CLIPPING AHPACEG 26 A 28/04/25
ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.
DESTAQUES
CFM emite norma sobre acesso a UTIs após intimação de Bolsonaro em hospital
SP lidera avanço de planos de saúde; RJ tem maior retração do país
https://medicinasa.com.br/sp-planos-rj/
Artigo - O que esperar do plano para consultas estritamente eletivas?
https://medicinasa.com.br/plano-consultas-medicas/
Artigo - O debate sobre a validação da prova do CREMESP para médicos
https://medicinasa.com.br/prova-cremesp/
Cresce a busca por exames de imagem na prevenção de doenças
https://thmais.com.br/cidades/baixada-santista/cresce-a-busca-por-exames-de-imagem-na-prevencao-de-doencas/
O HOJE
CFM emite norma sobre acesso a UTIs após intimação de Bolsonaro em hospital
A declaração ocorreu dois dias após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser intimado por uma oficial de Justiça enquanto estava internado na UTI
Na última sexta-feira (25), uma nota divulgada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) gerou polêmica. No comunicado, o órgão afirmou que o acesso a unidades de terapia intensiva (UTIs) é restrito e deve seguir regras como autorização prévia da equipe médica, agendamento de visitas, uso de equipamentos de proteção individual e limitação do número de pessoas por leito. O CFM também pediu que conselhos regionais apurem possíveis desrespeitos aos protocolos, citando riscos à saúde dos pacientes.
Embora não cite nomes, a declaração ocorreu dois dias após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser intimado por uma oficial de Justiça enquanto estava internado na UTI do Hospital DF Star, em Brasília. Ele foi notificado sobre a abertura de uma ação penal no Supremo Tribunal Federal (STF) relacionada à tentativa de golpe no ano de 2022.
Bolsonaro, que passou por cirurgia no início de abril, criticou a abordagem, mas participou de uma transmissão ao vivo direto da UTI, o que, segundo o STF, indicou que ele estava em condições de ser intimado.
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MEDICINA S/A
SP lidera avanço de planos de saúde; RJ tem maior retração do país
O comportamento do mercado de saúde suplementar no Brasil apresenta, neste momento, situações opostas nas duas maiores economias do País. Enquanto São Paulo registrou crescimento de 315,5 mil beneficiários em planos médico-hospitalares em fevereiro de 2025 ante o mesmo mês do ano anterior (alta de 1,8%), o Rio apresentou queda de 101,2 mil beneficiários, na mesma base comparativa (-1,8%). Os dados fazem parte da 104ª edição da Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB), produzida pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).
No total nacional, fevereiro contabilizou 52,1 milhões de beneficiários, com acréscimo de 912,7 mil vínculos no período analisado, o que representa alta de 1,8%.
“A comparação entre Rio e São Paulo evidencia um cenário de contrastes marcantes dentro da região mais desenvolvida do País. Enquanto um estado atrai beneficiários, o outro perde participação”, observa José Cechin, superintendente executivo do IESS. “Isso representa um desafio para o planejamento do setor.”
A taxa de cobertura nacional estimada é de 24,4%. O avanço no número de vínculos foi impulsionado principalmente pelos planos coletivos empresariais, que somam agora 37,7 milhões de beneficiários, crescimento de 3,7% em 12 meses. O segmento representa 72,1% dos vínculos médico-hospitalares. Em contrapartida, os planos individuais ou familiares seguem em retração, com redução de 89,5 mil beneficiários no mesmo período (-1%).
“O crescimento dos vínculos é positivo, mas ainda não é possível garantir que esse comportamento vai se manter”, alerta Cechin. “Vai depender muito do ritmo de crescimento da economia nos próximos meses”, complementa.
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Artigo - O que esperar do plano para consultas estritamente eletivas?
Um tema que tem dominado os principais canais de comunicação é a recente abertura de uma consulta pública pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para análise do Plano para consultas médicas estritamente eletivas e exames. Essa questão está de acordo com a Resolução Normativa – RN nº 621, de 13 de dezembro de 2024, que dispõe sobre as regras para constituição e funcionamento de ambiente regulatório experimental na ANS e com o Guia Referencial de Sandbox Regulatório da Advocacia-Geral da União – AGU.
Trata-se de um Projeto-Piloto que deverá se desenvolver em Ambiente Regulatório Experimental (Sandbox Regulatório – SBR) e tem como objetivo ampliar o acesso da população que hoje não consegue arcar com um plano de saúde convencional, diante da baixa oferta de planos individuais, ou sua quase inexistência, e das restrições mais rigorosas para novas admissões. Outro fator em destaque e amplamente discutido continua sendo as longas filas do SUS para exames e consultas com especialistas.
Em geral, é fato que o brasileiro não é um grande guardião de sua saúde, como demonstrado em uma pesquisa recente da YouGov, empresa líder internacional de pesquisa de mercado, onde podemos ver que mais da metade dos entrevistados concordam que não cuidam tão bem como deveriam de sua saúde. Fato esse que demonstra exatamente os níveis de sinistralidade nas operadoras de saúde ou nos gastos com a alta complexidade nos serviços públicos.
Historicamente, o brasileiro tem resistência em procurar serviços de saúde preventivamente e busca serviços quando surge algum evento agudo ou urgente. Isso justifica o fato dos prontos-socorros serem o principal recurso. A longo prazo, esse tipo de comportamento agrava os custos da rede privada ou pública, pois a demora em buscar o serviço de saúde torna o tratamento da doença mais custoso.
Dificilmente os brasileiros pensam de forma preditiva, com o intuito de prevenção por diversos fatores, como falta de tempo, prioridades diversas, receios. Nesse sentido, podemos verificar que, em 2023, as consultas médicas tiveram um aumento de 4% e as consultas ambulatoriais 2,6% em relação ao mesmo período de 2022, de acordo com a ANS.
Com relação às internações, percebemos um crescimento de 4,8%, com destaque para as internações cirúrgicas que performaram mais de 9,5% de variação, chegando a quase 38% na Laqueadura Tubária, por exemplo.
Tal comportamento está diretamente ligado à forma como o brasileiro reconhece o valor à saúde e àqueles que cuidam de sua saúde, seja direta ou indiretamente. Os motivos são vários. Podemos começar pelo fato de não haver interoperabilidade na saúde suplementar, dificultando o cuidado integrado e contínuo do indivíduo ao longo do tempo, o que otimizaria a utilização de exames e consultas já realizadas. Além disso, a descontinuidade da cobertura contratual quando é cessado o vínculo empregatício (plano empresarial) acaba atingindo também os dependentes.
Os 4 Ps da Saúde: Preço, praça, produto e promoção
É inegável que as mensalidades dos planos de saúde pesam no orçamento, seja em planos familiares ou por adesão, uma vez que esse fenômeno se dá também pela contratação de Pessoa Jurídica (pejotização), quando muitos indivíduos contratam o plano de forma indireta. Para se ter uma ideia, segundo a Receita Federal, a pejotização, na forma de MEI (Microempreendedor Individual) teve um aumento de 53% em 2024, sendo que 22% correspondem à faixa entre 18 e 30 anos.
Porém, precisamos dividir a população que terá acesso em duas partes: aqueles que poderiam pagar um plano de saúde ambulatorial e os que, mesmo com um plano mais em conta, não conseguiriam arcar mensalmente, fato que demonstra o crescimento exponencial do mercado de pay per use na saúde suplementar chegando a impressionante marca de 320 bilhões em 2023 e a recente investida da ANS para alteração dos modelos de cancelamento dos planos de saúde.
Em ambos os casos, qual seria o valor a ser pago? Considerando que o projeto prevê os mesmos mecanismos de controle dos planos convencionais, como coparticipações e reajustes por sinistralidade, entre outros, esse conceito praticado é o mesmo utilizado pelas “operadoras de saúde”, ou seja, totalmente financeiro.
A saúde não pode mais ser vista de forma numérica e fragmentada. É preciso pensar na saúde do indivíduo como um todo, onde cuidamos, levando em consideração os que efetivamente buscam uma saúde melhor. Precisamos inverter a premissa, buscar o incentivo mútuo e retribuir por isso, pois o sentido de cobrar um plano por consulta multiespecialidade, infinita, é prorrogar ainda mais um problema crônico da saúde.
Pensando de forma integrada, as pessoas que aderirem a esse tipo de plano, com as mesmas condições de reajuste, sinistralidade, acompanhamento e os freios e contrapesos aplicados para o controle de sinistralidade atual, tendem a transformar essa modalidade em mais um produto ineficaz quando falamos do resultado esperado à saúde da população. Afinal de contas, o que essas pessoas que realizaram consulta, exames e o diagnóstico farão depois? Onde iniciarão e darão continuidade ao seu tratamento?
Eficácia real do novo plano
Em linhas gerais, o acesso a consultas e exames ajudará em alguma medida nas intermináveis filas do SUS ou até mesmo àqueles que não utilizam a saúde pública. Porém, qual a qualidade assistencial inserida nesse contexto? Considerando que o mercado já oferece consultas médicas cada vez mais baratas e não há a centralização das informações clínicas dos pacientes, a gestão clínica do cuidado distanciasse de se tornar uma realidade.
A saúde da população está cada vez mais imersa em um sistema fragmentado e complexo. Mas, no centro de tudo, o que realmente falta é a integração, uma visão que enxergue o indivíduo por completo. Precisamos de um cuidado que una boas práticas, garanta segurança e ofereça ao paciente não apenas escolhas, mas a certeza de que está no caminho certo. Porque, no fim, saúde não é apenas tratar, é acolher, conectar e transformar vidas. É cuidar.
*Rodrigo Rodrigues é Diretor de Relacionamento da YUNA.
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Artigo - O debate sobre a validação da prova do CREMESP para médicos
A implementação de um exame obrigatório de proficiência para médicos recém-formados no Brasil tem gerado intenso debate entre profissionais da saúde, educadores e legisladores.
A proposta, que visa garantir a qualidade da formação médica e do atendimento à população, encontra tanto defensores quanto críticos, cada um apresentando argumentos válidos e preocupações legítimas.
As discussões sobre a implementação de uma prova de proficiência para médicos no Brasil não são recentes. A primeira vez que essa ideia foi formalmente debatida foi em 2004, quando o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) propôs a criação de um exame para avaliar os recém-formados. Desde então, o tema tem sido objeto de debates periódicos, tanto no âmbito dos conselhos de medicina quanto no Congresso Nacional.
A ideia de implementar um exame de proficiência para médicos, semelhante ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para advogados, está sendo proposta no Projeto de Lei (PL) nº 2294/24, de autoria do senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), apoiado por pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) que revelou que 90% dos médicos formados são favoráveis à implementação do exame, pois acreditam que ele pode melhorar a qualidade do ensino médico e do trabalho dos profissionais.
O PL nº 2294/24 prevê a aprovação do médico no exame como condição para registro nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) e estabelece que as provas serão oferecidas, no mínimo, duas vezes ao ano em todas as unidades da Federação do País, sendo a regulamentação e coordenação realizada pelo CFM, que muda as característica e ações que o criaram. Ao CFM competirá a regulamentação e a coordenação nacional do exame, enquanto os CRMs serão responsáveis pela aplicação das provas em suas respectivas jurisdições. Os resultados deverão ser comunicados aos ministérios da Educação e da Saúde pelo CFM, sendo vedada a divulgação nominal das avaliações individuais, salvo ao próprio participante interessado. Serão dispensados do exame os médicos já inscritos em CRM e os estudantes de medicina que ingressaram no curso antes da vigência da nova Lei.
Segundo o presidente do CFM, José Hiran Gallo, a prova avaliará competências profissionais e éticas, conhecimentos teóricos e habilidades clínicas, contribuindo para a qualidade do atendimento médico e a segurança dos pacientes. A pesquisa também indicou que 82% dos médicos formados acreditam que o exame pode melhorar a qualidade do ensino médico no Brasil, e 81% concordam que ele pode melhorar a qualidade do trabalho médico. Os defensores do exame argumentam que ele é necessário para garantir um padrão mínimo de qualidade entre os profissionais de medicina.
Com a expansão das escolas de medicina no Brasil, especialmente após a implementação do Programa Mais Médicos, houve um aumento no número de vagas e instituições de ensino. Dados da Demografia Médica no Brasil mostram que, entre 2010 e 2023, o número de escolas médicas passou de 180 para mais de 370, e o número de vagas anuais aumentou de 16.000 para mais de 35.000. A taxa de vagas de graduação em medicina por 100.000 habitantes expressa o potencial de formação de novos médicos, sendo um indicador de comparação de demografia médica entre países. Em 2022, essa razão nacional era de 19,60, comparativamente a 2012 de 9,55. Essa expansão, embora venha contribuindo para reduzir a carência de médicos em regiões remotas, também acentuou as discussões sobre a qualidade da formação oferecida. A partir de 2018, data do segundo Edital para abertura de escolas Médicas no Programa Mais Médicos, as vagas totais no interior do país superaram as das capitais somadas às das regiões metropolitanas, entretanto é apontado que muitos municípios que sediam escolas médicas apresentam déficits em parâmetros essenciais para o funcionamento desses cursos, como leitos de internação, equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) e hospitais de ensino, segundo os críticos da Política de Saúde do Governo.
O Conselho de Medicina, que tem sua atuação restrita sobre os formados médicos, quer ter algum papel sobre a qualidade da educação médica, entretanto, e o PL nº 2294/24 prevê a aprovação do médico no exame como condição para registro nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) e estabelece que as provas serão oferecidas, no mínimo, duas vezes ao ano em todas as unidades da Federação do País, sendo a regulamentação e coordenação realizada pelo CFM, o que altera os papeis originais do CFM. Ao CFM competirá a regulamentação e a coordenação nacional do exame, enquanto os CRMs serão responsáveis pela aplicação das provas em suas respectivas jurisdições. Os resultados deverão ser comunicados aos ministérios da Educação e da Saúde pelo CFM, sendo vedada a divulgação nominal das avaliações individuais, salvo ao próprio participante interessado. Serão dispensados do exame os médicos já inscritos em altera estas responsabilidades que atualmente cabe ao Ministério da Educação (MEC) em alinhamento ao Ministério da Saúde, e não ao Conselho de Medicina. Os estudantes não podem ser penalizados por falhas no controle de qualidade das escolas médicas, cuja responsabilidade sobre a fiscalização, não lhes cabe. Instaurado em 1957, o Conselho Federal de Medicina (CFM) é uma instituição autárquica criada pela Lei nº 3.268/1957 que objetiva regulamentar e fiscalizar o exercício da Medicina no Brasil. Suas funções incluem zelar pela ética e boa prática médica, promovendo a qualidade da assistência à saúde no país e não de regular a qualidade da Educação Médica.
Outro aspecto a ser avaliado é o impacto da implementação de uma prova de proficiência vem contra a Política Nacional que tenta solucionar a carência de médicos no Brasil, em especial em regiões remotas, ao criar barreiras adicionais para a entrada de novos profissionais no mercado de trabalho. Em janeiro de 2023, o Brasil contava com 562.229 médicos inscritos nos 27 Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), o que correspondia à taxa nacional de 2,60 médicos por 1.000 habitantes, menor que a maioria dos países desenvolvidos.
É necessário também refletir sobre justiça e equidade do processo. Para garantir a qualidade nos atendimentos médicos, haveria que se pensar não apenas na formação inicial (curso de graduação), mas também na capacitação contínua dos médicos em atividade profissional. Será que também eles não deveriam ser submetidos à mesma prova de proficiência periodicamente, garantindo a não discriminação sobre os novos formandos e a melhoria das práticas médicas? Esta função sim poderia ser implantada, pois se trata do princípio da implantação do Conselho Regional de Medicina já no ano de sua criação: a garantia do adequado atendimento médico e segurança da população em seu ato profissional. Para garantir a justiça na avaliação dos profissionais, seria necessário que todos os médicos, independentemente de sua experiência, fossem submetidos ao mesmo exame de proficiência periodicamente. Isso evitaria discriminação contra os novos formandos e garantiria que todos os profissionais estivessem atualizados com as melhores práticas médicas. A aplicação de um exame apenas para os recém-formados pode ser vista como uma medida injusta, que não considera a necessidade de atualização contínua dos médicos já atuantes.
Alternativa a avaliação de Proficiência em Medicina não punitiva, mas como processo de garantia de qualidade, seria a implementação de avaliações progressivas ao longo do curso de medicina, semelhante ao sistema utilizado nos Estados Unidos, como o teste de progresso. A origem do Teste de Progresso remonta à Kansas City School of Medicine, da Universidade de Missouri no ano de 1961, sendo posteriormente adotado pela Universidade de Limburg, em Maastricht. Foi criado com a intensão de melhorar a performance em exames de ordem com questões de múltipla escolha dos alunos dos primeiros cursos médicos calcados em Metodologias Ativas Aprendizagem, sendo também utilizado como instrumento de gestão da qualidade e autoavaliação de docentes e discentes de cursos universitários, estendendo-se para projetos colaborativos de avaliação multi-institucional de cursos de graduação e pós-graduação. Essas provas de progresso são mais eficientes para garantir a qualidade da formação médica, ao invés de gerar punições ao final do curso, pois permitem diagnósticos ainda no período de formação dos futuros médicos. Acompanhando o processo educacional desde o início, é possível identificar e corrigir deficiências na formação dos estudantes, garantindo que todos os formandos estejam preparados para exercer a profissão.
Além da preocupação com a qualidade da formação médica, há outros motivos que podem levar os médicos formados a defenderem a implementação do exame de proficiência para recém-formados. Entre eles, destacam-se o cooperativismo médico e a reserva de mercado, preocupações legítimas.
O corporativismo médico refere-se à tendência de médicos formados protegerem seus interesses profissionais e econômicos. A implementação de um exame de proficiência pode ser vista como uma forma de garantir que apenas os médicos que atendem a determinados padrões de qualidade possam ingressar no mercado de trabalho, preservando a reputação e a eficiência dos serviços oferecidos, sem que eles se submetam ao mesmo exame, o que levanta importantes questões sobre justiça e equidade. É essencial analisar como essa medida pode impactar diferentes grupos de profissionais e estudantes, bem como a qualidade do atendimento médico à população.
A exigência de um exame de proficiência como condição para registro nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) pode ser vista como uma barreira adicional para os recém-formados. Esses profissionais, que já enfrentam um longo e rigoroso processo de formação, podem se sentir injustamente penalizados por falhas no controle de qualidade das escolas médicas, que são de responsabilidade do Ministério da Educação (MEC). Criado em 2004 pela Lei n° 10.861, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) instituiu a avaliação sistemática das instituições de educação superior, dos cursos superiores e do desempenho dos estudantes. Com o SINAES foram estabelecidos indicadores de qualidade, complementares entre si, em que todos os aspectos são considerados: ensino, pesquisa, extensão, desempenho dos alunos, gestão da instituição, corpo docente e infraestrutura, entre outros. Deste então, o MEC é responsável pela regulação das instituições de ensino superior do sistema federal de ensino e não distingue as instituições pública e privadas. Além da avaliação documental, o processo de recredenciamento leva em conta os indicadores de qualidade resultantes dos processos de avaliação. Desta forma, a qualidade das Instituições é periodicamente avaliada.
Por sua vez, a reserva de mercado é outro fator que pode influenciar a defesa do exame de proficiência pelos médicos formados. Ao criar barreiras adicionais para a entrada de novos profissionais no mercado, os médicos já atuantes podem garantir uma menor concorrência, preservando suas posições e oportunidades de trabalho.
A implementação do exame de proficiência médica pode ser influenciada por interesses corporativistas e de reserva de mercado. Médicos já atuantes podem defender a medida como uma forma de garantir que apenas profissionais que atendem a determinados padrões de qualidade ingressem no mercado de trabalho, preservando suas posições e oportunidades. No entanto, essa abordagem pode criar barreiras adicionais para a entrada de novos profissionais, especialmente em um contexto de expansão das escolas de medicina. Isso poderá ser especialmente relevante em um contexto de expansão das escolas de medicina, onde o número de novos formandos aumenta significativamente. É preciso notar, entretanto, que a expansão vem ocorrendo em regiões com menor densidade médica, como determinado no Edital nº 6/2014 e que somente em regiões com menos de 3 médicos por 1.000 habitantes podem ser contempladas com novos cursos de medicina. Essa medida busca direcionar a formação de novos profissionais para os brancos assistencialistas, contribuindo para a redução das desigualdades na distribuição de profissionais de saúde pelo país e favorecendo a formação continuada com obrigatoriedade de abertura de Serviços de Residência Médica.
O debate sobre a implementação de um exame de proficiência para médicos recém-formados no Brasil é complexo e envolve múltiplos aspectos. Deve-se considerar a necessidade de garantir a qualidade da formação médica, pela atuação responsável de todos os órgãos envolvidos como a responsabilização do MEC, o exercício do papel do CRM, com a capacitação de médicos formados e a garantia da segurança do paciente traduzida em qualidade de atendimento. As Políticas Nacionais de Saúde com a necessária expansão das escolas de medicina objetivam reduzir a carência de médicos no país, mas devem ser acompanhadas de medidas que assegurem a qualidade da educação oferecida, a exemplo das avaliações progressivas ao longo do curso, que permitem o acompanhamento contínuo do processo educacional ainda durante a formação do médico. Somente assim será possível assegurar que todos os profissionais, independentemente de sua experiência, sendo ou não recém-formados, mantenham o padrão de qualidade e segurança devido à população. A implementação de avaliações progressivas ao longo do curso de medicina, juntamente com um acompanhamento contínuo do processo educacional, é uma solução mais eficiente e justa para garantir a qualidade da formação médica no Brasil. Dessa forma, é possível assegurar que todos os profissionais, independentemente de sua experiência, mantenham um padrão de qualidade contínuo, beneficiando tanto os médicos quanto a população que depende de seus serviços.
*Denise Priolli é diretora acadêmica de medicina da Cogna Educação.
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TH+PORTAL
Cresce a busca por exames de imagem na prevenção de doenças
A busca por exames de imagem como forma de prevenção tem crescido significativamente nos últimos anos, impulsionada por uma maior conscientização da população sobre a importância do diagnóstico precoce. De acordo com a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), em 2023 foram realizados 2,4 bilhões de exames diagnósticos no Brasil, um aumento de 11% em relação ao ano anterior.
Desse total, metade foi realizada pelo setor privado, que registrou crescimento de 10%. Já no Sistema Único de Saúde (SUS), o primeiro semestre de 2024 contabilizou 655,4 milhões de procedimentos, um aumento de 7,4% em relação ao mesmo período de 2023. Exames como tomografias e ressonâncias magnéticas se destacaram, com crescimentos de 17,5% e 12,3%, respectivamente.
Esse aumento reflete uma mudança no comportamento da população, cada vez mais preocupada com a detecção precoce de doenças. "Hoje, as pessoas buscam se cuidar antes que a doença apareça. A medicina preventiva tem ganhado cada vez mais espaço, e os exames de imagem são aliados fundamentais nesse processo", afirma o Dr. Rodolpho Costa, médico com especialização em Radiologia e Diagnóstico por Imagem e diretor da Domínio Imagem.
A mamografia, por exemplo, é o principal exame de rastreio do câncer de mama e, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), pode reduzir em até 30% a mortalidade por esse tipo de tumor quando realizada regularmente. Já a tomografia e a ressonância são utilizadas em diversas especialidades para detectar alterações silenciosas no cérebro, pulmões, fígado, articulações, entre outros órgãos.
Nos serviços de diagnóstico por imagem, observa-se uma crescente adoção de tecnologias mais modernas, que oferecem maior precisão e conforto durante a realização dos exames. Clínicas especializadas, como a Domínio Imagem, têm acompanhado essa evolução, integrando novos recursos e investindo na qualificação profissional para atender a essa nova demanda do cuidado preventivo.
Outro reflexo dessa mudança é o aumento da procura por exames entre públicos que antes costumavam buscar atendimento apenas diante de sintomas.
Homens e jovens têm se mostrado cada vez mais atentos à saúde preventiva, resultado de campanhas de conscientização e de uma mudança cultural mais ampla. "A pandemia também trouxe uma transformação importante nesse comportamento. As pessoas passaram a entender que o cuidado com a saúde deve ser constante e não apenas reativo, e essa conscientização tende a crescer nos próximos anos, impulsionada pelo acesso à informação e pela ampliação dos serviços de diagnóstico", conclui Dr. Rodolpho.
Assessoria de Comunicação