Postado em: 21/09/2020

CLIPPING AHPACEG 19 A 21/09/20

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

País contabiliza 363 óbitos em 24 horas

Fiocruz testará eficácia da vacina contra tuberculose para a covid-19

Eles derrubam o mito da perfeição

Presidente da Anvisa estima resposta sobre vacina para começo de 2021

Artigo - Moralismo e corrupção

'Suicídio é, ainda hoje, considerado um tabu, seja por motivos culturais ou religiosos', diz presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria

Home office também significam novas regras de medicina e segurança no trabalho

Covid-19: Goiás registra 696 novos casos e 17 mortes nas últimas 24 horas

 

 

CORREIO BRAZILIENSE

 

País contabiliza 363 óbitos em 24 horas

O número de contaminados pelo coronavírus chegou a 4.544.629 neste domingo, com o registro de 16.389 novos casos. O acumulado de mortes por covid-19 chegou a 136.895, com 363 óbitos registrados entre sábado e domingo. Vale lembrar que os dados do Painel Coronavírus do Ministério da Saúde sofrem uma pequena subnotificação com números que se reajustam durante o fim de semana.

O Ministério da Saúde informou que "os dados de óbitos dos estados do Tocantins, de Roraima e do Amapá seguem os mesmos de ontem (sábado) pois não foram atualizados pelos estados". A pandemia entrou, oficialmente, na 39ª semana no Brasil, após encerrar com aumento o número de pessoas que se infectaram e das que perderam a vida na 38ª semana: respectivamente de 212.553 e 5.322, contra 192.687 e 5.007 no período anterior.

Apesar do aumento na última semana epidemiológica, os dados do painel da Saúde indicam uma suave redução no número de mortos e contaminados nos últimos dias. É em meio a esse cenário de incerteza que o brasileiro acompanha notícias relacionadas ao desenvolvimento de vacinas contra o vírus. Entre elas, a de que o governador de São Paulo, João Dóoria, anunciou que o estado receberá, em outubro, 5 milhões de doses da vacina CoronaVac.

O produto está sendo desenvolvido pelo Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac Biotech. São Paulo é o estado que mais registrou casos do vírus, e acumula 935.300 contaminados e 33.952 mortes, mais da metade do total de pessoas que perderam a vida no Sudeste por conta da covid-19.

Ampliação

A previsão é de que a unidade da federação receba 46 milhões de doses até dezembro, pois o Butantan também começará a produzir a vacina. O Brasil passou a ter capacidade de produzir a imunização após uma transferência de tecnologia da Sinovac Biotech. O prédio do instituto passará por obras em novembro para ampliar a estrutura física e, consequentemente, aumentar a produção de vacinas.

A CoronaVac está na fase três de testes em humanos, a última etapa para provar a eficácia do produto. No país, o imunizante passa por testes desde julho. A meta é aplicar em 9 mil voluntários. Cada um receberá duas doses no intervalo de 15 dias, e médicos avaliarão a resposta imunológica dos vacinados. Além de São Paulo, há centros de pesquisa fazendo aplicações em Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná.

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Fiocruz testará eficácia da vacina contra tuberculose para a covid-19

Os testes começam a partir do mês que vem. Segundo o ex-diretor do Ministério da Saúde, análise recente feita na Suécia mostra avanços do imunizante no combate a infeccções virais respiratórias em idosos

Ainda sem uma vacina contra o novo coronavírus aprovada, a corrida mundial pelo imunizante da covid-19 continua a todo vapor. Mês que vem o Brasil começa a testar uma nova candidata. Dessa vez, a protagonista do teste é uma velha conhecida: a vacina BCG. Usada para prevenir a tuberculose, a prevenção é obrigatória no Brasil para recém-nascidos desde 1976 e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Em entrevista ao Correio, o infectologista e ex-diretor do Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis (DEIDT) do Ministério da Saúde, Julio Croda, explica que, por ser um imunizante mais antigo, a questão da segurança é secundária: "todos já conhecem os efeitos adversos". Em parceria com o Instituto de Pesquisa Infantil Murdoch da Austrália, Croda é o responsável pelo estudo no Brasil, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com frente no Mato Grosso do Sul, ao lado da pneumologista Margareth Dalcolmo, que comandará as equipes no Rio de Janeiro. Estudos preexistentes mostram que a BCG é eficiente contra outras infecções respiratórias virais, o que influenciou os pesquisadores a testarem a eficácia da vacina, também, contra o vírus Sars-CoV-2. Além do Brasil, Austrália, Espanha, Holanda e Reino Unido fazem parte da pesquisa, com o apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Como o Brasil passou a integrar a iniciativa e quem poderá participar?

Foi estabelecido um contato comigo por meio da Fundação Gates e do próprio pesquisador australiano, coordenador do projeto geral, para discutir o interesse do Brasil em participar. O estudo compreende, no mundo todo, o recrutamento de 10 mil trabalhadores de saúde acima de 18 anos -- então, não tem limite máximo de idade, como em muitas vacinas testadas hoje, em fase três. Serão recrutados voluntários na Austrália, Reino Unido, Espanha e Holanda. Aqui, no Brasil, serão 3 mil pessoas: 2 mil, no Mato Grosso do Sul; e mil, no Rio de Janeiro.

Qual será a metodologia empregada?

O estudo que vamos aplicar é randomizado, com um grupo controle que não recebe a vacina e outro, que recebe. Vamos acompanhar esses indivíduos por um ano. Todas as semanas terão ligações telefônicas para verificar se o paciente tem algum sintoma sugestivo de covid. Se tiver, nós vamos ofertar o teste RT-PCR. Vamos ter, também, visitas previamente agendadas de encontros pessoais a cada três meses. Será coletado soro para verificar se o paciente, mesmo sem sintomas, apresentou contato com vírus, o que chamamos de soroconversão, ou seja, ficou positivo para a sorologia e, desta forma, seria um paciente assintomático que teve a doença. Vamos comparar o grupo que tomou a vacina e o grupo que não tomou para verificar a eficácia contra a covid.

Por ser uma vacina já amplamente aplicada no mundo, existe mais tranquilidade no processo?

Quanto à segurança, trata-se de uma vacina muito antiga, a primeira a ser realmente disponibilizada, lá na década de 30. Então, há bastante experiência e todos já conhecem os efeitos adversos dessa vacina, aplicada em mais de 120 milhões de crianças anualmente. Essa é uma questão mais secundária no estudo, porque já é uma vacina bastante conhecida e aplicada.

Muda algo no protocolo em relação às outras vacinas que estão sendo testadas para covid?

Ela nunca foi testada para covid. Por isso, estamos fazendo esse estudo de fase três, que é o mesmo que está sendo feito no mundo todo com as outras oito vacinas específicas para covid. Na vacina de Oxford vão recrutar 30 mil; na Rússia, 40 mil; nós vamos recrutar 10 mil. É o mesmo desenho de seguimento de um ano para avaliar a segurança e eficácia. Só que faremos com a vacina que já existe, que não tem patente, interesse comercial, para verificar se ela causa algum tipo de proteção contra o novo coronavírus.

Então, o que leva a crer que a BCG pode ser eficiente no combate à covid?

Trata-se de uma vacina, do ponto de vista imunológico, que suscita muita ação celular contra organismos como vírus, bactérias, protozoários intracelulares, por meio da resposta imune inata. Esse é um resultado não específico, ou seja, não direcionado a um tipo de patógeno como a covid, influenza, mas se treina a identificação de patógenos que são intracelulares, que infectam as células, para combater por meio dessa resposta inata celular. Por não ser específica, muito provavelmente terá uma duração mais curta de proteção. Em torno de um ano, um ano e meio, no máximo. Portanto, se você tomou vacina lá na infância, muito provavelmente você não está protegido neste momento.

De onde vem a avaliação que embasa o estudo?

Os dados vêm de dois estudos. Um foi feito na África com crianças revacinadas com a BCG para outras causas que não a tuberculose. Elas foram acompanhadas durante um ano e os resultados mostram que houve redução de infecções, como doenças respiratórias e óbitos. Também há um estudo recente na Suécia mostrando que houve uma produção muito importante para combater infecções virais respiratórias em idosos, justamente o público de maior risco para covid. Esses dois estudos indicam que a vacina pode gerar uma resposta inespecífica, inclusive para outros vírus. Essas são evidências empíricas, nunca testamos para covid. É isso que vamos avaliar. Não para testar esse produto, porque ele já existe no mercado e está a disposição da população, principalmente para recém-nascidos. Mas, para mudar sua indicação, se ela se provar eficaz contra covid.

O esperado, como o senhor mencionou, é de uma resposta não duradoura...

Se não tiver outra vacina de covid específica, nada que se mostre eficaz e seguro para covid, a BCG, muito provavelmente, se for utilizada nesse contexto, será utilizada para o grupo de risco, profissionais de saúde, até o momento em que a gente tenha a capacidade, por exemplo, de fornecer vacina para mais de bilhões de pessoas. Seria uma proteção tanto para infecção quanto para evolução de gravidade, internação, UTI, óbito. A gente vai avaliar tudo isso.

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ESTADO DE MINAS

 

Eles derrubam o mito da perfeição

Alunos dos cursos de medicina e profissionais portadores de necessidades especiais mostram ser capazes de vencer limitações, contra a padrão esperado de super-heróis

Lilian Monteiro

Imagine-se numa situação de constrangimento, ao chegar a um consultório médico para avaliação de rotina e encontrar um profissional atencioso e receptivo, mas que tem dificuldade auditiva severa. Como compreender bem o que está sendo explicado e buscar informações adicionais? Logo surge a surpresa e a dificuldade de lidar com um cenário assim, quando o médico é que enfrenta o problema da surdez ou qualquer outra necessidade especial?

A questão é apresentada pelo pediatra e cirurgião pediátrico Thiago Laza-roni, professor do curso de medicina da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). "Imaginamos que médicos e os demais profissionais de saúde não enfrentam barreiras físicas para exercer a profissão. Essa premissa surge do que esperamos de um médico, uma pessoa sem limitações ou um "quase-deus" no quesito de saúde. Deparar-se com um cardiologista surdo, por exemplo, seria um choque. "Como esse doutorvai ouvir meu coração? Não é errado se sentir assim inicialmente, mas e se esse médico tiver aprendido outras formas de ouvir?” Thiago Lazaroni afirma que, no Brasil, até há um sistema de saúde que vem se tornando inclusivo ano após ano "às custas de grandes reivindicações sociais". E destaca que "cerca de 25% dos brasileiros têm alguma necessidade especial, seja para se comunicar, pensar ou locomover-se''.

Nem todos sabem, mas após um processo de quase três anos de discussões e análises, o Código de Ética Médica (CEM) de 2019 estabeleceu que o profissional médico com deficiência, ou doença crônica, pratique atividades dentro dos limites de sua capacidade e da segurança do paciente. O código se alinha à convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, de 2008, e sua incorporação no Brasil por meio do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015).

No recadastramento digital dos profissionais vinculados ao Conselho Federal de Medicina, no inicio desse processo, que começou em 2016, dos 450 mil médicos em atividade no Brasil, 554 afirmaram ter algum tipo de deficiência. Grande parte deles atua em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Distrito Federal e Goiás. Entre as deficiências registradas, a auditiva, motora e visual são as mais comuns. O censo também quantificou se os casos eram congênitos ou adquiridos.

Raquel Moret Henrique Campos, de 24 anos, cursa o 7e período de medicina no câmpus da PUC Minas, em Betim, na Grande Belo Horizonte. Ela conta que ingressou na universidade graças à obtenção de bolsa integral pelo Programa Universidade para Todos (ProU-ni). “Sou portadora de uma perda auditiva neurossensorial bilateral profunda e faço o uso de dois aparelhos auditivos para melhor comunicação e compreensão. Embora o aparelho auditivo seja um facilitador, minha principal forma de compreensão da fala é a leitura labial ', conta Raquel.

CAMINHAR JUNTOS Para que a inclusão ocorra da melhor maneira possível, a estudante costuma entrar em contato com os professores, antes do início de cada semestre do curso, para falar das suas necessidades e conversar sobre como ela pode trabalhar junto deles para absorver o conteúdo das disciplinas. "Deixo explícito ao professor que ele deve evitar ao máximo caminhar pela sala, bem como falar olhando para o quadro, pois, como sou dependente de leitura labial, a face dele deve estar sempre virada para a frente ou de perfil em relação a mim”.

Raquel Moret reconhece que, mesmo com toda a colaboração dos professores, é claro que como a carga de conhecimento ministrado é muito grande e ela precisa fazer anotações, pode haver momentos em que ela desvia sua atenção do professor para o caderno e, com isso, em tese perderia o ritmo de acompanhamento da lição. "Diante disso, tenho que organizar meus horários para estudar e obter o máximo de informação possível. Uma das maiores dificuldades que encontrei foi obter o estetoscópio. O modelo de que eu precisava era encontrado apenas no exterior e só fui obtê-lo quando estava no 52 período do curso.”

No ensino remoto, Raquel Moret revela que teve um pouco mais de dificuldade. "Antecipadamente, entrei em contato com os professores e combinei em manter a webcam sempre ligada e que tanto o áudio quanto o vídeo estejam na melhor qualidade possível. Eles também se disponibilizaram em me responder pelo telefone sempre que possível."

A estudante enfatiza também que o curso não seria tão proveitoso não fosse, além da colaboração e compreensão dos professores, a ajuda dos amigos e colegas de classe. "Todos se colocam à disposição para me ajudar. Juntos, compartilhamos várias anotações e experiências. Além disso, os monitores têm tido um papel muito importante na construção da minha formação como médica."

A futura médica não sabe o que virá pela frente. No entanto, a paixão e o comprometimento contagiam e inspiram. "Ainda não sei qual é o destino que a medicina me reserva. A graduação tem sido uma experiência maravilhosa e, cada dia que passa, descubro uma coisa dentro da medicina pela qual me apaixono. Porém, só de saber que existem pessoas dispostas a ouvir e compreender as dificuldades e necessidades que passamos já fico com a esperança de que o futuro me reserva bons momentos."

GARRA E SABER COMO ROTINA

A sociedade convencionou que a pessoa com necessidade especial é sempre o paciente, jamais o médico, mas há profissionais cadeirantes, alguns surdos, outros com seqüelas neurológicas. E é ainda mais difícil pensar em ensinar como essa pessoa com necessidade especial deve repetir e praticar a medicina dentro das suas possibilidades. A constatação é do médico Thiago Lazaro-ni, pediatra, cirurgião pediátrico e professor do curso de medicina da PUC Minas. "Por que essas pessoas não poderiam ter acesso ao sistema superior de ensino e praticar o exercício de profissões da saúde?"

No início do semestre, ano passado, ao ser comunicado sobre a existência de um aluno com necessidade especial, Thiago Lazaroni pensou em como poderia abordá-lo, modificar toda uma estrutura visando à acessibilidade maior dele. “Não fiquei assustado, me motivou muito e fiquei realmente estimulado a ensinar de uma forma diferente.”

Ele observa que a medicina tem rotinas rígidas e intensas de estudos. “São aulas teóricas com grande carga horária, além da carga prática maior ainda. Após o término de seis anos de universidade, o médico recém-formado, para se especializar, ainda enfrenta uma nova seleção de provas (que podem ser práticas) e faz, no mínimo, mais dois anos de residência médica. Toda essa rotina pode ser mais difícil se falamos de um estudante surdo, mudo ou com dificuldades locomotoras. Imagine como o futuro médico vai aprender o tique-taque do coração e o chiar do peito? Como ele será capaz de ouvir uma história detalhada, cheia de casos de uma senhora no interior do estado? E como esse médico poderá explicar sobre o tratamento?”

No entanto, em 2019, Thiago Lazaroni se deparou, no terceiro ano do curso, com Raquel Moret Henrique Campos, de 24 anos, uma estudante com grave perda auditiva. “Minha disciplina, de se-miologia médica, ensina os primeiros passos de como o médico deve ouvir, interpretar, tocar, sentir e orientar seus pacientes. Ensinamos o exame do coração, das juntas, da garganta e etc. Uma grande parte do exame é o ouvir dos sons que nossos órgãos produzem naturalmente ou quando são afetados por alguma doença. Uma disciplina secular e bastante tradicional. E agora? Como vou ensinar a ela o barulho correto dos intestinos ou o crepitar de uma pneumonia?"

Ele enfatiza que os médicos discutem muito como incluir o paciente em todas suas formas. “Como um médico deve se portar e agir frente a vida real, mas nessa situação invertemos totalmente o jogo. Aprendemos a ensinar um som para um estudante que ouve 100% ou perto disso. Mas, se não reformularmos a forma de ensinar e praticar que todos podem ser bons médicos, como incluir aqueles surdos que saem do ensino médio e gostariam de se enveredar pela área da saúde?"

ARTIGO CIENTÍFICO Thiago Lazaroni se deparou com um momento de desafio e inclusão. “No ensino superior, não há obrigatoriedade de aulas ministradas em libras. Tivemos que nos reinventar. Falar mais devagar, sempre de frente para a aluna, explicar os sons. E não houve diferença entre o aproveitamento dela em relação aos demais colegas. Tivemos, inclusive, que adaptar avaliações. É fácil saber quando alguém não entende o que é perguntado porque não sabe ou porque está com alguma limitação de entendimento/percepção. Essa é a arte de ser professor.”

Comprometido com a formação da estudante, Thiago Lazaroni revela que, médico formado há uma década, "poucos momentos me marejaram as vistas. Um deles foi quando, lá no meio do semestre, essa aluna colocou um estetoscópio especial que aumenta os sons. Ela chorou. Confesso, todos nós choramos.” Dessa vivência, o pediatra e professor conta que surgiu a ideia de estudar melhor essa experiência. Assim nasceu, com a participação de outras alunas, que são monitoras, e mais duas professoras, Ga-briela e Erika, um estudo. “Decidimos relatar para outros professores, alunos e universidades que é possível ensinar medicina a um surdo ou a qualquer outra pessoa que tenha limitações físicas. A forma de ensinar medicina é que tem que se atualizar, ultrapassar limites e criar alternativas para os desafios propostos pela vida", enfatiza Lazaroni.

O trabalho resultou em um artigo científico recém-saído do forno e prestes a ser publicado. “Mas muito mais que isso, nos fez explorar potencialidades mais do que limitações. No meu caso, ensinar um mundo cheio de sons para uma futura médica cheia de sonhos.”

Preconceito e sabotagem

Na literatura sobre a medicina pediátrica, o professor da PUC Minas Thiago Larazoni se deparou com dados absurdos sobre as dificuldades enfrentadas por médicos residentes portadores de necessidades especiais. "Residentes surdos são encorajados a desistir da especialização. Os hospitais se adaptam à realidade do paciente, mas não à de um profissional de saúde com necessidades especiais. Alguns relatam que foram sabotados em prontos-socorros ou ambulatórios."

Para o pediatra, a sociedade não está preparada. "Mas isso é porque muitos deficientes físicos desistiram de ser médicos. Então, há um preconceito com relação ao padrão de médico. Somente após conhecer e presenciar uma consulta com pessoas nessa condição especial é que vão entender que não há diferenças. É um padrão a ser melhorado, trabalhado."

Para Thiago Lazaroni, o médico surdo pode ser sim ativo e exercer sua profissão com autonomia. "Ela (a sua aluna) pode atuar em todas as áreas que desejar. Não precisa ser uma médica especialista em exames, por exemplo. Ela pode ser cardiologista, pneumologista ou o que quiser. Temos tecnologias que permitem ampliar os sentidos ou codificá-los para que sejam percebidos por quem tem deficiência total."

De tudo que tem experimentado, percebido, aprendido e vivido dentro de sala de aula, Thiago Lazaroni confessa que tem se transformado: "Incrível. Eu me senti triste há 15,16 anos atrás, quando me disseram que alguma limitação minha poderia influenciar na minha carreira, ou quando eu era criança e acharam que por ser de família humilde o sonho estava muito distante. Acredito que podemos todos sonhar e temos que valorizar o sonho do jovem médico. É uma profissão movida a sonhos.” (LM)

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DIÁRIO DA MANHÃ

 

Presidente da Anvisa estima resposta sobre vacina para começo de 2021

"As estimativas vão sofrendo alterações ao longo do tempo e é, de fato, muito complicado dizer uma data específica, mas eu diria que os primeiros meses de 2021 seria algo razoável para nos preparamos para ter essas respostas vacinais", disse o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Antônio Barra Torres, durante a Live JR, promovida ontem (18) pela RecordTV

Durante a Live JR, promovida ontem (18) pela RecordTV, o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Antônio Barra Torres, estimou respostas sobre a vacina contra a Covid-19 para o começo de 2021. A declaração foi feita aos jornalistas Catarina Hong, Celso Freitas e Eduardo Ribeiro. As informações são do R7.

“As estimativas vão sofrendo alterações ao longo do tempo e é, de fato, muito complicado dizer uma data específica, mas eu diria que os primeiros meses de 2021 seria algo razoável para nos preparamos para ter essas respostas vacinais”.

Conforme a reportagem, Torres apontou a agilidade do desenvolvimento da vacina. Isso porque a possibilidade da imunização para o início do ano “é algo tão inédito quanto uma pandemia”, segundo ele.

“Em tempos normais, um protocolo de desenvolvimento vacinal leva uma década ou mais do que isso”, completou.

De acordo com a reportagem, o presidente da Anvisa considera a probabilidade de que mais de uma vacina seja disponibilizada no mercado brasileiro simultaneamente. No total, quatro vacinas são analisadas no Brasil.

“A obtenção de um registro, não significa a interrupção do desenvolvimento das demais”, afirmou em resposta aos jornalistas sobre qual vacina será utilizada. “Muito provavelmente teremos mais do que uma”, disse ao R7.

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O GLOBO

 

Artigo - Moralismo e corrupção

Militarização da política se associa à evangelização dos costumes

Joel Birman

A história escabrosa da menina de 10 anos que foi estuprada pelo tio durante quatro anos no Espírito Santo, e que dele engravidou, é exemplar do que ocorre hoje no Brasil. A crueldade se evidencia nos detalhes dessa saga, como a ameaça do estuprador de matar seu avô se fosse denunciado.

Sem subestimar a tentativa de silenciar a gravidade do caso com os comentários, oriundos de conservadores, de que a menina teve relações consensuais. Como se uma menina que levou um brinquedo de pelúcia para o hospital em que realizou o aborto pudesse saber algo sobre relações sexuais. As ilegalidades se multiplicam, intensificando a teia desse acontecimento trágico.

É preciso evocar que a menina foi impossibilitada de realizar o aborto no seu estado, numa conjunção macabra de covardia dos médicos em fazer o aborto baseados na lei, e da pressão de religiosos que sustentaram o imperativo da vida custe o que custar, sem considerar o preço que a menina pagaria com a gravidez, o parto e o nascimento do bebê.

Além disso, deslocada para Recife, onde o aborto aconteceu, a menina foi acossada no hospital com manifestações de moralistas, que jogaram a última cartada para impedir o ato legal de suspensão da gravidez. Não conseguiram, mas o embate não ficou por aí, pois tais religiosos pressionaram o Estado brasileiro por meio do Ministério da Justiça, que, por uma portaria indecente dos pontos de vista jurídico e moral, passou a multiplicar os obstáculos para que mulheres possam demandar aborto caso sejam estupradas.

Um protocolo humilhante faz com que a medicina, que deveria acolher clinicamente as mulheres, passe a funcionar como polícia, promovendo o depoimento da vítima e expondo a ultrassonografia para que saiba o 'crime' que estaria cometendo, sem desconsiderar o exame de DNA do feto para localizar o estuprador.

Portanto, se o Ministério da Saúde passou a ser demandado a realizar esse protocolo em plena pandemia, o mesmo ministério militarizado não reconhece mais uma vez a lei e transforma o médico em policial, pisoteando o direito das mulheres ao aborto nessas condições.

Essa situação evidencia a face podre do poder no Brasil na atualidade, onde a militarização da política se associa à evangelização dos costumes. A pressão dos evangélicos no Recife se realizou pela divulgação de informações confidenciais sobre o destino da menina. Há suspeita de que informações foram oferecidas pelo governo, por intermédio do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que contratou na ocasião macabra uma alta funcionária que afirmou ser o aborto um infanticídio em qualquer circunstância.

Porém foi o mesmo discurso evangélico, incrustado hoje no Estado brasileiro, que batizou o presidente Bolsonaro nas águas do Rio Jordão, pelas mãos do Pastor Everaldo, aliás preso recentemente, sob acusação de corrupção na área da Saúde no Rio de Janeiro, onde o governador Witzel, eleito na onda bolsonarista, é também acusado de corrupção no mesmo processo.

No Rio de Janeiro, o bispo Crivella, considerado o pior prefeito da história da cidade, realizou múltiplas corrupções, atacando a democracia com os seus 'guardiões,' favorecendo a comunidade evangélica, como se estivéssemos num regime teológico-político. Não se pode esquecer ainda que o mesmo Pastor Everaldo, no primeiro turno das eleições de 2014, recebeu cerca de R$ 6 milhões para fazer perguntas adocicadas ao candidato Aécio Neves nos debates.

Foi ainda o poder evangélico que evidenciou sua face hedionda no crime da deputada e pastora Flordelis, que mandou matar a tiros o marido pastor com o auxílio de filhos e netos, após ter tentado envenená-lo por quatro vezes.

Tudo isso, sem esquecer que antes do crime a pastora e o marido teriam participado de uma orgia, numa casa de swing no Rio de Janeiro, o que, convenhamos, não é coerente com a Bíblia e com discurso evangélico que seja respeitável.

Enfim, tudo isso evidencia a dimensão de farsa do populismo político da extrema-direita no Brasil, em que se associam os dispositivos militar, policial e político, sob o espectro das milícias, pelo imperativo de liberação das armas, de maneira a minar a democracia, evidenciando de forma crua os laços existentes entre moralismo e corrupção.

Joel Birman é psicanalista e professor do Instituto de Psicologia da UFRJ

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JORNAL OPÇÃO

 

'Suicídio é, ainda hoje, considerado um tabu, seja por motivos culturais ou religiosos', diz presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria

Antônio Geraldo da Silva afirma que estudos realizados em décadas anteriores alertavam para os riscos da abordagem inadequada ao problema, o que 'colaborou para o fortalecimento do preconceito e constrangimento que cerca o tema'

Por Augusto Diniz

A campanha Setembro Amarelo, promovida pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) desde 2014 para alertar a população sobre a prevenção ao suicídio, ganhou espaço no debate público e ampliou suas fronteiras. Em 2020, o trabalho conta com apoio do Ministério da Saúde, mas desde o ano passado já havia incluído como parceiros as pastas federais da Cidadania e da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

'Ainda existe o medo de falar sobre e incitar novos casos e até mesmo há, por parte das pessoas, a vergonha de falar publicamente sobre o tema.' A declaração do presidente da ABP e coordenador nacional do Setembro Amarelo, o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, aponta que o suicídio, além de se manter como um tabu no Brasil, ainda enfrenta barreiras. 'O preconceito não desaparece sem o esforço de todos nós. Por isso é necessário trazer à tona o assunto, sempre de forma responsável e didática.'

A cada ano da campanha, abordamos um tema diferente, de acordo com o cenário identificado à época do planejamento. Em anos anteriores, já trabalhamos, por exemplo, como o combate ao estigma auxilia na prevenção ao suicídio, o fato de que a tentativa de suicídio é uma emergência médica e como deve ser manejada e abordada.

De 2014 para cá, a campanha atingiu proporções nacionais, contando especialmente com o apoio de diversos grupos: sociedade civil organizada, instituições públicas e particulares, empresas privadas - todos reconhecendo a importância do tema. Desde 2019, contamos com apoio do governo federal, por meio dos ministérios da Cidadania e Mulher, Família e Direitos Humanos. Em 2020, o Ministério da Saúde juntou-se a nós nesta campanha.

Neste ano, o ponto focal está na ação, na busca por maneiras de agir efetivamente na prevenção. O objetivo está em informar corretamente à população sobre os fatores de risco e proteção para a prevenção ao suicídio, promovendo a saúde mental, prevenindo e auxiliando no reconhecimento das doenças mentais, desde seus primeiros sinais, para assim, encaminhar as pessoas ao tratamento correto, evitando que ocorram novas tentativas, protegendo a vida do paciente e de quem convive com ele.

O suicídio é, ainda hoje, considerado um tabu, seja por motivos culturais ou religiosos. Estudos realizados em décadas anteriores apontaram para os riscos de se falar sobre suicídio da maneira inadequada e isso, infelizmente, colaborou para o fortalecimento do preconceito e constrangimento que cerca o tema.

Ainda existe o medo de falar sobre e incitar novos casos e até mesmo há, por parte das pessoas, a vergonha de falar publicamente sobre o tema. O preconceito não desaparece sem o esforço de todos nós. Por isso é necessário trazer à tona o assunto, sempre de forma responsável e didática.

É somente informando à população que se acaba com o estigma que paira sobre os transtornos psiquiátricos, levando o conhecimento e dando a devida importância ao tema, ajudando assim no tratamento dos pacientes e consequentemente na diminuição de casos de suicídio.

A forma correta é explicando que se trata de uma doença como qualquer outra, uma questão de saúde pública e, portanto, deve ser tratada como tal. Se informar sobre o assunto é sempre a melhor forma de prevenir.

Para profissionais da comunicação, temos o cuidado de solicitar que não se atenham a números e dados de óbitos por suicídio no País e no mundo. O foco deve estar em histórias de superação, de tratamento correto e casos em que a ideação suicida parou por completo, com o personagem retomando a sua qualidade de vida.

Sim, falar sobre o assunto ainda é um tabu, seja por questões religiosas, morais e/ou culturais. Por isso, é necessário que o tema seja discutido para que acabe esse estigma. A falta de conhecimento e de atenção acerca do suicídio são obstáculos à prevenção correta. É fundamental combater o preconceito que paira sobre as doenças mentais.

Desmistificar é salvar vidas! Auxiliar a sociedade a compreender e identificar casos é a principal forma de ajudar os profissionais da área de saúde, familiares e amigos, principalmente no que se refere à busca por tratamento e instrução da população.

Chamamos de 'epidemia silenciosa', pois estudos apontam que transtornos mentais, como depressão, transtornos de ansiedade e de humor bipolar estão diretamente relacionados a casos de suicídio. Neste caso, por estarem diretamente ligados às doenças mentais que chegam de mansinho, sem muito alarde e muitas vezes são confundidas inicialmente com uma tristeza profunda, um nervosismo, eles são ditos como silenciosos.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada 40 segundos uma pessoa morre por suicídio no mundo. Já ao que se refere às tentativas, uma pessoa atenta contra a própria vida a cada três segundos. Em termos numéricos, calcula-se que aproximadamente um milhão de casos de óbitos por suicídio são registrados por ano em todo o mundo. No Brasil, os casos passam de 12 mil, mas sabe-se que esse número é bem maior devido à subnotificação, que ainda é uma realidade.

É importante estar atento aos fatores de risco, conhecê-los e saber como lidar com eles. No caso do comportamento suicida, levar em consideração toda e qualquer manifestação no sentido de desesperança ou desamparo. Por exemplo, quando alguma pessoa começa a se isolar, perder o interesse nas atividades anteriormente prazerosas, alterar hábitos de sono e de apetite, isso pode indicar o início de um quadro psiquiátrico.

Essas manifestações somadas a comentários como 'o mundo estaria melhor sem mim', 'eu não aguento mais' ou ainda 'a vida não vale a pena' acendem o alerta para a ideação suicida. Ao notar esses sinais, é fundamental buscar auxílio médico. O psiquiatra poderá avaliar o quadro e identificar o desenvolvimento de uma doença mental, intervindo de forma precoce e evitando seu agravamento. Com o tratamento correto, a ideação suicida desaparece por completo e o paciente retoma a qualidade de vida.

Estudos apontam que cerca de 96,8% dos casos de suicídio, no Brasil, estão relacionados a transtornos mentais, como por exemplo, a depressão. Estima-se que, no País, há 50 milhões de pessoas com algum tipo de doença mental, transformando o Brasil no primeiro da América Latina com pessoas com quadros depressivos. Esse cenário preocupante serve de alerta para que a saúde mental seja um tema importante para a saúde pública.

A depressão enquadra-se no que chamamos de transtornos de humor e estes correspondem a 35,8% daquele número inicial de óbitos por suicídio relacionados às doenças mentais. Os números seguem apontando os índices ligados a transtornos por uso de substâncias - licitas ou ilícitas -, com 22,4%, e também da esquizofrenia, com 10,6%.

O tratamento para os transtornos psiquiátricos é feito de forma personalizada e adequada a cada caso para melhor resposta do paciente. Somente o médico psiquiatra poderá indicar o tratamento correto para que a pessoa recobre a qualidade de vida e que os pensamentos e comportamentos depressivos cessem por completo.

Alguns medicamentos, no entanto, que são utilizados no tratamento de doenças como a depressão são os antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), inibidores da monoamina oxidase (IMAO) entre outros. Cada uma dessas classes de medicamentos irá atuar nas funções cerebrais por meio da atuação química de funções fundamentais à sinapse, ou seja, na passagem das informações importantes dos neurônios para o nosso cérebro.

O psiquiatra irá avaliar caso a caso e sugerir a terapêutica correta para o tratamento da depressão a cada paciente. Não é porque um grupo apresenta a mesma doença que deve ser tratado da mesma forma, as particularidades dos pacientes devem ser levadas em consideração ao sugerir o tratamento psicofarmacológico.

Se a pessoa ainda estiver em risco iminente, acione o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] pelo telefone 192. A equipe de atendimento de urgência tem o treinamento necessário para auxiliar nestes casos. Se não for possível, vá com a pessoa até o serviço de pronto atendimento mais próximo. Se a tentativa de suicídio já tiver sido manejada corretamente, familiares e amigos precisam buscar atendimento psiquiátrico para seu ente querido.

Procure o atendimento pelo SUS [Sistema Único de Saúde] ou de forma privada, mas não deixe de levar a pessoa para a avaliação psiquiátrica o mais breve possível - tratamento e acompanhamento corretos salvam vidas e somente o médico psiquiatra vai poder avaliar qual o tipo de tratamento que se adequa à situação de cada paciente.

Deve-se sempre ter em mente que depressão, assim como outras doenças mentais, é e deve ser tratada como uma questão de saúde pública, uma doença como qualquer outra. Ouvir o paciente é sempre bom, faz com que se note os sinais que eles estão emanando, seus pedidos de ajuda, mas é fundamental buscar auxílio médico.

O psiquiatra poderá avaliar o quadro e identificar o desenvolvimento de uma doença mental, intervindo de forma precoce e evitando seu agravamento. Com o tratamento correto, o paciente pode retomar a qualidade de vida.

As evidências científicas apontam que o melhor tratamento para a depressão é feito de forma multiprofissional, ou seja, em colaboração com o psiquiatra e o psicoterapeuta. Em casos leves da doença, a psicoterapia por si só pode ser uma excelente escolha para manejar o quadro depressivo. Para casos moderados a graves, no entanto, é preciso aliar à psicofarmacoterapia.

De todo modo, sempre que possível, buscamos uma atuação conjunta entre psiquiatras e psicólogos para que a qualidade de vida do paciente seja recobrada da forma mais rápida possível. Em termos de psicoterapia, os transtornos depressivos encontram grande auxílio na terapia cognitivo-comportamental e também na terapia interpessoal.

A internação psiquiátrica é o último recurso a ser utilizado pelo médico e acontece em três cenários: no caso de risco à própria vida, à vida de outros ou ao seu patrimônio. Em casos de tentativas de suicídio, onde há risco iminente à vida do próprio paciente, alguns casos podem ser indicados para a internação: quando há tentativas de forma suscetiva, por exemplo, ou quando a depressão impede a pessoa de se alimentar corretamente, podendo levar à inanição.

É importante destacar, no entanto, que a internação acontece pelo menor tempo necessário, uma vez que o tratamento psiquiátrico deve acontecer com o paciente inserido no seu próprio ambiente familiar, de trabalho e sua rede de apoio social, como amigos.

A melhor forma de diminuir o impacto e reduzir o número de casos é tratando corretamente a doença mental de base, que leva o indivíduo à ideação suicida. Por isso, é imprescindível encaminhar a pessoa à avaliação correta pelo médico psiquiatra. Somente ele poderá indicar o tratamento correto para que a pessoa recobre a qualidade de vida e que os pensamentos e comportamentos suicidas cessem por completo.

É preciso agir mostrando que há uma saída, desde que o tratamento seja seguido conforme as orientações passadas, aumentando a adesão ao tratamento, enfim, não ficar apenas na conversa ou no falar sobre. Se eu já sei que a pessoa está considerando o suicídio, o que posso fazer para auxiliá-la a sair deste estado? Preciso sair da inércia e é aí onde entra a ação efetiva.

A melhor forma é focar no autocuidado, cuidar da saúde física e mental. É sempre respeitar o próprio ritmo circadiano, ou seja, o funcionamento do organismo em cerca de um dia. Preste atenção às rotinas, como horários de alimentação e sono, separe um tempo para o trabalho, mas também um tempo para si mesmo.

Fazer exercícios em casa, meditar, fazer alongamentos, alimentar-se em horários regulares e de forma saudável, fugindo das tentações de excesso de carboidratos, já que são substâncias que alimentam doenças como depressão, ansiedade. Há sempre tempo para se divertir, mesmo com as limitações, brincar com seus animais e crianças, quem tiver, ler um bom livro, assistir a um bom filme ou série, mas acima de tudo respeitar seu próprio tempo e limite.

Estudos apontaram que a cannabis aumenta em 3,5 vezes a incidência de desenvolvimento de esquizofrenia e também em cinco vezes as chances de desencadear no usuário transtornos ansiosos, depressão e transtorno de humor bipolar. Desta forma, percebemos que é possível sim falar em uma piora dos quadros psiquiátricos após o uso de maconha.

O uso terapêutico da droga ainda está em fase de estudos, portanto, há normas legais no Brasil referentes ao uso experimental de qualquer nova terapêutica, inclusive o eventual uso de derivados da cannabis. Além disso, há poucos resultados obtidos e que não podem ser generalizados, mesmo que o uso controlado possa ser feito, deve-se levar em conta os potenciais malefícios já comprovados.

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SAÚDE WEB

 

Home office também significam novas regras de medicina e segurança no trabalho

Solução adotada por todas empresas em função da crise do Covid-19, o home office passará nos próximos meses por uma grande transformação, passando de uma necessidade para uma opção para as empresas. Contudo, muitas já sinalizaram que manterão esse modelo de trabalho em função dos benefícios observado.

Para quem não tomou essa decisão ainda, será necessário muito cuidado para a tomada de decisão acertada, levando em conta que o sucesso do modelo em um período de confinamento e crise não significa que terá o mesmo resultado em condições normais. Para o momento que chega alguns novos cuidados deverão ser tomados pelas empresas, principalmente em relação a segurança e saúde do trabalhador.

"É complicado avaliar os resultados do home office apenas pelo período da pandemia, pois foi um momento de urgência, com a tomada de medidas emergenciais, isso, fez com que muitos ponto relacionados às leis trabalhistas não fossem analisados em sua profundidade, o que deve mudar com a retomada, com maior preocupação com a adequação das estações de trabalho, saúde do trabalhador e fiscalização", analisa Tatiana Gonçalves, sócia da SST Home Office .

A especialista se refere ao fato de que, segundo a legislação trabalhista, também é preciso ter atenção especial aos postos de trabalho e a saúde dos colaboradores que estão em home office. Ponto importante é que muitas das regras usadas para empresas terão que ser replicadas nas residências.

Ações que foram tratadas por poucas empresas no período de pandemia terão que ser replicados nas demais, minimizando problemas trabalhistas, e Tatiana Gonçalves cita alguns destes:

Estação de trabalho - será preciso montar estruturas adequadas para os colaboradores nas casas, levando em conta local, mobiliário e demais estruturas. Muitas vezes a empresa terá que arcar com parte destes custos;

Ergonomia - Será preciso que a empresa tenha suporte de profissionais como fisioterapeutas para adequar a ergonomia, que proporcionam conforto e saúde no home office. Cuidados básicos colaboram para que a rotina de trabalho não seja prejudicial.

Acompanhamento - a empresa deverá fazer um acompanhamento constante do trabalhador, educando para que ele faça constantemente um checklist do mobiliário do home office e uma autoavaliação da postura no trabalho, para enxergar a forma que se está trabalhando e identificar sintomas como dores e estresse.

Higienização e organização - mais um importante processo educacional que a empresa deverá aplicar aos colaboradores é em relação aos cuidados para manter os ambientes de trabalhos higienizados e organizados, minimizando problemas de saúde, erros e, até mesmo, uma imagem inadequada em caso de reuniões virtuais;

Bem-estar físico - será fundamental orientações sobre postura e ensinamentos sobre exercícios que possam relaxar o físico de possíveis estresses ocasionados no trabalho.

"Esses são apenas os cuidados básicos que toda empresa terá que ter com os trabalhadores no momento do home office. Tomando parte desses cuidados a empresa já estará assegurada de boa parte de possíveis problemas futuros", explica Tatiana Gonçalves.

Para facilitar esse caminho para a empresa se adequar a essa nova realidade, a SST Home Office criou um curso online especial SST em Home Office, que aborda os principais pontos sobre o tema, com três módulos de vídeo aula, onde especialistas orientam como os colaboradores deverão se adequar a essa nova realidade.

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A REDAÇÃO

Covid-19: Goiás registra 696 novos casos e 17 mortes nas últimas 24 horas

Théo Mariano

Goiânia - Goiás registrou, nas últimas 24 horas, 696 novos casos e 17 mortes pelo novo coronavírus. Os dados foram divulgados neste domingo (20/9) pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO). De acordo com os dados, são 183.834 contaminados e 4.152 óbitos pelo vírus em municípios goianos. O Estado possui 173 mil recuperados.

Ainda segundo os números, 210 mortes são investigadas, e outros 221 mil casos são considerados suspeitos. A taxa de letalidade do vírus no Estado é de 2,26%.

O Governo de Goiás disponibiliza plataforma, atualizada a cada 30 minutos, com os principais dados sobre o avanço do vírus no Estado. 

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Rosane Rodrigues da Cunha 
Assessoria de Comunicação