Postado em: 05/05/2025

CLIPPING AHPACEG 05/05/25

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Exame de Avaliação da Formação Médica do MEC não deve ser confundido com Exame de Proficiência

https://medicinasa.com.br/enamed-mec/

Pela primeira vez na história, mulheres são maioria entre médicos

https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2025/05/7133775-pela-primeira-vez-na-historia-mulheres-sao-maioria-entre-medicos.html

Estadão O que fazer com 50 mil médicos formados em cursos mal avaliados pelo MEC?

https://www.estadao.com.br/educacao/renata-cafardo/o-que-fazer-com-50-mil-medicos-formados-em-cursos-mal-avaliados-pelo-mec/

"A informação equivocada está tomando a frente nas redes sociais", diz médico

https://atarde.com.br/saude/a-informacao-equivocada-esta-tomando-a-frente-nas-redes-sociais-diz-medico-1316664

Lavar as mãos reduz em até 40% risco de adquirir infecções, alerta OMS

https://portalodia.com/noticias/geral/lavar-as-maos-reduz-em-ate-40-risco-de-adquirir-infeccoes-alerta-oms-437303.html

Ozonioterapia: entenda como funciona tratamento que matou empresário

https://www.metropoles.com/saude/ozonioterapia-morte-empresario

MEDICINA S/A

Exame de Avaliação da Formação Médica do MEC não deve ser confundido com Exame de Proficiência

O Ministério da Educação (MEC) anunciou o lançamento do Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed), prova que tem como objetivo avaliar a qualidade dos cursos de Medicina oferecidos no Brasil e o desempenho de seus respectivos estudantes.

A expectativa é de que a avaliação já seja aplicada em outubro deste ano, com os resultados divulgados a partir de dezembro. A prova será realizada anualmente e contará com 100 questões objetivas de múltipla escolha focadas em diferentes áreas da Medicina.

O lançamento do Exame Nacional de Avaliação de Formação Médica não deve ser confundido com o Exame Nacional de Proficiência Médica, atualmente em tramitação no Senado.

O exame, defendido pela APM e pelas entidades médicas mais importantes do País, vai complementar o Enamed. Destacamos que o Exame de Proficiência, chamado de “OAB para Médicos” deve continuar sendo discutido no Senado e sabemos que atualmente os cursos estão muito deficientes, devido à abertura indiscriminada de vagas em Medicina. A avaliação anunciada pelo MEC é restrita às escolas médicas abertas e não influi diretamente na proteção da população brasileira. Já a prova de proficiência pode assegurar que apenas os profissionais que demonstrem o domínio mínimo das competências exigidas pela Diretrizes Curriculares Nacionais estejam habilitados a exercer a Medicina.

O exame de proficiência é uma medida pública e de interesse social já aplicada em países como Austrália, Canadá e Reino Unido. O objetivo da ação não é punir os estudantes, mas sim, garantir que a população não fique desassistida e nem seja atendida por um profissional sem as aptidões necessárias.

Atualmente, há mais de 400 escolas médicas espalhadas pelo País, a segunda maior quantidade do mundo — só fica atrás da Índia, nação que tem uma população mais de seis vezes maior que a brasileira.

Somente nos últimos dez anos, foram colocados em funcionamento 190 estabelecimentos de ensino médico, número igual ao de escolas abertas ao longo de dois séculos. A imensa maioria das novas faculdades não atende a critérios básicos para a formação do aluno, como a existência de leitos do SUS para a prática médica, programa de residência, hospital de ensino e corpo docente qualificado —já que não há o tempo necessário para a qualificação, levando em conta que, ao todo, a formação em medicina, englobando graduação, residência e especialização (mestrado ou doutorado), costuma levar entre 10 e 12 anos, em média.

A abertura de inúmeros cursos é irresponsável, pois formam-se aproximadamente 40 mil jovens todos os anos e só há vagas para 20 mil residentes. Neste cenário, muitos formandos nem buscam fazer residência, seja pela alta concorrência, baixa remuneração ou necessidade de pagar o financiamento estudantil ao término do curso, levando-os a começar a trabalhar rapidamente para quitar suas dívidas —em vez de aprimorar seus conhecimentos.

Em meio a circunstâncias tão graves, a melhor forma de minimizar suas consequências seria aplicar um exame de proficiência obrigatório para egressos das escolas de medicina, nos moldes do realizado para futuros advogados. O Exame Nacional de Proficiência em Medicina visa balizar o conhecimento adquirido pelo médico durante a graduação.

O projeto de lei foi criado para garantir que os atendimentos médicos continuem sendo feitos com qualidade, visto que o número de profissionais formados está cada vez maior e a qualidade do ensino, questionável. A Associação Paulista de Medicina (APM) defende capacitar os estudantes e acompanhar a qualidade da formação médica, que, nos últimos anos, vive uma grave crise.

*Antonio José Gonçalves é Presidente da Associação Paulista de Medicina (APM).

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CORREIO BRAZILIENSE

Pela primeira vez na história, mulheres são maioria entre médicos

Estudo feito pelo Demografia Médica no Brasil (DMB), publicado na quarta-feira (30/4), aponta que as mulheres representam 50,9% dos profissionais da área e a projeção é que até 2035 sejam 55,7%. Além desse dado histórico, a pesquisa que foi desenvolvida nos últimos 15 anos também apresentou desigualdades extremas na distribuição de profissionais pelo país, a “pejotização” e a mudança nos vínculos de trabalho. 

As mulheres como mais da metade dos profissionais atuando no Brasil é uma tendência crescente observada ao longo dos anos. O estudo mostra que, em 2009, elas eram 40,5% de médicas e em 2024, 49,3%. A projeção indica que essa participação feminina se acentuará ainda mais, chegando a 55,7% em 2035. 

Segundo o estudo, esse movimento é nítido nas faixas etárias mais jovens de médicos formados e na composição dos estudantes de medicina, onde as mulheres já representavam 61,8% em 2023, especialmente nas escolas privadas. 

A Demografia Médica no Brasil 2025 também destaca que essa crescente participação feminina na medicina é um fenômeno que acompanha uma tendência global. A nova configuração da força de trabalho médica, com a maioria sendo mulheres, impacta positivamente a organização do trabalho médico e o funcionamento do sistema de saúde. 

Mas ainda é necessário superar as desigualdades de gênero que ainda persistem. O estudo aponta que elas se manifestam na remuneração, na ocupação de cargos de liderança e na distribuição desigual entre as especialidades médicas. 

Embora as mulheres sejam maioria em algumas especialidades como dermatologia (80,6%), pediatria (76,8%), ginecologia e obstetrícia (63,4%), medicina de família e comunidade (59,3%) e geriatria (62,1%), os homens ainda predominam em 35 das 55 especialidades, incluindo a maioria das cirúrgicas e urologia (96,5% homens). Além disso, a renda declarada pelas médicas era menor que a dos homens, equivalente a 63,7% do rendimento deles em 2021. 

Outros dados importantes

O estudo também apresentou que a desigualdade na distribuição geográfica ainda é um grande problema no Brasil. Embora o número total de médicos cresça, a concentração em capitais e grandes centros continua alta, deixando vastas áreas do país, os chamados vazios assistenciais ou desertos médicos, com escassez de profissionais. No Sudeste existe uma taxa de 3,77 médicos a cada mil habitantes e no Norte a média é de 1,70 por mil. 

Além da má distribuição, outro fato chama atenção: a “pejotização” desses profissionais. De acordo com a pesquisa, os empregos formais (CLT e estatutários) entre os médicos caiu de 52,5% para 33,3% em uma década. Este é um fenômeno no mercado de trabalho médico, com implicações para a estabilidade dos profissionais, benefícios e para a forma como o sistema de saúde contrata e gerencia sua força de trabalho.

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ESTADÃO

Estadão O que fazer com 50 mil médicos formados em cursos mal avaliados pelo MEC?

Desde 2013, universidades com conceitos mínimos em avaliações do Ministério da Educação (MEC) colocaram no mercado quase 50 mil médicos formados, o que representa 21,4% do total.

O governo federal anunciou medidas recentes para avaliar melhor os cursos e os alunos de Medicina, mas o País tem um contingente de doutores e doutoras já trabalhando não se sabe como nem onde.

Em uma década, 229.667 médicos se formaram em todos os cursos de Medicina do País e 49.336 estavam em universidades que tiraram notas 1 e 2 no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), do MEC.

Os dados foram tabulados para o Estadão pelo pesquisador e consultor em avaliação Alexandre Nicolini, a partir do Censo da Educação Superior e do Enade, entre 2013 e 2023 – os mais recentes. Como a avaliação só é realizada a cada três anos, foi feita uma estimativa replicando o porcentual de egressos dessas instituições nos períodos sem prova

A quantidade de vagas em Medicina duplicou nos últimos dez anos, passando das 40 mil atualmente Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ensino de Medicina, que movimenta um mercado bilionário, é uma das grandes discussões na educação superior nos últimos anos. Com mensalidades médias de R$ 9 mil e evasão baixíssima, estima-se que cada vaga representa um ativo de R$ 2 milhões para a instituição.

A quantidade de estudantes duplicou nos últimos dez anos, passando das 40 mil atualmente. Nesse crescimento desenfreado há um caldo que envolve o programa Mais Médicos, diversas aquisições de pequenas instituições por grandes grupos e uma moratória.

A tentativa do governo de paralisar o boom de novos cursos em 2018, que vinha desde os Mais Médicos em 2013, causou uma enxurrada de liminares na Justiça questionando o impedimento e uma consequente autorização de mais milhares de vagas por juízes pelo País todo. Até que o Supremo decidiu em 2024 que o crescimento só poderia se dar respeitando as regras dos Mais Médicos, ou seja, onde há déficit de profissionais.

Isso organizou um processo regulatório caótico, mas não garantiu qualidade nem atendimento para quem mais precisa. Mesmo com novas regras e incentivos, ainda é difícil manter o médico nas pequenas cidades em que ele se forma – principalmente porque as residências estão nos grandes centros.

E os resultados do último Enade, divulgados em abril, mostram que os novos cursos têm avaliação pior que os mais antigos, em especial em universidades privadas. Conta-se nos dedos o número de instituições particulares com nota máxima em Medicina; na capital só a Santa Casa e Faculdade Albert Einstein, ambas sem fins lucrativos.

O MEC anunciou recentemente uma nova prova anual para formandos em Medicina, mas cujo desempenho não está atrelado ao diploma. O que pode ajudar a selecionar melhores profissionais é que ela também servirá como via de acesso a residências médicas. Mas os médicos podem atuar como generalistas, sem essa especialização.

Já o Conselho Federal de Medicina (CFM) defende algo mais radical: um projeto de lei, em discussão no Congresso, que cria uma espécie de OAB dos Médicos. Só a aprovação no exame permitiria o exercício da profissão.

Há quem discorde da prova alegando que ela tiraria a autonomia das instituições de ensino, criaria reserva de mercado, e faria currículos se voltarem para a certificação. É preciso discutir o melhor modelo – ou se os dois devem coexistir.

Mas a estimativa de 50 mil formandos em cursos de baixa qualidade mostra que o País precisa olhar tanto para a formação quanto para o exercício profissional dos médicos de hoje para garantir a saúde do futuro do Brasil.

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A TARDE

"A informação equivocada está tomando a frente nas redes sociais", diz médico

Ana Cristina Pereira
Atuando no tripé ensino, pesquisa e prática nos consultórios, o médico baiano Raymundo Paraná é uma das referências nacionais na área da hepatologia. Com mais de 40 anos de experiência, é ferrenho defensor de uma formação médica que alie o domínio da técnica com um olhar humanitário para o paciente, mediado pela ética. Para o especialista, a medicina atual reflete a má formação oferecida nos cursos que proliferam no Brasil. A crise no setor, reflete, é amplificada pela atuação irresponsável de muitos profissionais nas redes sociais, que "vendem" tratamentos sem comprovação científica.

Nesta entrevista, Paraná fala do avanço do tratamento na hepatologia, mas também das dificuldades de acesso aos tratamentos - e conclama os governantes do país a tomarem ações mais enérgicas para regulação dos cursos e a atuação de médicos nas redes sociais. Confira.

Cuidamos muito mal. O Brasil tem uma escassez absoluta de hepatologistas e de serviços de hepatologia, sobretudo do SUS. Isso se deve a um modelo de formação equivocado e a alta complexidade que se exige para pacientes com doença de fígado, além da infraestrutura para diagnóstico, o que não é a realidade da maioria dos centros privados e públicos no país. Então há uma discrepância entre o número de pacientes que morrem de cirrose e o número de pacientes que estão em lista de transplante, o que significa que boa parte dos pacientes está longe de ter um acompanhamento com um especialista e de encontrar um fluxo para hierarquizar o seu atendimento.

A área da hepatologia teve avanços fantásticos nos últimos 30 anos, sobretudo nos últimos 20 anos. A chegada da biologia molecular no laboratório modificou as doenças virais e permitiu que tivéssemos uma série de medicamentos antivirais que não tínhamos acesso antes e que a gente pudesse curar a Hepatite C e controlar a Hepatite B. Os métodos de imagem permitiram o diagnóstico precoce das doenças hepáticas e também dos tumores do fígado. Os exames laboratoriais de genética também permitem hoje o diagnóstico de diversas doenças genéticas que não eram conhecidas, como por exemplo as colestases familiares, a hemocromatose e a doença de Wilson, entre outras. E por fim, há um espetacular ganho de possibilidades terapêuticas para doenças hepáticas, o que não acontecia antes.

Não há dúvida que a cirurgia robótica é um grande avanço, reduz a inflamação do ato operatório, torna a cirurgia menos invasiva, com menos efeitos adversos, riscos e morbidades. Não é indicada universalmente, mas se bem indicada tem vantagens. O problema é o custo muito alto, poucos hospitais públicos têm e nos hospitais privados não há ainda cobertura total dos planos e seguros de saúde. Também temos que tomar cuidado com a super indicação, há situações em que a cirurgia laparoscópica ou mesmo a cirurgia convencional têm resultados próximos da cirurgia robótica.

A questão do acesso à informação de saúde é um problema, porque nós nunca tivemos tanto acesso, mas nunca tivemos tanta informação de má qualidade. As redes sociais, através de profissionais que a utilizam com fim comercial para vender tratamentos, suplementos, hormônios, negando a ciência, colocando em risco os pacientes de forma despudorada, se tornou normal. É revoltante receber no consultório pacientes adoecidos por essas práticas inidôneas das redes sociais. Então, se a informação chega mais fácil, a informação equivocada, descabida, está tomando a frente nas redes sociais. É um modelo de informação subversivo, absurdo, e que adoece pessoas para enriquecer outras pessoas. É preciso punição urgente e é preciso regular as redes sociais para que indivíduos que se coloquem numa posição de profissional de saúde não a utilizem em benefício próprio ou em malefício de outras pessoas.

É difícil para o leigo entender quem está falando a verdade, de ciência, e quem está falando mentiras, de picaretagem. Ficou muito difícil, porque aqueles que falam dessa última forma, geralmente têm uma conversa muito bonita, inebriante, traz conceitos que parecem verdadeiros. Eles falam com a propriedade que não tem, mas também com o treinamento de quem está falando para as massas. Mas eu costumo dizer, procure o RQE - Registro de Qualificação de Especialista no portal do Conselho Federal de Medicina. A pessoa coloca o CRM, nome do médico e o local onde ele atende e verá se ele é realmente especialista e se uma determinada especialidade existe. As pessoas podem procurar o currículo lattes no CNPQ.

Eu sempre fui contra a prova do médico nos moldes da OAB, porque eu acho que não é uma prova que define a qualidade e a capacidade da pessoa e sempre penso que tem indivíduos que podem não ter tido a oportunidade de estudar numa boa escola, mas que podem ser resgatados. Por outro lado, a situação é tão vexatória, tão crítica e a inércia dos poderes Judiciário, Executivo e Legislativo é doentia. O indivíduo está graduado, mas não está formado nem moralmente nem tecnicamente para ser um profissional de saúde. Então, nesse momento eu defendo, porque eu acho que vai ser uma forma de denúncia, as pessoas vão perceber que indivíduos oriundos de determinadas escolas médicas não vão ter a chance de aprovação, porque passaram seis anos pagando muito caro em cursos que despejam na sociedade médicos sem condição de atuar. O que lamento muito porque, o mercado se regula nos grandes hospitais acessados pelas pessoas com maior poder aquisitivo. Mas a população geral, os usuários do SUS, ficam vulneráveis e não têm o direito de saber qual é a qualidade do médico que cuida da sua vida.

O que está acontecendo no Brasil é um descalabro, típico de um país que não tem seriedade. Não é possível a proliferação de tantas escolas médicas, simplesmente porque o país não se preparou para expandi-las. O professor precisa ser formado para ter técnicas pedagógicas de ensino médico, para ter ética e ensinar ética, ser um tutor, um paradigma. Ora, nenhum país do mundo teria condições de formar tantos professores num curto período de tempo. Então, quem está indo ensinar não tem formação de professor. Não sabemos nem quem é, qual é a qualificação. Também não há campos de prática para todo mundo. Medicina é um curso prático, tutorial, se não tiver bons campos de prática não funciona. A gente vê três, quatro faculdades jogando os alunos no serviço de saúde, no serviço público geralmente, sem nenhuma orientação.

Tenho muitas críticas à medicina desumanizada, que não escuta, não toca, não examina o paciente, que pede muitos exames descontextualizados. É uma medicina cara, pouco resolutiva, fria, que adoece e não cuida de seres humanos. Há o médico que tem boa formação moral, mas tem má formação técnica e acaba solicitando muitos exames, porque ele não sabe examinar o paciente, não sabe fazer o eixo do raciocínio clínico, contextualizar os exames complementares, a história clínica, o exame físico do paciente. Isso retarda diagnósticos, encarece o sistema. E há o indivíduo que tem má formação técnica e moral, geralmente são esses que aparecem nas redes sociais com teorias anti-ciência para vender suplementos, hormônios, tratamentos, soros e outras coisas. Esses ferem de morte a ética médica e eu acho que são pessoas irrecuperáveis do ponto de vista da atuação na medicina. A má formação gera essas duas situações que estão se tornando majoritárias no país.

O nosso sistema de saúde é único. Engloba o público e o privado. Embora ainda esteja em formação, o SUS é o maior programa de reparação e justiça social que este país já conheceu. Eu fui estudante e médico residente quando não havia o SUS. O seu programa de vacinação controlou ou extinguiu várias doenças infecciosas, deu acesso ao programa de saúde da família, ofereceu assistência farmacêutica de alto e baixo custo e possibilitou a todo brasileiro fazer transplantes. Ainda assim, temos muito a realizar, há lacunas e imperfeições. Militar na saúde privada não é um paradoxo com o SUS. Eu só trabalho no HUPES/UFBA e no hospital Aliança. No Hupes posso atender, assistir pacientes do SUS e ensinar a estudantes e jovens médicos para que tenham ética e sejam inconformados na busca de melhorias na saúde e humanismo na medicina. No hospital Aliança, com o seu conceito humanístico e de qualidade assistencial, me inspiro ao longo de 35 anos de atividades assistenciais e de gestão.

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O DIA

Lavar as mãos reduz em até 40% risco de adquirir infecções, alerta OMS

Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertam que o simples ato de lavar as mãos pode reduzir em até 40% o risco de adquirir infecções, tais como gripe, diarreia, conjuntivite, dentre outras, além de evitar a transmissão de infecções relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS). Diante deste dado, a OMS promove a campanha “Salve Vidas: Higienize Suas Mãos” neste segunda-feira, 05 de maio, em alusão aos Dia Mundial da Higiene das Mãos, como forma de conscientizar os profissionais de saúde sobre como lavar as mãos é fundamental para evitar a transmissão de doenças, infecções e até mortes.

Segundo o relatório global divulgado recentemente pela OMS, analisado pela Sobrasp, as infecções relacionadas à assistência à saúde continuam sendo uma das principais causas de eventos adversos. Estima-se que, até 2050, essas infecções poderão ocasionar cerca de 3,5 milhões de mortes por ano no mundo.



A situação é ainda mais preocupante em países de baixa e média renda (PBMR). Nesses locais, a incidência de infecções é maior: em média, de cada 100 pacientes internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UTI), 7 em países de alta renda (PAR) e 15 em PBMR desenvolverão, pelo menos, uma infecção durante a internação. Nas UTIs, quase um terço dos pacientes (30%) podem ser afetados, com taxas de infecção duas a vinte vezes maiores em PBMR, especialmente entre os recém-nascidos.

Infecções de Corrente Sanguínea (ICS) em UTIs

As Infecções de Corrente Sanguínea (ICS), especialmente aquelas associadas ao uso de cateter venoso central, são consideradas as mais graves entre as IRAS, devido à sua alta taxa de mortalidade e complexidade no tratamento.

Segundo dados do Boletim Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde nº 31 da ANVISA, publicado em 2023, as ICS representam uma das principais causas de infecções em UTIs no Brasil.

No Brasil, foram registradas 34.428 mil infecções por ICS em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), sendo 24.430 em UTIs adulto, 6.826 em neonatais e 3.172 em UTIs pediátricas.

Resistência Antimicrobiana

A resistência antimicrobiana (RAM) é uma consequência direta do uso inadequado de antibióticos e da infecção hospitalar. A OMS alerta que, se medidas não forem inovadoras, até 2050 poderemos enfrentar 10 milhões de mortes anuais devido a infecções resistentes a medicamentos.

O uso estendido de antibióticos é uma questão de saúde pública no mundo, pois leva ao desenvolvimento da resistência microbiana, tornando o tratamento de infecções mais difícil e, em muitos casos, impossível de tratar. A previsão é que ocorram aproximadamente 136 milhões de casos anuais de infecções resistentes a antibióticos no mundo.

“O uso de antimicrobianos pode ocasionar resistência bacteriana, cursar com efeitos colaterais e gerar custos desnecessários para o sistema de saúde. O Brasil é um dos maiores consumidores de antibióticos do mundo, segundo a OMS, superando países como a Europa, Canadá e Japão”, ressalta a infectologista Cláudia Vidal.

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Ozonioterapia: entenda como funciona tratamento que matou empresário

O empresário Mauro Fernandes Júnior, 41, morreu na última terça-feira (29/4) durante uma sessão de ozonioterapia em uma clínica de estética em Paranaguá, no Paraná. Logo após o início do procedimento para tratar uma luxação no ombro, Mauro sofreu uma parada cardíaca. A Polícia Civil do Paraná investiga as circunstâncias do caso.

Segundo o boletim de ocorrência, em uma sessão anterior, o empresário já havia relatado sintomas depois do atendimento, como tonturas. No dia da morte, a profissional responsável pela sessão prestou os primeiros socorros e acionou o Samu. A equipe médica tentou reanimá-lo por cerca de 50 minutos, porém Mauro não resistiu.

O que é ozonioterapia

Considerada uma técnica minimamente invasiva mas bastante polêmica, a ozonioterapia utiliza o ozônio como agente terapêutico a partir da aplicação na boca, venosa, retal ou injeção subcutânea, a depender do objetivo.

Segundo os defensores da terapia, ela melhoraria a oxigenação e a circulação do sangue, aumentando a ação anti-inflamatória do corpo e a imunidade, diminuindo dor e inchaço e combatendo microrganismos.

No entanto, não há comprovação científica para nenhuma dessas aplicações. “A Anvisa ressalta que há riscos à saúde oriundos da utilização indevida e indiscriminada da tecnologia, sob indicações de uso que não foram, até o momento, científica e clinicamente comprovadas”, afirmou o órgão, em nota publicada no site da instituição.

Em 2023, o presidente Lula (PT) sancionou a lei que autorizava o uso da ozonioterapia em todo país como terapia complementar a outros tratamentos de saúde. De acordo com a lei, o equipamento de produção de ozônio medicinal deve ser regularizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o procedimento só pode ser realizado por um profissional de saúde com nível superior, inscrito no conselho de fiscalização da área.

Até o momento, os equipamentos aprovados são destinados exclusivamente para fins odontológicos e estéticos. O uso do ozônio em tratamentos odontologicos foi regulamentado pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) em 2015.

Em entrevista anterior ao Metrópoles, a implantodontista e periodontista Gisele Martinez, coordenadora do curso de periodontia do instituto Aria, destacou os benefícios do ozonioterapia na odontologia. “Utilizar a ozonioterapia proporciona vantagens para os pacientes, resultando em melhora da qualidade de vida e conforto pós-operatório”, afirmou.

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Assessoria de Comunicação