Postado em: 24/02/2021

AHPACEG NA MÍDIA - Presidente da associação dos hospitais privados cobra participação das operadoras de planos de saúde no combate à Covid-19

JORNAL OPÇÃO

 

Presidente da associação dos hospitais privados cobra participação das operadoras de planos de saúde no combate à Covid-19

Por Isabel Oliveira

De acordo com o presidente da Ahpaceg, Haikal Helou, a rede privada não consegue manter os custos sem uma contrapartida das operadoras e que a questão pode ser levada para o âmbito da Justiça

A Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) divulgou na última sexta-feira, 19, uma carta aberta, cobrando empenho conjunto da sociedade e gestores públicos sobre a pandemia da Covid-19. O presidente da Ahpaceg, Haikal Yaspers Helou, disse ao Jornal Opção da dificuldade em abrir novos leitos, principalmente, pela falta de repasses dos planos de saúde e que os hospitais não pode bancar sozinhos os custos.

Haikal destacou que as pessoas não podem pensar que abrir mais leitos seja a solução para se evitar esse colapso no sistema público e privado de saúde. “As pessoas ignoraram tanto a velocidade de propagação, como a capacidade de multiplicação, como a gravidade da doença, metade desses pacientes que vão para o CTI morrem, essa é a estatística. As pessoas personificaram demais em que só aumentar leitos que vai resolver e não é assim que funciona”, pontua.

Sobre a atual situação de leitos para Covid-19 na rede privada de saúde, o presidente explica que o balanço de segunda-feira, 22, segue o mesmo caso da última sexta.  “Temos no pronto socorro uma demanda superior a oferta e não havia até ontem uma melhora do quadro que tínhamos  na sexta-feira e não temos uma perspectiva de quando isso vai acontecer”, disse.

Novos leitos

Questionado se há possibilidade de abertura de novos leitos, Haikal afirma que sim, mas é preciso verificar duas situações. “Isso gera uma sensação de segurança que nós já conversamos, que é as pessoas acharem que basta ter leitos que resolve,  você pega por exemplo o estado, a quantidade de leitos, o secretário estadual inclusive falou isso ontem, que a medida que você cria é ocupado. Nós observamos países muito ricos como Holanda e Alemanha que criaram leitos e tiveram índices altos de óbitos, porque as pessoas continuaram a ficar doentes em uma proporção maior”, explicou.

A segunda situação a qual se refere o presidente da Ahpaceg, é referente ao alto custo que tem ficando na conta dos hospitais. “Nós estamos comprando o que gastamos de uma forma muito mais intensa e cara e não tivemos a contrapartida. O serviço de saúde, o sistema público é um só, a gente tem o governo federal e governo estadual entrando com o dinheiro e a gestão é municipal. No sistema suplementar do qual nós fazemos parte as regras não são claras, as operadoras simplesmente ignoraram o fato de que há uma pandemia”, destaca.

Haikal, cita que essa situação pode ser analisada ao observar a sala de situações da Agência Nacional de Saúde (ANS).  “Verá o patrimônio que essas operadoras tem acumulado, e nós não estamos tirando uma parte para nós, esse patrimônio acumulado é simplesmente, porque todo custo da pandemia ficou com os hospitais. Nós somos hospitais de especialidade de alta complexidade, estamos preparados para lidar com esses pacientes”, pontua.

Ainda de acordo com o  presidente da Ahpaceg , após um ano de diálogo para tentar sanar isso, a questão será levada a Justiça. “Simplesmente ignoraram o fato e nós temos isso documentado e vamos entrar na Justiça, como é que eu crio leitos sendo que isso não é a prioridade das operadoras, como sustento esses leitos. Isso ficou inviável sem a participação das operadoras”, enfatiza.

“Na justiça nós vamos mostrar o desequilíbrio econômico e financeiro, houve um ano de diálogo, mas chegou em um momento que não se vê interesse em acertar essa conta”, completa Haikal.

Glosa médica

O termo médico Glosa, é citado pelo presidente  da Ahpaceg, e se refere ao não pagamento, por parte dos planos de saúde, de valores referentes a atendimentos, medicamentos, materiais ou taxas cobradas pelas empresas prestadoras (hospitais, clínicas, laboratórios, entre outros) e profissional liberal da área de saúde.

“Se o hospital apresenta a conta ela se recusa a pagar, alegando que isso foi usado fora do protocolo. Durante um ano de pandemia uma operadora conseguiu negar 94% de pagamentos que foram utilizados em segurança dos funcionários, médicos e equipes técnicas”, relatou.

Segundo Haikal, é preciso que as operadoras participem da discussão, já que existe uma pressão social querendo mais leitos e os hospitais tentando explicar que mais leitos não resolve. “O que nós estamos dizendo é que mais leitos não resolvem, pode aliviar temporariamente, pode, mas não conseguimos mais bancar essa equação”, conclui.

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Operadoras de Planos de Saúde dizem abertas ao diálogo com hospitais

Por Eduardo Pinheiro

Presidente da Ahpaceg fez duras críticas aos planos e diz que cobrará na Justiça repasse dos custos da pandemia

As operadoras de planos de saúde que operam em Goiás dizem abertas ao diálogo com hospitais particulares na gestão da pandemia de Covid-19. O presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade, Haikal Helou, em entrevista ao Jornal Opção apontou que as instiuições arcam com toda a despesa de atendimento a pacientes e que as operadoras “simplesmente ignoram o fato que de que há uma pandemia”.

Diante da situação, que Helou aponta como “inviável”, a Associação deverá levar a questão à Justiça. “Verá o patrimônio que essas operadoras tem acumulado, e nós não estamos tirando uma parte para nós, esse patrimônio acumulado é simplesmente porque todo o custo da pandemia ficou com os hospitais”, afirma Helou.

O presidente da Unimed Goiânia, Sergio Baiocchi Carneiro, diz que a Unimed realiza regularmente Auditoria Operativa em UTIs de hospitais conveniados para acompanhar a oferta e utilização de leitos para beneficiários incluindo para tratamento de Covid-19.

No entanto, aponta que gestão da ocupação de leitos na rede conveniada não é feita pelo plano de saúde, mas a diretoria da cooperativa entende a importância do diálogo com diretores dos hospitais conveniados para a melhor gestão do atendimento a pacientes de planos de saúde.

“Além disso, a Unimed Goiânia paga para a rede conveniada, atualmente, um valor 40% maior para diária de UTIs do que antes da pandemia, entendendo as características diferenciadas do serviço,” afirma o presidente da Unimed Goiânia.

Por meio de nota Ipasgo aponta que dialoga com a Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) desde o início da pandemia de Covid-19 “a fim de evitar qualquer tipo de prejuízo à rede credenciada”.

O próprio Haikal Helou isenta o Ipasgo da crítica e diz que o Instituto é um dos maiores compradores de serviços de saúde do Estado. “Desde o início da pandemia tem sido parceiro da Ahpaceg na busca de soluções que assegurem o atendimento médico-hospitalar aos usuários”, avalia.

A HapVida informou que tem rede hospitalar própria que não depende de outras instituições. Assim, os usuários consultam nas instituições da própria rede. Além disso, o plano não é associado à Ahpaceg, por isso a situação narrada pelo presidente da associação.

O Jornal Opção entrou em contato com a Associação Brasileira de Planos de Saúde, mas não obteve resposta sobre as indações até o fechamento da matéria. O espaço continua aberto para livre manifestação.