CLIPPING AHPACEG 09 A 11/08/25
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
Faustão e a fila de transplantes no Brasil: como funciona o sistema de prioridade
Do Entorno a Brasília: o vaivém de mães em busca de partos seguros
Para 87% da população, médicos precisam comprovar atualização profissional
https://medicinasa.com.br/atualizacao-medicos/
Nova estratégia terapêutica é testada para controle de condições como a sepse
https://medicinasa.com.br/estrategia-terapeutica/
Bioética e direito médico: fundamentos que todo médico deve dominar
https://medicinasa.com.br/bioetica-direito-medico/
Cuidados Intensivos: Construindo uma UTI de Alta Performance
https://medicinasa.com.br/uti-alta-performance/
O desafio de proteger dados em um setor em transformação
https://medicinasa.com.br/ciberseguranca-saude-desafios/
IA na medicina é sinergia entre máquina e olhar humano
https://medicinasa.com.br/ia-medicina-sinergia/
Xingamentos, agressões e até ameaças de morte: profissionais da saúde denunciam rotina de violência
Comando do Imas é alterado
https://g1.globo.com/go/goias/videos-ja-1-edicao/video/comando-do-imas-e-alterado-13828398.ghtml
O POVO
Faustão e a fila de transplantes no Brasil: como funciona o sistema de prioridade
Faustão passou por transplantes rápidos após internação grave, reacendendo dúvidas sobre a fila única e os critérios de prioridade
O apresentador Fausto Silva, mais conhecido como Faustão, realizou dois transplantes de órgãos nas últimas quarta e quinta-feira, dias 6 e 7 de agosto.
Faustão, que tem 75 anos de idade, precisou passar pelas cirurgias após ser internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, na manhã de quinta-feira, 7.
A hospitalização — iniciada em 21 de maio — foi motivada por uma infecção bacteriana aguda, diagnosticada como sepse, uma condição grave que pode levar à falência múltipla de órgãos e até ser fatal, segundo boletim médico divulgado na sexta-feira, 8.
O ex-comandante do Domingão recebeu o transplante de fígado no dia 6 de agosto e o retransplante de rim no dia seguinte, 7 de agosto. Ambos os órgãos vieram do mesmo doador, e a cirurgia do rim já estava prevista há cerca de um ano.
Durante o período de internação, o apresentador foi “submetido a tratamento para controle da infecção, além de reabilitação clínica e nutricional, com o objetivo de estabilizar seu quadro de saúde”, conforme o boletim médico.
Essa não é a primeira vez que Faustão passa por transplante de órgãos. Em agosto de 2023, ele foi submetido a um transplante de coração, devido ao agravamento de insuficiência cardíaca.
Menos de um ano depois, em fevereiro de 2024, precisou fazer um transplante de rim, já que a função renal estava comprometida e ele necessitava de hemodiálise.
Com as cirurgias desta semana, Faustão já soma quatro transplantes realizados: um coração, um fígado e dois rins.
A rapidez na realização dos transplantes gerou questionamentos sobre possível favorecimento na fila de espera. Em resposta, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT-SP), usou suas redes sociais para esclarecer o caso:
“O Faustão fez o transplante porque já estava na fila de urgência. Casos como o dele são realizados com prioridade e podem ocorrer em até 48 horas. Só no ano passado, mais de 100 pessoas no SUS passaram por dois ou mais transplantes”, explicou.
“Não há nenhuma irregularidade no caso do Faustão. Respeite o SUS, respeite o Faustão, respeite os profissionais de saúde”, completou Alexandre Padilha.
Entenda os transplantes no Brasil
O Sistema Nacional de Transplantes (SNT), ligado ao Ministério da Saúde, administra a maior rede pública de transplantes do mundo, garantindo acesso gratuito e integral aos pacientes, seja pelo SUS ou planos de saúde. No país, existe uma lista única de espera, que prioriza pacientes por critérios técnicos.
Atualmente, cerca de 46.718 pessoas aguardam por transplantes, sendo mais de 43 mil para rim.
A seleção dos pacientes é feita com base em critérios como tipo sanguíneo, dentre eles:
peso
altura
compatibilidade genética e anatômica
estado de gravidade
tempo de espera
Quando esses critérios são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro é usada como critério de desempate.
O tempo de espera varia conforme o órgão e a disponibilidade. Por exemplo, no transplante de coração, 27,5% dos pacientes esperam menos de 30 dias, enquanto 29% aguardam entre 30 e 90 dias.
Apesar dos avanços — como transplantes inéditos pelo SUS e aumento no número de doadores —, o Brasil ainda enfrenta desafios. Em 2024, foram realizados 30.300 transplantes, batendo o recorde anterior de 28.700 em 2023, mas a fila de espera segue grande.
Para aumentar a compatibilidade e reduzir o tempo de espera, o SUS implementou a Prova Cruzada Virtual, que simula a reação entre o soro do receptor e os antígenos do doador, antecipando possíveis rejeições.
A transparência e equidade são pilares do sistema brasileiro de transplantes, que busca aprimorar-se para salvar mais vidas.
Sobre o assunto
Doação por doadores vivos
Pessoas vivas podem doar rim, parte do fígado, medula óssea ou pulmão. Pela lei brasileira, parentes até o quarto grau e cônjuges podem doar. Doadores sem parentesco só podem doar com autorização judicial.
Nesses casos, a doação é feita diretamente ao paciente, sem a necessidade de entrar na lista do SNT, seguindo critérios técnicos rigorosos. A doação deve ser espontânea e voluntária, com manifestação formal perante a Justiça, pois a venda de órgãos é proibida.
Além disso, o doador passa por exames para comprovar compatibilidade e assegurar a saúde do órgão.
No caso de Faustão, entretanto, os transplantes realizados esta semana ocorreram após acionamento da Central de Transplantes do Estado de São Paulo, segundo o Hospital Albert Einstein.
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CORREIO BRAZILIENSE
Do Entorno a Brasília: o vaivém de mães em busca de partos seguros
A rede pública de saúde do Distrito Federal é referência além das fronteiras da capital. Milhares de pacientes vindos de outras cidades, principalmente dos municípios goianos do Entorno, chegam ao DF em busca de atendimento, especialmente para um dos momentos mais delicados da vida: o nascimento de um filho.
Em 2024, o DF registrou 238.733 internações hospitalares. Desse total, 46.628 (ou 19,53%) foram de moradores de Goiás. As cidades mais atendidas são Valparaíso, Águas Lindas e Luziânia — parte da Região Metropolitana do Entorno, que inclui 11 municípios.
Além disso, no último ano, dos 31.553 partos realizados no DF, 9.410 foram de mulheres de Goiás, o que representa 29,82%. A explicação para isso passa por muitos fatores. Não é uma mera questão de escolha, visto que muitas cidades do Entorno ainda enfrentam a falta ou a insuficiência de estruturas hospitalares para o parto.
Segundo a Secretaria de Saúde de Goiás, das 11 cidades do Entorno, apenas seis contam com maternidades públicas pelo SUS. Três delas são da rede estadual: os hospitais estaduais de Águas Lindas, Formosa e Luziânia. As outras três são municipais: Cocalzinho, Cristalina e Santo Antônio do Descoberto.
Esse cenário gera desafios para a capital do país. A região centro-sul do DF (que abrange Candangolândia, Cidade Estrutural, Guará, Park Way, Núcleo Bandeirante, Riacho Fundo I, Riacho Fundo II, Setor de Indústria e Abastecimento e Setor Complementar de Indústria e Abastecimento) não conta com maternidade. Isso obriga as gestantes a buscar atendimento em hospitais de outras regiões, como o Materno Infantil (HMIB) ou o Regional da Asa Norte (HRAN).
No Distrito Federal, a rede de atenção à saúde está estruturada em 7 regiões de Saúde, que estão organizadas em 3 macrorregiões: Macrorregião 1 (Regiões Oeste e Sudoeste), Macrorregião 2 (Regiões Central, Centro-sul e Sul) e Macrorregião 3 (Regiões Norte e Leste)
A pressão é ainda maior nos hospitais do Gama e Santa Maria, que recebem grande parte da população da Região Integrada de Desenvolvimento do DF e Entorno (RIDE), o que pode comprometer a qualidade do atendimento. Segundo o documento Planejamento Regional Integrado 2024-2027, elaborado pela Secretaria de Saúde do DF, o fluxo intenso dificulta a articulação entre os cuidados do pré-natal e a assistência hospitalar, considerada essencial para um parto seguro.
A história da vendedora Jovana Danielly, moradora de Águas Lindas de Goiás, ilustra esse cenário. Em 2021, ela realizou todo o pré-natal no município onde mora, localizado a cerca de 50km de Brasília. A orientação médica era que o parto fosse realizado no Hospital Universitário de Brasília (HUB). Em 7 de julho daquele ano, ao sentir desconfortos que acreditava ser indicativo de trabalho de parto, Danielly buscou ajuda na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade e foi orientada a voltar para casa.
As dores aumentaram ao longo do dia, e ela decidiu tentar chegar ao Hospital de Ceilândia, mais próximo do que o HUB. Mas a bolsa rompeu no meio do caminho, já no trecho da BR-070, próximo à barragem do Rio Descoberto. Já era fim de tarde, horário de trânsito intenso. Então, a família decidiu parar na unidade operacional da Polícia Rodoviária Federal a fim de pedir ajuda. Foi ali que a pequena Isadora nasceu, com o auxílio do policial Alessandro Castro. “Foi tudo muito rápido. Ele me acalmou, me passou muita segurança”, lembra Danielly. Hoje, Isadora, 4 anos, mantém um carinho especial por aquele que a ajudou a vir ao mundo.
Casos como o de Danielly não são exceção. Segundo a professora Carla Pintas Marques, do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB), está pactuado entre o Distrito Federal e os municípios do Entorno para que os partos, especialmente os de alto risco, sejam feitos em Brasília. “Essas gestantes precisam de cuidados especializados, e o transporte até o DF é responsabilidade do município de origem”, explica.
A especialista destaca que, embora o pré-natal seja feito nas unidades básicas de saúde locais, muitas cidades do Entorno não têm estrutura para manter maternidades adequadas. “Mas as unidades de parto de risco habitual — que é o novo nome do antigo ‘baixo risco’ —, essas, sim, poderiam funcionar nos próprios municípios”, cita. Se isso fosse colocado em prática, Brasília poderia atender especificamente os casos de alto risco, pois a capital têm melhores condições de dar esse suporte. “Muitas dessas consultas de alto risco são feitas aqui em Brasília, nos hospitais especializados”, pontua.
Silvia Badim Marques, professora do Departamento de Saúde Coletiva da UnB, ressalta que as maternidades devem ser ampliadas. “Precisamos ter mais profissionais e mais leitos. O Hospital Regional de Ceilândia, por exemplo, atende uma população muito grande. Já tivemos iniciativas como a criação de uma casa de parto naquela região, que tem muita demanda inclusive do Entorno”, cita.
“Acredito muito que a solução passa justamente pelo aprimoramento dos acordos entre Goiás o Distrito Federal, para que possamos melhorar as políticas públicas, inclusive no que diz respeito ao deslocamento e à oferta de transporte adequado. Também é fundamental estabelecer um sistema eficiente de referência e contrarreferência nessas regiões, para que as gestantes não sofram com os impactos desse deslocamento”, acrescenta Silvia.
União de forças
A Secretaria de Saúde do DF afirma que reconhece a importância da pactuação entre o DF e os municípios da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE), especialmente na assistência obstétrica de alto risco. Para organizar o fluxo e reduzir a peregrinação das gestantes, foi publicada, em dezembro de 2018, a Portaria nº 1.321, que estabelece a vinculação das gestantes às maternidades de referência, tanto no DF quanto nos municípios da RIDE. A medida visa garantir o acesso, reduzir a sobrecarga em unidades específicas e, sobretudo, contribuir para a redução da mortalidade materna.
“Para unirmos força, é fundamental que tenhamos diálogo com os outros secretários e com o Ministério da Saúde. O caminho é o diálogo. A meta é definir responsabilidades entre as partes, encontrando assim soluções perenes para o atendimento da população do DF e dos municípios vizinhos”, reforça o secretário de Saúde do DF, Juracy Lacerda.
Já o secretário de Saúde de Goiás, Rasivel Santos, frisou que a meta do governo é regionalizar e qualificar a assistência materno-infantil em todo o estado, incluindo, prioritariamente, regiões como o Entorno. “Além dos três hospitais estaduais implantados no Entorno do DF, a partir de 2021, temos também a Policlínica de Formosa, com suporte ambulatorial à saúde da mulher. Todas as unidades são referências regionais na assistência”, diz ao Correio.
Ainda segundo o secretário, Goiás está implementando a Rede Nascer, política de atenção integral à saúde materno-infantil a ser lançada em setembro, que prevê o reforço no pré-natal, com incremento na carteira de exames, contrapartida estadual para o custeio de serviços de assistência ao parto de risco habitual e alto risco, plataforma para o cadastro e acompanhamento das gestantes, call center de apoio e acompanhamento da gestante.
Rasivel frisou que a pasta atua com os municípios do Entorno, em parceria com o Conselho de Secretários Municipais de Saúde, na estruturação da Rede Nascer. “Muitos deles já têm investido na ampliação do serviço, como Novo Gama e Águas Lindas, com construção de um Centro de Parto e Maternidade, respectivamente. Dessa forma, estado e municípios têm trabalhado para uma melhor organização da atenção materno-infantil em Goiás”, destaca.
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MEDICINA S/A
Para 87% da população, médicos precisam comprovar atualização profissional
A Associação Médica Brasileira (AMB) acaba de lançar uma pesquisa inédita para conhecer a opinião dos brasileiros sobre a importância da Certificação Médica no país. O levantamento foi feito pelo Instituto Datafolha. Para 87% da população brasileira, os médicos são os profissionais que mais precisam ter comprovação de atualização profissional. A pesquisa avaliou a percepção da população sobre a importância dessa comprovação para seis profissões, com base em uma escala de 0 a 10.
Considerando as atribuições de notas 9 e 10, a classe médica ficou em primeiro lugar.
Pilotos de avião (82%) ficaram em segundo lugar, seguidos por jornalistas (75%), engenheiros (74%), advogados (71%), com uma avaliação semelhante. A atualização profissional de arquitetos (68%) foi percebida como menos importante. Outro dado relevante é que 76% dos entrevistados consideram que, no Brasil, deveria ser obrigatória a atualização do certificado para médico especialista, 16% consideram que deveria ser opcional, ficando a critério de cada médico, 5% acham desnecessária, porque o médico já é especialista e 2% não souberam responder. Os índices são semelhantes entre as cinco regiões do país e entre a região metropolitana e interior.
O presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), César Eduardo Fernandes, destacou a importância da pesquisa inédita da entidade, que revelou a grande preocupação da população brasileira com a qualificação dos médicos no país, bandeira defendida pela associação. Segundo César, no Brasil hoje, há aproximadamente 600 mil médicos e 40 mil novos médicos se formando todos os anos. Dentro de poucos anos, teremos mais de um milhão de médicos. Por habitante, o país tem mais médicos que os Estados Unidos e a França, Inglaterra e Canadá, por exemplo.
“Mas e a qualificação e certificação desses médicos? Temos médicos que estão saindo com muitas deficiências das escolas. Não por culpa deles, claro, mas por culpa do aparelho formador. Por isso somos favoráveis a criação da realização de um exame de proficiência para os graduados e formados em Medicina, nos moldes do exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a chamada “OAB dos médicos”, que está sendo discutida em um projeto de lei, que tramita no Senado”, explica César.
“Do jeito que está hoje, a pessoa sai da faculdade com o certificado de conclusão de curso e já ganha seu registro profissional, e está, portanto, habilitado legalmente a atender pacientes. Mas não sabemos a qualidade desta formação e a população identificou isso na pesquisa”, relatou.
Segundo o presidente, há 440 escolas de medicina, mais 95 escolas autorizadas a abrir, em municípios pequenos, e cerca de 190 com processo judicial com ganho de causa. “Ou seja, chegaremos em breve a mais de 700 escolas de medicina, o que é um descalabro total. O Brasil já é o segundo país com mais escolas médicas do mundo, só perde para a Índia, que tem 600, mas com uma população 6 vezes maior que a nossa. Isso começou com uma ideia provavelmente boa, de aumentar a disponibilidade de médicos no país, mas se perdeu com o tempo e muitas destas instituições viraram grandes negócios. É preciso haver regras mais rígidas”. concluiu.
A AMB lançou em junho a Campanha de Valorização do Título de Especialista com o objetivo de divulgar a importância da especialização dos médicos para a sociedade brasileira, incentivar os médicos a buscarem a certificação e o aprimoramento contínuo e por fim destacar os rigorosos critérios exigidos para a obtenção do título de especialista da AMB.
Riscos aos pacientes
O secretário geral da AMB, Florisval Meinão, afirma que o profissional mal formado pode ter muito mais dificuldades reais para estabelecer diagnósticos corretos, e atrasar tratamentos que poderiam oferecer mais qualidade de vida ao paciente.
“Ao fazer diagnóstico equivocados, ele irá oferecer tratamentos equivocados, pedir mais exames, onerar o sistema público e privado de saúde. Então certamente a má formação médica e falta de atualização e certificação, pode oferecer riscos à população.
E completa: “Preocupa a velocidade e a fúria na formação de novos profissionais. Em breve, teremos um número excessivo de médicos— e médicos muito mal preparados. São médicos que estudam em escolas onde faltam docentes, falta campo de ensino, que também cresceram significativamente. E o médico não se forma assistindo vídeos ou fazendo provas, mas sim atendendo pacientes, tendo contato constante com os professores. E isso falta nas escolas”, concluiu.
Mais dados
Outra informação importante do levantamento, foi se o paciente procuraria informações sobre a qualificação do médico especialista, como onde se formou, se participou de congressos, cursos ou outras atualizações, antes de marcar uma consulta. 64% dos entrevistados procurariam informações sobre a qualificação do médico especialista antes de marcar uma consulta, caso estejam disponíveis, sendo que 31% deles buscariam para todas as consultas e 33% para algumas especialidades. Comparando o total com cada região, o Centro-Oeste é o que tem o menor índice de intenção de buscar de informações (56%).
“É necessário ter uma política de provisionamento de médicos, o profissional precisa ser qualificado e sobretudo determinante nas unidades básicas de saúde. A nossa resolutividade é muito baixa por conta da desqualificação de médicos no nosso país. Precisamos, efetivamente, de uma carreira de Estado. “Entendemos que o problema do Brasil não é falta de médicos. O ponto é: qualidade”, finaliza o presidente da AMB, César Eduardo Fernandes.
Perfil dos entrevistados
O estudo foi realizado no final de março de 2025 com a população de 16 anos ou mais de todas as classes econômicas. Ao todo, foram feitas 2002 entrevistas em 113 municípios brasileiros, sendo 40% em regiões metropolitanas das capitais e 60% no interior. (Esta amostra é representativa da população brasileira com 16 anos ou mais: 166,485 mi habitantes – população estimada 16 anos ou mais – PNAD 2023/ Estimativa IBGE 2024). A margem de erro máxima para o total da amostra é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, dentro de um nível de confiança de 95%.
A amostra é composta por 52% de mulheres e 48% de homens, com média de idade de 43 anos. Quanto à escolaridade, 22% cursaram o nível superior, 45% chegaram ao ensino médio e 34% ensino fundamental. Em relação à classe econômica, 25% pertencem às classes AB, 47% à classe C e 29% às classes DE. Observa-se que os índices das questões abordadas no estudo, importância da comprovação da atualização profissional, obrigatoriedade da atualização do certificado médico para especialista e a busca de informações sobre a qualificação dos médicos antes das consultas, são mais altos entre os entrevistados com maior escolaridade e renda, entre os economicamente ativos e os que têm plano ou seguro de saúde.
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Nova estratégia terapêutica é testada para controle de condições como a sepse
Estudo realizado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP descobriu que a inibição da enzima PAD4, envolvida nos processos inflamatórios, pode reduzir os sintomas da covid-19. Os testes, feitos em modelo animal, mostram ainda consequências na resposta imunológica do organismo e apontam para uma possível estratégia terapêutica para o controle de casos graves da doença, com potencial para outras situações em que há resposta inflamatória desregulada. Os resultados, porém, também chamam atenção para os riscos associados à diminuição da chamada resposta imune adaptativa, responsável por reconhecer e combater o vírus em novas exposições.
Conduzida por pesquisadores do Laboratório de Imunorregulação e Doenças (LID) da FMRP, a pesquisa avaliou os efeitos de uma substância que inibe essa enzima PAD4 e verificou que a inibição é comparável à ação da DNase recombinante, droga que degrada estruturas chamadas NETs (armadilhas extracelulares de neutrófilos) que se formam durante as infecções para conter agentes infecciosos. Quando essas NETs se acumulam, podem causar inflamação intensa e danificar os tecidos, especialmente os pulmões.
Segundo Caio Santos Bonilha, responsável pelo estudo, a inibição da PAD4 impede a formação das NETs, o que contribui para reduzir o processo inflamatório. “Entendemos que o efeito clínico observado se deve à redução das NETs no microambiente pulmonar, as quais induzem dano tecidual e, em casos graves, podem levar à insuficiência respiratória”, afirma o pesquisador que atua sob supervisão do professor Fernando Queiroz Cunha do Departamento de Farmacologia da FMRP.
Embora o foco do estudo tenha sido o coronavírus, a PAD4 está envolvida em outras doenças inflamatórias e autoimunes. A inibição dessa enzima pode ser investigada em situações em que a formação excessiva de NETs contribui para o agravamento dos sintomas, como em doenças pulmonares crônicas, sepse ou distúrbios autoimunes.
Melhora clínica com impacto na imunidade
Ao comparar a ação da inibição da PAD4 com a da DNase, os pesquisadores observaram que ambos os tratamentos levaram à melhora dos sintomas clínicos nos animais. No entanto, apenas o inibidor de PAD4 interferiu na imunidade. A substância comprometeu a ativação dos linfócitos T, células fundamentais para a defesa contra o vírus e para a formação de memória imunológica. Esse efeito ocorreu, entre outros motivos, pela redução na apresentação de antígenos pelas células dendríticas e pela diminuição da produção de interleucina-2 (IL-2) pelos próprios linfócitos T, substância essencial para a multiplicação dessas células de defesa.
“Essa descoberta não era esperada e nos levou a investigar mais a fundo. Verificamos que o inibidor da PAD4 afeta a produção de IL-2, citocina fundamental para a expansão dos linfócitos T”, comenta Bonilha. Na prática, embora o medicamento reduza a inflamação, também pode enfraquecer a capacidade do organismo de reagir a novas infecções pelo mesmo vírus.
Caminhos futuros: riscos, possibilidades e precauções
Os autores reconhecem que a utilização do inibidor de PAD4 deve ser cuidadosamente avaliada. Uma das hipóteses discutidas é seu uso em casos graves da covid-19, quando a inflamação descontrolada causa mais prejuízos do que a presença do vírus. No entanto, essa abordagem pode ser inadequada em pacientes com o sistema imunológico comprometido ou quando se deseja estimular uma resposta imune duradoura.
“É razoável supor que a primeira escolha em uma terapia visando às NETs em doenças infecciosas seja com o uso de DNase, por ter efeito similar ao inibidor de PAD4 na neutralização do dano tecidual, mas mantendo a formação de memória imunológica”, afirma o cientista.
Segundo Bonilha, há também a possibilidade de utilizar o inibidor da PAD4 em combinação com outros medicamentos, como agentes que estimulem a imunidade. Estudos semelhantes já são realizados com corticoides, outro tipo de anti-inflamatório que também reduz a resposta imune.
Para ele, o avanço dessa linha de pesquisa depende de novos estudos pré-clínicos, especialmente em modelos de covid longa, além da avaliação de segurança e eficácia da substância antes de qualquer tentativa de aplicação em humanos. Se esses estudos tiverem resultados positivos, os primeiros testes clínicos podem ocorrer nos próximos anos.
Na avaliação do pesquisador, os resultados também reforçam a importância da continuidade dos investimentos em ciência no Brasil. “É fundamental que pesquisas como essa continuem sendo desenvolvidas no País. O Brasil tem pleno potencial para liderar descobertas com impacto global desde que haja valorização contínua da ciência nacional”, conclui Bonilha. (Com informações do Jornal da USP)
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Bioética e direito médico: fundamentos que todo médico deve dominar
Com a crescente complexidade dos sistemas de saúde, a presença de profissionais do Direito especializados em temas como Bioética, Direito Médico e Compliance tem se tornado cada vez mais essencial. Questões como a judicialização da saúde, os dilemas éticos no cuidado, o conflito de interesses na prescrição médica e os riscos regulatórios exigem respostas técnicas, sensíveis e alinhadas aos princípios que norteiam o cuidado em saúde.
Para aprofundar essas discussões, Camila Cortez, advogada especialista em Bioética, Direito Médico e Compliance, analisa os principais desafios enfrentados por instituições, profissionais da saúde e gestores diante de um cenário em constante transformação. A profissional é fundadora da KCortez Consultoria e conta com passagem pelo CREMESP.
Qual o papel da Bioética nos desafios contemporâneos da saúde brasileira?
Camila Cortez: A Bioética, hoje, é uma ferramenta fundamental para lidarmos com as questões que enfrentamos diariamente na saúde, especialmente na atuação dentro dos hospitais. Desde a entrada do paciente — a forma como nos comunicamos, acolhemos e apresentamos o termo de consentimento — até dilemas extremamente complexos como pacientes que não aceitam nenhum tipo de suporte e desejam que a morte ocorra de forma natural, sem intervenção, por exemplo. Esses são debates presentes no nosso cotidiano, e a bioética surge como uma aliada essencial para resolver esses conflitos da melhor maneira possível, sempre priorizando aquilo que é melhor para o paciente.
Quais temas você considera mais urgentes no debate sobre compliance em saúde?
Camila Cortez: Hoje, no compliance, eu costumo dizer que o tema ao qual precisamos dedicar mais atenção é o conflito de interesse, especialmente envolvendo o profissional de saúde prescritor. É fundamental observar quais relações esse profissional mantém com a indústria, de que forma realiza suas prescrições e se essas decisões são, de fato, voltadas para o melhor interesse do paciente ou influenciadas por algum vínculo externo.
Esse mapeamento precisa estar estruturado dentro da instituição de saúde. É necessário que existam mecanismos de controle claros e eficazes. Na minha atuação com compliance, esse tem sido um dos principais desafios. É evidente que cada instituição possui seu próprio perfil e suas dores específicas, mas o conflito de interesses, especialmente no âmbito da prescrição médica, é um tema que está constantemente no meu radar e que, sem dúvida, merece atenção prioritária.
Quais mudanças você observa no comportamento das instituições diante da judicialização da saúde?
Camila Cortez: A judicialização da medicina trouxe, infelizmente, um reflexo nas instituições e nos profissionais de muito medo. E eu digo que eu não sei o que veio antes: Se foi a judicialização ou se foi esse distanciamento entre relação médico-paciente. Porque essa judicialização contribui para esse distanciamento que gera judicialização.
Então, o nosso trabalho dentro dos hospitais é justamente empoderar os médicos, deixá-los seguros para que façam o melhor para o paciente e sempre, de uma forma também responsável, colocando tudo no prontuário, deixando de uma forma que eles, se questionados, possam justificar. Mas sem que isso seja uma barreira de aproximação entre as partes, porque esse distanciamento é justamente o que leva ao problema que a gente tem na saúde hoje. Fortalecer a relação médico-paciente me parece que é o melhor caminho e o que vai barrar efetivamente a judicialização.
Como eventos que debatem esses temas contribuem para a evolução do setor?
Camila Cortez: Esses eventos trazem à tona alguns temas que estão em voga e que a gente não consegue parar muito no dia a dia para olhar para eles. A gente consome muita informação e a medicina está evoluindo. Eu acredito muito na educação e na prevenção, de estarmos ao máximo preparados para os cenários que a gente tem que encarar na nossa profissão.
Eventos como esse contribuem de forma fundamental para que a gente olhe para esses temas e também que a gente consiga fazer um bom networking, que a gente troque com os profissionais, faça contatos, veja como é que está a experiência dos profissionais e criar uma grande rede de apoio.
Qual mensagem você gostaria de deixar para os profissionais da saúde que atuam na ponta?
Camila Cortez: Vocês não estão sozinhos. É importante que enxerguem o profissional do direito como um aliado. Diante de tantos desafios que temos vivenciado na saúde, é essencial ter alguém de confiança ao lado, que possa ajudar a embasar as decisões do dia a dia.
Estamos vivendo um momento de profissionalização intensa na Medicina — e isso também vale para outras áreas da saúde. Essa transformação exige que profissionais capacitados atuem em conjunto. Não cabe mais a figura do médico ser também advogado, contador, secretário e assumir todas as funções ao mesmo tempo. Da mesma forma, não temos nenhuma pretensão de que os médicos se tornem juristas.
O que faz a diferença hoje é uma equipe multidisciplinar, formada por pessoas com propósitos alinhados, mas com expertises diferentes. Esperamos que, cada vez mais, os profissionais de saúde enxerguem valor nesse tipo de parceria e façam adesão a esse tipo de serviço.
Quais os principais dilemas éticos enfrentados por instituições de saúde no contexto pós-pandemia?
Camila Cortez: Aprendemos a buscar novas formas de lidar com os problemas, como é o caso da bioética. Entendemos como uma gestão fortalecida pode mudar completamente o rumo das decisões dentro de uma organização.
Percebo que, ainda hoje, existe uma sensibilidade e até uma vulnerabilidade muito grande entre os profissionais de saúde. Esse é um ponto que precisamos manter sempre no nosso radar. Não podemos deixar esses profissionais desassistidos.
Outra lição importante diz respeito à comunicação. Muitas vezes, o que resta em momentos difíceis é o acolhimento e uma boa conversa. E a comunicação em saúde ainda é, de forma geral, bastante precária. Precisamos incentivar e valorizar uma comunicação mais clara, empática e efetiva entre equipes, pacientes e instituições.
De que forma a Bioética pode apoiar políticas públicas de saúde mais inclusivas e justas?
Camila Cortez: A bioética, que tem como um de seus princípios fundamentais a justiça, junto com a beneficência, a não maleficência e a autonomia, pode oferecer um olhar valioso e lançar luz sobre questões complexas discutidas nos hospitais.
O que ainda observamos é que poucas equipes possuem aptidão ou profissionais capacitados para lidar com bioética dentro das organizações de saúde. É um ponto que precisa ser fortalecido. Ainda é um movimento muito incipiente, se comparado ao que gostaríamos de ver implantado nas instituições.
O que é debatido pelos comitês de Bioética pode — e, muitas vezes, deve — ser compartilhado com a sociedade, desde que de forma ética e segura, sem a identificação dos envolvidos. Essas discussões podem gerar conhecimento e orientar boas práticas.
Nossa sociedade está envelhecendo, e precisamos começar a olhar com mais seriedade para esse cenário. A desospitalização será um dos grandes desafios dos próximos anos, e políticas públicas bem estruturadas podem fazer parte da solução.
Qual a importância do compliance nas relações entre instituições de saúde e operadoras?
Camila Cortez: O compliance é fundamental na relação entre as instituições de saúde e as operadoras — seja por questões relacionadas a fraudes, prescrição de materiais com valores acima do adequado ou até mesmo por exigências específicas das operadoras, como a entrega completa do prontuário do paciente.
Hoje, o compliance atua de forma integrada nesse relacionamento entre hospital e operadora. É uma relação que requer atenção redobrada com a fonte pagadora. Sabemos que existe um contrato, e que essa fonte pagadora é essencial para a sustentabilidade da instituição. No entanto, há diversas camadas em que o compliance precisa atuar.
Os contratos podem conter cláusulas abusivas, podem ferir normas éticas e até mesmo regulatórias. Muitas vezes, observamos conflitos entre as exigências contratuais e as normas dos Conselhos Regionais de Medicina, por exemplo. O olhar do compliance é essencial para mediar essas divergências e garantir segurança jurídica para as instituições.
Em uma perspectiva mais ampla, o que tem se tornado cada vez mais relevante é o problema da prescrição de materiais indevidos, materiais com valores acima do necessário ou em quantidades excessivas. Esse é um tema sensível, que envolve diretamente a ética e os custos da assistência, e o compliance tem sido cada vez mais acionado para atuar nessas frentes de forma estratégica e preventiva.
Como preparar líderes e gestores para lidar com questões éticas complexas no cotidiano assistencial?
Camila Cortez: Os líderes e gestores estão em um patamar de exigência muito diferente do que víamos há 10 ou 15 anos. Eles precisam estar preparados para esse novo papel — com um olhar mais amplo e, no mínimo, com noções sobre governança. Ainda que não dominem todos os temas, é essencial que contem com equipes multidisciplinares que os auxiliem.
Líderes e gestores precisam enxergar a saúde de forma sistêmica, compreender todos os stakeholders envolvidos e reconhecer quais são os mecanismos de apoio disponíveis, para que se sintam seguros e respaldados por profissionais com as expertises adequadas.
A principal ferramenta de preparação é o treinamento. O incentivo a debates sobre temas que fazem parte do dia a dia é essencial, porque os riscos não são estáticos. Eles evoluem com o tempo. À medida que os cenários se transformam, novos riscos surgem, e precisamos estar atentos a isso.
Se eu tivesse que destacar um único ponto, seria justamente esse: o treinamento contínuo. O gestor precisa estar aberto a aprender sobre diferentes áreas, para que possa orientar sua equipe com mais segurança e, assim, estar preparado para um cenário da saúde muito mais complexo do que aquele que enfrentamos anos atrás.
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Cuidados Intensivos: Construindo uma UTI de Alta Performance
Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de alta performance representam centros de excelência em saúde, onde convergem tecnologia de ponta, práticas clínicas baseadas em evidências, equipes multiprofissionais qualificadas e um compromisso contínuo com a segurança, eficiência e humanização do cuidado. Este artigo discute os principais pilares que sustentam esse modelo de atendimento, com base em indicadores robustos, protocolos padronizados e inovação tecnológica.
Uma UTI de alta performance se diferencia por integrar estrutura adequada, processos assistenciais bem definidos e resultados mensuráveis — conceito inspirado no modelo de qualidade de Donabedian (Donabedian, A. A. (1990). The Seven Pillars of Quality. Archives of Pathology & Laboratory Medicine, 114, 1115-1118). A qualidade do cuidado é mensurada por meio de indicadores estruturais, processuais e de desfecho, os quais devem estar alinhados às melhores práticas internacionais.
No coração desse ecossistema está a equipe multiprofissional, composta por intensivistas, enfermeiros especializados, fisioterapeutas respiratórios e motores, farmacêuticos clínicos, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais. Essa equipe atua de forma sinérgica, realizando visitas interdisciplinares diárias, com discussão de casos e revisão contínua dos planos terapêuticos, promovendo a personalização do cuidado de acordo com a evolução clínica de cada paciente.
A excelência clínica é sustentada por *indicadores de desempenho robustos*, que avaliam fatores como tempo de permanência, taxa de infecção hospitalar, mortalidade ajustada à gravidade e uso de recursos. Ferramentas como o SAPS 3 (Simplified Acute Physiology Score), TMP (Tempo Médio de Permanência) e TURP (Taxa de Utilização de Recursos por Paciente) permitem transformar dados clínicos em informações estratégicas, fundamentais para tomada de decisão, previsão de desfechos e alocação eficiente de recursos.
Em 2025, essa abordagem consolidou-se como padrão em UTIs de alta performance, promovendo não apenas melhores resultados clínicos, mas também maior transparência e accountability. A integração de sistemas eletrônicos e painéis gerenciais possibilita o acompanhamento em tempo real e a comparação com benchmarks nacionais e internacionais.
O reconhecimento do alto desempenho da UTI do Hospital Alemão Oswaldo Cruz veio com a conquista do selo Top Performer, concedido pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), por quatro anos consecutivos. A premiação leva em consideração os melhores índices de mortalidade ajustada e eficiência na utilização de recursos, refletindo a qualidade do modelo assistencial adotado pela instituição.
A excelência técnica é indissociável da humanização do cuidado. A presença familiar é incentivada, dentro de protocolos seguros, por meio de visitas e reuniões regulares com os familiares. A comunicação transparente, o respeito à dignidade do paciente e a escuta ativa são elementos centrais na condução do atendimento, especialmente em contextos de alta complexidade clínica.
A segurança do paciente é tratada como prioridade absoluta. A UTI adota protocolos rigorosos para prevenção de eventos adversos, como sepse, pneumonia associada à ventilação mecânica, tromboembolismo venoso e lesões por pressão. Além disso, a equipe participa de treinamentos periódicos com simulações realísticas, promovendo uma cultura organizacional voltada para a prevenção, resposta rápida e melhoria contínua.
Outro diferencial fundamental é a incorporação de tecnologias da informação. Sistemas de prontuário eletrônico integrados auxiliam os médicos com o monitoramento contínuo da evolução clínica, facilitando a tomada de decisões embasadas e oportunas. Ferramentas de análise preditiva oferecem suporte à antecipação de complicações e à otimização do uso de recursos, transformando dados em ações concretas de cuidado.
A UTI de alta performance representa um modelo avançado, seguro e centrado no paciente. Sua operação reflete um compromisso inabalável com a vida, a qualidade assistencial e a inovação. Em um cenário de desafios crescentes e demandas complexas, manter e aprimorar esse padrão de atendimento é não apenas uma conquista, mas uma necessidade.
A incorporação de estratégias baseadas em evidência, dados e empatia oferece uma oportunidade concreta de elevar a qualidade e a segurança no cuidado intensivo, promovendo desfechos clínicos superiores e sustentáveis para os pacientes mais vulneráveis.
*Amilton Silva Junior é gerente médico da UTI do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
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O desafio de proteger dados em um setor em transformação
Vivemos um momento de inflexão no setor de saúde. A transformação digital, antes vista como uma tendência, hoje é uma realidade consolidada em muitas instituições. Prontuários eletrônicos, inteligência artificial, interoperabilidade, dispositivos médicos conectados e sistemas em nuvem se tornaram parte do cotidiano de clínicas e hospitais. Mas com essa modernização acelerada, uma sombra tem crescido na mesma velocidade: o risco cibernético.
Não é mais possível ignorar que a saúde se tornou um dos setores mais visados por cibercriminosos. Segundo dados da Check Point Research, empresa de inteligência de ameaças cibernéticas, em 2025, o número de tentativas de ataques a instituições de saúde ultrapassou a média global. O Brasil registrou 2.664 ataques semanais por organização, com um crescimento de 73% em relação ao ano anterior. O dado mais alarmante é o salto de tentativas de ransomware, que foi de 6.500 em 2023 para 16.000 em 2024. Em dois anos, a saúde foi da 7ª para a 3ª posição entre os setores mais atacados do país.
Essa escalada não é um acaso. A saúde é um setor essencial e vulnerável. Carrega dados extremamente sensíveis, opera com sistemas muitas vezes legados e conta com uma cultura organizacional ainda despreparada para os desafios da segurança digital. É nesse ponto que devemos refletir com urgência, a transformação digital sem uma estratégia robusta de cibersegurança é uma ameaça disfarçada de progresso.
Quando a inovação encontra a fragilidade
É inegável que a tecnologia trouxe ganhos valiosos para a assistência, da melhoria na jornada do paciente à eficiência dos processos administrativos. Mas a pressa em adotar soluções inovadoras sem um olhar atento à segurança abriu brechas perigosas, como infraestruturas defasadas, múltiplos fornecedores desconectados, adoção de IA sem revisão de compliance e uma baixa maturidade cibernética são parte da equação que precisa ser revista.
É comum ver a TI ainda como o “guardião único” da segurança, quando na verdade esse é um compromisso coletivo. A cultura organizacional precisa evoluir. É necessário compreender que o cuidado com os dados do paciente faz parte do próprio cuidado com a saúde dele.
O impacto do despreparo
O que acontece quando a segurança é negligenciada? O resultado pode ser devastador, vazamento de dados, paralisação de sistemas, quebra de confiança e prejuízos financeiros imensuráveis. E pior, muitas vezes as instituições já foram atacadas antes mesmo de perceberem o quão vulneráveis estavam. Isso porque erros primários continuam sendo cometidos, como falta de um plano de resposta a incidentes testado e estruturado, backups ineficientes, sem criptografia ou testes reais de recuperação, permissões de acesso excessivas a dados sensíveis, falta de monitoramento contínuo e alertas proativos, e treinamentos escassos, especialmente para evitar ataques de phishing.
Em um cenário como esse, é quase inevitável que a crise aconteça. E quando ela vem, não há tempo para improvisos, apenas para arcar com as consequências.
Na saúde, a segurança da informação não é um item de checklist técnico, é um pilar de confiança pública. Profissionais da assistência devem compreender os limites éticos e legais do acesso à informação. Desenvolvedores e fornecedores de tecnologia devem entregar soluções com segurança desde o design, respeitando a LGPD, adotando arquiteturas “Zero Trust” e com rastreabilidade plena.
Já os sistemas de prontuário eletrônico precisam ir além da funcionalidade clínica. Devem incorporar criptografia, controle de acesso por perfil, logs auditáveis e múltiplas camadas de autenticação, especialmente com autenticação multifator (MFA). Tudo isso com governança clara e integrada.
Boas práticas: Da teoria à ação
A teoria já está escrita em normativas como a LGPD. Mas o que falta é a prática, o cotidiano seguro. É preciso atualizar constantemente sistemas e dispositivos médicos conectados, implantar MFA em sistemas clínicos e administrativos, realizar revisões periódicas de permissões com base em controle de acesso por função (RBAC), investir em treinamentos frequentes e contextualizados em segurança digital, criptografar dados em trânsito e em repouso, auditar os acessos de forma contínua, realizar pentests e simulações reais de ataque, ter contratos bem definidos com fornecedores, prevendo responsabilidades sobre segurança e privacidade, e contar com um plano de resposta a incidentes bem desenhado, testado e com papéis definidos.
Tudo isso pode parecer complexo, mas é a base mínima para quem deseja operar com segurança no setor da saúde. A ausência dessas práticas não é apenas um risco operacional, é um descuido com a vida humana mediada por sistemas.
A transformação digital na saúde não pode andar em paralelo à segurança, elas precisam caminhar juntas. A saúde não é apenas um serviço, é um direito, é confiança, é vida. E proteger os dados que sustentam essa missão é um compromisso inadiável.
Não podemos esperar o próximo ataque para perceber o valor da prevenção. Cibersegurança, hoje, é parte inseparável da assistência. É o que garante não só a integridade da informação, mas a continuidade do cuidado. Na saúde digital, proteger o dado é proteger o paciente.
*Andréa Rangel é Head de Negócios em Saúde da Hexa IT.
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IA na medicina é sinergia entre máquina e olhar humano
A Inteligência Artificial tem demonstrado avanços notáveis, especialmente em especialidades como a radiologia. A mamografia, por exemplo, é feita não porque a mulher sente algo, mas por prevenção. Espera-se que a maioria dos exames seja normal.
De fato, cerca de 91% das mamografias não apresentam anormalidades, enquanto apenas 9% indicam necessidade de investigação mais detalhada, como biópsias ou cirurgias.
Nesse contexto, a IA se mostra uma ferramenta valiosa para aumentar a eficiência médica. Ao examinar centenas de mamografias, o médico pode facilmente se distrair ou cometer erros ao buscar os 9% que realmente exigem atenção. A IA, por sua vez, processa vastas quantidades de imagens — normais e anormais — com rapidez e precisão.
Um supercomputador analisa imagens com velocidade, comparando padrões normais e não normais. Isso reduz a fadiga humana e foca a atenção nos casos críticos.
Essa aplicação se estende a diversos outros exames de imagem, como tomografias, ressonâncias e radiografias.
A experiência médica é aliada da IA
A amigdalite, por exemplo, o diagnóstico é direto:
É fácil identificar uma amigdalite. Um estudante de medicina vê as placas de pus e já sabe o que fazer.
O tratamento segue um protocolo claro, sem muitas variações. Mas o cenário muda em doenças como a depressão: O computador não consegue identificar depressão facilmente. Isso depende muito da análise do médico.
Há ainda doenças cujo caminho diagnóstico não é bem definido, ou que envolvem variabilidade genética. Nestes casos, a experiência médica é insubstituível.
As vezes, a medicina ainda não tem clareza sobre o melhor tratamento, ou há muitas variáveis genéticas. Aí entra a intuição e o conhecimento do médico.”
É justamente nessas situações que a IA pode expandir as possibilidades de diagnóstico.
A inteligência artificial oferece um leque muito amplo. O médico experiente consegue filtrar essas opções com discernimento. Sem IA, ele pode deixar passar doenças que nunca estudou.
A sabedoria clínica e o olhar humano seguem essenciais, com a IA atuando como complemento estratégico. Muitos médicos não estão preparados para usar essas ferramentas.
É importante ressaltar que a prática médica exige investigação minuciosa de sinais e sintomas. Médicos experientes extraem mais das consultas, enquanto profissionais menos preparados podem se apoiar excessivamente em exames, sem dominar sua interpretação.
Se a IA recebe poucas informações, pode sugerir uma conduta equivocada. O médico precisa saber interpretar os resultados.
A precisão da IA depende da qualidade dos dados inseridos e da competência do profissional em contextualizá-los.
Sempre é importante lembrar que a tecnologia existe para otimizar o tempo e fazer com que o profissional de saúde tenha mais tempo para o que é mais importante: a atenção ao paciente.
*Antonio Carlos Endrigo é diretor de Tecnologia da Informação da Associação Paulista de Medicina (APM) e presidente da Comissão de Saúde Digital da Associação Médica Brasileira (AMB).
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TV GLOBO/FANTÁSTICO
Xingamentos, agressões e até ameaças de morte: profissionais da saúde denunciam rotina de violência
A reportagem especial do Fantástico deste domingo (10) mostrou como essas experiências têm provocado traumas sérios e quais as consequências no atendimento de saúde no país.
Pesquisas recentes mostram que 80% dos profissionais de saúde reclamam já ter sido vítimas de algum tipo de agressão no local de trabalho. São xingamentos, violência física e até ameaças de morte. A reportagem especial do Fantástico deste domingo (10) mostrou como essas experiências têm provocado traumas sérios e quais as consequências no atendimento de saúde no país. Veja no vídeo acima.
Ataques em série
Em Guarulhos, na Grande São Paulo, a técnica de enfermagem Evelyn Rossi relembra com detalhes o dia em que foi agredida por uma paciente. O motivo da agressão teria sido a insatisfação da paciente com o número de dias de afastamento concedido por um médico.
“Ela me deu um tapa na cara, começou a me chutar e bater. Machucou minha barriga e meu braço”, conta.
Na mesma semana, outros dois profissionais da mesma unidade de pronto atendimento também foram agredidos.
“Eles trabalham pela vida, mas mesmo assim são atacados”, lamenta Evelyn.
Em Franca, interior paulista, outra técnica de enfermagem relata ter sido perseguida e agredida por uma paciente. A profissional está em acompanhamento psicológico e psiquiátrico, e ainda sofre com insônia.
“Ela me deu um tapa no rosto e jogou meu celular em mim. Me senti humilhada e desvalorizada”, diz.
A agressora não quis se manifestar.
Botão de pânico e prevenção
Em São Bernardo do Campo, uma médica foi agredida após negar um atestado. A unidade possui botões de pânico que acionam a guarda municipal e empresas de segurança, mas nem sempre conseguem evitar os ataques.
“Ela me xingou e disse que era para aprender a não recusar atestados. Ela tinha dor no ombro, não tinha nenhuma restrição de movimento, estava conseguindo mexer, tanto é que conseguiu me agredir”, explica Giovana Paliares, médica.
Miria Fonseca Pereira enviou mensagem para a produção dizendo que Giovana estava com o namorado no consultório e não atendida os pacientes, mas a ficha dela recebeu alta após medicação. Ou seja, teria sido atendida.
Impunidade e reincidência
O estado de São Paulo concentra o maior número de ocorrências, mas violência contra profissionais da saúde é registrada de norte a sul do país. Em cinco anos, quase 15 mil médicos registraram boletins de ocorrência sobre algum tipo de violência.
Em alguns casos, a Justiça determinou punições como pagamento de um salário mínimo ou prestação de serviços comunitários. Em outros, os agressores são proibidos de se aproximar das vítimas.
A médica Maria Isabel Spinola, do interior de Minas, já registrou 13 boletins de ocorrência.
“Já vi paciente quebrar armário, já ouvi ameaças de morte. Eu já sofri agressão de ter que ficar trancada por horas na recepção”, relata.
Ambiente hostil e impacto psicológico
As consequências emocionais são graves. Profissionais relatam desenvolvimento de ansiedade, depressão e síndrome do pânico.
"Se percebo que alguém eleva o tom de voz, já saio de perto", diz Evelyn.
Ela conta que está concluindo a faculdade de psicologia, área que pretende atuar.
“Não perdi o amor pela enfermagem, mas sei que em outra área terei mais valor e menos risco”.
Apesar das dificuldades, muitos ainda mantêm a vocação.
"Vejo a medicina como amor ao próximo. Quero continuar com o brilho nos olhos que tive quando me formei", afirma Giovana.
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TV ANHANGUERA
Comando do Imas é alterado
https://g1.globo.com/go/goias/videos-ja-1-edicao/video/comando-do-imas-e-alterado-13828398.ghtml
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Assessoria de Comunicação