Postado em: 17/10/2025

CLIPPING AHPACEG 17/10/25

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Família ainda não sabe o que provocou o óbito

https://www.youtube.com/watch?v=GeR31d7RKv8

Senado avança com proposta que proíbe aborto legal após 22 semanas de gestação

https://www.infomoney.com.br/politica/senado-avanca-com-proposta-que-proibe-aborto-legal-apos-22-semanas-de-gestacao/

Unimed Federação Centro Brasileira conquista recertificação Prata no Selo ESG da Unimed do Brasil

https://empauta.com/u/E9567JHYGQSM

Saúde mental ganha protagonismo na escolha de planos de saúde

https://jornaldobras.com.br/noticia/92999/saude-mental-ganha-protagonismo-na-escolha-de-planos-de-saude

Reforma tributária e os regimes diferenciados para medicamentos

https://medicinasa.com.br/reforma-tributaria-consumo/

Os incentivos que estão moldando (e distorcendo) a medicina

https://medicinasa.com.br/incentivos-mercado-medicina/

Entre o público e o privado, o Brasil busca um novo pacto pela saúde

https://www.saudebusiness.com/mercado-da-saude/entre-o-publico-e-o-privado-o-brasil-busca-um-novo-pacto-pela-saude/

TV RECORD

Família ainda não sabe o que provocou o óbito

https://www.youtube.com/watch?v=GeR31d7RKv8

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INFOMONEY

Senado avança com proposta que proíbe aborto legal após 22 semanas de gestação

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado aprovou, na quarta-feira (15), uma proposta que proíbe a realização de aborto legal após a 22ª semana de gestação, mesmo nas situações atualmente permitidas pela legislação e pelo Supremo Tribunal Federal (STF), como em casos de estupro, risco à vida da gestante ou fetos anencéfalos.

O texto, aprovado de forma simbólica, ainda precisa ser analisado pelas Comissões de Assuntos Sociais (CAS) e de Constituição e Justiça (CCJ) antes de seguir ao plenário. A proposta altera o Código Civil e estabelece que, após a 22ª semana, o nascituro tem direito “inviolável ao nascimento sadio e harmonioso”.

Pela redação aprovada, a partir da 23ª semana de gestação, o aborto será substituído por antecipação de parto, inclusive em casos de risco grave à vida da mãe. Nessas situações, o texto determina que devem ser feitos “esforços para manter a vida do feto”. O projeto também prevê que o Estado deve defender os direitos do feto por meio de curadores especiais e da Defensoria Pública.

A proposta é de autoria do senador Eduardo Girão (Novo-CE), relator do texto e aliado da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), presidente da comissão.

Atualmente, a legislação brasileira criminaliza o aborto, mas prevê exceções quando há risco à vida da gestante ou gravidez decorrente de estupro. Desde 2012, o STF também autoriza o aborto em casos de anencefalia fetal.

Nenhuma norma federal, porém, define um limite de semanas para o procedimento, embora decisões judiciais e pareceres do Ministério da Saúde e do Conselho Federal de Medicina (CFM) venham impedindo a realização após a 22ª semana.

Em 2023, o STF iniciou o julgamento da descriminalização do aborto até 12 semanas, em ação relatada pela ministra Rosa Weber, que votou a favor. O julgamento foi suspenso após pedido de destaque do então presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, e permanece suspenso até então.

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AGÊNCIA UNIMED

Unimed Federação Centro Brasileira conquista recertificação Prata no Selo ESG da Unimed do Brasil

A Unimed Federação Centro Brasileira conquistou a recertificação do Selo ESG Unimed na categoria Prata, reafirmando seu compromisso contínuo com a sustentabilidade e com uma cultura organizacional alinhada às boas práticas ambientais, sociais e de governança. A recertificação em 2025, concedida pela Unimed do Brasil, reconhece que a Federação deu continuidade às ações que a levaram à sua primeira certificação em 2024.

O Selo ESG Unimed é uma iniciativa da Unimed do Brasil que avalia e reconhece o desempenho das cooperativas e hospitais do Sistema Unimed no cumprimento de diretrizes ligadas aos pilares Ambiental (E), Social (S) e Governança (G), fundamentos que guiam o conceito internacional ESG. As certificações são concedidas em quatro categorias: Bronze, Prata, Ouro e Diamante, conforme o nível de maturidade e pontuação atingida pelas cooperativas e hospitais do Sistema Unimed.

A recertificação evidencia a consolidação do trabalho da Federação com uma gestão comprometida com o desenvolvimento sustentável, a ética corporativa e o fortalecimento do cooperativismo.

Entre os destaques da atuação da Federação estão os cursos, workshops e eventos realizados periodicamente para a capacitação contínua das equipes e o alinhamento das diretorias às diretrizes ESG. Além disso, a Federação desenvolve ações sociais, por meio de projetos como o Tampatas, que promove a arrecadação de tampas plásticas para serem revertidas em recursos destinados à castração de animais abandonados, uma ação que une cuidado com o meio ambiente e sensibilidade social.

Essa recertificação, mais do que um reconhecimento, é reflexo de uma missão institucional sólida da Federação de oferecer serviços de excelência com responsabilidade, transparência e compromisso com um futuro mais sustentável. Para a Federação, integrar as práticas ESG ao cotidiano de suas ações e dos serviços prestados às Unimeds federadas é um caminho estratégico para a evolução do modelo de negócio e para o fortalecimento da marca Unimed, que cada vez mais se posiciona como referência em responsabilidade social corporativa.

A recertificação Prata no Selo ESG é, portanto, mais do que uma conquista institucional. É a confirmação de que a Unimed Federação Centro Brasileira segue na direção certa, unindo valores cooperativistas, responsabilidade e inovação para transformar realidades e construir um amanhã mais justo, equilibrado e sustentável.

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JORNAL DO BRÁS

Saúde mental ganha protagonismo na escolha de planos de saúde

Amparo psicológico e psiquiátrico com cobertura ampliada e rede próxima reforça importância do cuidado emocional na saúde suplementar

O cuidado com a saúde mental passou a ocupar um espaço central na vida dos brasileiros e, cada vez mais, influencia a escolha dos planos de saúde. A ampliação das coberturas obrigatórias pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em vigor desde 2022, garantiu mais previsibilidade e segurança para quem necessita de acompanhamento psicológico ou psiquiátrico contínuo. A medida reforçou a importância do tema e contribuiu para que beneficiários e empresas passassem a valorizar operadoras com rede credenciada próxima e acesso facilitado a terapias.

Segundo o Mapa Assistencial da ANS, os planos de saúde realizaram 1,94 bilhão de procedimentos em 2024, incluindo consultas, exames e terapias, um reflexo da demanda crescente por atenção integral e pela valorização do bem-estar emocional. O avanço acompanha o alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estima que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivam com algum transtorno mental, sendo ansiedade e depressão as condições mais recorrentes. No Brasil, o Ministério da Saúde aponta que esses quadros estão entre as principais causas de afastamento do trabalho, reforçando a importância de políticas de cuidado contínuo.

Para o diretor comercial da GoCare Saúde, Gustavo Normanha, o tema passou a ser decisivo também na relação entre empresas, operadoras e beneficiários. “A cobertura psicológica mudou a percepção do usuário sobre o que é um bom plano”, afirma Gustavo. “Hoje, ele quer saber se o atendimento é próximo, se a autorização é rápida e se o tratamento tem continuidade garantida. O benefício está no uso efetivo, não apenas no contrato”, reforça o executivo. Ele destaca que, na Baixada Santista, onde a GoCare concentra uma boa parte de sua base de clientes, a busca por terapias e acompanhamento influencia a forma como os planos são estruturados.

Com sede em Campinas e forte atuação regional, a GoCare Saúde comercializa planos coletivos empresariais e por adesão e tem reforçado a presença de clínicas e parceiros especializados em saúde mental na Baixada. “O bem-estar emocional se tornou parte da rotina de cuidados. Nosso papel é facilitar esse acesso, com rede próxima e processos mais ágeis, para que o beneficiário encontre suporte real no momento em que mais precisa”, finaliza Normanha.

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MEDICINA S/A

Reforma tributária e os regimes diferenciados para medicamentos

A Lei Complementar nº 214, de 16 de janeiro de 2025, reorganiza a tributação sobre o consumo no país e inaugura um desenho normativo que combina simplificação com mecanismos de transparência e de redução de litigiosidade. Para o setor de medicamentos, a norma cria regimes diferenciados que podem resultar em queda efetiva de preços — desde que observadas condições de repasse e de regulação. Para as empresas, a adaptação exigirá ajustes operacionais, revisões contratuais e monitoramento regulatório permanente.

A reforma mitiga a fragmentação que marcou o antigo sistema, marcado por elevada carga, custos de conformidade, insegurança jurídica e disputas federativas. O novo modelo estrutura a incidência em três tributos: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), de competência compartilhada por Estados, Municípios e Distrito Federal; a Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS), de competência da União; e o Imposto Seletivo (IS), direcionado a produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente. O desenho foi orientado por quatro pilares: simplificação (unificação de tributos), justiça fiscal (redução da regressividade), estímulo econômico (ambiente pró-investimento) e transparência (clareza sobre a carga efetiva).

No eixo federativo, a LC nº 214/2025 enfrenta a guerra fiscal ao substituir benefícios pulverizados por Regimes Diferenciados de Tributação, com reduções de alíquotas de 30%, 60% e até 100% para setores essenciais ou estratégicos. A lógica é dar tratamento favorecido com critérios objetivos, reduzindo distorções concorrenciais e a necessidade de contencioso para sustentar incentivos locais. Para empresas que operavam com mosaicos de benefícios, o desenho tende a simplificar decisões locacionais e a previsibilidade de custos.

Nesse sentido, as empresas deverão revisar a logística, considerando sua relevância em razão da alteração para o princípio do destino. Muitos atacadistas abriram centros de distribuição em estados em razão dos benefícios fiscais que serão extintos com a reforma tributária. Também é importante que a empresa verifique se o benefício utilizado atualmente se enquadra nos requisitos para habilitação no fundo de compensação dos benefícios fiscais, que se inicia em janeiro de 2026 e encerra em 2028.

O setor de medicamentos recebeu dois tratamentos específicos. O primeiro, de redução de 60% da alíquota, abrange medicamentos registrados na Anvisa (incluídos os manipulados), dispositivos médicos e de acessibilidade, serviços de saúde e composições para nutrição enteral e parenteral. Para fruição, a lei condiciona a adesão a Compromisso de Ajustamento de Conduta com a União e o Comitê Gestor do IBS ou ao cumprimento da regulação de preços pela CMED, conforme o § 2º do art. 9º. O segundo, de isenção total (100%), aplica-se a lista taxativa constante dos anexos da lei. Nesse ponto, é importante destacar que o PLP 108, ainda em andamento, busca alterar a existência de uma lista taxativa.

A lista inicial de itens com redução de 60%, que no PLP nº 68/2023 chegou a abarcar cerca de 850 itens, foi revista na versão final da LC nº 214/2025. Já a lista de isentos será atualizada a cada 120 dias pelo Ministério da Fazenda e pelo Comitê Gestor do IBS, com participação do Ministério da Saúde, com objetivo de incorporar novas composições sem suprimir as já contempladas. Para a indústria, distribuidores e varejo farmacêutico, isso exige governança tributária para acompanhar revisões, recalcular preços e ajustar cadastros fiscais e sistemas de faturamento.

Do ponto de vista prático, as mudanças tendem a simplificar a apuração e a reduzir obrigações acessórias redundantes, com impacto direto no custo de conformidade. Na cadeia farmacêutica, a previsibilidade dos créditos e a eliminação de controvérsias — como cumulatividade do ISS, incidência concentrada em etapa única e divergências entre crédito físico e financeiro — favorecem o planejamento de margens e a renegociação de contratos de fornecimento. Empresas com portfólios amplos precisarão reclassificar seus estoques, revisar políticas comerciais e cláusulas de reajuste para refletir o tratamento diferenciado de IBS/CBS.

Persistem, contudo, incertezas jurídicas e operacionais. A lei demanda regulamentação sobre operacionalização dos Regimes Diferenciados, mecanismos de verificação da repercussão da desoneração e governança entre Comitê Gestor do IBS, Ministério da Fazenda e CMED. Eventuais revisões periódicas de listas e critérios podem gerar variações de preço e necessidade de ajustes sistemáticos de estoque e de contratos. Além disso, a calibragem do IS sobre itens nocivos impõe avaliação de portfólios com potenciais reclassificações. Até que as normas infralegais estejam maduras, recomenda-se prudência na precificação e provisões de risco.

Do ponto de vista estratégico, a reforma procura reduzir a litigiosidade e fortalecer a segurança jurídica — metas condicionadas à regulamentação e à aplicação uniforme das novas regras. Para capturar eventuais ganhos, as empresas devem mapear enquadramentos de produtos e serviços, implementar governança para monitorar atualizações de listas, integrar as áreas tributária, regulatória e de pricing e documentar repasses. A transição requer plano de comunicação com a cadeia e treinamento das equipes fiscal, vendas e compras.

Em síntese, a LC nº 214/2025 inaugura um ciclo de racionalidade fiscal com potencial de ampliar competitividade e acesso a medicamentos, desde que empresas implementem controles para assegurar a repercussão dos benefícios e a conformidade regulatória. A etapa normativa que se segue — voltada à operacionalização e à coordenação entre órgãos — será decisiva para transformar expectativa de simplificação em queda concreta de custos e em estabilidade de preços ao consumidor.

*Andressa Sehn é sócia-líder da área de Entidades do escritório Rafael Pandolfo Advogados Associados.

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Os incentivos que estão moldando (e distorcendo) a medicina

Nos últimos anos, tenho observado um fenômeno curioso: profissionais de outras áreas, principalmente mulheres advogadas, engenheiras ou atuando em diferentes campos, migrando para a medicina. Essa decisão, em muitos casos, reflete duas motivações principais: ou uma vocação genuína para cuidar das pessoas, ou a expectativa de melhor remuneração.

Infelizmente, a segunda motivação é a mais comum. E aqui reside um equívoco fundamental: muitos não compreendem a dinâmica de oferta e demanda do mercado médico. Não é erro individual, mas consequência de um cenário estrutural.

Nos últimos 20 anos, o Brasil assistiu a um crescimento exponencial do número de faculdades de medicina. Em 2005, existiam 143 instituições; hoje, são 448, um aumento superior a 200%. A oferta anual de vagas atingiu 48.491 em 2025. Segundo projeções da Demografia Médica no Brasil 2025, o país deve alcançar 1.152.230 médicos em atividade até 2035, o que corresponde a cerca de 5,25 médicos por 1.000 habitantes, aproximadamente 1 médico para cada 190 brasileiros, considerando uma população estimada de 219,5 milhões.

O impacto disso no mercado de trabalho é imediato. Plantões que antes pagavam de R$1.000 a R$1.500, hoje chegam a R$500. A tendência é que os valores continuem caindo, à medida que milhares de médicos se formam a cada semestre. Para entrar em um mercado cada vez mais competitivo e mal remunerado, muitos desses jovens assumem endividamentos significativos, já que algumas graduações chegam a custar mais de um milhão de reais por aluno.

A situação se agrava com a consolidação do setor privado em hospitais e clínicas, que concentra o poder de negociação e reduz a capacidade de jovens médicos negociarem salários justos. Paralelamente, os municípios diminuem a remuneração nas UPAs, muitas delas geridas por associações e cooperativas cientes do excesso de profissionais disponíveis.

O efeito prático é que o sonho de muitos jovens, ingressar na medicina para garantir uma carreira segura e financeiramente vantajosa, dificilmente se realizará. As residências médicas oferecem pouquíssimas vagas, e a concorrência se torna cada vez mais acirrada.

O governo, ao acreditar que a expansão de faculdades resolveria a escassez de médicos, especialmente no interior, errou a mão: os profissionais evitam essas regiões, os salários caem e o problema persiste.

O Brasil vive uma distorção incomum: existem mais faculdades de medicina do que de direito, um número desproporcional de advogados em relação a engenheiros, e ainda assim criou-se a ideia de que um diploma é a chave para uma vida transformada. A experiência mostra que não é assim. Incentivos mal planejados, aplicados por governos de diferentes espectros políticos nos últimos 10 anos, estão corroendo a boa remuneração do mercado médico e comprometendo a qualidade do atendimento básico à população.

O reflexo dessa política educacional mal orientada já é visível: médicos recém-formados sem experiência consultam colegas via WhatsApp sobre procedimentos. O resultado é um mercado saturado, remuneração em queda e alta frustração entre jovens profissionais.

Podemos traçar analogias com fenômenos passados, como o “advogado Uber” ou o “engenheiro Uber” em períodos de crise econômica. Em breve, veremos o “médico Uber”, fruto de incentivos equivocados que beneficiam principalmente as faculdades, não os estudantes ou a população.

É urgente repensar a política de formação médica no Brasil. Sem ajustes estruturais, milhares de jovens verão seus sonhos frustrados, não por falta de talento ou dedicação, mas por erros de planejamento e incentivos mal desenhados.

Garantir acesso à medicina não pode significar apenas multiplicar faculdades e gerar um excesso de profissionais; é necessário criar condições reais para que esses médicos tenham carreira sustentável, remuneração adequada e impacto positivo na saúde da população.

*Igor Lucena é economista, Doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Lisboa e CEO da Amero Consulting. Membro da Chatham House – The Royal Institute of International Affairs e da Associação Portuguesa de Ciência Política.

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SAÚDE BUSINESS

Entre o público e o privado, o Brasil busca um novo pacto pela saúde

Com o SUS pressionado e o início de novos mandatos nas agências reguladoras, diálogo, regulação inteligente e cooperação são essenciais para um sistema mais eficiente e sustentável.

O sistema de saúde brasileiro vive um ponto de inflexão. Diante de desafios como o subfinanciamento do SUS, o aumento dos custos assistenciais e a rápida incorporação de tecnologias, cresce o consenso de que o país precisa redesenhar sua lógica de funcionamento — com novas pontes entre o público e o privado, modelos de cuidado mais integrados e preventivos e uma regulação ágil, transparente e centrada nas pessoas.

Essa visão guiou as discussões entre representantes do Ministério da Saúde, Anvisa e ANS — que acabam de ter novos dirigentes empossados — e gestores hospitalares sobre a necessidade de alinhar políticas públicas, inovação e regulação eficiente.

SUS como eixo central e o desafio da atenção especializada

Adriano Massuda, secretário-executivo do Ministério da Saúde, defendeu que fortalecer o Sistema Único de Saúde é condição indispensável para qualquer avanço estrutural. “A primeira prioridade na transição foi fortalecer o SUS. Recuperar o SUS”, afirmou no Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp).

Segundo Massuda, o governo federal trabalha em três frentes principais: ampliação do acesso à atenção especializada, formação de profissionais e preparação para emergências sanitárias e climáticas.

O programa Agora Tem Especialistas é o eixo mais visível dessa estratégia, e busca utilizar a capacidade ociosa de hospitais públicos, filantrópicos e privados para reduzir filas e desigualdades regionais.

“O setor privado pode ajudar compreendendo as novas lógicas que estão colocadas. A inovação não é só para medicamento e vacina. É inovação no jeito de desenhar o cuidado, no jeito de organizar o sistema e no jeito de financiar”, explicou.

A proposta também prevê financiamento baseado em pacotes de cuidado, em vez de pagamento por procedimentos isolados, e a criação de estruturas móveis de atendimento. “O SUS não é uma usina de produção de procedimentos, é uma usina de produção de cuidado”, reforçou.

Massuda anunciou ainda o projeto de um hospital inteligente, desenvolvido em parceria com a USP e o governo paulista, que contará com 800 leitos e integração digital completa. A iniciativa, segundo ele, simboliza a aposta em tecnologia e sustentabilidade na saúde pública.

ANS aposta em escuta e prevenção

Recém-empossado na presidência da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o ex-deputado e advogado Wadih Damous destacou que a nova gestão pretende fortalecer o diálogo com o setor e com os beneficiários. “A vida toda eu fui treinado para ouvir. E agora, na ANS, nada mais necessário é do que ouvir — ouvir muito”, disse.

Assumindo o comando da agência em meio a desafios urgentes, como interrupções de atendimentos oncológicos por impasses contratuais no Rio de Janeiro, Damous enfatizou que a prioridade é garantir a continuidade do cuidado e a proteção do paciente. “Ver pessoas tendo seu tratamento interrompido é algo que não pode nos deixar alheios. A ANS não pode ficar indiferente”, ressaltou.

Damous também apontou as linhas de cuidado e a saúde preventiva como eixos estruturantes da agenda regulatória. “Acho que isso racionaliza o sistema e espero que se reflita nos custos dos planos de saúde”, afirmou.

O novo presidente reforçou ainda a necessidade de reduzir a distância entre o sistema público e o suplementar, que, segundo ele, devem atuar de forma complementar. “Eu não vim para acirrar conflitos. Vim para ajudar a construir pontes — pontes com todos os setores que participam do sistema de saúde brasileiro.”

Damous afirmou que sua gestão buscará reposicionar a ANS como uma agência reguladora de caráter cidadão, atenta aos direitos dos beneficiários e aberta à escuta de prestadores e operadoras. “Nós exercemos a regulação para seres humanos, com carências e vulnerabilidades. É para eles que nós existimos.”

Anvisa mira eficiência e inovação

Leandro Safatle, diretor-presidente da Anvisa, se concentrou em dois desafios centrais: destravar as filas de análise e preparar a agência para uma nova era de inovação tecnológica em saúde.

Segundo ele, o passivo acumulado durante a pandemia representa mais de R$ 20 bilhões em investimentos parados. “Resolver ou mitigar as filas é a prioridade absoluta da Anvisa”, afirmou.

Safatle destacou a carência histórica de pessoal e comemorou a chegada de 150 novos servidores, com expectativa de mais 250 nomeações. Ele comparou o quadro atual da Anvisa — com cerca de 1.400 servidores — ao de agências internacionais como a FDA, nos Estados Unidos, que tem 17 mil profissionais, e a EMA, na Europa, com pouco mais de 5 mil. “O que a Anvisa faz com esse quadro já é impressionante”, afirmou.

Entre as medidas de modernização, Safatle defendeu o uso de inteligência artificial na triagem de processos e a revisão de fluxos internos, sem abrir mão do rigor técnico. “A agência precisa estar pronta para a inovação — tanto a que vem de fora quanto a que está sendo feita no país.”

Ele também ressaltou a importância da coordenação institucional em crises sanitárias, relembrando a atuação durante o surto de contaminação por metanol. “Em menos de uma semana, autorizamos a produção de etanol farmacêutico e o produto estava disponível no país. É um exemplo de como o alinhamento entre setor público e privado pode salvar vidas.”

Safatle encerrou reafirmando os cinco princípios que devem nortear a nova fase da Anvisa: “Diálogo, transparência, ciência, inovação e eficiência.”

Gestores cobram sustentabilidade e integração

José Antônio Rodrigues, provedor da Santa Casa da Bahia, alertou para o subfinanciamento crônico do SUS e a falta de previsibilidade dos programas públicos. “Nós não podemos mais correr o risco de termos programas com começo, meio e fim. No final, o subfinanciamento nos fragiliza”, afirmou.

Rodrigues lembrou que boa parte dos serviços prestados pela rede filantrópica tem valores congelados há mais de uma década, o que compromete a sustentabilidade das instituições. “Os novos programas trazem desafios, e nós temos que adaptar nossa capacidade instalada, mas eles precisam vir com sustentabilidade. Não podemos dar três passos à frente e dois atrás.”

Para Antônio José Pereira, superintendente do Hospital das Clínicas da USP, é necessário romper as barreiras entre o público e o privado e criar um ambiente de aprendizado mútuo. “O público e o privado têm que caminhar juntos. Falta disseminar o qdue cada um faz de melhor”, observou. Ele citou avanços em telemedicina e gestão de leitos como exemplos de eficiência que poderiam ser replicados nacionalmente.

Prevenção, tecnologia e o protagonismo do paciente

O médico e executivo Paulo Chapchap, diretor de Estratégia Corporativa doGrupo Santa Joana, defendeu que o futuro da saúde passa pela prevenção e pelo engajamento do paciente.

“A prevenção primária é não ficar doente, e a secundária é não ter agravamento das doenças crônicas. Não há outra forma de fazer isso que não seja ativando e educando o paciente”, destacou.

Chapchap sugeriu que a regulação cobre programas de prevenção baseados em resultados, com métricas de impacto. Ele destacou o SUS como referência na mensuração de desempenho, citando as taxas de internações por condições sensíveis à atenção primária.

O executivo também apresentou um exemplo prático de inovação: o uso de inteligência artificial nas maternidades do Grupo Santa Joana, que permitiu detectar precocemente 79 casos de sepse e reduzir internações neonatais. “Quando se quer e há coordenação entre o público e o privado, é possível fazer muito mais com o mesmo valor”, concluiu.

Um futuro colaborativo

Os executivos convergiram em um ponto: a integração entre setores, a modernização regulatória e a sustentabilidade financeira são condições para um sistema de saúde mais eficiente.

Enquanto o Ministério da Saúde aposta em novos modelos de cuidado e financiamento, as agências reforçam a escuta ativa, a transparência e o uso de tecnologia para aproximar regulação e prática assistencial.

“Não é um aumento paliativo de financiamento — é uma transformação”, resumiu Massuda. E, nas palavras de Wadih Damous, “saúde, vida e morte dizem respeito a todos nós. A regulação deve ser instrumento de cidadania”, concluiu.

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Assessoria de Comunicação