Postado em: 11/09/2020

CLIPPING AHPACEG 11/09/20

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Hospital é condenado a indenizar em R$ 200 mil família de homem que morreu 1 hora após alta

Covid-19: Brasil tem 129 mil mortes e 4,2 milhões de casos confirmados

Sem tendência de queda

Isolamento ainda é a melhor estratégia

Ação da BCG contra covid será avaliada

Pandemia evidencia potencial do SUS

Malabarismo das famílias inclui baratear o plano de saúde

ANS vai certificar boas práticas em parto adequado e colhe sugestões

Covid-19: Goiás registra 4.062 novos casos e 96 mortes em 24 horas

Caiado prorroga por mais 120 dias estado de emergência em saúde pública

Ministério da Saúde faz balanço de recursos encaminhados para enfrentamento à Covid-19

Governo Federal cria grupo interministerial para coordenar estratégias de vacinação contra Covid-19

Artigo - Boris Johnson e o SUS

PORTAL G1

 

Hospital é condenado a indenizar em R$ 200 mil família de homem que morreu 1 hora após alta

Paciente ficou hospitalizado e morreu em 2019, em Santos, no litoral paulista. Desde então, família entrou na Justiça para ter respostas sobre o que ocorreu.

Um hospital particular de Santos, no litoral de São Paulo, foi condenado a indenizar uma família por erro médico, que causou a morte de um homem de 41 anos, uma hora após a alta. A indenização foi determinada pela Justiça nesta semana, após a perícia constatar que Rodrigo Nicolau Souza Ribeiro dos Santos estava recebendo metade da dose diária de medicamento recomendada.

Em entrevista ao G1, o advogado da família, Célio Ramos Farias, disse que a internação aconteceu no fim de janeiro de 2019. O paciente deu entrada no dia 29, por conta de um infarto, e ficou até o dia 5 de fevereiro, quando teve alta. "Uma hora e meia depois da alta, ele veio a óbito", explica o defensor.

Após a morte inesperada, o advogado relata que a família solicitou o prontuário médico ao hospital, e na perícia, foi constatado que os medicamentos aplicados no paciente foram em dosagem inferior ao necessário. Como Rodrigo era responsável pelo sustento da família e tinha um filho de apenas 6 meses na época, foi decidido que, além de uma indenização, eles deveriam receber uma pensão mensal.

O hospital deverá pagar uma pensão no valor de um salário mínimo à esposa, até a data em que o marido completaria 65 anos, e ao filho, até seus 24 anos, além do valor da indenização por danos morais, fixado em R$ 100 mil para cada um deles.

Na decisão, o juiz Frederico dos Santos Messias alega que 'o perito foi categórico ao concluir que o óbito do paciente guarda estreita relação de causalidade com a má administração do medicamento'. Sobre a situação da viúva e do filho, ainda disse que "o falecido era o provedor da família, o que certamente aumenta o sentimento de insegurança com relação ao futuro e à manutenção da família".

Segundo o Tribunal de Justiça, cabe recurso à decisão. O G1 solicitou um posicionamento ao Hospital São Lucas, mas a instituição não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem. Por telefone, a diretoria do hospital alegou que enviará uma nota assim que obtiver mais informações sobre o caso.

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AGÊNCIA BRASIL

 

Covid-19: Brasil tem 129 mil mortes e 4,2 milhões de casos confirmados

A atualização do Ministério da Saúde divulgada na noite desta quinta-feira (10) mostrou que houve 129.522 mortes em função da covid-19. Nas últimas 24 horas, as autoridades de saúde registraram 983 óbitos. Ontem, no balanço da pasta constavam 128.539 óbitos. Ainda há 2.501 mortes sendo investigadas por órgãos de saúde.

O número de pessoas infectadas desde o início da pandemia somam 4.238.446. Entre ontem e hoje, foram notificados 40.557 novos diagnósticos positivos de infecção pelo coronavírus. Ontem o painel do Ministério da Saúde trazia 4.197.889 casos acumulados. De acordo com a atualização, 611.587 pessoas estão em acompanhamento e mais 3.497.337 se recuperaram.

Os casos são menores aos domingos e segundas-feiras pelas limitações de alimentação de dados pelas equipes das secretarias de Saúde. Às terças-feiras, o número usualmente tem sido maior pelo envio dos dados acumulados do fim de semana.

Estados

Os estados com mais morte são: São Paulo (32.104), Rio de Janeiro (16.871), Ceará (8.639), Pernambuco (7.792) e Pará (6.289). As unidades da Federação com menos óbitos são Roraima (607), Acre (635), Amapá (676), Tocantins (773) e Mato Grosso do Sul (1.024).

São Paulo também lidera entre os estados com mais casos, com 874.754 casos confirmados, seguido por Bahia (277.327), Minas Gerais (242.533) e Rio de Janeiro (234.813). As unidades da Federação com menos casos são Acre (635), Amapá (676), Roraima (607) e Mato Grosso do Sul (1.024).

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CORREIO BRAZILIENSE

 

Sem tendência de queda

Apesar de indicações de que os números de infecção e mortes estão diminuindo, pesquisadores desenvolvem modelos estatísticos que mostram que, na realidade, cenário é de formação de platô com altos índices

Bruna Lima Maria Eduarda Cardim



Os números atuais indicam uma tendência de queda na média móvel de casos e mortes por covid-19, mas diferentes grupos de pesquisa e análise de dados alertam que os atrasos na inserção dos dados geram um olhar equivocado para o que realmente está acontecendo no momento. Com a falsa impressão de que a infecção está diminuindo, o brasileiro tem deixado de lado cuidados contra o coronavírus, mas a realidade é que o cenário é de um platô em altos índices. São 4.238.446 pessoas atingidas e 129.522 vidas perdidas na luta contra a doença, sendo que, ontem, o Ministério da Saúde contabilizou mais 40.557 casos e 983 novos óbitos.

Nesta semana epidemiológica, apenas em um dia foi registrado um acréscimo superior a mil mortes, fazendo com que a média móvel dos últimos sete dias seja a menor desde meados de maio, quando a pandemia começava a se expandir pelo país. Segundo cálculo do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), com os números atuais, o índice está em 696 óbitos por dia. A média móvel de casos também está caindo com 28.326 registros diários.

A partir de uma ferramenta estatística conhecida como nowcasting, pesquisadores conseguem corrigir os atrasos no sistema de notificação da doença, o que tem mostrado uma realidade diferente dessa impressão. "A aplicação do nosso modelo para o Brasil todo continua mostrando que a tendência do número de novos óbitos está estável. Não está caindo", avaliou o pesquisador, economista e especialista em projeções de dados Henrique Pires, membro da plataforma Covid-19 Analytics.

Modelo estatísticoProfessores da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro construíram um modelo de previsão do número de casos e mortes, com o objetivo de apoiar o gerenciamento da crise. "Usamos os dados mobilidade do Google para conseguir analisar como as pessoas estão se movimentando em áreas residenciais, parques públicos etc. É provável que, se a mobilidade em praias aumenta, vamos observar, no futuro próximo, um aumento de novos casos e novos óbitos. Olhando para trás, com essas variáveis, a gente vai conseguir prever o agora", explicou Pires, durante webinar que reuniu, ontem, diversas iniciativas para debater os panoramas da covid.

Também participante do debate, o coordenador do Infogripe e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marcelo Gomes, alertou para a importância de se analisar os dados a partir do somatório de indicadores, incluindo as correções, de maneira a obter uma visão real do que está acontecendo no momento. "O que a gente faz hoje vai se refletir pelo menos daqui a duas semanas, em média, em termos de hospitalização ou óbitos. Por isso, a importância de termos esse cuidado de ponderar que, se eu me exponho hoje e me infecto hoje, isso não vai se refletir nos casos hoje, mas lá na frente", afirmou.

Representa que o ritmo de queda pode estar comprometido pela baixa adesão às medidas de proteção. Pelas análises da plataforma InLoco, não há nenhum estado com índices de isolamento acima de 40% e, na última semana, os níveis ficaram ainda mais críticos, o que pode facilitar a disseminação do vírus e refletir um aumento de casos nos próximos dias. Houve, inclusive, um aumento da taxa de contágio com o fechamento da semana 36.

Apesar de os especialistas indicarem mais cautela para analisar as curvas da doença no Brasil, o Ministério da Saúde indicou, ontem, dados que reforçam a visão de que há uma diminuição de casos graves da doença. Segundo o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos, Hélio Angotti Neto, houve queda no consumo de medicações ligadas à intubação orotraqueal. "Essa queda tem se mantido estabilizada já por algumas semanas, e isso nos foi informado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Lembramos que isso ocorreu após a orientação do Ministério da Saúde para o tratamento precoce. Isso, para nós, é um sinal positivo e importante", disse.

Com a falta de controle da transmissão do vírus, 23 estados atingiram a marca das mil mortes -- Mato Grosso do Sul foi o último a atingir este patamar. No topo da tabela, São Paulo e Rio de Janeiro são as únicas unidades federativas com mais de 10 mil mortes: o primeiro lidera o ranking de mortes pela covid-19, com 32.104; o segundo tem 16.871 vítimas fatais.

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Isolamento ainda é a melhor estratégia

Especialistas rebatem argumentos de que a contaminação em massa, a chamada imunidade de rebanho, pode ser a solução para conter a pandemia. Neste momento, enquanto a vacina não chega, a forma mais segura de se proteger é com o distanciamento social

» ALAN RIOS

O Distrito Federal encontra-se em um momento crucial para que a pandemia comece a demonstrar perspectivas de fim, pois há uma estabilização de casos e estão sendo realizados testes na capital com uma vacina contra a covid-19. Mas, especialistas alertam que os números da doença (contaminação e mortes) estabilizaram-se em um patamar alto e que a flexibilização do distanciamento social pode prolongar ainda mais as intercorrências do novo coronavírus. Com seis meses passados desde as primeiras infecções, e mais de 170 mil pessoas contaminadas no DF, surgiram argumentos sobre a possibilidade de encurtar a pandemia com a chamada imunização coletiva, ou imunização de rebanho, mas a estratégia é apontada com preocupação por pesquisadores. Eles reforçam que ficar em casa e só quando necessário ainda é a maior eficácia contra a doença.

'Estamos em uma fase que tem cerca de mil novos casos por dia de covid-19. Imagina ter mil infartos diariamente. Então, não podemos falar 'ah, agora sim, o pior acabou' e relaxar', explica David Urbaez, diretor científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal e infectologista do Laboratório Exame. O especialista alerta que o grande número de pessoas que já tiveram a doença não significa que agora o controle fica mais fácil. 'Temos muitas pessoas suscetíveis ao vírus. Vamos supor que o DF chegue a um milhão de infectados, nesse cenário, ainda temos dois milhões que podem contrair o vírus, com milhares de óbitos'. Por isso, a chamada imunidade de rebanho apresenta um perigo.

O termo imunidade coletiva é utilizado como uma estratégia de bloqueio da cadeia de uma infecção que passe de uma pessoa para outra, utilizando como base o entendimento de que, quando uma porcentagem significativa da população adquire o vírus, quem não teve contato com a doença fica protegido e ele para de se alastrar. Mas David afirma: 'Imunidade coletiva é uma falácia gigantesca'. O infectologista pontua que ainda não há um tratamento cientificamente comprovado como eficaz para a covid-19. 'Não tem como controlar uma infecção viral até ter uma vacina. A imunidade coletiva advém de estudos com doenças que já tinham vacina', aponta.

As recomendações que começaram a ser ditas há seis meses continuam cada vez mais importantes para encurtar o período da pandemia na capital. 'Temos que manter integralmente as orientações de combate, o distanciamento social, o uso de máscara e a higienização correta das mãos, principalmente. Tem muita gente hoje saindo e se aglomerando em igrejas, viagens, festas. Não podemos fazer isso se quisermos sair dessa situação', explica David. O Correio entrou em contato com a Secretaria de Saúde para comentar o cenário atual da pandemia, mas a pasta informou que não conseguiu atender à demanda por falta de retorno da área técnica.

Voluntários

A melhor alternativa atual é o isolamento, mas o melhor caminho possível pode estar próximo da realidade. Atualmente, três vacinas estão em testes avançados no Brasil. O produto que vinha sendo observado com otimismo pelo Ministério da Saúde, a vacina de Oxford, do laboratório AstraZeneca, teve testes suspensos, na última terça-feira, após uma reação adversa em um voluntário. O governo federal havia feito uma parceria de cooperação para acesso da medicação no país, caso ficasse demonstrada eficácia. Com isso, o produto da farmacêutica chinesa Sinovac Biotech ganha ainda mais expectativa. Ele está sendo testado no Hospital Universitário de Brasília (HUB) e não houve nenhuma intercorrência até então.

'Nosso centro iniciou a aplicação do protocolo de participantes em agosto. Vários voluntários foram vacinados e estão em acompanhamento. Não temos interrupções ou problemas. Estamos tentando alcançar a meta do estudo, recrutando cerca de 850 participantes e demonstrando se ele é seguro e eficaz, para submeter a população ao uso', detalhou Fernando Araújo, chefe do Setor de Gestão da Pesquisa e Inovação Tecnológica do HUB.

Ele lembra, porém, que nessa fase de testes alguns resultados que não são esperados podem ser comuns, como aconteceu com o produto de Oxford. 'Atrasa um pouco, mas faz parte do processo de um ensaio clínico. Existe um comitê independente de acompanhamento de dados, que acompanha as questões de segurança. Qualquer reação que ocorra é investigada por ele', diz.

Fernando também pontua que a corrida pela vacina eficaz e segura pode ter um produto que seja apontado primeiro como um sucesso, mas que isso não anula o trabalho de outros testes. 'É possível que nenhuma vacina seja 100% para todos, mas a gente pode ter uma opção melhor para um grupo específico de pessoas em uma outra alternativa mais eficaz para outros. Eu gostaria que todos esses projetos tivessem sucesso, porque vai ser bom para todos', explica. Quem se voluntariou para os testes do DF não se abalou com a suspensão dos ensaios de um produto semelhante, como Larissa Bragança, 33 anos, médica clínica.

'Fico até mais tranquila de saber que estão analisando em tempo real e, em qualquer momento, a vacina que eu posso ter tomado pode ser suspensa, para dar segurança. Fico tranquila em relação a isso. Tomei a segunda dose vai fazer um mês, não senti nada. Colhi sangue no último exame para analisar minha imunidade e fico esperançosa. Acho muito bom que estejam acontecendo vários estudos ao mesmo tempo', avalia.

Atualmente, três vacinas foram aprovadas pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e despontam como as mais promissoras, em testes avançados no Brasil. Uma delas é a CoronaVac, da farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, coordenada pelo Instituto Butantan e sendo pesquisada com ajuda da Universidade de Brasília (UnB) nos ensaios. Nas fases anteriores, houve produção de anticorpos em 90% dos participantes que receberam essa imunização. As duas outras estão em fase 3 de testes, mas não possuem centros no DF. Uma é a vacina de Oxford, que teve ensaios suspensos nesta semana. Outra é a chamada Ad26.COV2.S, da farmacêutica Johnson-Johnson.

Hoje, a população do DF flexibilizou o isolamento social de forma ainda mais intensa. Do lado do governo, há a informação de que o pior momento da pandemia já passou. Ter esse fluxo de pessoas nas ruas pode fazer com que DF entre em outro momento difícil no enfrentamento contra a covid-19?

Isso só agravará a situação, tanto do ponto de vista do sofrimento das pessoas e suas famílias, quanto do quadro econômico, pois faz 'arrastar' a pandemia por mais tempo na nossa sociedade. A certeza da circulação viral nas ruas, no trabalho e nas escolas causa, além do risco de infecção com algum agravamento, óbitos e um sofrimento psíquico contínuo na sociedade. Tudo isso além do atraso da retomada definitiva da economia no país, mesmo que cada vez mais ainda estamos aprendendo como lidar com esta doença. Ou seja, se continuarmos a retomada com a 'normalidade' anterior à pandemia, teremos aprendido muito pouco e o sofrimento social e econômico parece que só irá se postergar.

A chamada imunização de rebanho é, vez ou outra, citada nos debates da pandemia. Ela realmente pode ser um caminho para controle da doença ou representa um perigo, já que muitas pessoas teriam que ser contaminadas?

Apostar como ferramenta de gestão pública ou privada de saúde em imunidade coletiva (ou 'rebanho'), da tradução literal de herd immunity é uma temeridade, pois há um sofrimento agregado às pessoas, seus familiares e também à sociedade como um todo, além do custo direto sanitário da doença e dos custos indiretos. Isso deveria ser veemente evitado pelos governantes e acompanhado pela sociedade.

Temos algumas vacinas em fase avançada de testes no Brasil. Como o senhor enxerga esses testes? Há motivo para ter esperanças de uma vacina pronta no primeiro semestre de 2021 ou ainda é muito cedo para dar um panorama?

Esse é um passo importante da ciência mundial, que historicamente responde à altura dos desafios da humanidade. Neste caso, estou esperançoso de que os resultados apareçam no primeiro semestre de 2021 sim, o que não quer dizer que já teremos a quantidade de vacina necessária para vacinar todas as pessoas necessárias.

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O ESTADO DE S.PAULO

 

Ação da BCG contra covid será avaliada

Pesquisa com 10 mil voluntários em Brasil, Reino Unido, Holanda e Espanha vai checar se ela protege contra o agravamento da doença

Paula Felix

Estudada em outros países, a vacina contra o bacilo Calmette-Guérin (BCG), que protege contra a tuberculose, vai começar a ser esquadrinhada no Brasil, a partir de outubro, como estratégia de proteção contra a covid19. O imunizante é aplicado obrigatoriamente no País desde 1976 e pesquisas já apontaram que o número de mortes no Brasil poderia ter sido maior sem essa medida.

Assim como as pesquisas realizadas nos Estados Unidos, Austrália e Holanda, os testes serão feitos com profissionais que atuam na linha de frente no combate à doença. A proposta é avaliar os efeitos da vacina em 10 mil voluntários, dos quais 3 mil serão brasileiros. Os demais serão de Austrália, Reino Unido, Espanha e Holanda.

A proposta, segundo o infectologista Julio Croda - pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que vai atuar no projeto - é identificar se a vacina protege ou não contra o novo vírus, evitando a evolução para formas graves da doença. "Ela (a BCG) tem dois diferenciais importantes. É uma vacina que já foi usada muitas vezes, são 120 milhões de crianças que tomam anualmente e os efeitos adversos são raros, e não tem limite de idade superior", afirma Croda, que também é professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e da Escola de Saúde Pública de Yale (EUA). "Muitos estudos com vacinas estão sendo feitos com pessoas entre 18 e 50 anos. Isso é importante para os idosos."

O estudo será realizado pela Fiocruz em parceria com o Murdoch Childrens Research Institute, da Austrália, com financiamento da Fundação Bill e Melinda Gates. No Brasil, 2 mil voluntários serão recrutados em Mato Grosso do Sul e os outros mil serão do Rio. Os voluntários serão acompanhados durante um ano e pessoas que já foram infectadas ou tiveram sintomas do vírus não poderão participar.

"Seguimos os modelos de outros estudos e os profissionais de saúde são as pessoas com maior fator de risco para aquisição do vírus. Eles serão acompanhados semanalmente. Este vai ser o maior ensaio clínico de fase 3 usando a BCG", diz Croda, que integrou o Ministério da Saúde na gestão de Luiz Henrique Mandetta.

Segundo o pesquisador, dois estudos recentes foram referência para essa pesquisa. "Um realizado na África mostrou que a vacina protege contra infecções e óbitos em curto prazo, no primeiro ano de vida. E outro, que saiu na (revista científica) Cell, mostra que ela previne infecções virais em idosos." Se comprovado o benefício, a BCG pode se tornar uma opção enquanto o imunizante específico para evitar a doença não é lançado. "Muito provavelmente, a BCG não será utilizada no futuro, mas pode ser uma alternativa enquanto não houver nenhuma vacina", conclui.

Eficaz. Um estudo da Universidade de Michigan (EUA), publicado na Science, apontou que o total de mortes por covid-19 registradas no Brasil poderia ser 14 vezes maior se a BCG não fosse obrigatória no País. Pesquisas sugerem que a vacina tem efeitos benéficos na imunidade contra infecções pulmonares, o que a tornaria importante na prevenção da covid.

Embora seja obrigatória no Brasil e dada aos recém-nascidos ainda na maternidade, a cobertura vacinal da BCG está em queda no País. Conforme mostrou o Estadão, a vacina teve a menor cobertura da série histórica desde 1994, com 85,1% dos bebês vacinados em 2019. Foi a primeira vez em 25 anos que ela não alcançou a meta federal de 90% dos recém-nascidos protegidos.

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Pandemia evidencia potencial do SUS

Infraestrutura e financiamento são gargalos crônicos do sistema

Os seis meses de pandemia do coronavírus geraram uma mudança contundente no sistema de saúde nacional. A sociedade como um todo, que abriu as janelas para homenagear os profissionais de saúde, também se deparou com a importância fundamental do Sistema Único de Saúde (SUS).

A história da aposentada Armezinda Ferreira da Silva, 79, é apenas uma que reforça o peso que o SUS pode vir a ter na vida das pessoas. Moradora de São Paulo, ela pagou convênio médico por mais de 20 anos, mas no início da pandemia resolveu se refugiar na sua cidade natal no sertão da Bahia e acabou deixando de pagar o plano de saúde por alguns meses. Com o afrouxamento do isolamento social, a aposentada voltou para a capital paulista e em casa teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Foi socorrida no hospital mais próximo, uma unidade do SUS. A sobrinha Karina Ferreira da Silva, 32, acompanhou a tia durante todos os 10 dias em que ela ficou internada. 'Ficamos todos surpresos com o atendimento. Foi tão bom que hoje ela pensa em cancelar o convênio definitivamente', diz Karina.

Para a sobrinha, a principal dificuldade encontrada nos SUS é de estrutura. 'Os profissionais são atenciosos, tratam muito bem os pacientes, os exames são feitos no próprio local, sem necessidade de deslocamento, tem equipes altamente preparadas para os casos mais complexos, mas infelizmente falta infraestrutura para atender todos que precisam', diz Karina. Para ela, não há dúvida de que a pandemia deixou ainda mais evidente a importância de se manter um sistema de saúde público eficiente.

Gulnar Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e docente do IMS/Uerj Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, considera que seria muito bom que a consequência direta do reconhecimento da população sobre a importância do SUS fosse mais investimento no sistema. 'Mas não sei se podemos manter esta expectativa.' Para ela, a sociedade agora se deu conta de que o sistema universal de saúde brasileiro está vivo e tem sido fundamental na pandemia. Sem ele, a situação de assistência aos doentes estaria muito pior. 'Mais do que nunca precisamos estimular que todos os brasileiros defendam o SUS e pressionem o governo para que ele seja fortalecido.'

Sem plano

Ela explica que, em média, 25% da população brasileira era coberta por planos privados de saúde. Levantamentos prévios, com base em dados disponibilizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), estimam que, de março a julho de 2020, houve expressiva queda no número de pessoas cobertas pela saúde suplementar, totalizando 327 mil usuários que saíram dos planos de saúde nesse período.

'A recessão econômica e o aumento de desemprego com certeza farão com que muitas pessoas não consigam manter seus planos privados de saúde e vão precisar do SUS. Isso não é em si um problema porque o sistema é concebido para ser universal e garantir acesso a todos. A questão é que, com o subfinanciamento histórico para o setor de saúde, agravado pela Emenda Constitucional 95/2016 que congelou os gastos para saúde em 20 anos, a expansão das ações e a possibilidade de garantia do cuidado integral ficarão muito aquém do que todos os brasileiros e brasileiras necessitam.'

Gulnar destaca que o SUS garantiu uma ampliação inegável do acesso aos serviços de saúde e os indicadores epidemiológicos mais sensíveis mostram claramente isso. 'Reconhecemos, contudo, que o SUS não atingiu seu pleno funcionamento em todos os locais do País e o maior obstáculo para seu melhor desempenho é o financiamento. Sempre foi insuficiente para implementar as políticas e os programas necessários', diz. Para ela, o SUS pode ser aprimorado se for consolidado o seu caráter público; ampliado a sua capacidade de integração; fortalecida a política de pessoal; e implementada uma gestão participativa. 'Sem dúvida, para que tudo isso ocorra é preciso urgentemente aumentar o repasse de recursos para o SUS.'

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Malabarismo das famílias inclui baratear o plano de saúde

Assistência privada continua sendo considerada a opção mais segura

O impacto da crise sanitária nas finanças das família tem sido grande. Nem os custos de um plano de saúde, sempre listado entre as prioridades em qualquer orçamento doméstico, estão imunes a cortes robustos. Muitos, como mostram os dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), estão abandonando completamente a saúde privada. Os planos registraram perda de 326,9 mil beneficiários entre março e julho deste ano, segundo as estatísticas mais recentes do setor.

"O SUS tem profissionais extremamente capacitados, mas infelizmente falta estrutura. Por isso, estamos fazendo malabarismo nas nossas despesas para não ficarmos sem convênio", diz a nutricionista Maryjane Norões, 37, proprietária de restaurantes em shoppings na região de Campinas (SP).

Com o isolamento social imposto pela covid-19, Maryjane viu o faturamento das suas lojas, que são em shoppings, despencar e não teve escolha senão cancelar o convênio médico dos filhos e do marido e buscar uma alternativa mais barata. "Ficamos apenas com o meu plano de saúde, porque estava grávida, e do meu filho mais novo", explica. "Agora estamos buscando opção mais em conta, que caiba no nosso orçamento, para não ficarmos sem o plano, que é fundamental", diz a empresária. Ela desembolsava R$ 2.545 para as cinco pessoas da família por mês. Agora, está contratando um plano que ficará cerca de R$ 1.080 para toda a família. "É uma opção bem básica, mas pelo menos não vamos ficar sem convênio", afirma Maryjane.

Quem também está buscando uma alternativa mais barata é a assistente financeira Munique Vargas. "Sempre tive plano de saúde, mas, com a situação financeira atual, tivemos que buscar alternativa para não ficarmos desassistidos, mas que também não pesasse tanto no orçamento", diz Munique.

A assistente financeira optou por contratar os serviços de uma plataforma de benefícios na área da saúde, que oferece aos seus usuários descontos em rede credenciada de clínicas médicas, telemedicina, odontologia, especialidades de apoio, laboratórios, farmácias e outros estabelecimentos. "Pagamos, eu e o meu namorado, R$ 39,90 e as consultas chegam a ter desconto de até 80%", diz. Ela comenta que, apesar de hospitais não estarem inclusos na lista de descontos, o plano paga diárias hospitalares. "Dá uma segurança saber que temos uma alternativa em caso de necessidade, além do SUS, que é tão difícil o acesso." A plataforma Avus contabiliza crescimento de 950% em meio à pandemia.

Além das perdas no número de usuários, os planos de saúde viram os seus custos aumentarem, com a necessidade de ampliação de leitos, compra de equipamentos e contratação de profissionais. O impacto só não foi maior porque nos primeiros dois meses da pandemia as pessoas tinham muito receio de sair de casa e o número de pro cedimentos eletivos, exames e cirurgias caiu consideravelmente. "Isso trouxe uma folga para o sistema, mas criou uma demanda reprimida. Se o País crescer, o impacto no futuro será menor.

Mas se não crescer, continuaremos a perder clientes e o cenário fica bem complicado", diz Reinaldo Scheibe, presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge).

TELEMEDICINA Se os planos de saúde viram suas receitas caírem e as despesas aumentarem neste período, algumas mudanças implementadas nesta fase devem seguir mesmo depois de passada a pandemia. A telemedicina é uma delas.

Ainda não dá para saber qual impacto as consultas virtuais terão nos caixas dos planos de saúde, mas, diante do cenário de envelhecimento da população, qualquer redução de custos é bem-vinda.

"O envelhecimento da população brasileira é muito mais rápido do que em países europeus, por exemplo", diz Scheibe. Ele comenta que a pandemia ajudou a acelerar o processo de telemedicina, que andava de forma muito lenta no Brasil. "Ainda é muito novo aqui, mas percebemos que teve uma grande adesão durante esse período e deve continuar." Segundo o executivo da Abramge, o sistema acaba democratizando a saúde, porque qualquer pessoa em qualquer lugar pode ter acesso a uma consulta médica virtual, sem a necessidade de deslocamento.

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ISTOÉ

 

ANS vai certificar boas práticas em parto adequado e colhe sugestões

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) está preparando ajustes na Resolução Normativa 440/2018 que instituiu há dois anos o Programa de Certificação de Boas Práticas em Atenção à Saúde. As mudanças envolvem a criação de dois novos anexos à resolução: o Manual de Certificação em Parto Adequado e o Glossário de Boas Práticas em Parto Adequado. Para tanto, foi aberta hoje (10) uma consulta pública em torno do assunto. As contribuições dos interessados serão recebidas até 23 de outubro por meio de formulário online.

O Programa de Certificação de Boas Práticas em Atenção à Saúde prevê a concessão de selos certificadores a operadoras de planos privados de saúde que cumprem alguns requisitos pré-estabelecidos. O objetivo é incentivar a ampliação do acesso e a melhora da qualidade do atendimento, bem como dar ao beneficiário mais informações que podem ser levadas em conta na hora de escolher um plano.

Atualmente, já são concedidos certificados por boas práticas em atenção primária à saúde. Com as mudanças, será incluído um novo selo, a ser concedido às operadoras que atendem a critérios pré-estabelecidos que caracterizam as boas práticas em parto adequado.

A novidade é um desdobramento do Movimento Parto Adequado, campanha nacional articulada pela ANS em parceria com o Institute for Healthcare Improvement (IHI) e o Hospital Israelita Albert Einstein. A iniciativa também conta com o apoio do Ministério da Saúde, da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras (Abenfo) e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

A campanha busca, com base em evidências científicas, reverter o volume de cesarianas desnecessárias realizadas no país. Desde 2015, estão sendo desenvolvidas diversas ações em favor da qualidade da atenção materna e neonatal, entre elas audiências públicas, construção de espaços que garantam o protagonismo das mulheres na discussão e construção de coalizões com os principais atores em torno do tema. A criação do selo faz parte da fase 3 da campanha.

Requisitos

De acordo com a minuta do Manual de Certificação em Parto Adequado, seriam sete os requisitos para obter o selo: planejamento e estruturação técnica, uso de práticas baseadas em evidências científicas, interações centradas na mulher e na criança, acompanhamento do ciclo gravídico puerperal, integração entre operadora e hospital, monitoramento da qualidade e modelos inovadores de remuneração.

Cada um desses requisitos é subdividido em diferentes itens. Ao todo, são 84 itens que definem regras envolvendo, por exemplo, a composição da equipe mínima de plantão e a proporção de partos realizados em beneficiárias nos hospitais reconhecidos pelas boas práticas. Todas essas propostas, no entanto, ainda podem ser modificadas levando em consideração as contribuições da consulta pública.

Já o Glossário de Boas Práticas em Parto Adequado apresenta termos referentes ao parto e nascimento. Interessados podem sugerir tanto alterações como inclusões de novos termos.

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A REDAÇÃO

Covid-19: Goiás registra 4.062 novos casos e 96 mortes em 24 horas

Adriana Marinelli

Goiânia - Goiás registrou 4.062 novos casos da covid-19 e 96 mortes pela doença nas últimas 24 horas, segundo boletim da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) divulgado na tarde desta quinta-feira (10/9). Com as atualizações, o Estado chega a 157.180 casos confirmados e 3.627 óbitos.

De acordo com a SES-GO, Goiás registra 147.250 pessoas recuperadas. No Estado, há 218.771 casos suspeitos em investigação. Outros 115.508 já foram descartados.

Além dos 3.627 óbitos confirmados de covid-19 em Goiás até o momento, o que significa uma taxa de letalidade de 2,31%, há 245 óbitos suspeitos que estão em investigação. Já foram descartadas 1.293 mortes suspeitas nos municípios goianos.

*Observação: os dados referentes às últimas 24 horas representam os casos incluídos no sistema no último dia. Não significam, necessariamente, que tenham ocorrido de ontem para hoje.

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Caiado prorroga por mais 120 dias estado de emergência em saúde pública

Goiânia – O governador Ronaldo Caiado publicou no Diário Oficial do Estado, nesta quinta-feira (10/9), decreto que prorroga por mais 120 dias a situação de emergência na saúde pública no em Goiás por causa da pandemia do novo coronavírus. Goiás está em estado de emergência em saúde pública desde o dia 13 de março, quando foi publicado o Decreto nº 9.653, após a confirmação dos três primeiros casos de coronavírus no Estado.

Segundo o novo decreto, a situação de emergência pode ser revista a qualquer momento, assim o prazo pode ser prorrogado novamente ou até diminuído, de acordo com a evolução da situação epidemiológica no Estado. Segundo o governo de Goiás, o decreto publicado pelo governador Ronaldo Caiado no dia 13 de julho, com normas e protocolos a serem seguidos para a reabertura e o funcionamento seguro do comércio e de outras atividades, segue inalterado e vigente.

Segundo o secretário de Estado da Casa Civil, Alan Tavares, os sucessivos documentos oficiais relacionados ao funcionamento da administração pública e das atividades econômicas em geral têm como objetivo mitigar os efeitos da pandemia do novo coronavírus. “Esses decretos, de efeitos temporários, estabeleceram prazos de vigência que se encerram no mês de setembro. Entretanto, diante do atual patamar epidemiológico, algumas medidas ainda se mostram necessárias, como, por exemplo, a possibilidade de estabelecer, em algumas hipóteses, regime de teletrabalho para os servidores públicos com a finalidade de evitar aglomeração nos órgãos”, diise Tavares.

Outra medida impactada pelo novo decreto é a prorrogação da requisição do Hospital do Servidor Público Fernando Cunha Junior, localizado no Parque Acalanto, em Goiânia, que é do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo), mas é utilizado pela Secretaria de Saúde como Hospital de Campanha (HCamp) para Enfrentamento ao coronavírus. A unidade conta com 210 leitos, sendo 86 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e 124 de enfermarias. Da abertura dele, no dia 26 de março, até a 0h desta quinta-feira, dia 10, 14.782 pacientes foram atendidos. A taxa atual de ocupação das UTIs está em 95% e das enfermarias em 97%.

“Medidas de contenção de gastos com a máquina pública também foram prorrogadas, posto que a arrecadação estadual foi igualmente afetada. O decreto recentemente publicado não inova no ordenamento jurídico, somente prorroga por 120 dias medidas já em vigência”, disse o secretário.

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JORNAL OPÇÃO

 

Ministério da Saúde faz balanço de recursos encaminhados para enfrentamento à Covid-19

Por Thauany Melo

Pasta afirmou que repassou R$ 25,6 bilhões do total de R$ 41,7 bilhões para estados e municípios

Em entrevista online nesta quinta-feira, 10, o Ministério da Saúde afirmou que repassou R$ 25,6 bilhões para estados e municípios para ações de enfrentamento à Covid-19.  Os recurso fazem parte dos R$ 41,7 bilhões abertos por meio de crédito extraordinário.

O secretário executivo da pasta, Elcio Franco, afirmou que a não execução do total dos recursos disponíveis no orçamento está atrelada ao fato de que parte das despesas envolve programas que ainda aguardam adesão de municípios (como Brasil Conta Comigo), além de processos de aquisição de testes.

Autoridades presentes na entrevista informaram que foram entregues até o momento 10.857 ventiladores pulmonares, sendo 5.580 para leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 5.277 para transporte. 

Balanço

Foram habilitados 13.288 leitos em estados e municípios e 698 leitos de suporte ventilatório — consideradas estruturas intermediárias de atendimento dos pacientes, com menos recursos do que os leitos de UTI.

O Ministério da Saúde também informou que encaminhou 255,4 milhões de equipamentos de proteção individual (EPIs), sendo 176,8 máscaras cirúrgicas, 36,9 milhões de luvas, 18,2 milhões de máscara N95, 17,2 milhões de toucas e sapatilhas e 2,3 milhões óculos e protetores faciais.

Segundo a pasta, 3.266 centros de atendimento foram credenciados. Esses locais recebem recursos para dar assistência a pacientes com sintomas leves da covid-19 e encaminhá-los a outras unidades caso seja necessário. Outros 91 centros comunitários também foram credenciados.

Até o momento, 1.309 postos de saúde aderiram ao programa de ampliação do horário de atendimento, denominado “Saúde na Hora”. Os estados com mais unidades foram Minas Gerais (243), São Paulo (180) e Ceará (86).   

De acordo com os representantes do Ministério da Saúde, o programa Mais Médicos admitiu 4.815 profissionais voltados à atuação contra a covid-19. Os estados mais contemplados foram São Paulo (644), Minas Gerais (459) e Bahia (450).

O balanço dos testes teve até o momento 6,5 milhões de kits RT-PCR (laboratoriais) distribuídos a estados e municípios e 3,3 milhões analisados. Já se considerados os testes rápidos (sorológicos), foram repassados 8 milhões e realizados 7,5 milhões.

Saúde Indígena

O secretário Especial de Saúde Indígena, Robson Santos da Silva, comunicou que novas ações ocorrerão nos distritos de saúde indígena Xavante, Bahia, Mato Grosso do Sul, Cuiabá e Maranhão entre setembro e outubro.

Em resposta as iniciativas adicionais de proteção aos povos indígenas determinadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, como o atendimento de índios em outras áreas, o secretário respondeu: “Essa ADPF  [a ação originária da decisão do ministro Barroso] expande para áreas não homologadas. Já estávamos atendendo mais de 60% das terras. Vamos executar com tranquilidade, estamos recebendo recursos, temos apoio do governo. É trabalho a mais ,mas que fazemos com alegria”.

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Governo Federal cria grupo interministerial para coordenar estratégias de vacinação contra Covid-19

Por Luiz Phillipe Araújo

Trabalhos serão concentrados em discutir e estabelecer estratégias para aquisição e distribuição de vacinas

Em resolução publicada no Diário Oficial desta quinta-feira, 10, o Governo Federal instituiu um grupo de trabalho interministerial para coordenar a aquisição e distribuição de vacinas contra Covid-19.

Conforme especifica o documento, o grupo será coordenado pelo Ministério da Saúde, devendo discutir e estabelecer estratégias de imunização. Inicialmente o governo prevê 90 dias de duração dos trabalhos do grupo, mas poderá ser prorrogado.

Serão 19 membros no grupo, sendo três da Casa Civil; um do Ministério da Defesa; três do Ministério das Relações Exteriores; um do Ministério da Economia; quatro do Ministério da Saúde; um do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações; um da Controladoria-Geral da União; um do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos; um da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Secretaria-Geral da Presidência; dois da Secretaria de Governo; e um da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). (Com informações da Agência Brasil)

   

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FOLHA DE S.PAULO

Artigo - Boris Johnson e o SUS

Um único sistema deve envolver público e privado para melhorar o atendimento

Francisco Balestrin

Presidente do Sindicato de Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp) e presidente do Conselho de Administração do Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXs)

A partir da China, a Covid-19 chegou à Europa, transformou-se em pandemia e alcançou o Brasil, onde ainda está presente, colocando à prova nossa capacidade de cuidar dos cidadãos em um cenário difícil e desafiador. O “atraso” na chegada do novo coronavírus ao Brasil nos colocou em vantagem, pois poderíamos aprender com os erros alheios. Será que aprendemos?

Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, hesitou e errou. Quando os ingleses começaram a sofrer com a disseminação deste vírus, Johnson duvidou do poder devastador do patógeno e acreditou que, quanto mais rápido seus cidadãos se infectassem, mais rápido a população estaria imunizada, retornando às atividades e permitindo o giro da economia.

A estratégia inglesa não se sustentou. Ao receber um estudo científico que cogitava 250 mil mortos por Covid-19 na Inglaterra caso não houvesse uma intervenção mais vigorosa, Johnson se rendeu à ciência e mudou suas ações. Apoiou o distanciamento social, deu suporte ao sistema nacional de saúde e colocou o país em uma nova rota de combate à pandemia.

Assim como o Brasil, a Inglaterra tem um sistema de saúde universal e gratuito. Mas por que o sistema inglês é tão vangloriado, enquanto temos apenas críticas a nós mesmos?

Criado em 1988 e vencendo inúmeras batalhas, o SUS ainda não consegue suportar toda a demanda, mas foi capaz de apresentar eficácia em muitos setores como o de vacinação, câncer, transplantes e vigilância sanitária, entre outros. E, ainda assim, temos todas as fragilidades expostas diariamente sem reconhecimento das conquistas.

Boris Johnson mudou de ideia quando se viu infectado e foi encaminhado para um hospital da rede pública, onde permaneceu uma semana em tratamento. Venceu a Covid-19 e, assim, angariou mais uma vitória à saúde pública inglesa. E aqui está uma das principais diferenças entre o NHS ("National Health Service") e o SUS: quando os influenciadores ingleses precisam de atendimento médico, eles usam a saúde pública; por aqui, quando nossos governantes buscam atendimento, acessam diretamente a rede privada em hospitais de primeira linha, buscando essas ilhas de excelência. A mudança brusca de direção da Inglaterra no enfrentamento da pandemia fez com que o país ovacionasse ainda mais o atendimento universal e gratuito proposto pelo NHS.

Nossa saúde suplementar é muito bem estruturada e é indispensável para o país. A rede pública só funciona com o suporte da rede privada e precisamos entender —e enxergar— que a luta é por um único sistema que envolva público e privado para o melhor atendimento populacional. Porém, quando as figuras mais reconhecidas da nação evitam as instituições públicas, fomenta-se ainda mais a percepção equivocada de que o gratuito é ruim em sua integralidade.

Não podemos mais discriminar o SUS, que precisa de fortalecimento, de recursos financeiros, de apoio político e, acima de tudo, de união entre todos os "players" dessa complexa cadeia. O momento é tenso: o SUS está sob pressão da pandemia, por um lado, e ainda terá que acolher os 327 mil usuários que perderam seus planos de saúde, de março a julho deste ano, por conta do desemprego. O sistema enfrenta ainda o aumento da demanda pela retomada dos atendimentos eletivos, que foram adiados para liberar leitos e evitar ida a hospitais. Foram 388 mil cirurgias não urgentes a menos no SUS de março a junho.

Para piorar, somam-se as graves consequências da reforma tributária como foi apresentada pelo governo. Criando mais imposto aos hospitais e serviços de saúde privados, ela obrigará mais usuários dos planos de saúde a migrarem para o SUS. A carga ficará para o SUS. E a conta para os cofres públicos. É o governo dando tiro no próprio pé.

Boris Johnson tinha razão. É hora de fazermos o Brasil vencer também. Identificar nossos deslizes, investir em mudanças e melhorias, reconhecer nossas vitórias e unificar nossos objetivos.

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Rosane Rodrigues da Cunha 
Assessoria de Comunicação