Postado em: 08/07/2022

CLIPPING AHPACEG 08/07/22

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Comissão especial aprova PEC do Piso da Enfermagem

Anvisa proíbe venda e comercialização de Lipotramina e Lipozepina

Antibióticos estão em falta nas farmácias de Goiânia

Anvisa mantém a proibição da venda de cigarros eletrônicos

Julho Amarelo conscientiza para combate de Hepatites Virais

Varíola dos Macacos: Ministério da Saúde confirma 142 casos no Brasil

Polícia começa a investigar denúncia de que esteticista perdeu parte do nariz após cirurgia estética com dentista

Hmap: Prefeitura de Aparecida de Goiânia deixou de repassar recursos, rebate IBGH  

Biópsia líquida: o exame de sangue que permite acompanhar evolução do câncer

LGPD trouxe segurança aos pacientes, mas seu cumprimento ainda é complexo

AGÊNCIA CÂMARA

Comissão especial aprova PEC do Piso da Enfermagem

A comissão especial que analisa a proposta de emenda à Constituição do Piso da Enfermagem (PEC 11/22), aprovou, nesta quinta-feira (7) o parecer favorável da deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC). Apenas o líder do Novo, deputado Tiago Mitraud (MG), foi contrário à proposta. A PEC ainda precisa ser aprovada pelo Plenário da Câmara dos Deputados, o que pode ocorrer ainda nesta quinta.

No relatório, que recomenda a aprovação da PEC, Carmen Zanotto destacou que a proposta vai dar "mais robustez e segurança jurídica" ao Projeto de Lei 2564/20, que fixa o piso salarial de enfermeiro, técnico de enfermagem, auxiliar de enfermagem e parteira. O projeto, aprovado pelo Congresso, ainda aguarda a sanção presidencial.

"A enfermagem merece, sim, um vencimento um pouquinho mais justo. Estamos falando de profissionais de nível superior, que dedicaram quatro anos de sua vida na graduação, que têm jornada de trabalho, entre técnicos, auxiliares e parteiras, de 44 horas semanais, quer seja nos hospitais públicos ou privados", afirmou a relatora.

"Todos nós, com a pandemia, percebemos ainda mais a importância do conjunto de homens e mulheres que representam 70% dos trabalhadores da área da saúde", completou a deputada, que é enfermeira.

A PEC

Já aprovada pelo Senado, a PEC 11/22, da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), determina que lei federal instituirá pisos salariais nacionais para o enfermeiro, o técnico de enfermagem, o auxiliar de enfermagem e a parteira. O objetivo da PEC é evitar que os novos pisos sejam questionados na Justiça com o argumento de "vício de iniciativa".

Segundo a Constituição Federal, projetos de lei sobre aumento da remuneração de servidores públicos só podem ser propostos pelo presidente da República, mas o Projeto de Lei 2564/20 é de autoria do senador Fabiano Contarato (Rede-ES), o que abriria margem para veto ao novo piso para profissionais do setor público.

De acordo com o projeto, o piso salarial de enfermeiros passará a ser de R$ 4.750,00; o de técnicos de enfermagem, R$ 3.325,00; e o de auxiliares e de parteiras, R$ 2.375,00. Pela PEC, a União, os estados e os municípios terão até o final deste ano para adequar a remuneração dos cargos e os planos de carreira.

Apoio à proposta

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) foi uma das que defendeu mais garantias para a categoria. "O trabalho é de grande esforço físico e de alta responsabilidade. Porque os erros são imediatamente visualizados, tratados eticamente, mas ninguém observa a carga, a jornada, o peso do trabalho", disse.

A deputada Lídice da Mata (PSB-BA) acrescentou que a categoria é majoritariamente feminina, e acumula ainda dupla jornada de trabalho, com as tarefas domésticas. Segundo ela, as mulheres, especialmente as negras, são a base da pirâmide salarial brasileira e precisa de reconhecimento.

Também favorável à PEC, o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) destacou que o impacto anual do piso de enfermagem é de menos de 2,5% do orçamento geral do Sistema Único de Saúde (SUS) e de menos 2% do faturamento anual dos planos de saúde.

Voto contrário

Para o deputado Tiago Mitraud, no entanto, a categoria está sendo enganada, desde a votação do PL 2564/20. "Falaram que tinha fonte de financiamento, falaram que, assim que aprovado o PL, vocês teriam aumentado o salário. Pouco tempo depois, estamos aqui aprovando esta PEC, com voto contrário do Novo, porque o PL era claramente inconstitucional", afirmou.

"Pela primeira vez, um PL aprovado na Câmara e no Senado não foi para sanção presidencial, aguardando uma PEC para dar ares de constitucionalidade a isso, mas que na, nossa visão, não supera a inconstitucionalidade do PL e da própria PEC", completou.

Na avaliação de Mitraud, com a aprovação das propostas, alguns profissionais terão aumento, mas outros ficarão desempregados. Ele disse que está a favor da categoria, pois acredita que a proposta poderá provocar desemprego e piores condições de trabalho. Para o parlamentar, a enfermagem está sendo utilizada como massa de manobra eleitoral.

Ao final da votação, o presidente da comissão especial, deputado Julio Cesar Ribeiro (Republicanos-DF), destacou o trabalho da categoria pela aprovação da medida.

.......................

AGÊNCIA ESTADO

Anvisa proíbe venda e comercialização de Lipotramina e Lipozepina

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a comercialização, distribuição, fabricação e propaganda, além de determinar o recolhimento, dos suplementos alimentares Lipotramina e Lipozepina. Os produtos são produzidos pela Guki Nutracêutica e, conforme a Anvisa, "vendidos irregularmente como emagrecedores". 

A empresa diz não fazer "propaganda" ou "venda direta" de produtos. Em abril, a agência disse ter proibido a comercialização, distribuição e propaganda de todos os produtos da Guki, por não cumprimento das boas práticas de fabricação. No entanto, a manutenção de propagandas irregulares da Lipotramina e Lipozepina fez a agência publicar resolução específica para os suplementos e determinar o recolhimento deles. 

Conforme explica a Anvisa, alimentos não devem "veicular alegações terapêuticas", como emagrecimento. Caso haja esse tipo de indicação, o produto precisa ser registrado como medicamento. "A Anvisa não aprovou nenhuma alegação de emagrecimento para suplementos alimentares", alertou a agência, em nota. "Desconfie de produtos com promessas milagrosas." Em nota, a Guki disse ser uma "indústria de terceirização e produção sob demanda" que "não faz propaganda ou venda direta". 

Sobre a resolução de abril, que proibiu a fabricação dos produtos da empresa, alega que jamais "produziu qualquer suplemento alimentar fora dos padrões". A empresa destaca que a medida cautelar foi derrubada posteriormente por memorando da própria agência, mas que essa não publicizou a informação "em diário".

 "A Guki atendeu de imediato a suspensão de fabricação do produto, de forma que não produziu desde então, porém, inúmeros sites vendem de forma aberta, e com os mais diversos tipos de rótulos, além de plágio e cópia fiel", frisou, em nota. 

.....................

O HOJE

Antibióticos estão em falta nas farmácias de Goiânia

Maria Paula Borges e Sabrina Vilela 

Os antibióticos são muito utilizados principalmente durante os períodos gripais para combater infecção causada por micro-organismos que causam infecções a outro organismo. No entanto, as pessoas têm sentido dificuldade de encontrar os medicamentos em farmácias da grande Goiânia, que pode estar associada tanto pela alta procura como pela ausência de insumos. 

Especialista em farmacologia, Álvaro Souza explica que as rupturas nos estoques de medicamentos começaram no final do ano passado por volta do mês de novembro. Então, xaropes em geral, pastilhas, antigripais começaram a ter inconsistências em farmácias, segundo o especialista. 

Com a busca os farmacêuticos tiveram que procurar mais em distribuidoras, contudo começaram a faltar nelas também. “Nesse tempo de outono começa a ter mais sazonalidade para resfriados. Agora a gente entra na parte do inverno também, então nesse período começou a faltar mais medicamentos principalmente para os pediátricos”.

Souza esclarece que na verdade não se trata de uma falta completa de remédios, mas de uma ruptura nos estoques, ou seja, existem semanas em que é possível comprar e outras não, já que as indústrias estão limitando as quantidades. “Às vezes queria comprar, por exemplo, 50 caixas, mas consegui comprar três ou seis”, relata. 

Álvaro conta que a falta de medicamentos desde novembro de 2021 é recorrente e que  até a compra pelo próprio estabelecimento é mais difícil. Ele elucida que procura informações nas próprias indústrias na qual alegam que é por falta de matéria-prima. 

A maior parte dos princípios ativos, o que representa cerca de 90% a 95% deles, vem de fora principalmente da China. A reportagem entrou em contato com algumas farmácias de Goiânia que afirmaram faltar “vários antibióticos” em suas unidades. Mas, não esclareceram mais detalhes sobre o assunto. 

Medicamentos com fabricação irregular

Outro problema presente é a medicação com fabricação irregular, que segundo o especialista, são predominantemente antigripais, xaropes, pastilhas, tudo que está relacionado a resfriado e gripe.  

“Todos esses medicamentos estão irregulares no mercado. Recentemente começou a faltar também algumas classes de antialérgicos também e a gente tem visto essa falta pode estar associada com a questão da sazonalidade mesmo porque assim sempre foi comum um outro medicamento ter essas rupturas. Às vezes a indústria não fabrica por um tempo por estar mudando algo na fabricação, deixando o medicamento ficar suspenso por algum período”.

Ele destaca ainda que estava conversando com um colega de trabalho que trabalha em farmácia há mais de 50 anos e este relatou que durante todo esse tempo é a primeira vez que ele viu ter tanta ruptura de estoque e fabricação irregular desses medicamentos. Para sanar o déficit dessas ausências de fármacos a solução é usar outras alternativas. 

“Existem algumas classes de medicamentos que a gente chama de medicamentos isentos de prescrição, esses medicamentos não são tarjados e eles são de indicação médica, de indicação e orientação farmacêutica. Então eles não precisam de prescrição para serem adquiridos”, comenta Souza. 

Nesse caso os farmacêuticos conseguem ter autonomia legal para fazer a indicação desses medicamentos de prescrição, ou seja, às vezes a pessoa chega com algum antigripal específico, mas caso ele esteja em falta “a gente consegue manejar orientar indicar um outro. Mas, em relação aos medicamentos antimicrobianos, esses antibióticos estão em falta legalmente a gente não pode fazer nenhuma intercambialidade e nem a substituição deles por outros. 

Por isso, a gente orienta a população que converse com o médico para que ele coloque duas, três ou mais opções de antibiótico”. Ele conta que muitos médicos por terem consciência dessa falta estão conseguindo driblar a situação. Esta é uma maneira de os pais, principalmente, não peregrinarem tanto em busca de medicações que podem estar em falta em muitas farmácias. 

Escassez em Goiás

O presidente do Sindicato da Indústria, Marçal Henrique Soares, a falta de medicamentos tem vários motivos, dentre eles a falta de insumos, além de problemas na logística internacional, citando “falta de navios, falta de porões nos aviões para trazer a carga e os lockdowns contínuos que estão acontecendo na China para as fábricas produtoras”. Entretanto, Soares alerta para o aumento do consumo de medicamentos. 

“Os medicamentos antigripais que as indústrias produzem para entregar em março e abril, porque o grande consumo começa em maio com o inverno, aconteceu em janeiro, quando já começamos a ter um surto muito forte de gripe”, explica.  

Aumenta consumo de medicamentos para gripe

Segundo Soares, além do aumento de consumo de medicamentos utilizados para gripe, houve aumento também no consumo de medicamento para tratamento de dengue e a pandemia. “Durante o último ano da pandemia, 2021, o consumo de medicamentos no geral também aumentou bastante e a gente não sabe se é consequência da pandemia. A pandemia ainda não acabou e o consumo de medicamentos continua muito acelerado”.

Então, paralelamente ao alto consumo de medicamentos antigripais e antibióticos, há falta de alguns insumos específicos que impede que os medicamentos sejam produzidos devido a falta do princípio ativo, que é importado. 

A alta do dólar também é um problema que dificulta a produção dos medicamentos. “Nós importamos até 95% dos nossos insumos farmacêuticos ativos, as matérias primas ativas, e isso é importado em dólar. Além do aumento do dólar, nós tivemos na Ásia, na Índia, na Europa e até nos Estados Unidos, um aumento em dólar de várias matérias primas, porque a pandemia provocou o lockdown, que provocou uma série de problemas nas fábricas lá fora, e a logística que eles enfrentam também fez aumentar o preço”, afirma Soares. 

Nas indústrias goianas, o presidente do Sindicato da Indústria diz que a produção segue 24 horas por dia. “As nossas indústrias estão trabalhando 24 horas por dia, sete dias por semana, de domingo a domingo, para aumentar a produção e já aumentar até o limite da capacidade. Não tem como colocar mais máquinas nem mais gente. Estamos trabalhando a todo vapor para tentar abastecer o mercado, mas não é suficiente”, diz.

De acordo com Soares, ampliar uma indústria exige tempo, devido as exigências legais e sanitárias da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além da importação de máquinas, equipamentos, importação de matéria prima e licenciamento de local de alteração da fábrica. 

“A gente espera que a partir de agosto, setembro, esse consumo de medicamento volte aos patamares antigos, que é onde todas as indústrias estão dimensionadas para atender. Ninguém está trabalhando com essa possibilidade de alto consumo de medicamentos continuar”, ressalta.

..........................

Anvisa mantém a proibição da venda de cigarros eletrônicos

Em reunião nesta semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) manteve a proibição de comercialização de cigarro eletrônico no país. Os dispositivos eletrônicos para fumar (DEF), são também conhecidos como cigarros eletrônicos, vaper, pod, e cigarette, e-ciggy, e-pipe, e-cigar, heat not burn (tabaco aquecido), entre outros. Além de ser prejudicial para os usuários, os produtos também causam danos ao meio ambiente. 

No entanto, os DEFs podem ser adquiridos com facilidade no comércio de Goiânia ou pela internet. O farmacêutico Matheus Xavier comprou um vaper (recarregável), no último ano, em um shopping de Goiânia e também compra essências todo mês para utilizar o produto em locais específicos. Na Capital, conforme apurado pela reportagem, também é possível encontrar ambulantes vendendo os itens pelas ruas. O preço varia de R$ 50 a R$ 120. 

“Geralmente, eu uso após ingerir algum tipo de bebida alcoólica. Sobre a questão de fazer mal à saúde, existem tantas outras coisas que fazem mal também é ninguém falar nada sobre isso”, explica Matheus. Segundo ele, utilizar o vaper traz uma sensação de alívio. “Quando uso, sinto um relaxamento, já que as essências têm um cheiro e gosto muito bom”. Contudo, Matheus revela que pensa em parar futuramente devido às consequências negativas alertadas pelos órgãos de saúde. 

De acordo com a Anvisa, há a necessidade de manter a proibição e adotar medidas adicionais para coibir o comércio irregular, a exemplo do aumento das ações de fiscalização e a realização de campanhas educativas. A comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas no Brasil, por meio de resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa. 

Em Goiânia, fumar algum tipo de cigarro eletrônico representa uma espécie de lazer para os jovens, que se reúnem para utilizar o produto com os amigos, como é o caso da vendedora Julyana Santos, 23 anos. Desde o início da pandemia, ela começou a comprar pods (descartáveis) para fumar no carro, em alguma festa ou em qualquer outro lugar. 

Após alguns meses usando, o costume se tornou um vício. Um pod, com cerca de 1.500 puffs (como se fosse uma expectativa de vida do dispositivo descartável), durava apenas dois dias para Julyana. Atualmente, ela já reduziu o número de vezes que utiliza por conta dos perigos à saúde. “É um investimento de paz e tranquilidade para meus dias perturbadores”, diz ela. 

Gatilhos 

O estudante Eduardo Domingos, 22 anos, usuário de cigarros eletrônicos e narguilé também aponta que sente gatilhos para fumar principalmente após ingerir álcool. “Tem várias opções de cores e sabores, reduz nosso estresse”, diz o estudante. 

Já o motorista entregador Wellington Mota, 24 anos, decidiu parar de utilizar. Ele sempre fumava em festas com amigos ou para relaxar depois de um dia de trabalho, mas agora tem investido em uma espécie de tabaco aquecido. Segundo ele, o dispositivo aquece o tabaco sem gerar combustão. “Além de não deixar cheiro, sinto que respiro melhor e meu fôlego também melhorou”, revela. 

Autoafirmação 

A médica pneumologista Roseliane de Souza Araújo explica que o cigarro eletrônico seduz principalmente os jovens pela utilização de saborizantes e pela moda. Segundo ela, existe uma necessidade de autoafirmação, além da falsa informação que é um dispositivo que não faz mal à saúde. 

“Os riscos identificados, até o momento, são aqueles inerentes ao mau funcionamento por ser dispositivo eletrônico, como queimaduras, bronquiolite e pneumonias de hipersensibilidade, passando por agravamento de doenças como asma, e a doença chamada Evali, que pode levar a lesões fibrosantes irreversíveis”, explica.

Danos ao meio ambiente 

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-GO), o uso de cigarros eletrônicos com nicotina aumenta o risco de uma série de danos à saúde, como: envenenamento, convulsões, dependência, traumas, queimaduras (causadas por explosões) e doenças respiratórias. 

Outro fator relevante e ainda pouco estudado refere-se ao impacto gerado pelo descarte dos dispositivos eletrônicos que, por conter bactérias, substâncias químicas, embalagens metálicas e outras, requerem um descarte especial, já que não são biodegradáveis. 

Os cartuchos de cigarro eletrônico — como cápsulas de nicotina e/ou essências — em sua maioria são produtos de uso único que contêm resíduos plásticos, eletrônicos e químicos. “Muitos deles se tornam lixo. Os resíduos de cigarros e cigarros eletrônicos podem poluir o solo, as praias e os cursos de água, sendo prejudiciais inclusive à vida selvagem”, explica Selma Tavares, coordenadora estadual do Programa de Controle do Tabagismo da SES-GO.

Contra a comercialização 

Em nota, a Associação Médica Brasileira (AMB) comemora a decisão da Anvisa. A entidade relembra que, no último ano, cerca de 40 entidades lançaram um manifesto, posicionando-se veemente contra a liberação da comercialização, importação e propagandas de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar.

Multa pode chegar até R$ 10 milhões, alerta Procon

O Procon Goiânia não informou à reportagem quantos cigarros eletrônicos e produtos relacionados foram apreendidos na Capital neste ano. A última informação sobre o assunto foi em março, quando foi divulgado o balanço de apreensão do mês de fevereiro. Naquele mês, o Procon notificou 18 tabacarias. 

Durante a fiscalização, foram apreendidos 20 litros de frascos de líquido e 10 quilos de acessórios para cigarros eletrônicos. Além disso, também foram encontrados 40 quilos de essência de narguilé e 20 quilos de cigarros falsificados.

O chefe do Jurídico do Procon Goiânia, Nayron Toledo informou quais as medidas de punição para esses casos. “Nós recolhemos esses produtos e descartamos no aterro sanitário já que eles são proibidos de serem comercializados. Já nesses estabelecimentos que já tiveram o prejuízo de perder seus produtos, além disso eles vão ter um prazo de até 20 dias para apresentarem defesa para o Procon, porque será mensurado a aplicação de multa”, ressaltou. 

Segundo o Código de Defesa do Consumidor, ela pode ser de R$ 700 a R$ 10 milhões. Caso seja flagrado a comercialização do cigarro eletrônico, a população pode denunciar por meio dos telefones (62) 3524-2942 e 3524-2936, ou pelo aplicativo Prefeitura 24h.

Empresas fabricantes

Por meio de nota, a British American Tobacco, antiga Souza Cruz (BAT BRASIL) afirma que irá avaliar a análise de impacto regulatório quando for publicada. A empresa informa “que a diretoria colegiada da Anvisa externou grande preocupação com o mercado ilegal desses produtos e atenção a novas evidências, algo que se entende ser objeto de atenção da agência nas próximas etapas do processo regulatório”. 

Já a Japan Tobacco International (JTI) lamenta a decisão da Anvisa. “O uso dos dispositivos eletrônicos no país é corrente e abastecido exclusivamente pelo comércio ilícito. Empresas legalizadas não comercializam o produto e o crescimento do consumo que atinge a população vem da aquisição ilegal dos dispositivos”, afirma, em nota. 

A Philip Morris Brasil esclarece que irá manter  o diálogo sobre a regulamentação do tabaco aquecido, “produto este diferente dos chamados cigarros eletrônicos”.

................................

Julho Amarelo conscientiza para combate de Hepatites Virais

Por: Elysia Cardoso Ferreira

Com o objetivo de reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle, o Julho Amarelo é o mês de combate às hepatites virais, campanha criada pelo Ministério da Saúde em 2019. A doença, que é uma inflamação do fígado, pode ser causada por vírus classificado pelas letras do alfabeto em A, B, C, D (Delta) e E ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas.

No entanto, nos últimos meses o mundo todo vem se preocupando com mais uma variação da doença, chamada até então de hepatite misteriosa. De origem desconhecida, o novo vírus que atinge crianças e adolescentes não tem relação direta com os outros causadores conhecidos da hepatite. Segundo o Ministério da Saúde, há 88 casos e sete mortes em investigação no Brasil. No mundo, há mais de 920 casos e 18 mortes.

De acordo com o hepatologista Rafael Ximenes, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, sempre existiram casos de hepatite dos quais não é possível identificar a causa, mas o que chamou atenção nos últimos meses foi o aumento no número deles, especialmente em crianças e adolescentes.

“Mesmo com pesquisas realizadas, a situação não está completamente esclarecida, parece haver a participação do adenovírus em grande parte dos casos. Este é um vírus que tradicionalmente causa infecções gastrintestinais e respiratórias. O que não está claro é o motivo de crianças previamente saudáveis estarem apresentando lesão hepática grave associada ao adenovírus”, relata o médico.

O especialista ainda comenta que as hipóteses mais prováveis da hepatite misteriosa são: uma resposta inflamatória exacerbada secundária a infecção prévia pelo vírus da Covid-19, uma lesão combinada do adenovírus com algum outro agente (infeccioso ou medicamentoso, por exemplo) ou uma onda muito grande de infecções pelo adenovírus que culminou com uma maior incidência de uma lesão rara e não identificada previamente.

Sintomas

Rafael Ximenes explica que os sintomas da hepatite misteriosa são semelhantes a outras causas de hepatite, incluindo mal estar, falta de apetite, náuseas, vômitos, desconforto ou dor abdominal, icterícia (olho e peles amarelados) e, em casos mais graves, sonolência, confusão mental e até coma, podendo ser confundida com outra hepatite existente.

“Pelos sintomas serem muito semelhantes, bem como as alterações nos exames de sangue (aumento importante das enzimas que mostram lesão no fígado, em especial AST e ALT), a chamada hepatite misteriosa pode sim ser confundida com as outras de causa já conhecida. O principal fator de diferenciação é a ausência de identificação dos agentes tradicionais de hepatite na investigação da causa”, detalha o especialista.

O hepatologista relata que há alguns cuidados que devem ser tomados para evitar a contaminação do novo vírus e reduzir a chance de transmissão da doença, em especial a higienização das mãos após usar o banheiro e antes de se alimentar. “Devemos adotar algumas medidas como fazer o uso de água tratada e filtradas ou fervida, ter atenção na lavagem e preparação de alimentos (em especial crus) e continuar com as precauções respiratórias (uso de máscaras, cobrir a boca e nariz ao tossir ou espirrar, limpeza das mãos com água e sabão ou álcool gel)”, comenta. 

Tratamento

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), dos 920 casos prováveis da doença, 45 precisaram realizar transplante de fígado. De acordo com Rafael Ximenes, esses casos de transplantes só reforçam a importância de ficar atento aos sintomas e de procurar um especialista experiente para se evitar transplantes desnecessários ou atraso do procedimento naqueles casos em que ele será essencial.

“O tratamento consiste em controle de sintomas, monitorização da função hepática e de outros órgãos, tratamento de infecções bacterianas que podem surgir e definir se o fígado irá se recuperar espontaneamente ou o transplante será necessário. Em casos graves é frequente que o paciente apresente mau funcionamento de outros órgãos e precise ficar em UTI. Devemos ficar atentos, pois conforme os dados da OMS e Ministério da Saúde, o risco de necessidade de transplante e/ou óbito é considerado alto”, finaliza o médico.

..................................

Varíola dos Macacos: Ministério da Saúde confirma 142 casos no Brasil


Por: Ana Bárbara Quêtto

O Ministério da Saúde divulgou, nesta quinta-feira (7/7), um balanço de 142 casos confirmados da varíola dos macacos. Sete unidades da Federação do país reportaram casos da doença. O estado de Goiás permanece com a suspeita de cinco casos.

Em São Paulo, o número de vítimas chega a 98, o Rio de Janeiro aparece em segundo lugar com 28 casos e Minas Gerais tem oito. O Ceará, Paraná e Rio Grande do Sul encontram-se com dois cada, já o Distrito Federal e Rio Grande do Norte têm um.

Em nota divulgada à imprensa na manhã de hoje (7/7), a pasta reafirma que está em contato direto com as secretarias de Saúde estaduais, monitorando os casos e rastreando as pessoas com quem os pacientes tiveram contato.

Casos em Goiás

Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES) infirmou, hoje (7/7), que no estado há cinco casos suspeitos de varíola dos macacos. Os quadros clínicos seguem em investigação e seus contatos estão sendo monitorados pela Vigilância Epidemiológica Municipal. 

O primeiro caso suspeito em Goiás tratava-se de uma mulher de 43 anos, moradora de Goiânia, que teve contato com uma pessoa de outro município do interior de Goiás, que apresentava sinais semelhantes. 

Para a SES, a identificação da doença começa a partir de erupções cutâneas agudas na pele. Elas podem ser única ou múltipla, em qualquer parte do corpo (incluindo região genital), associada ou não a adenomegalia ou relato de febre.

Transmissão

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), geralmente, a ‘monkeypox’ é transmitida por contato direto ou indireto com sangue, fluidos corporais, lesões na pele ou mucosas de animais infectados. 

A transmissão secundária pode acontecer a partir de contato próximo com secreções infectadas das vias respiratórias, lesões na pele de uma pessoa infectada, ou com objetos contaminados recentemente com fluidos do paciente ou materiais da lesão.

Tratamento

Ainda não há um tratamento específico para a varíola dos macacos, mas os quadros clínicos costumam ser leves. O risco de agravamento ocorre em pessoas imunossuprimidas com HIV/aids, leucemia, linfoma, metástase, transplantados, pessoas com doenças autoimunes, gestantes e crianças com menos de 8 anos.

Os primeiros sintomas podem ser: febre, dor de cabeça, dores musculares e nas costas, linfonodos inchados, calafrios ou cansaço. Cerca de três dias após o início dos sintomas, os infectados desenvolvem lesões de pele, geralmente na boca, pés, peito, rosto e ou regiões genitais.

...............................

PORTAL G1

Polícia começa a investigar denúncia de que esteticista perdeu parte do nariz após cirurgia estética com dentista

Paciente já passou por 14 cirurgias após ter a infecção e necrose. O caso foi registrado como lesão corporal culposa e os envolvidos no caso foram intimados a comparecer à delegacia.

A Polícia Civil começou a investigar a denúncia realizada pela esteticista Elielma Carvalho Braga, que perdeu contou ter perdido parte do nariz após cirurgia estética realizada em Aparecida de Goiânia com um dentista. De acordo com os agentes, o caso foi registrado como lesão corporal culposa e tanto Elielma quanto o profissional foram intimados à comparecer à delegacia na sexta-feira (8).

A delegada responsável pelo caso, Luiza Veneranda, explicou que, apesar da cirurgia para afinar o nariz ter acontecido apenas em 2020, Elielma só registrou boletim de ocorrência nesta quinta-feira (7).

Após o registro, que foi realizado no 1º Distrito Policial de Aparecida de Goiânia, ela foi encaminhada para a realização de exames no Instituto Médico Legal (IML). Segundo a delegada, os laudos serão encaminhados à ela assim que ficarem prontos e anexados no processo.

"É difícil lembrar do que aconteceu. Parece que estou vivendo tudo de novo", disse a esteticista.

O dentista Igor Leonardo disse ao g1 que o problema da paciente não foi decorrente da cirurgia, e sim uma síndrome desenvolvida após uso de medicamentos, o que causou a necrose. Ele afirmou ainda que deu todo atendimento à paciente.

No entanto, qualquer profissional que não seja médico é proibido de realizar cirurgias no nariz. Dentistas podem fazer algumas cirurgias na face, mas o Conselho Federal de Odontologia proibiu expressamente a realização de alectomias por dentistas (leia mais sobre isso ao fim da reportagem).

Processo

Após o procedimento estético denominado alectomia ter sido realizado em junho de 2020, em Aparecida de Goiânia, a mulher de 37 anos diz que precisou fazer mais de dez cirurgias e ficou com cicatrizes, abalando sua autoestima. Por isso, Elielma resolveu processar o dentista.

Na ação, ela pede danos morais, materiais e estéticos, totalizando R$ 42 mil. A defesa do dentista diz que não houve imperícia ou imprudência por parte do profissional durante a cirurgia, tendo sido tomados todos os cuidados, e que houve negligência da paciente após o procedimento estético.

Ao g1, o dentista Igor Leonardo disse que “não foi a alectomia que gerou o problema”. Igor disse ainda que a paciente desenvolveu a Síndrome de Nicolau, “uma rara complicação caracterizada por necrose tecidual que ocorre após a injeção de medicamentos”.

Igor disse que deu total suporte e apoio nos tratamentos seguintes feitos por Elielma depois da alectomia.

“Me sensibilizei bastante com o problema dela. Custeei os medicamentos e tratamentos posteriores com outros colegas. Nunca a deixei desamparada em termos financeiros e acompanhei de perto seu tratamento posterior ao ocorrido. Infelizmente, nós, profissionais da área, estamos sujeitos a intercorrências que não são da nossa vontade”, disse.

"Custeei os medicamentos e tratamentos posteriores com outros colegas. Nunca a deixei desamparada em termos financeiros e acompanhei de perto seu tratamento posterior ao ocorrido", completou o dentista.

Alectomia

A alectomia é feita para reduzir as asas nasais. A técnica é, teoricamente, simples: com uma anestesia local, o profissional corta um pedaço dessas estruturas que circundam as narinas e fecha com pontos.

O Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) disse que o procedimento é um ato médico e, portanto, “deve ser realizado apenas por médicos”. A entidade disse o combate ao exercício ilegal da medicina tem sido feito com rigor.

“O grupo tem proposto ações e medidas em diferentes âmbitos em defesa dos interesses dos médicos, da medicina e da população”, disse a nota enviada.

O Conselho Regional de Odontologia informou que “os cirurgiões-dentistas têm autorização para a realização de procedimentos estético-faciais, desde que não sejam cirúrgicos puramente estéticos” e que a alectomia nunca esteve entre os procedimentos listados como permitidos para cirurgiões-dentistas.

Já uma resolução de agosto de 2020 proibiu expressamente a realização de alectomia por dentistas.

O CRO informou que realiza fiscalização de rotina e também apuração de denúncias. Caso seja constatado algum crime, é encaminhada uma denúncia à Polícia Civil e ao Ministério Público, além de abrir um processo ético odontológico.

...............................

JORNAL OPÇÃO

Hmap: Prefeitura de Aparecida de Goiânia deixou de repassar recursos, rebate IBGH  

Por Nielton Soares dos Santos

Médicos, fornecedores e prestadores de serviço do Hospital Municipal de Aparecida estão sem receber desde abril 

Antiga Organização Social (OS) que geria o Hospital Municipal de Aparecida (Hmap), o Instituto Brasileiro de Gestão Hospitalar (IBGH) rebateu as informações da Prefeitura de Aparecida de Goiânia. A gestão, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), havia destacado que havia repassado todos as verbas contratuais para a empresa que administrava a unidade de saúde até o dia 31 de maio. Nessa quarta-feira, 6, médicos denunciaram que estão sem receber salários desde abril. Atualmente, o Hmap está sob gestão da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, que assumiu a unidade em um processo conturbado, no qual até o contrato foi assinado pelo ex-prefeito Gustavo Mendanha (Patriota), 12 dias após deixar a prefeitura para concorrer ao Governo de Goiás.

A OS esclareceu que houve apenas um repasse parcial da pasta para pagamentos de salários referente ao mês de maio. “A SMS Aparecida de Goiânia repassou R$ 8.721.703,65 (Oito milhões, setecentos e vinte e um mil, setecentos e três reais e sessenta e cinco centavos), quantia esta, que é inferior à estimativa de passivo do contrato de gestão e esse montante se destinava ao pagamento de salários do mês de maio de 2022 e verbas rescisórias conforme pactuado”, informou o IHGH. 

Além disso, a contratada citou que estão faltando os repasses destinados ao pagamento de fornecedores e prestadores de serviço. Para tanto, o IBGH chegou a notificar a procuradoria da SMS, solicitando dados sobre contratos e valores a serem recebidos. “O IBGH reitera seu compromisso com a verdade e com a transparência dos fatos, bem como a probidade administrativa e com o respeito aos recursos públicos”, cita trecho da nota enviada ao Jornal Opção.

Íntegra da nota do IBGH

O IBGH (Instituto Brasileiro de Gestão Hospitalar), Organização Social gestora do HMAP até o dia 31 de maio de 2022, em resposta a questionamento sobre o repasse de recursos da Secretaria Municipal de Aparecida de Goiânia e o cumprimento de obrigações para com fornecedores e prestadores de serviço esclarece o seguinte:

– A SMS Aparecida de Goiânia repassou R$ 8.721.703,65 (Oito milhões, setecentos e vinte e um mil, setecentos e três reais e sessenta e cinco centavos), quantia esta, que é inferior à estimativa de passivo do Contrato de Gestão e esse montante se destinava ao pagamento de salários do mês de maio de 2022 e verbas rescisórias conforme pactuado;

– Não foram feitos outros repasses destinados a pagar fornecedores e prestadores de serviço, havendo, inclusive contato da procuradoria da SMS com esses solicitando dados sobre contratos e valores a serem recebidos;

– Não é verdade que a SMS de Aparecida de Goiânia tenha feito “todos os repasses da pasta pontualmente”. Falta ainda clareza, respeito à opinião pública e compromisso com a verdade ao não esclarecer o que são pagamentos de salários e verbas rescisórias de colaboradores celetistas que eram contratados pelo hospital e prestadores de serviço terceirizados;

– O IBGH reitera seu compromisso com a verdade e com a transparência dos fatos, bem como a probidade administrativa e com o respeito aos recursos públicos.

A DIREÇÃO

.......................

CORREIO BRAZILIENSE

Biópsia líquida: o exame de sangue que permite acompanhar evolução do câncer

Atualmente, o teste é usado em alguns países, o Brasil entre eles, apesar de a técnica ainda ser pouco difundida aqui, principalmente para acompanhar pacientes que já são diagnosticados com câncer Giulia Granchi - Da BBC News Brasil em São Paulo postado em 08/07/2022 08:21

A biópsia líquida usa principalmente sangue (embora também possa utilizar urina ou outros fluidos do corpo), para analisar se há a presença de células de um tumor maligno ou de fragmentos do DNA das células tumorais.

"O exame recebe esse nome para se diferenciar da biópsia sólida, na qual você tira um fragmento do tumor e analisa no microscópio, uma técnica mais invasiva", explica Héber Salvador, cirurgião oncológico e presidente da SBCO (Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica).

Atualmente, o teste é usado em alguns países, o Brasil entre eles, apesar de a técnica ainda ser pouco difundida aqui, principalmente para acompanhar pacientes que já são diagnosticados com câncer.

É possível avaliar, por exemplo, a eficácia de um tratamento (como a quimioterapia), e a possibilidade de recidiva (volta do câncer) em um paciente já em remissão pela análise de presença de celular tumorais após o fim de um tratamento. Apesar de já ser utilizada para outros tipos de câncer, seu maior uso é em pacientes com câncer colorretal e câncer de pulmão, já que são essas as doenças com mais pesquisas que reforçam benefícios da técnica.

Mas de acordo com os especialistas entrevistados pela BBC News Brasil, a técnica pode oferecer muito mais no futuro.

Por meio da biópsia líquida, o mesmo sangue que tiramos para checar doses de glicemia e colesterol, de acordo com os médicos, deve nos indicar, nos próximos anos, se estamos com células cancerosas muito antes de um tumor aparecer -- além de oferecer informações bem específicas sobre o tipo do câncer.

Isso possibilitaria uma intervenção precoce, o que para muitos cânceres é o principal fator determinante no sucesso do tratamento.

Com a ajuda de especialistas no tema, listamos abaixo os principais pontos negativos da biópsia líquida, o que o exame já oferece em termos de vantagens para os pacientes e o que podemos esperar do futuro.

4 novidades que podem revolucionar tratamento do câncer Após 8 anos com feridas no pênis, ele descobriu câncer e precisou amputar parte do órgão Pontos negativos

- Falta de confiabilidade

Pelo exame ser relativamente novo e ainda não ter atingido todo o seu potencial tecnológico, ele acaba sendo usado como uma forma de rastreio complementar.

"Não há ainda uma segurança completa de que a interpretação da biópsia líquida corresponde exatamente ao que está acontecendo nos tumores e no organismo da pessoa", explica Héber Salvador.

"Já temos boas evidências e as pesquisas estão crescendo, mas eu diria que, no momento, a biópsia líquida não nos dá a palavra final de se um tumor existe ou não, ou que aquele paciente tem mais chance de metástase. Outros exames precisam ser solicitados."

- Preço e falta de acessibilidade

A depender da indicação do exame, o custo nos poucos laboratórios onde o exame está disponível no Brasil varia de seis a quinze mil reais, de acordo com a médica Gabriela Félix, geneticista molecular e gerente do Laboratório de Oncologia de Precisão da Igenomix Brasil. Os convênios não cobrem o teste.

"Comparado há dez ou até cinco anos atrás, o preço já diminuiu, embora ainda seja alto. É um impeditivo para muitos, mas com passar do tempo, a tendência é que a técnica se torne melhor e mais barata", completa Thiago Bueno de Oliveira, oncologista clínico, presidente do GBCP (Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço) e titular do A.C.Camargo Cancer Center.

Pontos positivos

- Simplificação do rastreamento

Em vez de precisar submeter um paciente oncológico -- que muitas vezes já apresenta imunidade prejudicada -- à biópsia sólida, um procedimento cirúrgico que retira uma amostra do tumor, o acompanhamento para avaliar se a doença está regredindo ou não pode ser feito por meio da biópsia líquida.

A técnica é muito menos invasiva e traz benefícios em situações como a pandemia da covid-19, já que o paciente não precisa ser exposto ao ambiente hospitalar.

- Tempo de resultado

A depender da região do paciente, dos serviços laboratoriais utilizados, assim como do tipo do tumor, o resultado de uma biópsia sólida, explica a geneticista Gabriela Félix, pode demorar até três meses. "Já a biópsia líquida fica pronta de dez dias, o que facilita o início do tratamento rápido, especialmente para tumores agressivos."

- Direcionamento de escolha para tratamento

"Quando queremos identificar uma mutação específica [que sabemos que responde melhor a determinados tratamentos], algumas delas aparecem na corrente sanguínea, e o exame permite essa identificação, evitando procedimentos cirúrgicos", aponta o oncologista clínico Thiago Bueno de Oliveira.

"As células malignas têm uma característica que é cair na corrente sanguínea, o que faz com que elas possam se instalar em outro lugar. E às vezes isso acontece muito precocemente, antes de o tumor dar sinais ou da massa aparecer em um exame de imagem. Então a possibilidade de detecção precoce está aberta", aponta o cirurgião oncológico Héber Salvador.

O diagnóstico precoce aumenta as chances de sobrevida para pacientes com diferentes tipos de cânceres. No caso do câncer de mama, por exemplo, estima-se que a descoberta quando a doença ainda está em fase inicial representa uma chance de 90% de remissão.

Nos Estados Unidos, dois testes com o objetivo de diagnóstico estão em fase de teste e podem chegar ao mercado nos próximos dois anos. Não há, no entanto, expectativa de que o exame seja coberto por planos de saúde tão cedo.

Além disso, espera-se que com o avanço do uso da técnica, surjam também aprimoramentos na leitura dos exames, que possibilitem uma leitura mais simples até para médicos que não são especialistas.

..................

MEDICINA S/A

LGPD trouxe segurança aos pacientes, mas seu cumprimento ainda é complexo

Em vigor desde setembro de 2020, a Lei n° 13.709/2018, amplamente conhecida por LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), ainda provoca dúvidas. Suas diretrizes atingem praticamente todos os setores da sociedade. Seus impactos na saúde digital são particularmente relevantes, na medida em que há tratamento de dados pessoais sensíveis de saúde, trazendo discussões polêmicas sobre a legitimidade e licitude dessas atividades à luz da LGPD.

Rubens Granja, sócio da área de Life Sciences & Healthcare do Lefosse, destaca que no âmbito da telemedicina, o Conselho Federal de Medicina (CFM) editou, em maio, a Resolução nº 2.314/2022, estabelecendo regras que se pretendem mais modernas e alinhadas com a experiência internacional. Além de reforçarem a importância da LGPD, dispõem sobre as normativas para exercício da telemedicina em diferentes jurisdições, sobre os cuidados para a preservação da relação médico-paciente, sobre os cuidados a serem adotados com a privacidade do paciente e a garantia do sigilo profissional, diz.

Paulo Lilla, sócio da área de Tecnologia e Proteção de Dados do Lefosse, ressalta que as novas normas anunciadas pelo CFM determinam que o Sistema de Registro Eletrônico de Saúde (SRES) do paciente deve atender a padrões de representação, terminologia e interoperabilidade técnicos específicos, garantindo integralmente o cumprimento dos requisitos do Nível de Garantia de Segurança 2 (NGS2), que contempla obrigatoriamente o uso de certificação digital no padrão da infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil) ou outro padrão legalmente aceito.

No caso de contratação de serviços terceirizados de armazenagem de dados, deverão ser implementadas cláusulas de proteção de dados para que a responsabilidade pela guarda de dados de pacientes seja compartilhada entre o médico e a fornecedora dos serviços de armazenagem o que confere maior segurança jurídica no caso de responsabilização por eventuais incidentes de segurança ou vazamento de dados, explica Lilla.

Sobre os impactos da LGPD na saúde digital em geral, Lilla esclarece que a legislação enquadrou os dados relacionados à saúde na categoria de dados pessoais sensíveis, conferindo a eles uma camada de proteção maior. Nesse sentido, o tratamento de dados de pacientes por meio de recursos de Tecnologia de Informação e Comunicação (o que se convencionou chamar de saúde digital) deve ser ainda mais cauteloso, visando sempre à observância de todos os requisitos legais da LGPD, de modo a preservar a segurança da informação, a privacidade do paciente e a finalidade e proporcionalidade do tratamento dos dados, sustenta.

Já Granja considera que, do ponto de vista prático, são vários os aspectos da LGPD que podem impactar o exercício da saúde digital. O mais crítico, ao que parece, é a necessidade de implementação de medidas rigorosas para proteção dos dados do paciente (investimento em ferramentas para armazenamento seguro dos dados, incluindo o uso de criptografia, controles de acesso, utilização de múltiplos fatores de autenticação, limitação do compartilhamento de dados de paciente etc). Mas há outros aspectos importantes, como a restrição para a coleta de dados desnecessários e o dever de dar transparência aos pacientes sobre as atividades de tratamento dos seus dados pessoais, bem como sobre seus direitos previstos na LGPD (por exemplo o direito de acesso, correção e eliminação de dados), analisa.

Responsabilidades

Os especialistas alertam para os cuidados que médicos e profissionais de saúde devem tomar para não infringir a LGPD.

Profissionais da saúde que desejem utilizar a telemedicina devem atentar para a escolha de sistemas que lhes proporcionem uma infraestrutura tecnológica adequada e segura para manuseio, transmissão e armazenagem dos dados de pacientes, a fim de preservar a integridade, a disponibilidade e o sigilo das informações. Além disso, é recomendável a busca por suporte jurídico para avaliar a adequação dos seus processos (por exemplo, a avaliação dos riscos das atividades de tratamento, a forma e o prazo para guarda do prontuário eletrônico dos pacientes, os termos de contratos celebrados com fornecedores e pacientes, etc). Como as exigências legais são diversas e complexas, é fundamental mitigar os riscos decorrentes da inobservância das regras e de eventuais incidentes de segurança da informação, os quais podem gerar danos patrimoniais e reputacionais para as empresas, observa Lilla.

Granja recomenda o estrito cumprimento dos regulamentos éticos editados pelos respectivos conselhos profissionais. Trata-se de regras complementares, cuja conciliação nem sempre é fácil ou automática. Esse cuidado deve ser adotado, por exemplo, nos casos de compartilhamento de dados de pacientes (para discussão de hipóteses diagnósticas ou busca de soluções terapêuticas), na decisão pela viabilidade de um tratamento ou de um exame à distância ou na escolha pelo período de guarda de um prontuário médico. Todas essas condutas são reguladas tanto pela LGPD quanto por outras leis e regulamentos dos diversos Conselhos Profissionais. Uma decisão segura depende da análise conjunta de todas essas regras, afirma.

Os advogados avaliam que a LGPD também trouxe benefícios para pacientes e para o ecossistema da saúde como um todo.

A LGPD confere maior transparência e segurança ao paciente, garantindo a ele o direito a serviços tecnicamente confiáveis e invioláveis, capazes de garantir a sua privacidade e a preservação de aspectos sensíveis de sua personalidade. O descumprimento aos requisitos da LGPD para o tratamento de dados pessoais pode sujeitar o infrator a sanções administrativas impostas pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), bem como a penalidades previstas em outras leis, como no Código de Defesa do Consumidor, sem contar a possibilidade de indenizações por perdas e danos na esfera judicial, diz Paulo Lilla.

Rubens Granja defende que a LGPD contribuiu fortemente para a credibilidade dos serviços de telessaúde. Embora a saúde digital, enquanto modalidade de serviço de saúde, não seja algo novo, sua utilização sempre foi objeto de muitos questionamentos e desconfiança - fruto, em grande parte, do desconhecimento do público e da vulnerabilidade de algumas das plataformas e recursos que vinham sendo utilizados. No entanto, especialmente após a pandemia da Covid-19, não há dúvida de que a telessaúde já sedimentou raízes no ecossistema da saúde global: está presente em consultas, prontuários médicos, prescrições médicas, exames laboratoriais, pesquisas clínicas etc. A chegada da LGPD tem como benefício ampliar o debate acerca do tema, fortalecer a segurança das plataformas e, com isso, oferecer maior segurança aos profissionais da saúde e pacientes que utilizam a ferramenta, comenta.

Dificuldades

As dificuldades para o cumprimento da LGPD na saúde digital, no entanto, ainda são muitas, principalmente em relação ao volume de investimento para o estabelecimento das estruturas tecnológicas e jurídicas impostas pela legislação, bem como a definição e implementação das estruturas organizacionais necessárias à elaboração e execução das políticas de proteção de dados e segurança da informação.

Mais do que investimentos financeiros, a adequação à LGPD impõe a qualificação dos profissionais envolvidos no fluxo de tratamento de dados (desde a recepção, o atendimento médico, a realização dos exames, até o armazenamento dos dados após a consulta), afirma Rubens Granja.

O advogado destaca outros dois outros pontos que não podem ser esquecidos. O primeiro diz respeito às peculiaridades do território brasileiro: há locais em que a infraestrutura digital e a disponibilidade de internet são precárias, o que torna a saúde digital inacessível e inviabiliza o cumprimento de exigências técnicas impostas pela LGPD. O segundo diz respeito às características da própria área da saúde: como o tratamento de dados pessoais é algo que sempre foi inerente à área, as mudanças impostas pela LGPD podem ser não apenas procedimentais, mas culturais o que, necessariamente, implica maior complexidade e mais tempo, complementa.

Paulo Lilla recorda que empresas europeias também passaram por dificuldades em relação à adequação do setor da saúde à GDPR (General Data Protection Regulation), sendo que diversas autoridades de proteção de dados já impuseram multas e outras penalidades contra empresas do setor pelo descumprimento da legislação de proteção de dados. Por exemplo, no ano passado uma empresa que fornece soluções de software para análise laboratorial foi condenada pela autoridade de proteção de dados francesa a uma multa de 1,5 milhão de euros, em razão da violação massiva de dados de quase 500.000 pessoas. Informações como nome do paciente, dados de identificação, nome do médico, data do exame, além de informações sobre as condições de saúde, incluindo dados genéticos, foram divulgados publicamente na Internet. A ausência de medidas de segurança satisfatórias foi uma das causas apontadas para o vazamento de dados dos pacientes, conclui.

..........................

Assessoria de Comunicação