especializados na rede pública.

Estímulo financeiro

A nova portaria do Ministério da Saúde mudou a forma de financiamento dos serviços de radioterapia, criando um mecanismo de estímulo financeiro para aumentar o número de pacientes atendidos. Agora, quanto mais pacientes atendidos, mais recursos serão repassados por atendimento, “estimulando ao máximo o uso da capacidade do acelerador linear, equipamento utilizado nas sessões”.

Unidades que atenderem entre 40 e 50 novos pacientes por acelerador linear receberão 10% a mais por procedimento; o acréscimo sobe para 20%, entre 50 e 60; e para 30%, acima de 60 novos pacientes. “Essa é uma nova lógica para estimular que essa capacidade ociosa possa atender mais e, com isso, reduzir o tempo de espera de quem está aguardando o tratamento”, destacou o ministro Padilha.

Os estabelecimentos que já atendem o SUS passarão a receber progressivamente, por procedimento realizado, por meio do Fundo de Ações Estratégicas e Compensação (FAEC). Até então, os recursos entravam no orçamento geral, no valor fixo repassado mensalmente aos estados e municípios para custeio dos serviços de média e alta complexidade. “É uma forma direta de remuneração para os estados e municípios, que não disputa com os outros recursos gerais da média e alta complexidade, como é a quimioterapia, porque a gente remunera a quimioterapia pela Apac. Assim, a gente tira a radioterapia de ser o patinho feio do tratamento ao câncer”, afirmou Padilha.

Por fim, o governo quer mobilizar o setor privado, que terá condições especiais para o financiamento de equipamentos de radioterapia. Para isso, deverão ofertar, no mínimo, 30% de sua capacidade instalada para o SUS por, no mínimo, três anos. “Não tem como você consolidar uma rede pública sem atrair a estrutura privada que existe no Brasil, hoje, de tratamento ao câncer. Porque os equipamentos e boa parte dos profissionais estão concentrados nessa estrutura privada”, disse o ministro.

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MEDICINA S/A

Pesquisa sobre longevidade revela cenário otimista em relação ao envelhecer

No Brasil, apenas 1 em cada 6 pessoas enxerga o envelhecimento de forma negativa, enquanto 97% demonstram algum nível de interesse pelo tema. O dado faz parte da nova edição do Indicador de Longevidade Pessoal (ILP), pesquisa realizada pela Edelman para o Grupo Bradesco Seguros. O estudo revela que, embora a consciência sobre a longevidade seja alta, ainda existem lacunas em planejamento e prática para envelhecer com qualidade.

Com 4.400 respondentes de todas as regiões do Brasil, com idade igual ou superior a 18 anos, a segunda edição do ILP se consolida como maior pesquisa sobre longevidade pessoal do país, ampliando o acervo de informações do setor e oferecendo subsídios relevantes para a compreensão da sociedade sobre o envelhecimento.

Em 2025, a média do ILP – em uma escala de 0 a 100 – foi de 61 pontos, indicando uma tendência de estabilidade. O pilar “Atitudes em relação à longevidade” apresentou a pontuação mais alta, enquanto “Finanças” teve o desempenho mais baixo. Além da leitura nacional, esta edição da pesquisa analisou em profundidade 10 estados: Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo. Entre os destaques estão: 79% brasilienses dizem buscar novas habilidades ou conhecimentos com alta frequência; 42% dos baianos consideram a longevidade uma prioridade em suas vidas; e 79% dos paulistas consideram o impacto de suas atitudes no futuro sempre ou frequentemente.

“O alto nível de interesse pelo tema mostra que estamos diante de uma sociedade cada vez mais consciente e engajada com a ideia de envelhecer bem. Sabemos que longevidade vai muito além da genética – depende, sobretudo, das escolhas que fazemos ao longo da vida”, explica Alexandre Nogueira, diretor de Marketing do Grupo Bradesco Seguros.

Principais descobertas da edição 2025

Mudanças significativas nos hábitos, atitudes e percepções dos brasileiros em relação à saúde, bem-estar e planejamento para o futuro foram identificadas nesta edição. O estudo aponta avanços pontuais, mas também reforça desafios recorrentes.

Os resultados revelam um panorama interessante sobre os hábitos de saúde da população. Embora 78% das pessoas ainda consumam menos da metade da porção diária de frutas, verduras e legumes recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), há sinais de equilíbrio em outras escolhas alimentares. Além disso, três em cada quatro respondentes relatam praticar algum tipo de atividade física, ainda que apenas 36% mantenham uma rotina mais frequente, com quatro dias ou mais de exercícios por semana.

Um contraponto observado é o engajamento em determinadas atitudes: os brasileiros demonstram maior dedicação quando o cuidado com a saúde está sob seu controle direto, como nas escolhas alimentares ou na prática de atividade física. Isso porque, embora 77% declarem buscar informações sobre exames preventivos, os cuidados permanecem, em grande parte, reativos: 45% só procuram atendimento médico ao perceber sintomas leves, e 14% apenas quando estes se tornam muito incômodos.

O levantamento também traz nuances importantes sobre a percepção de bem-estar e autoestima entre os brasileiros. Apenas quatro em cada dez pessoas afirmam sentir-se plenamente bem consigo mesmas – um índice ainda menor entre as mulheres (39%), em comparação aos homens (46%). A satisfação pessoal, no entanto, tende a crescer com a idade: entre os participantes com 50 anos ou mais, 56% dizem estar bastante ou extremamente satisfeitos com quem são, enquanto entre os jovens de 18 a 29 anos esse número cai para 36%. Quando o assunto são os laços sociais, o cenário é mais positivo: 58% dos entrevistados declaram estar satisfeitos com seus relacionamentos pessoais, incluindo amigos, familiares, colegas e conhecidos.

A pesquisa destaca, ainda, o impacto da preparação financeira sobre a percepção da longevidade. 45% dos respondentes demonstraram forte dedicação às suas metas financeiras, e 32% se esforçam parcialmente. Ainda assim, 1 em cada 4 pessoas não possui ou possui baixo comprometimento com suas metas. Esse comportamento reflete-se no planejamento de longo prazo: 60% não têm reserva para a aposentadoria – um número ainda maior entre os adultos de 30 a 49 anos (64%), o que se mostra alarmante diante do ciclo de vida financeira.

“A longevidade é um processo multifatorial, que envolve o equilíbrio físico, mental, social e ambiental. A rodada do ILP de 2025 demonstrou que, apesar do interesse pelo tema, o principal desafio está em transformar informação em hábito, integrando prevenção, propósito e planejamento financeiro desde a juventude”, completa Nogueira.

Um instrumento de transformação

Criado em 2024, o Indicador de Longevidade Pessoal é uma metodologia inédita desenvolvida pelo Grupo Bradesco Seguros, em parceria com o Instituto Locomotiva e o especialista em envelhecimento saudável Alexandre Kalache. A ferramenta oferece um retrato abrangente dos hábitos e percepções da população brasileira em relação ao envelhecimento ao analisar 31 variáveis distribuídas em seis pilares: saúde física, saúde mental, saúde social, saúde ambiental, cuidados com prevenção e finanças.

“Embora o ILP seja, por definição, um indicador pessoal, sua aplicação em larga escala oferece uma visão valiosa sobre como estamos, enquanto sociedade, lidando com os desafios e oportunidades de viver mais e melhor. Identificar avanços e reconhecer lacunas é fundamental para orientar ações consistentes em favor de um envelhecimento saudável e ativo”, finaliza Nogueira, destacando o papel estratégico do ILP dentro da missão da companhia.

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IA: saúde vive revolução que o marketing digital trouxe há 10 anos

A transformação da inteligência artificial (IA) nos negócios lembra o que aconteceu há dez anos quando o marketing digital chegou às empresas. Estratégias para redes sociais, parcerias com influenciadores e planos SEO revolucionaram a maneira de atrair, converter e fidelizar clientes. Entre os segmentos que mais vêm se transformando em razão do avanço da IA está o setor de saúde: especialmente em clínicas e hospitais, tudo será diferente, da triagem de pacientes à gestão de suprimentos, passando pelo acompanhamento de tratamentos. O que antes era manual será automatizado por agentes autônomos e inteligentes.

Deve impulsionar esse movimento o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), lançado pelo governo federal, que prevê cerca de R$ 23 bilhões em investimentos até 2028, sendo R$ 98 milhões aplicados diretamente em saúde em iniciativas como prontuários inteligentes e automação de compras do Sistema Único de Saúde (SUS). Embora o montante ainda pareça modesto diante da dimensão do setor, o investimento marca um ponto de inflexão ao inserir a IA na modernização do sistema público.

Assim como a digitalização obrigou empresas a reverem estratégias, a automação inteligente exige que clínicas e hospitais repensem seus modelos de operação antes que se tornem obsoletos. O marketing digital mostrou como a integração entre dados e automação pode criar novas formas de operar em grande escala. Esse paralelo ajuda a compreender como a próxima etapa da IA aplicada à saúde pode cumprir tarefas e combinar diferentes sistemas em cooperação. No campo clínico, o modelo de multiagentes surge como próximo passo evolutivo: em vez de depender de um único sistema de decisão, diferentes agentes de IA colaboram entre si, validam diagnósticos e reduzem falhas, atingindo níveis de precisão superiores aos de médicos em estudos recentes.

A pesquisa TIC Saúde 2024, conduzida pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), reforça esse avanço ao apontar que 17% dos médicos e 16% dos enfermeiros no Brasil já utilizam ferramentas de IA generativa em suas rotinas. Nos estabelecimentos públicos, o índice é de 14% entre médicos e 11% entre enfermeiros; nos privados, 20% e 26%, respectivamente. Estudo realizado pela consultoria Allied Market Research, aponta que é esperado um crescimento anual de 41,7% no mercado global de IA em saúde, impulsionado por soluções de monitoramento remoto, diagnósticos automatizados e análise preditiva (Allied Market Research). No entanto, para a adoção em escala é necessário atentar-se à qualidade dos dados, integração entre plataformas e a criação de uma regulação que assegure privacidade e ética no uso das informações dos pacientes que ficam armazenadas.

O Brasil está acompanhando esse movimento da inovação na saúde, basta olhar para a quantidade de empresas em atuação. Segundo o relatório HealthTech Recap 2024, produzido pela Distrito — plataforma de inovação e monitoramento do mercado de startups —, o país já abriga 602 startups de saúde, o que representa 64,8% do total da América Latina. A combinação de investimentos públicos, adoção crescente no setor privado e avanço tecnológico cria as bases para um salto histórico para o futuro da saúde brasileira. A diferença em relação ao marketing digital de uma década atrás é que, desta vez, não se trata apenas de atrair mais clientes e gerar mais receita, mas de redefinir o cuidado, a experiência do paciente e a sustentabilidade do sistema.

*Eduardo Barros é especialista em IA e CEO da WorkAI.

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Assessoria de Comunicação