Postado em: 08/06/2020

CLIPPING AHPACEG 08/06/20

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

90% dos Leitos de UTI no estado estão ocupados

Novo normal

Covid-19 avança na periferia

Wizard desiste de secretaria e se desculpa por declarações

Ministério da Saúde publica cifras divergentes sobre a COVID-19 no Brasil

Mortes em casa disparam

Telemedicina tirou mais de 23 mil dos hospitais

Saúde mental é negligenciada

Médicos sofrem pressão de famílias

Goiás registra 93 novos casos e uma morte por covid-19 em 24 horas

Médicos alertam para o perigo de descontinuar tratamentos

MP 936: como fica situação de empresas que suspenderam contratos

Artigo - A importância laboratorial da Covid-19

 

TV ANHNGUERA

 

90% dos Leitos de UTI no estado estão ocupados

http://linearclipping.com.br/cfm/site/m012/noticia.asp?cd_noticia=76235253

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O POPULAR

Novo normal

SAUDE Pandemia do novo coronavírus mudou a rotina das consultas médicas e odontológicas, que passaram a incluir medidas sanitárias para prevenir a propagação da Covid-19

Parecia cena de filme de ficção. Medidor de temperatura corporal na porta, protetor para os sapatos, álcool em gel nas mãos e até mesmo o recolhimento do aparelho celular. O empresário Marcos Ávila, mais conhecido como Branco, de 51 anos, conta que a primeira consulta no dentista após o início da pandemia do novo coronavírus foi uma experiência que ele jamais vai esquecer. "Apesar do estranhamento inicial, as medidas de proteção me fizeram sentir seguro em continuar o tratamento", explica.

Assim como milhões de brasileiros, Branco teve de interromper os tratamentos médico e odontológico devido às ações de isolamento social impostas pelo governo. Com o afrouxamento da legislação - que permitiu a abertura dos consultórios -, uma série de medidas sanitárias têm sido tomadas para prevenir a propagação da Covid-19 em Goiás. "Tinha um retorno com um otorrinolaringologista que foi cancelado porque ele parou de atender por causa da pandemia. Agora, ele voltou a agendar as consultas", conta Branco.

Em março, a Agência Nacional de Saúde Suplementar emitiu uma nota sugerindo a suspensão de consultas, atendimentos e exames não urgentes até que a situação da pandemia estivesse mais controlada no País. O atual retorno das consultas tem exigido novas rotinas dos profissionais de saúde e dos pacientes. "Além de aumentar nossa biossegurança com uso de mais uma máscara de proteção e barreira facial, adotamos algumas medidas já no agendamento da consulta, como perguntar se o paciente está ou teve algum sintoma como febre nos últimos 14 dias", explica o dentista Pablo Siqueira.

Para evitar a aglomeração em salas de espera, os profissionais têm agendado as consultas com maior intervalo de tempo entre uma e outra. "Estamos vivendo um 'novo normal'. Agendamos 50% da capacidade de atendimento comparado a nossa realidade antes do coronavírus. Orientamos o paciente, se possível, a vir sem acompanhante. Caso seja necessário, que venha apenas um para evitar aglomerações. Para entrar na clínica, é obrigatório o uso de máscaras, o que contribui para a segurança tanto do paciente quanto dos nossos colaboradores", explica o médico neurorradiologista Ricardo Daher. Por lá, foi montado até um drive-thru para a entrega de exames.

Durante o período de emergência em saúde pública, declarada pelo governo brasileiro devido à pandemia, os profissionais de saúde ressaltam que é importante avaliar o custo-benefício da realização de consultas e procedimentos eletivos. "É normal os pacientes terem receio de estarem fora de casa, principalmente em ambientes de atenção à saúde. Porém, isso pode fazer com que ele ignore sintomas graves como alterações cardíacas. Isso não pode acontecer. Pacientes com problemas cardíacos ou oncológicos, por exemplo, não podem parar seus tratamentos", explica o médico.

O oftalmologista Fernando Heitor de Paula reforça que o prejuízo em não procurar o serviço de saúde pode ser ainda maior do que o risco de contaminação pelo vírus. "Existem doenças crônicas, algumas até assintomáticas, que necessitam de controle rigoroso do quadro clínico e cirurgias que, quando feitas em estágio tardio, pioram muito os resultados alcançados se comparado aos do realizado em fases iniciais da doença", explica. A própria Organização Mundial da Saúde emitiu um alerta de que a interrupção de cuidados médicos durante a pandemia pode ter consequências de grandes proporções.

Alô doutor

Uma das alternativas para evitar riscos em tempos de coronavírus é a chamada telemedicina. Nesse momento, são permitidas as seguintes modalidades: teleorientação, para que médicos possam orientar e encaminhar pacientes em isolamento à distância; telemonitoramento, situação em que o médico monitora à distância parâmetros de saúde do paciente, e teleinterconsulta, para troca de informações e opiniões entre médicos, para auxílio diagnóstico ou terapêutico.

Consultas à distância e receitas digitais foram regulamentadas pelo governo federal durante a pandemia, mas há casos em que a consulta presencial é essencial. A orientação de especialistas é, se possível, conversar com médicos para que a decisão de ir ou não ao consultório seja tomada. Nessas situações em que o paciente precisa ir ao consultório, o reforço na biossegurança é essencial para proteger a todos. A contribuição do paciente para a redução do contágio também é essencial.

Chegar no horário da consulta para evitar esperas desnecessárias, não levar acompanhantes e sugerir a possibilidade de retorno virtual em casos em que a consulta dispense novo exame físico são condutas que o paciente pode tomar e que reduzem o risco da propagação da doença. O Conselho Regional de Medicina de Goiás publicou uma série de recomendações de medidas protetivas para médicos, colaboradores e pacientes. Entre elas, a distribuição de máscaras a todos os pacientes e acompanhantes, independentemente de apresentarem sintomas respiratórios.

Há ainda orientações como o respeito da distância mínima de 2 metros entre as pessoas nas salas de espera, o agendamento dos atendimentos com intervalos mínimos de 30 minutos para evitar o contato entre os pacientes e possibilitar a correta higienização e desinfecção do espaço, além do reforço no uso de equipamentos de proteção individual. "Temos em todas as áreas da clínica álcool em gel 70% e estamos utilizando os equipamentos de proteção individual preconizados pelo Cremego para consultórios, como máscaras, luvas e em alguns casos até capotes descartáveis", explica o médico alergista Lucas Brom.

Na hora de ir

Se a presença frente a frente com o profissional de saúde for essencial, o ideal é evitar aglomerações e manter as práticas de higiene, como lavar as mãos ao chegar e sair do local e não tocar no rosto. O uso de máscara é obrigatório. Evitar tocar e ficar perto de outras pessoas durante a espera pela consulta. Também é importante ser pontual para evitar acúmulo de pessoas na recepção.

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Covid-19 avança na periferia

Periferia registra maior aumento de Covid-19 Bairros afastados do Centro, como Vale dos Sonhos c Jardim Guanabara, despontam no crescimento de casos confirmados da doença. Uso do transporte público e abertura do comercio podem ter contribuído para a disseminação do vírus P 12 E 13

Cinco dos dez bairros com maior aumento de casos confirmados na capital estão fora das regiões Sul e Central. O Jardim Guanabara, 3º com mais contaminações e 1º em mortes, é o mais emblemático

Às 11h30 da última quinta-feira (4), um carro de som passa pela Avenida Goiânia, no Jardim Guanabara, anunciando o novo endereço de uma loja. Na praça do Berimbau, duas mulheres sentadas na frente de um quiosque onde um homem trabalhava, os três sem máscaras, conversavam. A via é comercial e conforme se aproxima da Avenida Absay Teixeira a movimentação fica mais intensa.

São vendedores de roupas, sapatos, móveis, doces, pequenos objetos do lar, manequins nas calçadas, distribuidoras de bebidas e bares. Todos os estabelecimentos que estavam abertos tinham avisos proibindo a entrada de pessoas sem máscaras e os empregados estavam protegidos, mas o mesmo não se podia dizer todos clientes.

De 53 pessoas observadas pela reportagem naquele horário, 37 estavam de máscara e outras 7 estavam com o adereço colocado de forma errada, com o nariz de fora ou no queixo. Outras 9 estavam sem nada protegendo. Duas jovens que caminhavam com uma criança - esta sem máscara - em frente a uma loja de utensílios domésticos disse que estavam só "batendo perna" aproveitando que o comércio estava aberto, mas não pretendiam comprar nada. "A gente queria sair um pouco de casa."

A Covid-19 está se espalhando pela periferia, conforme mostram os dados dos boletins epidemiológicos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia. No dia 4 de junho, 5 dos 10 bairros que mais haviam crescido em número de casos confirmados são periféricos. Dois já estão entre os com mais notificações na capital. Cerca de 57% dos óbitos por Covid-19 são de moradores de bairros longe da região central de Goiânia. E o Jardim Guanabara é o caso mais emblemático desta situação.

O bairro, localizado na região Norte da capital, já é o terceiro com mais contaminações confirmadas pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2), o primeiro em número de mortes pela doença, e chama a atenção por vários motivos: avenidas comerciais bastante movimentadas, proximidade com a BR-153 e com a Perimetral Norte e grande circulação de pessoas que moram em outros pontos da cidade.

Coordenador da base de dados da plataforma Covid-19 criada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), o professor Rherilson Almeida afirma que este aumento dos casos na periferia de Goiânia está diretamente ligado ao afrouxamento das medidas restritivas na capital a partir do final de abril, o que permitiu a "exportação" do vírus existente nos bairros da região centro-sul para os mais afastados, principalmente por meio do transporte coletivo.

Almeida, que integra o Laboratório de Processamento de Imagens e Georeferenciamento da UFG, lembra que no começo da epidemia em Goiânia os casos vinham de fora, de pessoas que viajavam e voltavam para a capital contaminadas. Nesta época, os casos se concentravam em bairros na região central, como os setores Bueno, Oeste e Marista e o Jardim Goiás. "Na medida em que o governo estava conseguindo manter o isolamento social, os avanços ficavam principalmente nestas regiões onde surgiram os primeiros casos", comentou.

Porém, depois da flexibilização que veio a partir do decreto estadual de 19 de abril, a população começou a circular mais pela cidade e, como lembra Almeida, os moradores de bairros periféricos recorreram aos ônibus para poder ir ao trabalho ou mesmo se movimentar pela capital. O professor destaca que os moradores de bairros mais pobres têm mais dificuldade em conseguir utensílios de proteção como máscaras e álcool em gel e em ficar em casa pelas características dos trabalhos que prestam.

A prefeitura não tem conseguido êxito em evitar as aglomerações nos pontos de embarque, algo que desperta o alerta de diversos profissionais da saúde, como a epidemiologista Erika Silveira, professora da Faculdade de Medicina da UFG que em suas entrevistas sempre chama a atenção para este problema. Em coletiva na sexta-feira (5), a titular da SMS de Goiânia, Fátima Mrué, chegou a afirmar que o escalonamento dos horários das atividades econômicas - que se tornou obrigatório a partir de 20 de maio como forma de evitar as aglomerações nos pontos de embarque dos ônibus - fracassou.

O superintendente de Vigilância em Saúde da SMS, Yves Mauro Ternes, aponta outro problema além do transporte coletivo: o descumprimento das regras de prevenção e controle por parte da população dos bairros periféricos, principalmente nas vias comerciais. "São avenidas de grande fluxo de pessoas, de aglomerações, com pessoas circulando sem as medidas de precaução. Temos observado que na periferia a população tem afrouxado mais as medidas", disse.

Ternes também chama a atenção para a importância das pessoas se preocuparem não apenas com o uso das máscaras, mas em evitar tocar os olhos, a boca ou mesmo o rosto com as mãos, principalmente quando estiverem fazendo uso do transporte coletivo. "(O passageiro do ônibus) precisa ter ainda mais preocupação com essas medidas."

32 setores concentram 57% dos óbitos

O coordenador da base de dados da plataforma Covid-19 criada pela Universidade Federal de Goiás (UFG), o professor Rherilson Almeida, afirma que hoje os bairros periféricos de Goiânia, como o Jardim Guanabara e o Jardim Novo Mundo, se tornaram novos epicentros da Covid-19. "Isso causa um risco para os bairros que estão vizinhos a estes", destaca. De fato, um dos bairros que mais tiveram aumento na última semana, de acordo com levantamento feito pelo POPULAR, foi o Vale dos Sonhos, que fica próximo ao Guanabara.

O superintendente de Vigilância em Saúde da SMS de Goiânia, Yves Ternes, diz que a região do Guanabara preocupa a pasta e que haverá uma reunião com a equipe do Distrito Sanitário Norte, que fica no bairro, nos próximos dias, para tratar especificamente do avanço do novo coronavírus na região. "Vamos buscar ações mais próximas para fortalecer as medidas de precaução e fazer uma busca ativa (dos moradores contaminados)."

A relação obtida com exclusividade pelo POPULAR mostra que 32 bairros da periferia concentram 57% dos óbitos por Covid-19 até o dia 4 de junho, contra 21 da região central que respondem pelos outros 43%. Para o superintendente de Vigilância, um fato que pode explicar esse maior número de mortes em bairros mais afastados está no tempo que os pacientes demoram para procurar assistência médica.

Ternes diz que até o momento todas as pessoas com suspeitas ou confirmação de Covid-19 estão tendo acesso a leitos de enfermaria e UTI e que não seria, portanto, a falta de atendimento o motivo para o maior número de mortes na periferia. 

Relação com o transporte será analisada

Alvo de críticas, o transporte coletivo em Goiânia segue sem previsão para o fim das aglomerações de passageiros nos pontos de embarque que tanto preocupam profissionais de saúde e autoridades sanitárias. O escalonamento do horário das atividades econômicas, visto como uma possível solução, foi considerado sem êxito em coletiva da Prefeitura na última sexta-feira. 

O presidente da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), Benjamin Kennedy, diz que no momento o órgão busca junto ao governo a relação dos moradores da capital que contraíram a Covid-19 para cruzar com o banco de dados das empresas. Ele diz que com isso se terá uma visão mais precisa sobre o papel do ônibus no avanço do novo coronavírus e se estudar novas medidas preventivas.

"Se o problema fosse o transporte coletivo, teria muito mais pessoas contaminadas. O mapeamento é para ver se são os usuários do transporte mesmo (que estão espalhando a doença)", diz. Segundo Kennedy, atualmente não é estudada nenhuma outra medida para evitar as aglomerações. 

O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros da Região Metropolitana de Goiânia (SET), Adriano de Oliveira, diz que o problema não está no transporte coletivo em si, mas na redução do índice de isolamento social e no relaxamento das medidas restritivas de atividades econômicas, que aumentaram a circulação de pessoas.

"As empresas estão fazendo a parte delas, estão limpando os terminais, os ônibus, estão tomando as medidas exigidas pelo poder público. Mas o transporte coletivo é naturalmente um ponto de concentração de pessoas e com a falta de isolamento muitas pessoas voltaram a circular."

A suspensão do transporte coletivo temporariamente - como foi feito em Florianópolis (SC) - chegou a ser sugerida no final de março, quando as restrições de atividades econômicas eram mais rigorosas em Goiás. Apontada na capital catarinense como medida que ajudou a reduzir o avanço do vírus - lá ficou mais de um mês sem registrar morte por Covid-19 -, a medida não voltou a ser cogitada, segundo Kennedy e Oliveira.

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O ESTADO DE S.PAULO

Wizard desiste de secretaria e se desculpa por declarações

Carlos Wizard desistiu de assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos e deixou o cargo de conselheiro do Ministério da Saúde. Ele tomaria posse hoje. O empresário lamentou declarações que deu sobre o plano de recontar mortos por covid no País. "Peço desculpas por qualquer ato ou declaração de minha autoria que tenha sido interpretado como desrespeito a familiares de vítimas ou profissionais de saúde."

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UOL

Ministério da Saúde publica cifras divergentes sobre a COVID-19 no Brasil

São Paulo, 8 Jun 2020 (AFP) - O Ministério da Saúde publicou na noite deste domingo (7) números divergentes de casos e mortes por COVID-19 em dois balanços divulgados com horas de diferença, em meio a uma polêmica sobre a difusão de dados sobre a pandemia.

O segundo balanço apresenta 857 mortos a menos que o primeiro, mas 6.000 casos a mais de contágios.

O primeiro balanço, enviado por Whatsapp por volta das 20h30 de Brasília deste domingo, informava em uma captura de tela de um gráfico nacional que o Brasil totalizava 37.312 óbitos de COVID-19, com 1.382 mortes a mais com relação ao sábado.

O segundo balanço, atualizado quase duas horas depois no Painel Coronavírus, plataforma digital do Ministério, registrava um aumento de 525 mortes nas últimas 24 horas, sem menção ao total de falecidos na pandemia.

O número de casos confirmados nas últimas 24 horas aumentou de 12.581 no primeiro balanço para 18.912 no segundo.

O Ministério não respondeu à AFP qual dos dois balanços é o correto.

Se o segundo balanço for considerado válido, o Brasil teria 691.758 casos confirmados e 36.455 mortes por COVID-19 desde o início da pandemia.

A pasta tinha informado junto com o primeiro balanço que retomaria a difusão dos números totais da pandemia, depois de fortes críticas por ter decidido dois dias antes emitir apenas boletins com os números diários, sem o balanço total.

A mudança na política de divulgação de dados gerou críticas das autoridades sanitárias, políticos e representantes dos poderes públicos, que alertaram para a necessidade de informação transparente sobre a pandemia.

O país, com 212 milhões de habitantes, é o segundo em número de casos e o terceiro no registro de óbitos.

O presidente Jair Bolsonaro argumentou pelo Twitter no sábado que as cifras totais "não retratam o momento do país".

Mas o Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass), que reúne os secretários regionais de saúde, acusou o governo de "invisibilizar" as mortes por COVID-19.

As secretarias regionais, por iniciativa própria, lançaram neste domingo um portal compilando os dados dos 27 estados brasileiros. Na plataforma, o país registrava 690.928 casos e 36.437 óbitos até este domingo. Os dados, preliminares, não incluíam as informações de cinco estados que ainda não haviam atualizado seus balanços.

O Ministério da Saúde totaliza os números enviados pelas autoridades regionais.

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O GLOBO

 

Mortes em casa disparam

Enquanto estados dão início aos seus planos de retomada de atividades e até divulgam queda na ocupação de leitos, especialistas alertam para uma estatística que pode sugerir subnotificação de mortes por Covid-19: os óbitos domiciliares. No Rio de Janeiro, o número de pessoas que morreram em casa disparou em comparação com os mesmos meses de 2019, segundo o Portal da Transparência do Registro Civil. A mesma tendência é encontrada em São Paulo, epicentro da pandemia.

Na semana passada, pesquisadores da UFRJ divulgaram uma nota técnica cobrando qualificação desses dados e citando a sua relevância para os planejamentos de abertura da economia.

Desde o dia 16 de março (quando se iniciou a quarentena no Rio) até a última quinta-feira, 6.281 pessoas morreram em casa no estado do Rio. Destas, 119 foram diagnosticadas com coronavírus. Excetuando essa porção, são 6.162 óbitos, número 36% maior do que as 4.508 mortes no mesmo período de 2019. Na capital, a porcentagem é praticamente a mesma: foram 2.463 óbitos domiciliares, sendo 67 por Covid-19, contra 1.773 em 2019, segundo o Portal da Transparência do Registro Civil.

- Em todas as capitais acometidas pelo Covid-19 notamos esse aumento de óbitos domiciliares. Isso preocupa, porque pode estar mostrando uma subnotificação de óbitos, o que impacta na subnotificação de casos confirmados explicou o infectologista Rafael Galliez, da UFRJ.

Na nota técnica, os pesquisadores alertam para um contexto de "falso normal", uma estatística aparentemente natural, mas "influenciada por variáveis adicionais e não percebidas que sofrem influência direta do contexto pandêmico pelo qual se está passando". Eles ainda lembram que os óbitos domiciliares podem estar "contribuindo" para a diminuição da ocupação dos leitos.

- Por que a fila andou mais rápido? Será que pessoas estão recebendo alta de forma prematura e indo para casa, e de repente morrendo em casa? - questiona a coordenadora do núcleo de saúde da Defensoria Pública do Rio, Alessandra Nascimento, que também cobra qualificação da estatística. - O que nos parece é que houve uma "invasão" dos leitos que não seriam destinados para coronavírus.

Segundo ela, a fila para UTI em casos que não de Covid-19 está crescendo. Na semana passada, passou de 160. Procurada, a prefeitura não apresentou os números até a conclusão desta edição. A secretaria municipal de Saúde declarou, contudo, que "possui um protocolo de investigação de óbitos com causa indeterminada" e que, em 2019, 3.486 óbitos foram investigados, com 2.026 respondidos. Sobre o aumento, disse que, em 2019, entre março e maio, "18,5% dos óbitos domiciliares por causa natural foram atestados pelo IML, enquanto em 2020 esse percentual foi de 5,8%, o que pode explicar algum impacto na qualidade da causa declarada atualmente, uma vez que óbitos não passam mais por exame de necropsia".

Assim como no Rio de Janeiro, o número de óbitos em domicílio também cresceu em São Paulo. De acordo com o Portal da Transparência do Registro Civil, as mortes em casa no estado de São Paulo subiram 13%, passando de 9.578 entre março e junho do ano passado para 10.891 óbitos no mesmo período deste ano. A maioria das certidões chega aos cartórios sem causa específica apontada. Esses óbitos sem registro de causa específica somaram 7.716 casos entre março e junho do ano passado. Agora em 2020, esse número já chega a 9.158, alta de 18%.

Na capital, as declarações registradas em cartório desde março indicam um crescimento de 35% nas mortes em domicílio entre os anos de 2020, quando foram registradas 2.196 mortes sem causa determinada, até junho, e 2019, quando o número ficou em 1.623 no mesmo intervalo.

Para o infectologista Marcos Boulos, professor de Medicina da USP, coordenador do Controle de Doenças estadual e membro do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, as mortes em casa podem ter aumentado pelo fato de alguns pacientes subestimarem a gravidade da doença, confusos pelas mensagens contraditórias das administrações federal e local. Além de relatos de que os serviços de atendimento estejam desencorajando a ida aos hospitais.

- Recebo pacientes que dizem "olha, o convênio pediu para ficar em casa, mas estou assim". E a pessoa tem insuficiência respiratória, deve ir pro hospital. A possibilidade é que, com a demanda excessiva, os serviços tentam afastar novos casos leves e exageram no tom - alerta Boulos. - Adoecer em casa é natural, e as pessoas devem ficar em casa se a doença não for intensa. Mas se tiver falta de ar, tem que ir.

IGNORANDO SINAIS

Outros fatores apontados são a falta de procura de atendimento por idosos que vivem sozinhos, negligência de familiares e o receio de contaminação hospitalar. Cabe ressaltar, contudo, o fato de muitas pessoas com outras enfermidades evitarem ir aos centros médicos justamente pelo medo da contaminação - isso também pode impactar nas mortes dentro de casa.

A Secretaria de Saúde do estado afirmou, em nota, que diversas patologias "podem resultar em óbitos repentinos, antes mesmo de atendimento hospitalar". A Prefeitura de São Paulo não se manifestou sobre o aumento de 35% nas mortes sem causa entre março e junho, em relação a 2019.

O estado é o epicentro da doença no país, com 140.549 casos e 9.058 mortes, segundo o Ministério da Saúde. Algumas cidades já começaram a retomar atividades, incluindo a capital, observando um protocolo sanitário. A taxa de ocupação de leitos de UTI está acima de 80% na Grande São Paulo e de 70% no estado.

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O HOJE

Telemedicina tirou mais de 23 mil dos hospitais

A modalidade minimiza os riscos de agravos a saúde de pessoas

Daniell Alves

Pacientes da rede pública de saúde estão sendo atendidos de maneira virtual diante da pandemia dos casos de Covid19. Em Goiás, de março até o dia 20 do último mês, mais de 23 mil pacientes já foram orientados pela telemedicina ou teleatendimento. A medida foi adotada após a suspensão das consultas presenciais, por orientação da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), como medida de cautela em relação à prevenção contra o Coronavírus. O objetivo é promover segurança aos pacientes, acompanhantes e colaboradores.

O Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG) está trabalhando, desde março, por meio da telemedicina para atender os pacientes com consultas marcadas na instituição. Nos meses de março e abril foram realizados 1.779 atendimentos no HGG por meio da nova modalidade, respaldada do Ministério da Saúde. O atendimento é garantido a portadores de doenças crônicas, que necessitem de receitas, laudos e outras indicações, permitido que eles tenham acesso às orientações médicas.

Já o Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (CRER) não realiza a telemedicina, entendendo ser este um procedimento médico e considerando o perfil de cada paciente. Mas realiza o teleatendimento com profissionais em diversas áreas. No período de 26 de março a 19 de maio, foram 16,5 mil pacientes atendidos. A modalidade minimiza os riscos de agravos a saúde das pessoas com deficiência em atendimento na instituição, evitar perda de capacidade funcional destas e orientar quanto a prevenção do Coronavírus.

Segundo o diretor técnico do HGG, Durval Pedroso, o teleatendimento é uma forma de garantir a assistência aos pacientes, principalmente os portadores de doenças crônicas. "Esse acompanhamento é importante para que possamos monitorar o uso de medicamentos e exames, além de interferências que podem acontecer no tratamento dessas pessoas frente ao uso dessas medicações", ressalta o médico.

Durval enfatiza que, no mês de abril, apesar dos feriados prolongados, os pacientes do HGG não ficaram sem assistência. "Os profissionais do Hospital conseguiram realizar mais de mil atendimentos de forma virtual, por telefone ou pelo

WhatsApp", comenta. O diretor ainda ressalta que é muito importante que, neste momento, o HGG não deixe desamparada a sua população de pacientes frágeis, idosos e com várias comorbidades. "Essa que é a relevância da manutenção do atendimento por meio da telemedicina", justificou.

Especialidades

A iniciativa é uma forma de manter os pacientes seguros e evitar aglomerações nos hospitais e clinicas. De acordo com a SES-GO, as especialidades que estão funcionando nessa modalidade são: clínica médica, neurologia, nefrologia, pneumologia, reumatologia, gastroenterologia (transplante de fígado), nefrologia (transplante renal) e endocrinologia (atendimento ao paciente diabético). Os programas específicos, como o Transexualizador (TX) e o Núcleo de Orientação Interdisciplinar em Sexualidade (Nois), também estão nessa modalidade e mantêm atendimento aos pacientes já em acompanhamento.

Suporte

Já a Unimed Goiânia registrou, neste mesmo período, mais de 2 mil atendimentos por meio da telemedicina. O serviço foi inaugurado no dia 26 de março e de lá para cá tem tido grande aceitação por parte dos médicos e pacientes. Segundo a diretora do Conselho Técnico da Unimed Goiânia, Lorena de Castro Diniz, a Cooperativa teve um retorno muito positivo dos atendimentos de telemedicina. "Vejo com bons olhos essa aceitação. É uma ferramenta que abriu uma janela de oportunidades, pois o beneficiário se sente seguro e assistido, e o médico tem a possibilidade de continuar dando suporte, mesmo que a distância", afirma a diretora

No Consultório Virtual, os beneficiários são atendidos e, de acordo com seu quadro clínico, orientados sobre o procedimento a seguir, conforme as orientações e diretrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS) e MS. "Caso o paciente necessite, será encaminhado para nossa rede de atendimento para um exame presencial", explica a diretora.

Provisório

O Ministério da Saúde publicou uma portaria que regulamentou os atendimentos médicos à distância. A liberação da telemedicina será válida apenas durante a pandemia do Coronavírus. O Governo Federal explica que a medida visa reduzir a propagação da Covid-19. A modalidade pode ser usada para atendimento pré-clínico, de suporte assistencial, de consulta, monitoramento e diagnóstico tanto em atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) como da rede privada.

Além disso, o documento determina que todas as consultas devem ser obrigatoriamente registradas em prontuário clínico com indicação de data, hora, tecnologia da informação e comunicação utilizadas, além do número do Conselho Regional Profissional do médico e sua unidade da federação. (Especial para O Hoje)

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Saúde mental é negligenciada

Saúde mental negligenciada em Goiânia Após cortes de medicamentos fornecidos gratuitamente para a população pela Secretaria Municipal de Saúde, população carente sofre com falta de fármacos essenciais para saúde mental.

Corte na distribuição de medicamentos compromete o tratamento medicamentoso, pois diminui as opções

Após cortes de medicamentos fornecidos gratuitamente para a população pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), população carente sofre com falta de fármacos essenciais para tratamentos de patologias relacionadas à saúde mental, colocando em risco o tratamento de pessoas carentes com diversos tipos de transtornos. Estudos demonstram que a incidência de depressão aumentou durante a quarentena.

A Portaria 170 da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informa a atualização da relação de medicamentos fornecidos pela prefeitura. Medicações retiradas do fornecimento da SMS como o zolpi-dem, citalopram, escitalopram, sertralina, venlafaxina, alpra-zolam, clonazepam cp, nitra-zepam, Bupropiona, Loraze-pam, Imipramina. Membros do Conselho local de Saúde do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Esperança denunciam que além dos cortes, faltam profissionais e medicamentos que ainda estão listados para serem distribuídos.

De acordo com o vice-presidente do Conselho, Edinaldo Marques Neves, a atitude foi feita de forma arbitrária sem consulta aos profissionais de saúde, que são os responsáveis pelas prescrições. O ato compromete significativamente o tratamento medicamentoso, pois diminui as opções de fár-macos e traz a necessidade de compra de medicamentos, por parte dos pacientes.

Membros do Conselho Local do Caps Esperança foram até o Paço Municipal na última semana para a entrega de um documento à Gerência de Saúde Mental que relatava esse e outros problemas que a área tem enfrentado na Capital. No entanto, a negativa da gerência em recebê-los gerou indignação. "Deixo aqui minha indignação com a saúde mental em Goiânia, onde o descaso foi comprovado mais uma quando a própria gerência de Saúde Mental, que deveria cuidar dos usuários, não deixou o Conselho nem entregar um documento e não se dispôs a nos ouvir", diz a nota de repúdio, publicada no último dia 3.

Situação precária

Carmen Lúcia Ferreira trata de depressão e ansiedade no Caps Esperança e também é membro do Conselho. Ela afirma que desde que começou o tratamento, há dois anos e meio, nunca viu a unidade de saúde em situação tão precária. "O Caps Esperança está pedindo socorro porque tem profissionais que querem ajudar as pessoas, mas não tem o apoio do governo para fazerem esse trabalho". A paciente ainda diz que muitos servidores chegam a gastar dinheiro do próprio bolso para comprar insumos que faltam na unidade.

A paciente ressalta que a unidade do Caps Esperança atende várias regiões de Goiânia porque é considerado referência em tratamento de saúde mental, mas não está mais conseguindo atender a demanda por falta de recursos. "Como lá é diferenciado, as pessoas indicam o tratamento no local. Mas muitos tratamentos não fazem efeito sem fármacos".

Carmem cita seu caso como exemplo. Quando ela fica sem tomar os remédios, não consegue se levantar da cama. "Eu tomo dois remédios. Um é para conseguir dormir e o outro é para passar o dia bem. Sem eles, eu fico de cama, deitada o dia inteiro". Ela relata que algumas pessoas que fazem tratamento no Caps, têm doenças graves e não conseguem nem raciocinar sem os medicamentos. "Eu estou expondo meu caso, porque sei que preciso, mas existem pessoas ainda mais necessitadas do que eu, que não têm nenhuma condição de arcar com os custos dos medicamentos".

Uma das características mais marcantes da unidade, segundo Carmen, é a atenção dada pelos profissionais de saúde aos pacientes em tratamento. Na última crise de depressão e ansiedade de Car-men, ela foi procurada pelos servidores do Cais. "Lá, eles se preocupam com a gente. Da última vez que fiquei de cama a doutora me ligou para ver se estava bem, conversou comigo e marcou uma consulta". Car-mem declara que a aproximação entre profissional e paciente fundamental para que o tratamento faça efeito.

Estudos mostram aumento de ansiedade e depressão

De acordo com uma pesquisa coordenada por Alberto José Filgueiras Gonçalves, professor Adjunto do Departamento de Fundamentos em Psicologia do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) houve o número crescente de casos de ansiedade durante a pandemia Covid 19. A pesquisa realizada pela Uerj entre o início da quarentena no Rio de Janeiro e as últimas semanas de abril deste ano, mostrou um aumento no número de casos de depressão neste período e a piora de sintomas naqueles que já tinham um transtorno mental prévio.

O estudo aponta que o número de procura pelas consultas psiquiátricas e modalidades de psicoterapia tem sofrido um crescimento que já se mostrava desde dezembro de 2019 e com o surgimento da pandemia é observado um chamado "tsunami de problemas mentais", conforme relatam especialistas da área. A procura por atendimentos psiquiátricos levou a uma regulamentação apressada da tele-medicina, que até então ainda se encontrava em análise pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Os serviços de seguro de saúde e saúde suplementar mostraram uma crescente na busca por consultas on-line na psiquiatria de até 100 consultas ao dia nos planos.

Ansiedade e depressão

Estudos revelam que o tratamento da depressão e dos transtornos ansiosos tem grande eficácia com uso de antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de seroto-nina (ISRS) com grau de evidência certificada por análises e estudos clínicos. Os fármacos ISRS mais conhecidos são a fluoxetina e sertralina, porém há uma variedade maior de substâncias como: paroxeti-na, fluvoxamina, citalopram, escitalopram. Alguns desses medicamentos foram suprimidos da distribuição da SMS, como é o caso do escitalo-pram, sertralina e citalopram.

Um documento redigido pelos profissionais de saúde do Caps Esperança demonstra por estudos técnicos a necessidade de haver um arsenal medicamentoso variado à disposição nos serviços de saúde mental. De acordo com os estudos, o paciente deve ser atendido com respaldo cientifico e seguimento de protocolos que demonstram melhor eficácia e tenha seu sofrimento abrandado com uso de fármacos eficientes até que consiga recuperar e desenvolver seu capital mental por meio da psicoterapia e técnicas integrativas.

Apenas dessa forma, eles serão capazes de retomar autonomia emocional e sua funcionalidade social, laboral e desfrutar os prazeres da vida, sendo capaz de vencer as ad-versidades que ela traz. Da mesma forma como um dia este paciente foi antes de adoecer. O documento conclui que a escolha de corte dos fármacos por uma questão econômica representa uma verdadeira "escolha de Sofia" em relação às pessoas que tem problemas psíquicos.

"Entendemos a situação de crise que vivemos, as dificuldades que encontramos nas áreas financeiras, gestão, e ainda por cima política. Sabemos que devido a crise, escolhas difíceis devem e estão sendo feitas, e muitas outras ainda estarão por vir. Porém, tudo que pedimos é que não tenhamos que fazer a "Escolha de Sofia" justamente com aqueles que foram obrigados a fazer esta escolha infeliz em suas própria vidas, depois de adoecerem por algo que eles mesmos nem sempre compreendem, e que lhes privaram de algo inato a todo ser humano: o prazer viver", conclui o documento. (Especial para O Hoje)

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Médicos sofrem pressão de famílias

Médicos sofrem com a pressão de familiares Alémdapressãoque osprofissionais da Saúde sofrem durante o combate ao novo Coronavírus, eles tambémenfrentamoutrodesafio: contar aos parentes das vítimas da Covid-19 em caso de mortes. Alguns familiares chegamatéaagredirosmédicosapós receberem a notícia, afirma representantedacategoria.Cidades10

SindSaúde alerta para a valorização destes profissionais, que atuam na linha de frente no combate ao novo Coronavírus

Além da pressão que os profissionais da Saúde sofrem durante o combate ao novo Coronavírus, eles também enfrentam outro desafio: contar aos parentes das vítimas da Covid-19 em caso de mortes. Alguns familiares chegam até a agredir os médicos após receberem a notícia. É o que afirma a presidente do Sindicato dos Médicos de Goiás (Simego), médica Franscine Leão. Ela explica que a maior dificuldade enfrentada pelos profissionais neste momento é com relação aos pacientes suspeitos de terem se infectado com a doença.

Outro problema apontado por ela é o preparo do corpo, já que para alguns familiares é desrespeitoso. O Ministério da Saúde orienta que, se a pessoa confirmada ou suspeita de infecção por Coronavírus falecer em casa é necessário comunicar a morte imediatamente ao serviço de saúde, como aos Bombeiros. Já as pessoas que moram com o falecido deverão receber orientações de desinfecção dos ambientes e objetos, usando água sanitária.

Em caso de óbito, o paciente só é diagnosticado com morte pela Covid depois da morte. Este tem uma carga viral muito alta e, por isso, há recomendações diferencias para o funeral nesta pandemia. A orientação é para que o paciente não seja preparado e seja colocado em um saco fechado. "Quando a funerária chega, ela não vai manipular aquele cadáver. Vai vestir outro saco plástico e isolar o corpo. Essa é a recomendação. Não ter contato com o cadáver. O caixão é fechado", explica Franscine.

Os cuidados minuciosos são porque a transmissão de doenças infecciosas, como a Covid-19, também pode ocorrer por meio do manejo de corpos, afirma o MS. Isso é agravado por uma situação de ausência ou uso inadequado dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). O Ministério alerta que os profissionais envolvidos com os cuidados com o corpo ficam expostos ao risco de infecção. "Por isso, é fundamental que estejam protegidos da exposição a sangue e fluidos corporais, objetos ou outras superfícies contaminadas. Não são recomendadas autópsias", diz o Guia elaborado pela pasta.

Sobre o assunto, em nota ao O Hoje, o Sindicato dos Servidores da Saúde do Estado (SindSaúde-GO) afirma que tem investido em campanhas de conscientização da sociedade sobre a importância e valorização desses profissionais. Outra medida que o Sindicato tem adotado é "a cobrança insistente para que os gestores esclareçam para os servidores quais são os protocolos a serem adotados em caso de óbitos para que os profissionais ajam sobre as devidas orientações", informa a nota. Esclarece, ainda, que o Sindicato tem disponibilizado o departamento jurídico para prestar toda a assessoria necessária ao profissional vítima de alguma agressão, seja ela verbal ou física.

Cremego desconhece

A reportagem também entrou em contato com o Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) a respeito destas agressões. No entanto, o Conselho diz que não tem conhecimento de agressões a médicos em unidades saúde goianas durante essa pandemia, e também mantém canais, como a Ouvidoria, para o recebimento de denúncias neste sentido e a imediata adoção das medidas cabíveis junto aos gestores e às autoridades policiais.

O Cremego afirma, contudo, que rechaça qualquer tipo de agressão a médicos, a demais profissionais de saúde e a todas as pessoas. "As unidades de saúde devem garantir condições seguras de trabalho aos profissionais e casos de violência devem ser denunciados às autoridades competentes. Desde o início desta pandemia, o Cremego vem orientando os médicos sobre a prevenção da doença, a assistência segura e o cumprimento das diretrizes dos órgãos de saúde para o atendimento a pacientes", informa a nota ao O Hoje.

Em decorrência das milhares de mortes por causa do Coronavírus, o MS publicou um Guia a ser seguido em casos de óbitos. O documento traz as recomendações de como devem ser realizados os funerais, o manuseio do cadáver nos hospitais, em domicílio e em espaço público. Funciona como um manual de orientação às equipes de saúde de medicina legal e funerárias.

De acordo com o protocolo, os falecidos podem ser enterrados ou cremados, mas os velórios e funerais de pacientes confirmados ou suspeitos da doença, que juntem muitas pessoas em um ambiente fechado, não são recomendados. Neste caso, o risco de transmissão também está associado ao contato entre familiares e amigos. Por isso, a cerimônia de sepultamento deve ocorrer em lugares ventilados e, de preferência, abertos. (Especial para O Hoje)

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A REDAÇÃO

Goiás registra 93 novos casos e uma morte por covid-19 em 24 horas


Adriana Marinelli

Goiânia - Goiás registrou 93 novos casos e uma morte por covid-19 nas últimas 24 horas. É o que aponta novo boletim da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) divulgado na tarde deste domingo (7/6). Com os novos registros, o Estado soma 5.813 casos da doença e 173 óbitos. 

Ainda de acordo com o boletim, há no Estado 28.578 casos suspeitos em investigação. Outros 14.219 já foram descartados.

Além das 173 mortes confirmadas, há 29 óbitos suspeitos que estão em investigação. Já foram descartadas 284 mortes suspeitas nos municípios goianos. O total de pessoas curadas não foi informado pela pasta. 

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Médicos alertam para o perigo de descontinuar tratamentos

Goiânia - Um levantamento feito pelo site Angioplasty.Org, mostrou que houve uma queda no atendimento emergencial de pacientes cardíacos de 50% durante a pandemia do coronavírus em Nova York, ao mesmo tempo em que registrou um aumento de 800% no número de pessoas que morreram em casa de ataque cardíaco. Os números alertaram profissionais também de Goiás, que estão vendo os consultórios e clínicas vazios desde que  a COVID-19, chegou no Estado.  

Os problemas cardiovasculares são as principais causas de morte no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas no Brasil, são 300 mil pessoas por ano. A realidade preocupa o médico cardiologista, Vinícius Marques. Na clínica que ele atende, no Orion Complex, na capital goiana, a queda chegou a 50% nos atendimentos desde que os primeiros casos da COVID-19 foram relatados em Goiás, e foi estabelecido o isolamento social. Ainda que os consultórios eletivos tenham sido liberados a partir de 20 de abril, ele  acredita que o medo da contaminação ainda tem  afugentado os pacientes. 

“O paciente está acuado, mas isso não pode acontecer, principalmente para  os portadores de hipertensão arterial,coronariopatias,miocardiopatias e insuficiência cardíaca”. O profissional da saúde alerta  também para outras especialidades como pacientes neurológicos e endócrinos, especialmente os diabéticos. “Essas doenças não vão parar de fazer suas vítimas. Além disso, manter o tratamento em dias vai ajudar, inclusive, no enfrentamento do coronavírus”, pontua Dr. Vinícius.  

Dados do Ministério da Saúde, divulgados no início de abril mostraram que 8 em cada 10 mortes pela COVID 19, pelo menos uma tinham um fator de risco associada. Os quadros de cardiopatia chegaram a 57%, em segundo os diabéticos, 40%, quadros de pneumopatia 16% e doenças neurológicas 10,5%.

O médico neurocirurgião Leonardo Rocha-Carneiro Garcia-Zapata, que também atende em Goiânia, percebeu, da mesma forma, a diminuição da frequência de seus pacientes. Ele conta que no primeiro mês de isolamento social em Goiás, em março, houve uma diminuição de 70% dos pacientes em seu consultório. Para que os tratamentos não parassem, ele apostou na telemedicina, que segundo ele, foi bem aceita. “Isso amenizou um pouco a situação nesta fase difícil para todos nós”. 

Segundo o neurocirurgião, a flexibilização do isolamento autorizada em decreto durante o mês de abril, permitindo o retorno das consultas ambulatoriais, resultou em um ligeiro aumento, mas nada comparado ao normal. “A baixa procura se manteve porque boa parte da população encontra-se ainda com pânico de sair de casa, está no grupo de risco ou convive com alguém que esteja”, esclarece.

Ele lembra que o Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou famoso “derrame” é a segunda  maior causa de morte no mundo, perdendo apenas para as doenças isquêmicas do coração (Infarto Agudo do Miocárdio). “Tanto a forma hemorrágica, quanto isquêmica podem ser muito graves e necessitam atenção imediata”, complementa. 

Além do AVC, ele pontua outras doenças que não podem de modo algum serem negligenciadas como o câncer, que inclui também um grande grupo de tumores do sistema nervoso central, tumores de coluna e nervos periféricos. 

Sintomas neurológicos que não devem ser ignorados 

Em um comunicado publicado no portal, a  Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg), informa que o os hospitais privados estão funcionando com uma ociosidade de 80% no atendimento clínico, e uma ocupação de 20% das UTIs. Além de ter registrado queda de 50% no pronto-atendimento. "Essa queda esconde um grave problema: por receio da pandemia, pessoas que necessitam de atendimentos de urgência estão deixando de procurar os hospitais. O mesmo tem acontecido com pacientes crônicos que dependem de atendimento contínuo. Essa interrupção ou busca tardia por tratamento pode ser fatal", alerta o comunicado. 

Leonardo Zapata lembra que enquanto os acidentes automobilísticos têm uma expectativa de redução moderada durante a pandemia, os acidentes domésticos tem aumentado, tanto em idosos, crianças e adultos e isso envolve traumatismos crânio encefálicos e traumatismos raquimedulares. Ambos muito críticos e que, se não avaliados e tratados a tempo, podem significar sequelas definitivas ou a morte. 

“Nas crianças existe uma condição relativamente frequente que também não pode esperar a pandemia: a hidrocefalia. Esta pode surgir de maneira congênita ou em qualquer fase da vida por alguma obstrução ou até lesão expansiva tumoral. Independentemente da causa, a hidrocefalia deve ser diagnosticada e tratada prontamente”

 O médico relata que os pacientes estão chegando tarde demais ou não estão indo aos hospitais por medo. Por isso cabem algumas orientações importantes. Na presença dos seguintes sintomas não se deve esperar:

1)      Sonolência ou dificuldades em acordar;

2)      Crises convulsivas;

3)      Tonturas ou dores de cabeça muito intensas;

4)      Fraqueza ou dormência de um braço ou de uma perna ou do braço e da perna do mesmo lado;

5)      Confusão mental ou comportamento estranho;

6)   Alteração no tamanho da pupila (parte preta do olho); movimentos diferentes dos olhos; visão dupla ou outros distúrbios de visão;

Controle da diabetes deve ser levado a sério 

A endocrinologista Daniela Espíndola observou a redução de 70% do atendimento médico privado, já na Universidade Federal de Goiás, onde ela atua como docente do Serviço de Endocrinologia, todos os tratamentos eletivos foram suspensos,  resultando em uma diminuição de 85% dos atendimentos. “A assistência ficou restrita aos pacientes com diabetes na gestação, câncer de tireoide e emergências. Dessa forma, apenas cerca de 15% do atendimento ambulatorial foi mantido. Infelizmente, a maioria dos pacientes da endocrinologia com outras doenças crônicas estão sem assistência”, lamenta.

Segundo Daniela, a preocupação maior é porque a especialidade de endocrinologia faz acompanhamento e tratamento de muitas doenças crônicas  como o tratamento do diabetes mellitus tipo 1, tipo 2 e diabetes gestacional. “Adicionalmente, é recomendado que pacientes obesos que estejam com alguma comorbidade descompensada, como hipertensão arterial sistêmica, também mantenham o acompanhamento médico. Essas doenças, inclusive, são consideradas como fatores de risco para casos mais graves e complicações da COVID-19”. 

Estudo recente publicado na revista “Cell Metabolism” demonstrou que dentre pacientes com diabetes compensado (glicemia < 180mg/dl), 98,9% sobreviveu à COVID-19, ao passo que a mortalidade foi de 11% naqueles com a glicemia mal controlada (glicemia > 180mg/dl).  Outras patologias apontadas por Daniela, como hipertireoidismo descompensado ou na gestação, tumores malignos da tireoide ou adrenais também devem continuar o seguimento médico.  “Vale a pena lembrar que a maioria dos profissionais de saúde está fazendo atendimento também por telemedicina, não presencial, que pode ser uma boa oportunidade para a não interrupção do tratamento, principalmente para aqueles que já fizeram pelo menos uma consulta presencial com o profissional”, aconselha. 

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JORNAL OPÇÃO

 

MP 936: como fica situação de empresas que suspenderam contratos

Por Ton Paulo

Para o advogado trabalhista Fabiano Rodrigues, as alternativas para os donos dessas empresas seriam outras medidas, como antecipação de férias e de feriados e criação de banco de horas

Na última semana a Medida Provisória 936, que institui o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, teve sua vigência prorrogada por mais dois meses. Entretanto, as empresas que já utilizaram o prazo máximo de 60 dias de suspensão do contrato de trabalho não podem mais contar com essa possibilidade jurídica.

Conforme o advogado trabalhista Fabiano Rodrigues, as empresas que se enquadram nessa questão teriam agora, no máximo, a opção de adotar a redução da jornada e do salário de seus trabalhadores, que seria de 30 dias, para os estabelecimentos que utilizaram os 60 dias da suspensão do contrato de trabalho, o que seria um problema para segmentos econômicos que permanecem com as atividades suspensas.

Para Fabiano, as alternativas para os donos dessas empresas seriam outras medidas, como antecipação de férias e de feriados e criação de banco de horas. Ele avalia que “o mais dramático é que eles não possuem atividade e não teriam condições sequer de arcar com essas despesas”.

O advogado defendeu ser necessário que os parlamentares do Congresso Nacional tenham a sensibilidade de aprovar, com urgência, a prorrogação do prazo das medidas instituídas pela MP. “Também são necessárias medidas para que a economia volte a se erguer, levando em consideração a saúde da população”, argumentou.

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DIÁRIO DA MANHÃ

 

Artigo - A importância laboratorial da Covid-19

O Coronavírus 2 da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-Cov 2), devido a sua alta capacidade de transmissão, rápida disseminação, interiorização e pauperização, chama atenção mundial para o rastreamento desta catastrófica viagem viral. Neste cenário pandêmico, qual a importância dos exames laboratoriais de identificação para o coronavírus?

Os testes baseados em pesquisa sorológica são bastantes requeridos pelo sistema público de saúde e são uma excelente opção de triagem do vírus para aplicação em massa na população. Após a positividade pelo teste sorológico, o paciente é testado e comprovado por testes mais específicos e de custo mais elevado, como os testes de biologia molecular.

O grande problema existente neste momento de pandemia é a ausência de quantidades de testes que sejam suficientes para atender toda a demanda necessária, durante o processo de pandemia da COVID-19. O nosso sistema de público de saúde não estava preparado para este contexto e os testes de sorologia mais baratos sequer são produzidos em escalas industriais e por empresas nacionais.

Os testes de pesquisas soro-lógicas encontram-se na linha de frente em qualquer pandemia. Como exemplo temos o ensaio imunoenzimático (ELISA), que se baseia na detecção de anticorpos específicos suscitados e circulantes no sangue pela presença do vírus no organismo humano. Diferentes classes de anticorpos podem ser pesquisadas por estes testes como anticorpos IgM característicos de fases iniciais da doença e os anticorpos IgG produzidos numa fase crônica da infecção. Anticorpos da classe IgA também poderiam ser pesquisados, uma vez que são característicos de infecções das vias respiratórias, porta de entrada para o coronavírus. Estes testes geralmente apresentam uma alta sensibilidade, ou seja, podem apresentar reações cruzadas com outras infecções virais, dando um falso diagnóstico positivo e também a se considerar as janelas imunológicas nas quais o vírus encontra-se presente, todavia, sem tempo hábil de produção de anticorpos circulantes.

Para complementação e comprovação da infecção pelo coronavírus temos as técnicas de biologia molecular, como o RT-PCR, que é o diagnóstico padrão ouro para validar a detecção viral. De maneira simplificada, a metodologia mais sensível e específica detecta o material genético de partículas do coronavírus, ou seja, detecta vírus circulantes presentes em amostras coletadas. Para o emprego desta metodologia são necessários reagentes bem mais caros quando comparados com diagnósticos de rotinas laboratoriais, além da necessidade de uma aparelhagem de leitura um pouco mais sofisticada. Independente dos sintomas do paciente assintomático ou não, este exame laboratorial é capaz de detectar vírus nos primeiros dias de infecção, ao contrário dos testes sorológicos.

O desenvolvimento de testes rápidos é destaque e atualmente o mundo volta os olhos para esta modalidade de diagnósticos. O rápido diagnóstico e a acurácia na detecção de uma infecção viral específica permitem uma pronta vigilância em saúde pública, prevenção e controle dos casos diagnosticados. Estes testes podem ser desenhados em bases sorológicas ou moleculares e também precisam de comprovação subsequente.

Neste contexto avassalador do coronavírus pelo mundo, os diagnósticos de triagens e confirmatórios tornam-se imprescindíveis. Seguir o vírus localmente faz-se necessário, principalmente para o levantamento dos contactantes próximos das pessoas infectadas, profissionais da saúde, além dos assintomáticos transmissores.

Sendo otimista para a descoberta de medicamentos profiláticos e de tratamento, os diagnósticos laboratoriais estabelecem-se como procedimento primário. Para qualquer evolução viral, os cientistas já podem ir pensando em coleções de coronavírus presentes e circulantes regionalmente para estudos de filogenia e projeções mutantes virais futuras, na tentativa de impedir surtos posteriores do coronavírus. Sendo assim os exames de identificação viral precisam estar devidamente atualizados para reconhecimento de qualquer variante viral.

Alexsander Augusto da Silveira é farmacêutico e diretor acadêmico da Faculdade Estácio de Sá de Goiás - FESGO

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Rosane Rodrigues da Cunha 
Assessoria de Comunicação