CLIPPING AHPACEG 27/08/25
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Rede hospitalar do DF terá plano de segurança contra o vandalismo
Indústria farmacêutica fatura R$ 138,3 bilhões no semestre e cresce 11,5%
https://ohoje.com/2025/08/27/industria-farmaceutica-fatura-r-1383-bilhoes-no-semestre-e-cresce-115/
Pacientes com doenças raras enfrentam escassez de especialistas e longa espera por diagnóstico no Brasil
https://medicinasa.com.br/escassez-especialistas/
Comissão aprova fim da exigência de junta médica em divergência com plano
https://medicinasa.com.br/fim-exigencia-junta-medica/
A crise silenciosa da Patologia: quem vai diagnosticar o câncer?
https://medicinasa.com.br/crise-silenciosa-patologia/
Conheça a blefaroplastia, a cirurgia estética mais realizada em 2024, que pode ir além da beleza
CORREIO BRAZILIENSE
Rede hospitalar do DF terá plano de segurança contra o vandalismo
Casos de vandalismo acenderam o alerta para a necessidade de garantir a integridade de servidores, de pacientes e do patrimônio público. Em fase de elaboração, plano distrital visa reforçar as áreas de prevenção, de repressão e de dimensionamento de riscos
Após episódios de em hospitais e unidades públicas de saúde no Distrito Federal, a pasta responsável pela área está elaborando o Plano Distrital de Segurança Hospitalar. A ideia da Secretaria de do DF (SES) é reforçar o aparato de para servidores e pacientes. Ao Correio, o secretário adjunto de Integração da pasta, Valmir Lemos de Oliveira, informou que, no momento, a secretaria está colhendo dados para subsidiar o trabalho.
"A proposta é criar um plano de para toda a rede hospitalar. Temos que tratar de controle de acesso, câmeras de , vigilância. É um trabalho complexo que envolve diversas áreas", explicou Valmir. "A ideia não é somente fazer instalações físicas, é pensar em hospitalar como um sistema que tem uma área de prevenção, de repressão, de dimensionamento de riscos", completou.
O secretário adjunto explicou que, para elaboração do plano, diferentes especificidades de cada unidade de saúde estão sendo consideradas. "Unidades que atuam somente com vacinação requerem um atenção diferente daquelas que atuam com cirurgias, por exemplo. As estruturas que estão sob administração do Instituto de Gestão Estratégica de do DF (Iges) também serão consideradas e, se necessário, faremos ajustes definidos pela presidência do instituto", enfatizou. "As soluções não podem ser isoladas, têm que ser pensadas, discutidas e precisam estar previstas em algum lugar", completou.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) está participando da elaboração do plano. "O projeto em desenvolvimento vai garantir a e a integridade das unidades do sistema público de saúde, seus servidores, usuários e equipamentos. Atualmente em fase de instalação, o projeto realizará o monitoramento de unidades de saúde em tempo real, permitindo ações de pronta resposta em caso de necessidade, por meio do imediato acionamento do Centro de Operações da Polícia Militar (COPOM)", disse a pasta, em nota.
Causas
Psicóloga e especialista em orientação psicanalista, Alessandra Araújo Vieira explicou que, no calor de uma situação de estresse extremo, como a demora em um atendimento de saúde urgente, o cérebro humano entra em um modo de "luta ou fuga". "Esse estado é orquestrado, principalmente, pelo sistema límbico, que é responsável pelas emoções e libera um coquetel de hormônios como o cortisol, o famoso hormônio do estresse, e a adrenalina", detalhou.
Segundo Alessandra, em pessoas com menor capacidade de regulação emocional, ou que já possuem desequilíbrios em neurotransmissores, como a serotonina, que ajuda a regular o humor e a impulsividade, essa descarga pode levar a uma explosão de agressividade. "A sensação de impotência e a percepção de ameaça à saúde ou à vida podem sobrecarregar as áreas cerebrais responsáveis pelo controle de impulsos, resultando em comportamentos desproporcionais e violentos, um verdadeiro 'curto-circuito' emocional", ressaltou.
Consequências
Em 2025, houve pelo menos quatro episódios de em hospitais e unidades públicas de saúde do Distrito Federal devido à demora no atendimento (veja memória). O Código Penal brasileiro prevê sanções para destruição, deterioração, subtração ou alteração de bens que pertencem ao patrimônio público, ou seja, ao Estado.
"As pessoas que danificam patrimônio podem ser enquadradas no artigo 163 do Código Penal, que prevê detenção de um a seis meses ou multa. Além da sanção penal, o autor pode ser obrigado a indenizar os cofres públicos pelos danos causados. Isso ocorre por meio de ação civil pública ou ação regressiva do Estado", esclareceu o advogado Diego Serafim, da Almeida Advogados. "Se o crime é cometido contra o patrimônio da União, Estado, Município ou empresa concessionária de serviços públicos, a reclusão pode ir de seis meses a três anos", completou.
Advogado criminalista, Amaury Santos de Andrade lembrou ainda que, pelo fato de o bem público pertencer à coletividade, o dano afeta não apenas o Estado. "O cidadão é o verdadeiro destinatário dos serviços e estruturas públicas. O prejuízo desse tipo de afeta também a sociedade e revela uma conduta antissocial que precisa ser firmemente responsabilizada. A responsabilização criminal não exclui, ainda, a possibilidade de responsabilização civil, ou seja, o autor do dano poderá ser compelido a indenizar os prejuízos causados ao erário", salientou.
Caminhos
Doutora em administração e especialista em gestão de saúde, Chrystina Barros destacou que uma parte dos gargalos que motivam alguns atos de podem ser resolvidos com inteligência artificial. "A IA pode favorecer o atendimento remoto, busca ativa de pessoas para que elas não precisem ficar retornando à unidade para acompanhar sinais e sintomas, etc. Existem ferramentas que podem ser aplicadas. A pandemia foi disruptiva para isso. Antes dela, a telemedicina não tinha regulamentação. Foi justamente a limitação da pandemia que trouxe essa ferramenta como uma solução real", relembrou.
A especialista salientou que não se pode abrir mão de contratar profissionais de saúde. "Infelizmente, vemos que faltam profissionais e que há sobrecarga dos que estão trabalhando, o que impede, muitas vezes, o atendimento digno. É preciso uma revisão de protocolos, de fluxos, de comunicação entre unidades, sistema de referência contra a referência, e também no uso da telemedicina e inteligência artificial", sugeriu.
Diretor e fundador do Hospital Ceuta, Silvio de Moraes Júnior destacou que a situação de tensão devido a longas esperas também é comum em hospitais particulares. "Tanto os grandes hospitais quanto as emergências particulares enfrentam o desafio de lidar com uma demanda superior à sua capacidade, levando pacientes e familiares à sensação de abandono e impotência diante de quadros de urgência", disse. "A resposta dos hospitais passa por reforço na , investimento em triagem e treinamento de equipes para o acolhimento humanizado. No entanto, essas ações aliviam, mas não atacam o cerne da questão, que é a sobrecarga do sistema. É preciso ir além de soluções paliativas", alertou.
O médico falou sobre uma alternativa que já se mostra eficaz em diversos países e começa a ganhar espaço no Brasil. "É o modelo dos chamados hospitais dia. Essas unidades são estruturadas para atendimento de baixa e média complexidade, oferecendo procedimentos que não exigem internação prolongada. Ao descentralizar o atendimento e desafogar prontos-socorros e grandes hospitais, os hospitais dia permitem que casos simples sejam resolvidos com mais rapidez, conforto e eficiência", descreveu.
Memória
27/4 - Um homem foi preso após quebrar portas de vidro da UPA de Ceilândia. O foi registrado em vídeo por pacientes que aguardavam atendimento e mostra o detido jogando um objeto contra a estrutura, que foi ao chão. O acusado teria se irritado com uma suposta falta de atendimento médico.
23/5 - Com pedaços de madeira, duas mulheres quebraram uma porta do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM). O motivo teria sido a demora no atendimento para o filho de uma delas. No mesmo dia, outras pessoas chegaram a chutar portas, quebrar objetos e ameaçar vigilantes.
28/5 - Em um ataque de fúria, um homem destruiu equipamentos da UBS 1, na Asa Sul. Ele teria sido atendido anteriormente por um programa itinerante do GDF, onde os médicos vão às ruas fazer consultas. Ao chegar à unidade de saúde, o profissional não estava no local. A ausência teria revoltado o paciente, que quebrou um computador e lançou objetos contra o vidro de uma sala.
6/7 - Um policial militar de folga agrediu dois s no Hospital de Base após chegar ao hospital com a mãe inconsciente e precisando de atendimento. Ele teria se irritado com a burocracia do hospital na hora de dar entrada, gritado com servidoras e dito que "daria um tiro em todos".
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O HOJE
Indústria farmacêutica fatura R$ 138,3 bilhões no semestre e cresce 11,5%
Genéricos e similares crescem e vendas digitais disparam 38%
A indústria farmacêutica brasileira encerrou o primeiro semestre de 2025 em franca expansão. Foram mais de 5,7 bilhões de embalagens de medicamentos comercializadas, número 5% superior ao do mesmo período do ano passado. O crescimento foi puxado sobretudo pelos genéricos e similares, que juntos representaram mais de 4 bilhões de unidades vendidas.
O avanço em volume se somou aos reajustes autorizados no início do ano, de até 5%, resultando em um salto também no faturamento. Entre janeiro e junho, o setor movimentou R$ 138,3 bilhões, alta de 11,5% em relação a 2024.
Nacionalização e força dos genéricos
De acordo com a Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais, sete em cada dez embalagens vendidas foram produzidas no país. Os genéricos lideraram com 2 bilhões de unidades, seguidos pelos similares, com 2,1 bilhões. Os medicamentos de referência, dominados por multinacionais, responderam por 305 milhões.
Esse desempenho confirma uma trajetória de longo prazo. Nos últimos 25 anos, o mercado nacional cresceu 180% em número de unidades vendidas. Só desde 2020, a alta foi de 19%. Parte desse avanço se deve ao fortalecimento da lei dos genéricos, criada em 1999, que multiplicou as opções disponíveis no país: de menos de 5 mil registros ativos na Anvisa em 2000, o Brasil passou a contar com mais de 17 mil medicamentos aprovados.
"O desempenho da indústria nacional mostra como genéricos e similares se consolidaram como pilares de acesso e sustentabilidade do sistema de saúde", avaliou o presidente executivo da entidade.
SUS como motor do setor
O Sistema Único de Saúde (SUS) é hoje o principal comprador de genéricos e similares, respondendo por 74% da demanda. A compra pública garante não apenas a distribuição gratuita à população, mas também volume suficiente para manter a produção em escala industrial.
Projeções do setor indicam que, até 2030, cerca de 1,5 mil patentes de medicamentos vão expirar, abrindo espaço para novas ondas de genéricos. O movimento deve consolidar ainda mais a posição das empresas brasileiras, que já respondem por quase 80% do mercado interno.
Se no início dos anos 2000 a participação era dividida de forma equilibrada entre laboratórios nacionais e estrangeiros, hoje as multinacionais concentram-se em produtos de referência e detêm apenas 20% das vendas. A expectativa é que essa fatia caia para 10% até o fim da década.
"O setor nacional tornou-se estratégico para o abastecimento de medicamentos essenciais. O desafio é equilibrar acesso, qualidade e inovação tecnológica", destacou o dirigente da associação.
Varejo aposta no digital
O setor como um todo faturou R$ 138,3 bilhões
Enquanto a indústria reforça a liderança dos genéricos, o varejo farmacêutico vive um processo acelerado de digitalização. Nos últimos 12 meses até junho de 2025, as vendas totais - em lojas físicas e digitais - cresceram 10,9%. Mas o grande destaque veio do comércio online, que avançou 35,6% no período.
Entre janeiro e junho, as vendas digitais subiram 38% frente ao mesmo semestre de 2024. No segundo trimestre, o salto chegou a 42,4%. A curva histórica mostra que, em cinco anos, as transações pela internet quase quadruplicaram, consolidando-se como alternativa preferida para grande parte dos consumidores.
Os aplicativos próprios das redes são hoje os principais canais de compra, responsáveis por 60% das vendas digitais - um faturamento de R$ 5,8 bilhões. A promessa de entrega em até uma hora, com pagamento salvo no cartão do cliente, ajuda a fidelizar usuários.
Outros canais também avançam. O televendas, incluindo WhatsApp, cresceu 42,2%, alcançando R$ 800 milhões em um ano. O modelo atrai principalmente consumidores idosos, que costumam gastar mais por pedido. Já os marketplaces e superaplicativos duplicaram participação, com crescimento de 118% e R$ 1 bilhão movimentados, embora ainda representem apenas 10% do total digital.
Pressão sobre pequenos negócios
O ritmo acelerado da digitalização, no entanto, tem imposto desafios a farmácias independentes. Sem recursos para investir em tecnologia e logística, muitas não conseguem competir com as grandes redes. Analistas apontam que, pela primeira vez, há mais farmácias independentes fechando do que abrindo no país.
Ainda assim, cooperativas regionais e redes de empresários locais conseguem manter competitividade em alguns mercados, apoiadas em gestão profissional e serviços compartilhados.
Perspectivas
O balanço do semestre revela um setor fortalecido pela produção nacional e pela rápida migração ao digital. O horizonte para os próximos anos aponta para crescimento contínuo, alimentado pela chegada de novos genéricos e pela consolidação das vendas online.
O grande desafio, segundo especialistas, será equilibrar preço acessível e inovação. Garantir medicamentos baratos à população sem perder a capacidade de investir em pesquisa e tecnologia será a chave para sustentar a relevância da indústria farmacêutica brasileira na próxima década.
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MEDICINA S/A
Pacientes com doenças raras enfrentam escassez de especialistas e longa espera por diagnóstico no Brasil
No Brasil, cerca de 13 milhões de pessoas vivem com uma das mais de 8 mil doenças raras conhecidas. Apesar do número expressivo, o acesso ao diagnóstico e ao tratamento ainda é marcado por uma série de obstáculos: falta de profissionais capacitados, serviços de referência mal distribuídos e pouco engajamento das esferas públicas e privadas no enfrentamento desses desafios.
Do total de patologias raras conhecidas, aproximadamente 80% têm origem genética, o que reforça o papel essencial do médico geneticista na jornada do paciente. No entanto, o Brasil conta atualmente com apenas 342 profissionais habilitados na área – um para cada 625 mil habitantes, número muito aquém do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que sugere 1 geneticista para cada 100 mil pessoas.
“A jornada de quem vive com uma doença rara costuma ser longa e cheia de incertezas. Muitos pacientes passam por múltiplos diagnósticos errados, tratamentos inadequados e até cirurgias desnecessárias, antes de chegar a uma resposta definitiva”, afirma o médico geneticista Rodrigo Ambrosio Fock, especialista em genética médica e referência no atendimento de doenças raras.
Política nacional avança a passos lentos
Instituída em 2014, a Política Nacional de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras previa a criação de centros especializados e uma rede estruturada de atendimento. No entanto, mais de uma década depois, apenas 18 centros estão credenciados junto ao Ministério da Saúde, concentrados majoritariamente nas regiões Sul e Sudeste. A região Norte permanece sem nenhum serviço oficialmente habilitado. “Essa lacuna no credenciamento não significa que não haja profissionais atuando em genética médica nesses estados, mas indica a dificuldade de estruturação e financiamento dos serviços para serem reconhecidos como centros de referência”, ressalta o geneticista.
Formação profissional ainda é insuficiente
Nos últimos anos, houve crescimento no interesse pela genética médica: o número de candidatos por vaga em programas de residência aumentou em mais de 10 vezes entre 2012 e 2025. Contudo, o ritmo de expansão ainda não é suficiente para suprir a demanda nacional.
Além da ampliação das vagas, Fock aponta como urgente a revisão dos currículos de graduação na área da saúde, de forma que o tema das doenças raras e da genética seja tratado com a devida profundidade. “É preciso também investir em estratégias como o teleatendimento, protocolos clínicos e modelos de matriciamento para apoiar os profissionais em regiões desassistidas”, defende.
Ações devem ser tomadas para mudar essa realidade
Para o geneticista, o enfrentamento das doenças raras deve ser encarado como um esforço intersetorial. “O poder público, a indústria, os profissionais de saúde e a academia precisam agir de forma coordenada para transformar a realidade desses pacientes. A falta de estrutura não pode ser mais uma barreira para quem já enfrenta uma condição de saúde complexa”, conclui.
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Comissão aprova fim da exigência de junta médica em divergência com plano
A Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que elimina a exigência de junta médica ou odontológica para decidir sobre a cobertura de um procedimento quando houver divergência entre o plano de saúde e o profissional que assiste o paciente.
Foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo 784/17, do ex-deputado Chico D’Angelo (RJ), que susta resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A norma da ANS determina a formação da junta sempre que houver discordância entre a operadora e o profissional responsável pelo atendimento.
Segundo a ANS, o objetivo da medida era dar transparência ao processo e agilizar o atendimento, reduzindo a judicialização.
A comissão aprovou a proposta por recomendação do relator, o deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB). Segundo ele, a legislação não prevê mediação obrigatória como condição para cobertura contratual, nem autoriza a ANS a instituir esse tipo de procedimento.
“Essa exigência pode ser interpretada como forma de negar cobertura sem fundamento técnico claro, o que configura violação do direito do paciente à assistência tempestiva”, afirmou.
Gilberto Silva acrescentou que há relatos de uso das juntas como obstáculo ao acesso à saúde. Ele mencionou, entre os abusos, negativas padronizadas disfarçadas de análise individual, indução à desistência e decisões sem base científica.
“Impor um modelo obrigatório por via regulamentar fragiliza a proteção ao beneficiário e a autoridade clínica do médico assistente”, disse o deputado.
Próximos passos
A proposta ainda será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Em seguida, será votada pelo Plenário.
Para vigorar, a proposta precisa ser aprovada pela Câmara e pelo Senado.
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A crise silenciosa da Patologia: quem vai diagnosticar o câncer?
Pouca gente sabe, mas estamos vivendo uma crise silenciosa na Medicina: a queda contínua do número de patologistas no Brasil e no mundo. Esses são os profissionais que, diante de uma lâmina de biópsia, confirmam ou afastam um diagnóstico de câncer, orientam cirurgias e definem tratamentos que podem salvar vidas.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Patologia alerta: temos pouco mais de 2.500 patologistas em atividade, número muito abaixo do necessário para atender a crescente demanda oncológica.
E o dado mais preocupante: 93,8% dos estudantes de Medicina afirmam não ter interesse em seguir a especialidade.
Nos Estados Unidos, entre 2007 e 2017, o número de patologistas caiu 17,5%, enquanto a carga de trabalho por profissional aumentou em mais de 40%. No Reino Unido, o cenário é semelhante, com vagas de residência não preenchidas e serviços sobrecarregados. A previsão para 2050 é sombria: se nada for feito, haverá um descompasso estrutural entre a demanda por exames e a disponibilidade de especialistas.
Entre os motivos que levam para que ninguém queira ser patologista estão:
Por que ninguém quer ser patologista?
Exposição tardia à especialidade: durante a graduação, a patologia aparece pouco e de forma teórica, distante da prática clínica;
Baixa atratividade da carreira: percepção de pouco contato com pacientes, excesso de laudos e insegurança diante do avanço da inteligência artificial;
Carga de trabalho crescente: mais exames, mais complexidade e prazos cada vez mais curtos;
Bolsa de residência congelada: no Brasil, o valor nacional está parado em R$ 4.106 desde 2022, sem qualquer diferencial para áreas críticas como a patologia.
O que pode mudar esse quadro?
Aqui entra uma oportunidade estratégica: o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação poderiam criar um incentivo diferenciado para os residentes em Patologia, valorizando quem escolhe uma especialidade vital para o SUS. Um adicional de bolsa, auxílio moradia e acesso a programas de capacitação em patologia digital e biologia molecular fariam toda a diferença para atrair jovens médicos.
Outros países já mostraram que mentoria precoce, estágios bem estruturados e reconhecimento financeiro ajudam a reverter a evasão. No Brasil, esse movimento precisa começar agora, antes que seja tarde demais.
O risco de não agir
Sem patologistas suficientes, a consequência será clara: atraso nos diagnósticos de câncer, filas maiores no SUS e sobrecarga nos poucos serviços existentes. A luta contra o câncer depende diretamente desses profissionais invisíveis ao grande público, mas indispensáveis para salvar vidas.
É hora de trazer luz a essa crise silenciosa. Se queremos um futuro com diagnósticos rápidos e tratamentos eficazes, precisamos valorizar a patologia hoje.
*Francine Hehn de Oliveira é Médica Neuropatologista e Membro do Conselho de Administração do Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC).
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JORNAL OPÇÃO
Conheça a blefaroplastia, a cirurgia estética mais realizada em 2024, que pode ir além da beleza
Segundo o especialista, a cirurgia trata essa flacidez, devolvendo à pálpebra sua capacidade funcional
A blefaroplastia, conhecida como cirurgia das pálpebras, foi o procedimento estético mais realizado no mundo em 2024, segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS). Foram mais de 2,1 milhões de intervenções, representando um crescimento de 13,4% em relação ao ano anterior. Mas o que muitos não sabem é que essa cirurgia vai muito além da estética, ela pode melhorar significativamente a saúde ocular.
Em entrevista exclusiva ao Jornal Opção, o médico oftalmologista, Dr. Luciano Pereira, da equipe do Instituto Panamericano da Visão, explica que a blefaroplastia não apenas rejuvenesce o olhar, mas também corrige disfunções funcionais das pálpebras que afetam diretamente a visão. Somente no Instituto Panamericano, de janeiro a julho, foram realizadas 450 cirurgias, mais de duas por dia.
“As pálpebras têm um papel fundamental na proteção dos olhos e na distribuição da lágrima sobre a superfície ocular. Para que funcionem bem, precisam de um tônus adequado, que se perde com o tempo. O excesso de pele e gordura, somado à flacidez dos tecidos, compromete essa função”, explica Dr. Luciano.
Segundo o especialista, a cirurgia trata essa flacidez, devolvendo à pálpebra sua capacidade funcional. “Além de melhorar a estética, ela melhora o funcionamento da pálpebra, desde que realizada por um profissional competente. O contrário também pode ocorrer, se houver retirada excessiva de tecido.”
Embora seja mais comum após os 40 anos, a blefaroplastia também é indicada em pacientes mais jovens, quando há excesso de pele ou bolsas que causam desconforto. “Temos pacientes operando antes dos 40. A indicação depende da anatomia e da demanda individual”, afirma.
Há dois perfis principais de pacientes: os que buscam o rejuvenescimento facial e os que têm prejuízo funcional. “Quando o excesso de pele invade o campo visual, além da melhora estética, a cirurgia recupera a função visual perdida. Além disso, a correção da flacidez palpebral pode melhorar a distribuição da lágrima, o que impacta diretamente no conforto e na qualidade da visão”, destaca o médico.
Complicações
Dr. Luciano reconhece que, como qualquer cirurgia, a blefaroplastia envolve riscos. “Esses riscos são controláveis quando o procedimento é feito por um cirurgião com formação adequada, em ambiente hospitalar seguro, e com um paciente comprometido com o pós-operatório”, aponta.
Entre as complicações mais comuns estão irregularidades no contorno da pálpebra e o ectrópio, que é quando a pálpebra inferior se projeta para fora. “Mas são situações evitáveis com planejamento e técnica”, reforça.
Tecnologia
Um dos avanços que têm contribuído para resultados mais precisos é o uso do laser de CO₂. “Ele pode ser usado como instrumento de corte, o que gera menos inchaço e hematomas, acelerando a recuperação. Também pode ser aplicado para resurfacing da pele, melhorando textura e somando ao rejuvenescimento”, explica Dr. Luciano.
Após a cicatrização, o tratamento pode ser complementado com toxina botulínica, oferecendo um resultado estético mais completo. “Tudo é planejado com base nas características e nas expectativas de cada paciente. A blefaroplastia, portanto, não é apenas uma cirurgia para melhorar o olhar, é uma intervenção que pode devolver visão, conforto e autoestima”, conclui.
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Assessoria de Comunicação