Postado em: 26/11/2024

Ahpaceg na Mídia - Redução da rede de hospitais “satélites” pressiona leitos de UTI, diz presidente da Ahpaceg

O presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), Haikal Helou, disse ao Jornal Opção que a crise da rede pública de Saúde em Goiânia é crônica, mas que que se agravou nos últimos meses. Ele explica que um dos fatores que contribuíram para a pressão nas vagas em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) é a falta, ou redução, de unidades satélites, capazes de receber pacientes que superaram quadros graves e que pode ser transferidos.

O tempo de permanência nas UTIs de grandes unidades hospitalares como Hugo e Hugol está cada vez maior com a deterioração da rede de saída. Quando esse paciente não tem mais esse quadro emergencial, ele tem que ter um lugar para ser transferido e desafogar esses hospitais

Helou diz ainda que a Saúde pública na Capital enfrenta um processo de desmantelamento que se agravou nos últimos meses. “Há 10 anos, metade dos hospitais de Goiânia atendiam pelo SUS e tinham 50% do faturamento pelo modelo. Hoje, o faturamento de alguns hospitais com o SUS não chega a 3%”, explica.

Ele acrescenta que a insuficiência dos recursos federais, provocado pela defasagem de mais de duas décadas da tabela SUS, fez com que muitos hospitais decretassem falência ou deixassem de atender pelo modelo. “Quando você vê vidas jovens sendo perdidas esperando por uma vaga de UTI é uma tragédia social. O sistema entrou em colapso, não é um problema médico, é um problema social que atinge a sociedade como um todo”, lamenta.

Prefeito eleito convoca reunião de emergência

O prefeito eleito, Sandro Mabel (UB), convocou uma reunião de emergência com a equipe para tratar sobre a falta de UTIs e a crise na saúde em Goiânia. O grupo reuniu com o secretário estadual de saúde, Rasível Santos, e membros da equipe de transição. Mabel também conversou com o governador Ronaldo Caiado (UB) e manifestou preocupação com pacientes morrendo devido à falta de vagas.

Uma segunda reunião sobre o mesmo assunto, acontece na tarde desta segunda-feira, 25, na sede da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). Participam da discussão o secretario estadual e o titular da pasta municipal, Wilson Pollara.

Mortes por espera de UTIs chegam a quatro

Na última semana, a imprensa noticiou pelo menos três mortes de pacientes que aguardavam por uma vaga de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) em Goiânia. Uma quarta morte foi confirmada pelo Jornal Opção. O técnico de informática, Luiz Felipe, 30 anos, morreu no último sábado, 23, enquanto aguardava vaga no Hospital de Doenças Tropicais (HDT), único hospital que tratava da doença do paciente.

Severino Ramos Vasconcelos Santos, 63, aguardava a transferência para a unidade de tratamento intensivo após uma fratura no fêmur após uma queda. Ele havia sido internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Itaipu em 18 de novembro, mas o quadro do paciente se agravou, apresentando esforço respiratório, rebaixamento do nível de consciência, hipoglicemia, hipotensão arterial e episódios febris.

O Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) chegou a impor que o município de Goiânia encontrasse uma vaga em caráter de urgência ou arcasse com os custos do leito na rede privada. A vaga não foi encontrada e o paciente morreu cinco dias após ser internado na UPA.

Katiane de Araújo Silva, 36, foi diagnosticada com dengue hemorrágica e morreu na fila de esperava por uma vaga de UTI na Capital. Ela foi internada no dia 19 de novembro e veio a óbito no dia 22 após apresentar sintomas mais graves. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que o caso está sendo investigado pelo Serviço de Verificação de Óbitos (SVO).

Janaína de Jesus, 29 anos, deu entrada com dengue hemorrágica na UPA do Jardim Itaipu. Ela morreu três dias após ser internada, enquanto aguardava transferência para a UTI. O prontuário da jovem também indicava falecimento por dengue hemorrágica, mas a nota da SMS diz que “conforme laudo médico, Janaína de Jesus faleceu em decorrência de complicações causadas pela diabetes Mellitus”.