CLIPPING AHPACEG 02/09/25
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Goiás registrou mais de 8,6 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave em 2025
Tempo de espera por transplante de córnea dobra em 10 anos
https://medicinasa.com.br/espera-transplante-cornea/
Defasagem na tabela SUS: diálise pública está ameaçada
https://medicinasa.com.br/dialise-publica-ameacada/
Integridade e IA marcam debates sobre regulação no setor da saúde
Setembro Amarelo: a saúde mental no trabalho é fundamental na prevenção do suicídio
Ozonioterapia: os 6 tratamentos liberados pelo CFM no Brasil
JORNAL OPÇÃO
Goiás registrou mais de 8,6 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave em 2025
De acordo com a SES, os números referem-se a casos de síndromes gripais que evoluem de forma mais grave, exigindo internação hospitalar
A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) divulgou novo boletim sobre a situação da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no estado. Até o momento, já foram confirmados 8.686 casos, dos quais 1.494 estão relacionados à Influenza e 391 à Covid-19. O levantamento aponta ainda 607 óbitos provocados pela síndrome, sendo 162 em decorrência da Influenza e 77 pela Covid-19.
De acordo com a SES, os números referem-se a casos de síndromes gripais que evoluem de forma mais grave, exigindo internação hospitalar.
Crescimento da Covid em Goiás
Os dados mais recentes também indicam crescimento nos registros de Covid-19 nas últimas semanas epidemiológicas. Entre as semanas 28 e 31 (entre os dias 6/7 e 2/8), a média foi de quatro casos por semana. Na semana 32 (entre 3/8 e 9/8), os registros subiram para 10 (entre 10/8 e 16/8); na 33, chegaram a 18; e na 34 (entre 17/8 e 23/8), foram 17. Na semana 35, que é a atual, já são 7 casos confirmados.
Apesar da oscilação, a SES alerta para a necessidade de atenção redobrada, principalmente diante da possibilidade de agravamento em idosos, crianças pequenas e pessoas com comorbidades.
Prevenção e vacinação
A Secretaria reforça que a melhor forma de reduzir riscos continua sendo a vacinação atualizada contra Influenza e Covid-19, além da adoção de medidas simples, mas eficazes, como:
- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar;
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou utilizar álcool em gel;
- Utilizar máscara ao apresentar sintomas respiratórios;
- Manter ambientes arejados e evitar aglomerações.
As campanhas de conscientização promovidas pela pasta buscam estimular a adesão da população à vacinação e às práticas de prevenção. A pasta reforça que a atenção deve ser constante para impedir o agravamento das síndromes gripais que evoluem para SRAG.
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MEDICINA S/A
Tempo de espera por transplante de córnea dobra em 10 anos
A média de espera por uma cirurgia de transplante de córnea no Brasil atualmente é de 374 dias – mais que o dobro do registrado há 10 anos, quando a média de espera era de 174 dias. O cálculo compara informações do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) no período entre 2015 e 2024.
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) alerta que a tendência de crescimento da fila deve se manter: nos seis primeiros meses deste ano, o indicador já estava 369 dias. “Esses números correspondem à média nacional consolidada, que pondera informações por volume de procedimentos, e não à simples média aritmética dos estados”, detalhou a entidade.
Os dados foram apresentados durante o 69º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, em Curitiba (PR). Para o CBO, o cenário tem origem em múltiplos fatores, incluindo a falta de reajuste nos valores pagos pelos procedimentos e o impacto da pandemia de covid-19, que causou o represamento de pacientes, sobretudo entre 2020 a 2023.
“Além de repasses congelados durante anos e repercussão do coronavírus na regulação do sistema de saúde, os especialistas apontam a necessidade de contornar o problema enfrentado pelos bancos de olhos para sua manutenção frente aos custos dos insumos cotados em dólar”, destacou o CBO.
Outro ponto identificado pelo conselho trata do incremento nas exigências durante as fases de produção e processamento da córnea, como a necessidade de gestão de qualidade. “Essas causas alinhadas geram uma fatura que não fecha para o banco de olhos, que recebe a mesma coisa que há uma década, quando não existiam tantos requerimentos na legislação”.
Estados
O levantamento do CBO indica que, entre os estados, o tempo de espera para transplantes de córnea é diversificado. Em 2024, Acre, Alagoas, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte, por exemplo, registraram fila que ultrapassou mil dias, chegando a 1.424 no estado fluminense.
Outros estados mostraram melhor desempenho e foram classificados pela entidade como “bons exemplos”, incluindo Ceará (58 dias), Santa Catarina (164 dias), Mato Grosso (227 dias), Amazonas (243 dias), São Paulo (247 dias) e Paraná (256 dias).
“Apesar de preocupantes, os especialistas do CBO ressaltam que o Brasil, em termos gerais, permanece muito bem avaliado em nível internacional, com um desempenho compatível com Canadá, Austrália e países da Europa. Na América Latina, é o grande destaque regional, bem à frente de Argentina, Chile, Colômbia e México.”
Pacientes
Até julho de 2025, o Brasil contabilizava 31.240 pessoas inscritas na fila por um transplante de córnea. São Paulo concentrava o maior número, 6.617 pacientes (21% do total nacional), seguido por Rio de Janeiro (5.141) e Minas Gerais (4.346). Entre os estados com menor demanda estão Mato Grosso (55) e Ceará (58).
As mulheres são maioria na fila (55,7% dos pacientes). Já pessoas com 65 anos ou mais representam quase a metade dos que aguardam pelo transplante (47%) o que, segundo o CBO, reflete o envelhecimento da população e o aumento das doenças degenerativas da córnea.
Jovens também estão presentes na lista: 17% dos pacientes que aguardam um transplante de córnea têm entre 18 e 34 anos, casos provocados, em sua maioria, pelo ceratocone, doença que afeta a estrutura da córnea. Há ainda 458 crianças e adolescentes na lista de espera.
Desempenho
Apesar de classificar o momento atual como algo que exige atenção, o CBO avalia que o desempenho dos transplantes de córnea no Brasil ainda apresenta um resultado positivo. Entre janeiro de 2015 e julho de 2025, foram realizadas 150.376 cirurgias desse tipo.
No período, o destaque foi São Paulo, com 52.913 procedimentos realizados – cinco vezes mais que o Ceará, segundo colocado no ranking, com 10.706 transplantes. Também apresentaram alto desempenho Minas Gerais (10.397), Paraná (9.726), Rio Grande do Sul (6.895) e Goiás (6.533). No extremo oposto, estão Acre (212), Tocantins (451) e Alagoas (866).
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Defasagem na tabela SUS: diálise pública está ameaçada
Há no Brasil atualmente cerca de 150 mil pessoas em tratamento de diáliseporque seus rins deixaram de funcionar e uma máquina faz o papel dos órgãos, os únicos do organismo humano cujas funções podem ser substituídas. Assim, não faltam no país casos de pessoas que sobrevivem há 10, 20, 30 anos graças a esse tratamento. Entre esses pacientes, cerca de 90% são mantidos por recursos do SUS. O Ministério da Saúde contratualiza com clínicas privadas de diálise que oferecem esse serviço altamente especializado e que envolve investimentos vultosos. Há pouco mais de 800 clínicas no Brasil.
Ocorre que, ao estabelecer contratos de prestação de serviços para atendimento aos pacientes do SUS, as clínicas são remuneradas por valores fixos por cada sessão de diálise realizada, previamente estipulados pelo tomador de serviços, o Governo Federal. Bem diferente das relações comerciais estabelecidas entre instituições privadas, o governo determina quanto vai pagar e ainda, não se compromete contratualmente em reajustar anualmente o valor dos serviços prestados. E mais, tem a liberdade de aumentar exigências quanto a metas, números de profissionais necessários ao serviço, diferenças regionais de custos, alta do dólar, pandemia, entre outras.
Considerando longos períodos em que as clínicas de diálise ficaram sem reajustes no valor das sessões, aumentos de custos por exigência de mais médicos e enfermeiros, equipes multiprofissionais como psicólogo, assistente social, enfermeiros e técnicos, e também por inflação nos produtos médicos e de saúde, estamos há alguns anos diante de uma situação financeira difícil. Podemos categoricamente afirmar que as clínicas se mantêm ainda, graças a diminuição de custos proporcionadas pelos próprios governantes, como por exemplo, a isenção de ICMS destinada às empresas fabricantes de insumos e equipamentos utilizados na diálise. Iniciativa importante num país em que cerca de 75% da população é assistida pelo SUS, ao menos 180 milhões de pessoas.
Mas não basta este tipo de subsídio. O que o setor precisa é de reajuste anual da tabela SUS. Sem que isso ocorra, coloca-se perto do desmantelamento, uma rede de serviços que já respira por aparelhos por algum tempo. Há cerca de 20 anos, por exemplo, o Brasil possuía 20 fábricas de concentrados de diálise e hoje possui quatro. Mais de 40 clínicas de diálise fecharam nos últimos seis anos. E nós nefrologistas, seguimos muito preocupados. Porque pacientes de diálise não sobrevivem sem o tratamento. Não tem sido facultativo aos gestores de clínicas fecharem suas unidades, por exemplo, enquanto não se encontram outras clínicas aos pacientes. É a vida que está em jogo. E como ficaremos nesse cenário que nem mesmo o governo federal tem tido a responsabilidade de assumir os gastos reais dos doentes renais? Os doentes não podem esperar pela coerência das decisões governamentais.
*Yussif Ali Mere Júnior é médico nefrologista e presidente da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT).
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SAÚDE BUSINESS
Integridade e IA marcam debates sobre regulação no setor da saúde
Autorregulação, programas de compliance e legislação para inteligência artificial estão entre os principais temas que moldam a integridade e a inovação no setor da saúde.
A autorregulação, os marcos regulatórios e a inteligência artificial (IA) estão no centro das discussões que buscam fortalecer a integridade e a transparência no setor da saúde. Esses temas foram discutidos no 2º Fórum de Integridade na Saúde, realizado em São Paulo, que reuniu representantes de órgãos de controle, agências reguladoras, entidades médicas e lideranças empresariais.
Autorregulação e programas de compliance
A experiência brasileira em autorregulação já é referência internacional, mas ainda depende da adesão consistente de empresas e instituições. Defendeu-se, por exemplo, que programas de compliance sejam reconhecidos e valorizados como norteadores de boas práticas.
Representantes do Tribunal de Contas da União (TCU), da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e da Controladoria-Geral da União (CGU) reforçaram o papel preventivo da autorregulação, que ajuda a reduzir judicialização e conflitos.
Foram apresentados ainda avanços em transparência, iniciativas de governança e programas de integridade como o Pró-Ética e o Pacto Brasil pela Integridade Empresarial, ambos com forte adesão do setor da saúde.
Inteligência artificial e inovação regulatória
Também foi apresentado um estudo inédito, conduzido pelo Instituto Ética Saúde (IES) em parceria com a Universidade Presbiteriana Mackenzie. O levantamento está mapeando toda a legislação e regulamentação da área, com o objetivo de propor revisões e inovações. A pesquisa deve servir de base para políticas públicas mais consistentes, evitando propostas legislativas fundamentadas em percepções subjetivas e trazendo dados concretos para o debate.
Em encontro técnico da Frente Parlamentar Médica da Saúde (FPMS), as discussões giraram em torno do Projeto de Lei 2338/2023, em tramitação na Câmara. A proposta é que a norma seja guiada por princípios gerais, deixando o detalhamento a cargo de órgãos reguladores e, possivelmente, também da autorregulação. Entre os pontos levantados estiveram segurança da informação, supervisão humana e alinhamento a padrões internacionais.
As contribuições serão consolidadas em um documento da Comissão Temática de Inteligência Artificial na Saúde da FPMS e encaminhadas ao Congresso, com o objetivo de estimular uma regulação ética, segura e inovadora, capaz de fortalecer a confiança da sociedade e ampliar a competitividade do setor.
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TST JUS
Setembro Amarelo: a saúde mental no trabalho é fundamental na prevenção do suicídio
O “Setembro Amarelo”, campanha dedicada à conscientização da prevenção ao suicídio e a promoção da saúde mental, conta com o apoio institucional da Justiça do Trabalho. Através do Programa Trabalho Seguro, o judiciário trabalhista tem buscado ampliar e disseminar a cultura de trabalho decente para garantir saúde e higiene física e mental das trabalhadoras e trabalhadores do país.
Um país que precisa cuidar da saúde mental no trabalho
Segundo o Ministério da Previdência Social, somente em 2024 foram registrados 472 mil afastamentos por transtornos mentais. Isso representa um aumento de 68% em relação ao ano anterior e um marco na série histórica dos últimos 10 anos.
Os dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) demonstram que a maioria dos afastamentos foram de mulheres (64%), com idade média de 41 anos, com quadros de ansiedade e de depressão e que ficaram afastadas do trabalho por até três meses.
Responsabilidade compartilhada
Para o coordenador nacional do Programa Trabalho Seguro da Justiça do Trabalho, ministro Alberto Balazeiro, é necessário um esforço nacional, que englobe o poder público, iniciativa privada, bem como as próprias pessoas que trabalham. Segundo ele, é de grande relevância a consolidação de uma consciência coletiva nacional acerca da promoção do bem-estar físico e psicológico no ambiente de trabalho.
“Cada vez mais é importante que o ambiente corporativo ou de pequenos negócios também seja espaço de acolhimento, de escuta ativa, onde exista uma cultura de responsabilidade social sobre a saúde mental dos empregadores, gestores e trabalhadores”, disse. “É questão de dignidade humana.
Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio
No dia 10 de setembro é celebrado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. A data foi criada em 2003, pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), com o objetivo de incentivar os países a adotarem estratégias de enfrentamento ao problema.
No Brasil, a campanha existe desde 2014 e foi idealizada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Precisa de ajuda?
O Centro de Valorização da Vida (CVV) presta um serviço gratuito voltado ao apoio emocional de forma geral, antes que o suicídio seja uma possibilidade. Os contatos com o CVV podem ser feitos pelo telefone 188, que funciona todos os dias por 24 horas, ou via chat ou e-mail, acessando o site www.cvv.org.br.
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O GLOBO
Ozonioterapia: os 6 tratamentos liberados pelo CFM no Brasil
Apesar de críticas sobre falta de evidências, conselho aprovou técnica para tratar feridas infecciosas, úlceras, osteoartrite de joelho e dor lombar por hérnia de disco
Na última semana, o Conselho Federal de Medicina (CFM) liberou a prática da ozonioterapia para 6 tratamentos no Brasil. De forma tópica (na pele), a técnica foi autorizada para feridas infecciosas agudas e úlceras venosas crônicas, arteriais isquêmicas e decorrentes do pé diabético. Já de modo injetável, como terapia adjuvante, foi aprovada para osteoartrite de joelho e dor lombar por hérnia de disco.
A ozonioterapia é uma prática antiga que envolve uma mistura do gás ozônio, que tem potencial oxidante e bactericida, com oxigênio. Ela pode ser aplicada de diversas maneiras no paciente, como na pele ou por injeção. Em tese, o uso melhoraria a oxigenação dos tecidos e levaria a um fortalecimento do sistema imunológico.
A norma estabeleceu que, para feridas infecciosas agudas e úlceras de pé diabético, arteriais isquêmicas e venosas crônicas, a terapia poderá ser feita em ambiente médico adequado pelas técnicas de bolsa plástica hermética (ozone bagging), óleo ou pomada ozonizada.
Já no tratamento complementar de osteoartrite de joelho, a ozonioterapia poderá ser aplicada por meio de injeção intra-articular em clínicas especializadas ou consultórios médicos com infraestrutura adequada. Para dor lombar por hérnia de disco, o uso deverá ser por meio de injeções paravertebrais ou intradiscais em ambiente hospitalar com técnica asséptica rigorosa e orientação por imagem.
No entanto, as alegações de benefícios na prática clínica são questionadas por entidades médicas que citam a ausência de evidências científicas robustas para apoiar o tratamento. É o que diz o infectologista Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI):
- Não temos nenhuma evidência científica para tratar feridas infecciosas, de que isso vá fazer alguma diferença no tratamento. O que fazemos que tem evidência, por exemplo, é (terapia) hiperbárica. Mas para ozonioterapia, não conheço evidências robustas, nem para feridas infecciosas, nem para nenhum outro tratamento.
Em artigo publicado após a norma, o editor-chefe da Revista Questão de Ciência, do Instituto Questão de Ciência (IQC), Carlos Orsi, escreveu que "a evidência positiva de eficácia e segurança das diversas formas de ozonioterapia, incluindo as agora autorizadas pelo Conselho (de Medicina), segue baseada em estudos inconclusivos, com número pequeno de participantes, in vitro, ou de baixa qualidade".
Do outro lado, a Associação Brasileira de Ozonioterapia (Aboz) comemorou a nova norma do CFM. Em nota, disse ser "um marco regulatório sem precedentes" e que, "partir de agora, a ozonioterapia poderá ser aplicada com ainda mais respaldo, responsabilidade e integração aos protocolos clínicos". Segundo o conselheiro do CFM e relator da resolução, Diogo Sampaio, a nova norma segue uma lei sancionada em 2023 que autorizou a prática no país e passa a regulamentar o uso da técnica na medicina.
Para ele, é "o cumprimento do dever do CFM de definir os critérios, indicações e limites para a prática segura do ato por médicos, após anos em que o procedimento foi mantido em caráter experimental e diante da necessidade de nova análise à luz das evidências científicas atuais".
De acordo com o relator, foi realizada uma "análise criteriosa e segmentada" das evidências científicas disponíveis sobre desfechos clínicos da ozonioterapia para indicações específicas, em especial para o tratamento de diferentes tipos de feridas e dores musculoesqueléticas.
Os estudos mais robustos citados pelo Conselho, no entanto, não encontraram benefícios claros da ozonioterapia. Entre a literatura analisada pelo CFM, estão duas revisões de trabalhos publicadas na Cochrane, considerada o nível mais alto de evidência científica.
Em um deles, a conclusão foi de que, "com base nas informações limitadas e de baixa qualidade disponíveis, os autores da revisão não foram capazes de tirar quaisquer conclusões sobre a eficácia da terapia com ozônio no tratamento de úlceras nos pés em pessoas com diabetes".
Já no outro, os pesquisadores escreveram que "não há evidências sólidas a favor ou contra o uso de qualquer tipo de terapia por injeção para indivíduos com dor lombar subaguda ou crônica".
Cenário no Brasil Pelo mundo, a ozonioterapia é permitida em alguns países, como Portugal, e proibida em outros, como nos Estados Unidos. No país norte-americano, a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora, diz que a quantidade de ozônio necessária para ter um efeito germicida é muito superior à tolerada pelo ser humano.
No Brasil, o cenário é complexo. Enquanto alguns conselhos, como o de Farmácia e de Biomedicina, já regulamentavam seu uso, o CFM proibia a técnica desde 2018, liberando-a apenas no contexto experimental de pesquisas clínicas. No entanto, em 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei que liberou todos os profissionais de saúde a prescreverem a técnica como tratamento complementar.
Na época, entidades médicas pediram que a lei fosse vetada, como a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Academia Nacional de Medicina (ANM). Em uma carta a Lula, a ANM defendeu que a ozonioterapia gera "um risco de ilusão em pessoas leigas (...) de que condutas dessa natureza possam ter efeito terapêutico".
Ainda assim, os procedimentos são facilmente encontrados em anúncios nas redes sociais e clínicas privadas com promessas que vão desde o tratamento de câncer até de problemas de reprodução, dores crônicas, infecção pelo HIV, diabetes, entre uma série de outras doenças.
Além disso, a Anvisa permite a regularização de equipamentos de ozonioterapia somente para a área odontológica e estética, considerando que não há evidências para outros usos, e que eles podem configurar infração sanitária. Em 2023, porém, especialistas alertaram que a nova lei abriu uma brecha para que aparelhos regularizados para essas áreas passassem a ser utilizados com finalidades distintas sem grandes repercussões.
Na nova norma, o CFM determinou que apenas podem ser utilizados equipamentos devidamente regularizados pela Anvisa. Além disso, que o médico responsável mantenha registro sistemático em prontuário, detalhando a indicação, a técnica utilizada, a concentração de ozônio, o tempo de exposição ou volume injetado, a frequência das aplicações e os desfechos clínicos observados.
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Assessoria de Comunicação