Postado em: 25/06/2020

CLIPPING AHPACEG 25/06/20

ATENÇÃO: Todas as notícias inseridas nesse clipping reproduzem na íntegra, sem qualquer alteração, correção ou comentário, os textos publicados nos jornais, rádios, TVs e sites citados antes da sequência das matérias neles veiculadas. O objetivo da reprodução é deixar o leitor ciente das reportagens e notas publicadas no dia.

DESTAQUES

Ministério anuncia novos critérios para caracterizar casos de covid-19

Covid-19: Goiás bate novo recorde com registro de 34 mortes em um dia

Estados não têm estoque de sedativos para casos graves

Ministério da Saúde afirma que número de casos de Covid-19 ainda não parou de subir

TCU aponta falhas no combate do governo federal à Covid-19

Telemedicina: "Em casa, recebi diagnóstico, tratamento e muita atenção"

Artigo - O uso off-label da cloroquina, da hidroxicloroquina e da dexametasona para o tratamento da covid-19

Hospitais foram muito além do álcool em gel

Anvisa libera 44% dos testes para Covid-19 no Brasil. Já são 206 no mercado

“As pessoas já estão nas ruas de forma clandestina”, diz secretária municipal da Saúde ao defender decisão de reabertura do comércio

Pacientes e profissionais da saúde reclamam da falta de testes para Covid-19 em Goiânia

Começam a faltar leitos de UTI para casos de Covid-19 em Goiás

Com baixo estoque de remédios para sedação, plano de saúde suspende cirurgias eletivas

Estudo mostra que Goiás é o estado com a maior taxa de transmissão do coronavírus no país

Associação diz que há escassez, mas não falta

Pandemia afasta 479 mil do trabalho em Goiás

Leitos rapidamente ocupados

Goiás tem média de quatro mortes por dia

Pró-reitor conta como venceu a Covid

 

AGÊNCIA BRASIL

Ministério anuncia novos critérios para caracterizar casos de covid-19

Novas medidas vão além de exames laboratoriais  


Brasília - O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (24/6) novos critérios para a caracterização dos casos de covid-19, indo além dos exames laboratoriais já adotados. Agora serão diagnosticados como infectados com o novo coronavírus também quem se enquadrar nas seguintes situações:

– Paciente com síndrome gripal (SG) ou síndrome respiratória aguda grave (SRAG) com contato próximo ou domiciliar com alguém confirmado com teste laboratorial;

– Casos ou mortes por SG e SRAG que não houve confirmação ou descarte da possibilidade de infecção por teste laboratorial e que tenham determinadas alterações mostradas nas tomografias;

- Pessoas com SG ou SRAG associados à perda de gosto ou olfato sem que estes sintomas tenham outra causa pregressa;

– Pessoas assintomáticas que tenham tido teste laboratorial positivo ou exame imunológico pelo método ELISA ou detecção de anticorpos.

De acordo com a equipe do ministério, esses novos critérios vão facilitar o diagnóstico e as consequentes medidas de prevenção e mitigação da transmissão do vírus sem a necessidade da testagem.

“Eu tenho parâmetro clínico para confirmar. Não é excludente com exames. É um somatório de coisas que ajudam o manejo clínico laboratorial do paciente com síndrome gripal com perspectiva da covid-19”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Medeiros.

O Ministério da Saúde relançou o programa de testagem batizado de Diagnosticar para Cuidar. A iniciativa havia sido anunciada pelo órgão em maio, quando ainda havia dificuldade para adquirir insumos para os testes. 

A meta de exames continua na casa dos 46 milhões de unidades, estimando cobrir 22% da população brasileira. Destes, 24,5 milhões devem ser na modalidade laboratorial (chamada tecnicamente de RT-PCR). Esta tem como finalidade realizar o diagnóstico e é aplicada em pacientes até oito dias após a manifestação dos primeiros sintomas.

Até o momento, 11,5 milhões de kits deste exame já foram recebidos pelo órgão. Destes, 3,8 milhões foram distribuídos aos laboratórios definidos para analisar as amostras. Até o momento, 860 mil testes foram realizados. O secretário de Vigilância em Saúde justificou a diferença entre as unidades recebidas pelo Ministério da Saúde e as efetivamente executadas pelas dificuldades de abastecimento dos insumos.

“Tivemos alguns problemas ao longo do programa, inclusive de oferta de insumos. Houve época que não tínhamos disponibilidade de tubos por conta do próprio processo da demanda mundial com relação a isso. Havia outra questão que era capacitação tecnológica dos laboratórios em fazer a testagem molecular. Fomos vencendo etapas e hoje temos condições de avançarmos nesta testagem para nossa população”, declarou.

Da meta de 46,5 milhões de testes do programa do ministério, 22 milhões serão no formato sorológico, também conhecidos como testes rápidos. Estes têm finalidade de auxiliar na vigilância em saúde e captam os anticorpos no paciente a partir do oitavo dia da manifestação dos sintomas. De acordo com o Ministério da Saúde, até o momento foram distribuídas 10 milhões de unidades, com 1,5 milhão já processadas.

O intuito da equipe do Ministério da Saúde é que o programa de testagem auxilie a estratégia de identificação de casos neste contexto de interiorização da pandemia.

“Na perspectiva de que nas últimas semanas a gente via que a doença caminhava para o interior, existe uma população brasileira que está nos municípios que precisa ser assistida e diagnosticada nesta fase em que temos quantitativo pequeno de número de casos podemos cuidar fazendo este diagnóstico”, disse Medeiros. 

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A REDAÇÃO

Covid-19: Goiás bate novo recorde com registro de 34 mortes em um dia

Adriana Marinelli

Goiânia - Com 34 registros de mortes por covid-19 nas últimas 24 horas, Goiás bateu recorde de óbitos pela doença em um único dia. É o que aponta boletim divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) na tarde desta quarta-feira (24/6). O total de mortes no Estado chega a 363. 

Com 1.297 novos registros do novo coronavírus entre ontem e hoje, Goiás chega à marca de 18.926 casos confirmados. 

No Estado, há 49.451 casos suspeitos em investigação. Outros 25.368 já foram descartados. O número de curados não foi informado.

Além dos 363 óbitos confirmados de covid-19 em Goiás até o momento, há 44 óbitos suspeitos que estão em investigação. Já foram descartadas 388 mortes suspeitas nos municípios goianos.

Para conferir os detalhes dos casos e óbitos confirmados, suspeitos e descartados, acesse o painel Covid-19 do Governo de Goiás por meio do link: https://extranet.saude.go.gov.br/pentaho/api/repos/:coronavirus:paineis:painel.wcdf/generatedContent 

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O GLOBO

Estados não têm estoque de sedativos para casos graves

Em 22 unidades da federação não há reservas de ao menos uma das drogas essenciais para tratar Covid-19, apontam secretarias

Em 22 unidades da Federação há estoques zerados de ao menos um sedativo usado em pacientes de Covid-19 que precisam de intubação. O levantamento é do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que discutiu o tema em audiência na Câmara, ontem.

A reunião teve momentos tensos, com questionamentos sobre os reais motivos do desabastecimento. Enquanto representantes da indústria apontavam escassez de insumos no mundo, parlamentares retrucavam. Foi levantada a hipótese de represamento dos produtos por distribuidores e prática de sobrepreço.

O estudo levou em conta uma lista de 22 remédios considerados essenciais para o procedimento de intubação feito em pacientes graves. Mato Grosso tem a maior quantidade de tipos de medicamento em falta: 13. No Maranhão e no Ceará, há escassez de 12 produtos.

No caso de remédios que ainda não acabaram, os estoques estão baixos. Há 23 unidades da Federação com medicamentos que duram dez dias no máximo. O Amapá tem situação emblemática: dos 22 remédios listados, 11 estão em falta e 11 têm estoques de dez dias ou menos. Sem eles, as equipes ficam impossibilitadas de fazer a intubação para salvar vidas.

Também há casos no Sudeste. Na Santa Casa de Araraquara, no interior de São Paulo, o estoque de sedativos, analgésicos e relaxantes neuromusculares deve durar apenas dez dias. São ao menos 15 drogas.

Heber Dobis, consultor de assistência farmacêutica do Conass, cobrou mais agilidade do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na compra e distribuição dos remédios. Os órgãos estudam acionar o mercado internacional para fazer uma aquisição emergencial e reforçar as compras na indústria nacional.

Segundo Dobis, de 20 secretarias que tentaram abrir processos nos últimos meses para comprar as drogas, em 13 não houve interessados em fornecer ou os requisitos não foram atendidos. Há também 18 estados que, segundo ele, têm aquisições abertas com atraso na entrega.

Assessor especial da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde, Alessandro Glauco afirmou que aguarda parecer da Anvisa sobre regularidade de compra a ser feita por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Outra ação é uma ata de registro de preços que, segundo ele, deve estar publicada em três semanas no máximo. O objetivo é centralizar o processo para que os estados possam aderir à licitação e fazer suas compras.

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Ministério da Saúde afirma que número de casos de Covid-19 ainda não parou de subir

Na semana passada, técnicos disseram que doença estaria se aproximando do chamando 'platô'. Mas, nesta quarta (24), mudaram o discurso.

Nesta quarta-feira (24), técnicos do Ministério da Saúde confirmaram um aumento expressivo da doença no país. Foi mais uma entrevista sem a presença do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello.

Na semana passada, os técnicos disseram que a doença estaria se aproximando de uma situação de estabilidade, o chamado platô. Mas, nesta quarta, mudaram o discurso e afirmaram que o número de novos casos voltou a acelerar.

"A gente tinha falado na semana anterior que parecia que a curva tenderia a uma certa estabilização ou uma diminuição nos números de casos, a gente vê que, nesta semana, nós tivemos um aumento significativo de casos novos, entre a semana 24ª e a 25ª, comparando também o número de casos novos por semana epidemiológica com os principais países do mundo, como Estados Unidos, Rússia, Índia, Reino Unido, Peru e Itália. Nesse caso, a gente viu número de evolução de óbitos que, de novo, a gente tinha, até a semana 24, nos parecia que havia um platô, por assim dizer, um platô com relação ao crescimento dos números de óbitos.

Houve um aumento nesta semana, entre a 24ª e a 25ª, mas, quando você compara a inclinação do crescimento de casos novos com o crescimento do número de óbitos entre a 24ª e a 25ª, a gente verifica que, na verdade, o número de óbitos foi, graças a Deus e a todo esforço dos profissionais, muito menor em termos de inclinação, de agressividade quando compara com o número de novos casos confirmados de Covid", afirma Arnaldo Correia, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

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PORTAL UOL

TCU aponta falhas no combate do governo federal à Covid-19

SÃO PAULO (Reuters) - O Tribunal de Contas das União (TCU) apresentou nesta quarta-feira um relatório apontando falhas na governança e na política de comunicação do governo federal no combate à pandemia da Covid-19.

Segundo o documento, após entrevistas com representantes do Centro de Coordenação de Operações do Comitê de Crise para Supervisão e Monitoramento dos Impactos da Covid-19 (CCOP) e de respostas a informações pedidas, o TCU observou a ausência de diretriz estratégica de combate à disseminação e ao tratamento mais adequado para a doença, "como denota a saída de dois ministros da Saúde num intervalo de um mês, durante a maior pandemia deste século".

Dentre as fragilidades apontadas pelo relatório na estratégia do governo está a falta de critérios técnicos para priorizar as regiões mais necessitadas na construção de hospitais de campanha.

Como consequência, o TCU considerou que isso pode levar ao surgimento de planos locais de Estados e municípios, que "podem estabelecer cursos de ação não socialmente ótimos, como o superdimensionamento nas compras de equipamentos para combate à Covid-19, a construção de hospitais de campanha sem dados demográficos e sanitários que a embase e o decretamento do isolamento social além ou aquém do estritamente necessário", aponta o TCU.

O relatório cita ainda que pela "ausência de representantes permanentes de áreas da medicina e da ciência no Comitê de Crise da Covid-19 e da não participação de especialistas dessas áreas em reuniões específicas do Comitê (...) poderão ser adotadas decisões não baseadas em questões médicas e científicas resultando em baixa efetividade das medidas adotadas de prevenção e combate à pandemia, desperdícios de recursos públicos e aumento de infecções e mortes".

Assim, o TCU conclui por alertar à Casa Civil que essas fragilidades podem comprometer os custos e os resultados do enfrentamento à pandemia.

O Ministério da Saúde informou nesta noite o segundo maior número de casos diários do novo coronavírus desde o início da pandemia e que o número de óbitos pela doença atingiu 53.85 mil, sendo o segundo país com maior número de casos e mortes devido ao vírus, atrás apenas dos Estados Unidos.

Questionado sobre o relatório do TCU, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, afirmou que não consegue "enxergar onde exista essa ausência de profissionais de saúde".

Segundo ele, "o ministério é composto por um corpo de técnicos de excelente qualidade técnica, de reconhecimento nacional e internacional".

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Telemedicina: "Em casa, recebi diagnóstico, tratamento e muita atenção"

Depois de uma noite mal dormida, com vômito e enjoo, a pedagoga Lenir Aparecida Rodrigues Cordeiro, 64 anos, amanheceu com dor de garganta. Como está no grupo de risco da covid-19, ela ficou com medo de ir até um hospital e se expor ao novo coronavírus. Então, decidiu usar um serviço de telemedicina que uma amiga havia compartilhado em um grupo no Whatsapp.

"Mandei mensagem na sexta-feira e, na segunda, já estava com a minha consulta agendada. Eu sentia dificuldade para comer. Era como se eu engolisse a comida e ela parasse no peito. O médico foi superatencioso e fez uma série de perguntas. Recebi o diagnóstico de esofagite, ele passou um medicamento e, desde então, estou bem melhor", conta Lenir.

Regulamenta pelo Ministério da Saúde devido à pandemia, a telemedicina tem sido importante para reduzir o número de pessoas que buscam atendimento em hospitais e clínicas, se expondo ao coronavírus. Com isso, nos últimos meses surgiram muitas ferramentas que oferecem serviços de saúde online --algumas delas acessíveis para grande parte da população.

No início de junho, por exemplo, o UOL lançou o UOL Med. Com planos a partir de R$ 12,90 por mês, além de descontos em medicamentes, consultas presenciais e exames clínicos com preços bastante acessíveis, o UOL Med oferece consultas por vídeo, garantindo segurança durante a pandemia.

Outra ferramenta criada este ano é a Nilo Saúde, usada por Lenir para descobrir a causa de sua dor de garganta. Focada na saúde da população acima de 50 anos, a plataforma foi lançada em janeiro mas, durante a quarentena, passou a oferecer acompanhamento médico e psicológico gratuito.

Uma opção importante nesse momento de isolamento, em que muitas pessoas estão com a saúde mental abalada.

Sozinha em seu apartamento por conta da pandemia, Lenir estava se sentindo especialmente solitária porque ia comemorar seu aniversário longe das amigas. Por isso, também iniciou o acompanhamento psicológico à distância.

"A psicóloga foi supersensível, me deu várias ideias para comemorar a data e sugeriu fazer uma festa por videoconferência. E foi ótimo! No dia do meu aniversário, inclusive, ela e o médico que me atenderam enviaram um vídeo de parabéns. Fiquei superemocionada com esse carinho", conta Lenir.

Segundo Victor Marcondes, um dos fundadores da Nilo, mesmo em pouco tempo, o atendimento online já se mostrou eficaz para o tratamento de sintomas físicos, como dores, e psicológicos, como ansiedade, tristeza e estresse. "A telemedicina é aliada nesse momento em que cuidar da saúde física e mental deve ser prioridade", diz Marcondes.

Telemedicina não só para covid-19

Os sintomas não precisam estar diretamente relacionados com o novo coronavírus para uma pessoa receber teleatendimento, como foi o caso de Lenir. Ela nunca tinha feito consultas online e gostou da experiência, tanto pela atenção que recebeu do médico como da comodidade de não ter de sair de casa, enfrentar trânsito, perder tempo aguardando na recepção etc.

"O médico fez a consulta com muita calma e atenção. Fiquei mais de 40 minutos conversando com ele. E não precisei me deslocar. Faço acompanhamento com muitos médicos e às vezes preciso ficar embaixo do prédio, por não ter espaço na sala de espera. Acho que as consultas virtuais são uma excelente opção", afirma.

A médica Denise Gobo, psiquiatra e membro da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), concorda. Ela começou a atender via telemedicina desde a regulamentação do atendimento remoto e afirma que a interação à distância tem sido positiva.

"Achei que os pacientes fossem estranhar um pouco porque, na psiquiatria, você precisa de um ambiente acolhedor para poder falar sobre suas feridas e angústias. Mas agora atendo pacientes do Norte e Nordeste, que antes precisavam vir até São Paulo para ter tratamento. A pandemia fez a medicina evoluir", acredita.

Obviamente, existem entraves. Segundo Gobo, eles surgem principalmente em especialidades em que o toque é fundamental para confirmar alguns diagnósticos --como dermatologia, ginecologia e ortopedia. Porém, nesses casos, o paciente pode fazer uma triagem online e, se o médico achar necessário, vai solicitar uma consulta presencial.

"Idosos também podem ter eventuais dificuldades com a telemedicina, pois muitas vezes possuem alguma dificuldade auditiva ou cognitiva para o entendimento de algumas perguntas, por exemplo. Por isso, é preciso avaliar cada atendimento caso a caso", afirma Gobo.

Entenda os serviços de telemedicina

A Resolução nº 2.227/18 do CFM (Conselho Federal de Medicina) define a telemedicina como o exercício da medicina, mediado por tecnologias para fins de assistência, educação, pesquisa, prevenção de doenças, lesões e promoção da saúde. A conversa entre o profissional da saúde e o paciente pode ser em tempo real (síncrona) ou não (atendimento assíncrono).

Entre as possibilidades de atendimento à distância estão:

Teleconsulta É a consulta médica remota. Deve ser feita com a presença do profissional da saúde e do paciente. Em casos que exigem longo acompanhamento ou de doenças crônicas (como diabetes), é recomendado que seja feita uma consulta presencial em intervalos não maiores que 120 dias.Teletriagem O médico avalia os sintomas e direciona o paciente para um especialista ou assistência mais adequada (consulta presencial, por exemplo).

Na teletriagem não há diagnóstico da doença.Telemonitoramento É o acompanhamento à distância de um paciente em tratamento, feito pelo médico com base em resultados de exames solicitados, dispositivos de monitoramento (um termômetro, por exemplo) ou avaliação de sintomas. Tudo pode ser feito sem a necessidade do paciente se deslocar até a unidade de saúde.

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O ESTADO DE S.PAULO

 

Artigo - O uso off-label da cloroquina, da hidroxicloroquina e da dexametasona para o tratamento da covid-19

Há poucos dias, pesquisadores da Universidade de Oxford divulgaram os resultados de estudo clínico realizado com mais de 6.000 pacientes, que indicaram a eficácia do corticoide dexametasona na redução da mortalidade de pacientes de covid-19 que se encontrassem em ventilação mecânica. A notícia, inegavelmente positiva, trouxe novamente à tona a seguinte questão:

Diante de estudos promissores, estariam os médicos autorizados (ou mesmo obrigados) a prescrever a dexametasona (assim como a cloroquina e a hidroxicloroquina) a pacientes de covid-19, antes mesmo da sua aprovação pelas autoridades reguladoras?

É evidente que, diante do atual momento de pandemia - envolvendo doença para qual não existe vacina ou medicamento aprovado por qualquer autoridade reguladora do mundo -, a questão chama mais atenção. Contudo, a utilização de medicamentos consagrados para novas indicações terapêuticas, ainda não aprovadas, não é algo novo . É tema que as comunidades médica, regulatória e jurídica enfrentam há muito tempo.

Salvo em situações excepcionais, para que um medicamento possa ser comercializado e dispensado no Brasil, é necessário que ele seja registrado perante a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O registro sanitário indica a segurança e a eficácia de um medicamento para indicações terapêuticas específicas , constantes da bula do produto e comprovadas por estudos clínicos robustos.

Com o passar do tempo, contudo, é possível que a comunidade científica identifique novas indicações para um medicamento já registrado (seja por meio de estudos científicos, seja pela própria experiência clínica). A utilização de um medicamento já registrado, para indicações não constantes de sua bula, é popularmente conhecida pela expressão "uso off-label". A expressão decorre do termo em inglês para rótulo/bula ( label ): se estiver indicado no rótulo/bula, o uso é considerado " on-label "; se não estiver indicado no rótulo/bula, o uso é considerado " off-label ".

É nesse contexto que se inserem os casos da cloroquina, da hidroxicloroquina e, agora, da dexametasona . Apesar do destaque que tem sido conferido ao tema - de todo justificável, diante do grave cenário de pandemia -, do ponto de vista médico, regulatório e jurídico, está-se diante de algo já bastante conhecido: o "uso off-label" de medicamentos. Mas o que diz a legislação/regulamentação sobre o tema?

Não há lei que autorize ou vede expressamente o uso off-label no Brasil . Por esse motivo, a interpretação historicamente conferida ao tema parte de quatro pilares : (i) a legislação sobre registro e publicidade de medicamentos; (ii) o posicionamento da Anvisa; (iii) o posicionamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), e (iv) as normas de autorregulamentação do setor farmacêutico.

Embora vedem a publicidade do uso off-label , tais dispositivos autorizam o seu uso racional , desde que amparado em evidências científicas , sob responsabilidade do médico e mediante consentimento esclarecido do paciente.

Isso quer dizer que uma indústria farmacêutica que tenha descoberto um novo uso para seu medicamento, não pode promover ativamente esse uso até que ele seja aprovado pela Anvisa. Contudo, o médico que tiver conhecimento dessa descoberta poderá avaliar as evidências científicas disponíveis (os resultados dos estudos clínicos são publicados em revistas científicas de ampla circulação) e, caso esteja convencido, prescrever o medicamento ao seu paciente . Como essa nova descoberta ainda não foi validada pela Anvisa - tratando-se, ao menos formalmente, de tratamento experimental - exige-se que o médico discuta essa alternativa com o paciente (que tem o direito de participar das decisões relacionadas ao seu tratamento, sabendo dos potenciais benefícios e dos riscos envolvidos ) .

Nesse sentido, por exemplo, já se posicionava a Assessoria Jurídica do CFM em 2013, por ocasião do Despacho SEJUR nº 482/2013 que assim dizia: " o uso OFF LABEL de material/medicamento ocorre por uma indicação médica pontual e específica, em desconformidade com a bula e sob o risco e responsabilidade do profissional que a indicou ". E o CFM ia ainda mais longe, ao afirmar que não seria " cabível a edição de uma norma geral pelo CFM para tratar de uso OFF LABEL de medicamentos/materiais, pois esta Autarquia Federal estaria disciplinando de forma genérica situações que são específicas e casuísticas, as vezes até mesmo sem comprovação científica ".

Mas se o tema é tão estabelecido, a pergunta que fica é a seguinte: qual o efetivo valor do recente posicionamento do CFM acerca da cloroquina , da hidroxicloroquina e da dexametasona ? Muda alguma coisa com relação ao cenário anterior?

As notas emitidas pelo CFM acerca da cloroquina , da hidroxicloroquina e da dexametasona, pouco acrescentam ao cenário jurídico-regulatório, já bastante sedimentado, acerca do uso off-label de medicamentos . Simplesmente reforçam que o uso off-label não seria proibido , desde que mediante avaliação das evidências científicas disponíveis e consentimento esclarecido do paciente . É exatamente isso que dizem o Parecer CFM nº 4/2020 (e demais declarações do órgão sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina ) e o Parecer emitido pelo CFM em 18.6.2020 (acerca do uso da dexametasona ).

No entanto, diante da grave pandemia enfrentada pelo país, os pareceres do CFM possuem o valor de conferir à comunidade médica a segurança necessária para atuar no melhor interesse de seus pacientes , afastando o risco de questionamento futuro pela adoção de condutas experimentais que, eventualmente, vierem a se provar ineficazes .

Por força do artigo 2º da Lei nº 3.268/1957, o CFM possui competência para regular eticamente a medicina, cabendo-lhe " zelar e trabalhar por todos os meios ao seu alcance, pelo perfeito desempenho ético da medicina e pelo prestígio e bom conceito da profissão ". E é exatamente no limite dessa competência legal que o CFM editou seus pareceres, indicando claramente aos médicos brasileiros que a prescrição de cloroquina , hidroxicloroquina e dexametasona , durante a pandemia da covid-19, ainda que amparadas em estudos científicos preliminares , não será considerada violação ético-profissional . Sem prejuízo, o CFM aponta para a " extrema relevância " de se manter o " constante acompanhamento dos resultados dos estudos com medicamentos", a fim de "atualizar, periodicamente, as recomendações sobre o tratamento da covid-19 ".

Frise-se: o CFM atua no limite de sua competência legal, pois não cabe a ele avaliar a eficácia e a segurança de um medicamento . Na maior parte dos casos, o CFM sequer tem (ou busca) acesso aos volumosos dossiês científicos que comprovam a eficácia e segurança de um medicamento . Mais do que isso, como tem atuação extremamente abrangente, os comitês deliberativos do CFM não costumam concentrar os maiores experts nos diversos ramos da medicina. Por isso, os pareceres tecnicamente mais profundos acerca da eficácia de medicamentos são, via de regra, exarados pelas Sociedades e Associações Médicas especializadas ( p.ex. , no caso da covid-19, a Sociedade Brasileira de Infectologia, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira, dentre outras), porque é nelas que se concentram os profissionais com mais elevado grau de conhecimento em seus ramos de atuação.

Por força da Lei nº 6.360/1976 e da Lei nº 9.782/1999, a avaliação da eficácia e segurança de um medicamento é de competência exclusiva da Anvisa : são os técnicos da Anvisa - e apenas eles - que devem analisar os dossiês de registro e pós-registro de medicamentos, a fim de determinar se há evidências científicas robustas que suportem a aprovação genérica (e não " caso a caso" ) do medicamento para o tratamento de determinada enfermidade.

Se a regularidade, forma e consequências do uso off-label de medicamentos é algo já bastante estabelecido - notadamente no âmbito da Anvisa e do CFM, cada qual nos limites de sua competência legal - resta entender o papel do Ministério da Saúde, e a celeuma criada pelo órgão em torno de uma recomendação geral quanto ao uso da cloroquina e da hidroxicloroquina .

De acordo com o artigo 9º da Lei nº 8.080/1990, cabe ao Ministério da Saúde a direção federal do Sistema Único de Saúde (SUS). Nessa condição, incumbe ao Ministério da Saúde determinar os protocolos clínicos que deverão ser seguidos no âmbito do SUS - e, assim, os medicamentos que poderão ser dispensados mediante custeio público .

A constituição de protocolos clínicos , assim como a incorporação de novos medicamentos à rede pública de saúde, são procedimentos administrativos formais e complexos , conduzidos pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), órgão do Ministério da Saúde, com o objetivo de avaliar científica e economicamente os candidatos à incorporação. No caso de incorporação de medicamentos, cabe à Conitec: (i) averiguar se o produto teve eficácia e segurança aprovadas pela Anvisa, para a indicação terapêutica pretendida; e (ii) apurar se a incorporação do produto representa ganhos (clínicos e econômicos) ao sistema público, quando comparado aos produtos já disponibilizados pelo SUS.

Como regra geral , a Lei nº 8.080/1990 e a Portaria SAS/MS nº 375/2009 determinam que os medicamentos sujeitos ao processo de incorporação, pela Conitec, sejam registrados perante a Anvisa para a indicação pretendida . Há, no entanto, duas hipóteses para dispensação excepcional de produtos para uso off-label, no âmbito do SUS : (i) para o cumprimento de ordem judicial ; ou (ii) mediante autorização expressa da Anvisa , após solicitação da Conitec (artigo 21 do Decreto nº 8.077/2013).

A celeuma provocada pelo Ministério da Saúde quanto ao uso da cloroquina e da hidroxicloroquina , portanto, teve como pano de fundo, única e exclusivamente, a possibilidade de custeio dos referidos medicamentos pelo Poder Público . Foi para resolver esse entrave que, em 20.5.2020, o Ministério da Saúde publicou a Nota Informativa nº 9/2020, autorizando amplamente o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no âmbito do SUS.

É bem verdade que, dadas as pressões políticas que envolviam o tema, o Ministério da Saúde não parece ter se atentado para qualquer das formalidades (ainda que bastante simplificadas) previstas pelo artigo 21 do Decreto Lei nº 8.077/2013 para a incorporação de medicamentos para uso off-label . Até onde se sabe, não houve qualquer processo administrativo minimamente documentado, qualquer análise técnica dos produtos, nem participação da Conitec, ou ainda autorização da Anvisa para a incorporação excepcional. Ao menos em tese, essas omissões poderiam, se confirmadas, representar irregularidades procedimentais (e, eventualmente, até improbidade administrativa ), razão pela qual foram objeto de questionamento pelo Ministério Público Federal ao Ministério da Saúde (Ofício nº 80/2020/CNF/GIAC-COVID19). Até o momento, não há notícia de resposta.

Fato é que, como já era de se esperar, a Nota Informativa Nº 9/2020 não alterou, em absolutamente nada , a vida dos milhares de médicos do sistema privado de saúde, além de muito pouco impactar a vida dos médicos do sistema público (se já podiam prescrever, segundo sua autonomia profissional, a cloroquina e a hidroxicloroquina aos seus pacientes, ficaram mais tranquilos de que não seriam alvo de sindicância por prescreverem medicamentos incorporados ao SUS). Qualquer instrução oriunda do Ministério da Saúde acerca da regularidade, forma e consequências do uso (ou não uso) off-label da cloroquina e da hidroxicloroquina, seria absolutamente ilegal e ineficaz.

Curiosamente, o debate acalorado que cercou a cloroquina e a hidroxicloroquina não se repetiu no recentíssimo caso da dexametasona . Embora se trate de situação bastante semelhante (uso off-label de medicamento, com base em estudos científicos bastante preliminares, ante as particularidades da pandemia da covid-19), notícias publicadas nos últimos dias dão conta de que a dexametasona já estaria sendo amplamente utilizada nos hospitais brasileiros, particulares e públicos, sem qualquer necessidade de pronunciamento oficial do Ministério da Saúde a esse respeito.

O tratamento diferenciado que foi conferido pelo Ministério da Saúde à cloroquina e à hidroxicloroquina - com base em estudos clínicos amplamente questionados pela comunidade científica e em evidências científicas interpretadas com extrema cautela pela Organização Mundial de Saúde - sugere motivações que extrapolam o universo médico, regulatório e jurídico. Mas, como dizia José Saramago, " de que adianta falar de motivos? Às vezes, basta um só. Às vezes, nem juntando todos ".

*Rubens Granja, sócio de Kestener, Granja e Vieira Advogados; Tatiana Gualberto Kascher, advogada de Kestener, Granja e Vieira Advogados

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Hospitais foram muito além do álcool em gel

Os hospitais, mesmo com ambientes de maior assepsia e acostumados a lidar com situações de risco, adotaram uma rotina diferente para evitar a propagação da covid-19. Foram mudanças que foram além da higienização dos ambientes e da distribuição de equipamentos de proteção individual.

A adoção rápida de um comitê de crise pelo Grupo Oncoclínicas e da opção de "pecar pelo excesso", nas palavras do presidente do Conselho de Administração, o médico Bruno Ferrari, deu resultado. Além da distribuição de máscaras e luvas para profissionais, desde o início da crise o grupo reduziu a densidade de pessoas nas suas 67 unidades focadas no atendimento a pacientes com câncer. A telemedicina, que era um projeto do grupo, foi rapidamente adotada após a autorização pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Sobre o colapso no sistema público de saúde, o médico vê o tema como um alerta para que ele tenha mais atenção. "A história de leitos de UTIs lotados em hospitais públicos não é nova, mas a pandemia a torna mais grave. Nunca se viu tanto a necessidade de investir em saúde. E fundamental dar atenção ao SUS."

A Superintendente de Responsabilidade Social do Hospital Sírio-Libanês, Vânia Bezerra, tem a mesma visão e afirma que "o gigante acordou" se referindo à necessidade de investir no SUS. O Sírio-Libanês integra o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), do Ministério da Saúde, que visa transferir conhecimento em gestão, capacitação de profissionais e assistência especializada. Um ganho para a rede pública, depois da pandemia, segundo Vânia, é o uso da telemedicina. O hospital já atendia postos de saúde do SUS de forma remota em cinco cidades. "Na pandemia passamos a fazer telemedicina médico-paciente também no Recife e vamos aos poucos para as demais praças. São médicos do Sírio atendendo pacientes SUS."

O uso maior da tecnologia é um legado da pandemia também na opinião do cirurgião e presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Sidney Klajner. "A telemedicina que nós disponibilizamos para os médicos que atuam de forma autônoma teve 7 mil atendimentos entre o fim do mês abril e o início de maio."

De acordo com Klajner, a estratégia do Einstein de separar totalmente o atendimento dos pacientes com covid-19 daqueles que procuram o hospital por outros motivos tem dado bons frutos. "Cada paciente que passou a frequentar o hospital acabou se tornando um comunicador da segurança que sentiu desde a chegada, porque o próprio estacionamento mudou o processo." Desde os elevadores até as equipes e salas cirúrgicas são totalmente distintas, diz Klajner. Com isso, o nível de internação, que era de quase 90% antes da pandemia, chegou a 80% nos últimos dias.

PLATAFORMA DE SAÚDE

A seguradora Porto Seguro, também preocupada com a saúde dos clientes, desenvolveu uma plataforma de orientação médica por telefone ou vídeo destinada aos clientes dos produtos Saúde e Saúde Ocupacional.

"Neste momento de retomada é fundamental que as empresas, independentemente do tamanho, tenham condições de receber seus colaboradores em um ambiente seguro, higienizado e consciente das restrições que ainda são necessárias para todos", diz Marcelo Zorzo, diretor-executivo dos produtos da plataforma. O projeto está focado em quatro pilares: apoio multidisciplinar, soluções digitais, comunicação para o retorno e recursos de proteção.

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METRÓPOLES

Anvisa libera 44% dos testes para Covid-19 no Brasil. Já são 206 no mercado

O mercado brasileiro conta com 206 testes para a detecção da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus , autorizados - a maior parte, com resultados rápidos. Os exames desse tipo apresentam o resultado em poucos minutos e têm sido usados por governos e empresas durante a pandemia.

Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) , obtidos pelo Metrópoles , mostram que o órgão regulador recebeu 501 pedidos de empresas para comercializarem testes no país. Desses, 470 foram analisados.

Após a avaliação da Anvisa, 206 tiveram a autorização concedida. Ou seja, a agência considerou seguros e confiáveis 43,9% dos exames. Outros 264 (56,1%) acabaram reprovados e não podem ser vendidos ou usados em todo território nacional.

O juiz titular da 6ª Vara do Trabalho de Brasília negou pedido de liminar que queria obrigar plano de saúde a fazer os exames a cada 15 dias

Em locais onde testagem é obrigatória o empregador deve pagar. Se não há obrigação legal, a cobrança é optativa.

Liminar foi concedida pela 3ª Vara Cível de Águas Claras após a filha do casal testar positivo para a doença

O valor estimado da aquisição é de R$ 134.330.000,00. A compra será por registro de preço e propostas vão até 24 de junho

O primeiros testes liberados pela Anvisa chegaram ao mercado em 19 de março - 20 dias após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, em 28 de fevereiro. Inicialmente, o órgão liberou oito testes. O tempo médio para avaliação dos registros na Anvisa está em torno de 15 dias.

Resultados duvidosos

Apesar da oferta de testes rápidos, esse meio de averiguar o adoecimento não é consenso na comunidade científica. Esses exames geram controvérsia pela possibilidade de falsos resultados. Isso, segundo estudiosos, pode acontecer devido à qualidade do produto e a fatores como tempo de contaminação do paciente.

O teste rápido usa a metodologia imunocromatografia, que é a geração de cor a partir de uma reação química. O antígeno, que é a substância estranha ao organismo - neste caso, o coronavírus -, e o anticorpo, que é o elemento de defesa.

Os resultados obtidos são chamados de IgM e IgG . A imunoglobulina IGM aparece na fase aguda da doença, quando o paciente apresenta sinais. A IGG é identificada quando o organismo já reconhece o vírus e produz certa imunidade.

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JORNAL OPÇÃO

 

“As pessoas já estão nas ruas de forma clandestina”, diz secretária municipal da Saúde ao defender decisão de reabertura do comércio

Por Fernanda Santos

Fátima Mrué considera decreto assinado por prefeito Iris Rezende (MDB) acertado. Com flexibilização, secretária espera que empresas cumpram os protocolos sanitários

Para a secretária municipal de saúde Fátima Mrué a decisão da prefeitura de reabrir parte do comércio foi acertada. “As pessoas já estão nas ruas de forma clandestina. Então, reabrir 30% das atividades, impor regras e fiscalizar talvez sejam medidas mais eficientes para controlar o contágio pelo coronavírus do que os segmentos econômicos continuarem abertos de forma irregular”, falou durante coletiva nesta quarta-feira, 24.

Com isolamento social em apenas 37%, a secretária espera que, com o decreto 1.187 as empresas cumpram ao menos com os protocolos de segurança estabelecidos pela medida.


Ela ainda considerou que o prefeito Iris teve atenção com vários aspectos sociais, econômicos e, principalmente ao fato de as pessoas já estarem nas ruas sem proteção e que a prefeitura, por meio da SMS está tomando todas as medidas para garantir assistência de saúde à toda população.

“Hoje nós temos uma taxa de ocupação de leitos de UTI bem mais confortável, em torno de 80%, e de enfermaria 84%. Isso porque a gente já vem de um processo de compra de leitos, inclusive do setor privado, com recursos próprios”, informou Mrué.


A secretária destacou a ampliação de 48 leitos de UTI na Maternidade Célia Câmara, 98 leitos contratados em outras unidades em Goiânia e que a capital, até o momento, tem conseguido atender à demanda nos casos de Covid-19.

“Até hoje nós conseguimos dar assistência a todos que precisaram, não tivemos na rede pública municipal de saúde nenhum paciente aguardando mais do que 24 horas para entrar num leito de UTI ou de enfermaria”, salientou.

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TV ANHANGUERA

Pacientes e profissionais da saúde reclamam da falta de testes para Covid-19 em Goiânia

https://globoplay.globo.com/v/8650091/programa/

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Começam a faltar leitos de UTI para casos de Covid-19 em Goiás

https://globoplay.globo.com/v/8650444/programa/

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Com baixo estoque de remédios para sedação, plano de saúde suspende cirurgias eletivas

https://globoplay.globo.com/v/8650442/programa/

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Estudo mostra que Goiás é o estado com a maior taxa de transmissão do coronavírus no país

http://linearclipping.com.br/cfm/site/m012/noticia.asp?cd_noticia=77041006

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O POPULAR

Associação diz que há escassez, mas não falta

A Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) diz que não há falta, mas escassez de alguns produtos hospitalares. A afirmação foi uma resposta ao questionamento da reportagem sobre quais os medicamentos que não estão disponíveis na rede privada.

Reportagem do POPULAR da edição desta quarta-feira (24) mostrou que há falta de sedativos e bloqueadores neuromusculares em unidades de terapia intensiva da rede pública, substâncias necessária para a entubação de pacientes graves com Covid-19. A substituição desses medicamentos por análogos de segunda linha tem consequências para a pessoa hospitalizada, como aumento do tempo de internação, segundo especialistas.

De acordo com a Ahpaceg, os hospitais associados sempre estão compartilhando informações sobre estoques entre as unidades. "A Associação também tem trabalhado junto a autoridades competentes para agilizar a importação destes medicamentos e evitar a falta. A Central de Compras da Ahpaceg trabalha de forma intensa, com a colaboração dos compradores das 33 instituições associadas, na cotação e aquisição destes produtos, o que aumenta o leque de oportunidades de compra", diz trecho de nota enviada para a reportagem.

A presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás (Simego), Franscine Leão, defende a suspensão de cirurgias eletivas, que não são de urgência e emergência, para diminuir a necessidade de sedação e reservar esta medicação para os pacientes internados com Covid-19.

Sobre a possibilidade de diminuir cirurgias eletivas para economizar estes medicamentos escassos, a Ahpaceg informou que o atendimento nos hospitais associados segue normal, com o monitoramento frequente dos gestores. ()

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Pandemia afasta 479 mil do trabalho em Goiás

Pesquisa do IBGE mostra que 15,4% dos trabalhadores goianos foram afastados em maio por causa do isolamento social e mais da metade deles deixou de receber remuneração

As medidas de isolamento social para evitar a proliferação do coronavírus impactaram fortemente o mercado de trabalho em Goiás e no Brasil. Em maio, 479 mil pessoas ainda estavam afastadas do trabalho por causa da pandemia, o equivalente a 15,4% da população ocupada no Estado, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Covid-19, divulgada ontem pelo IBGE. Mais da metade destes trabalhadores afastados deixou de receber alguma remuneração, o equivalente a 305 mil pessoas.

Antes da pandemia, Lucia Vieira Fernandes trabalhava como vendedora de pacotes de festa em bufê infantil da capital, onde ela já estava há cerca de dez anos. Ela lembra que, cerca de 15 dias após o isolamento social ter sido decretado pelo governo estadual, no dia 19 de março, os funcionários tiveram seus contratos de trabalho suspensos dentro da Medida Provisória 936. Com isso, sua remuneração mensal, que antes oscilava entre R$ 2,5 mil e R$ 3 mil, foi reduzida para R$ 1.240.

"Eu fui muito prejudicada porque recebia comissão pelos pacotes vendidos. Nosso ramo de festas foi um dos mais afetados porque nem sabemos quando poderemos voltar a trabalhar", avalia Lucia. Agora, o bufê onde ela trabalhava ofereceu um acordo para o desligamento dos funcionários. A estimativa é de que cerca de 90% dos trabalhadores ligados à realização de eventos em geral já tenham sido demitidos.

Mais afetados

A pesquisa foi realizada com apoio do Ministério da Saúde para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal no Brasil. De acordo com o superintendente do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, entre os trabalhadores mais afetados pelo afastamento do trabalho, além dos ligados aos setores de turismo e eventos, estão os do comércio, os empregados domésticos, diaristas e com ocupações informais.

A feirante Maria do Carmo Rodrigues tinha como única fonte de renda uma pequena banca na Feira Hippie. Desde março sem poder trabalhar, sozinha com dois filhos pequenos e ainda enfrentando um câncer na mama, ela conta que ficou totalmente sem renda e está vivendo da ajuda de parentes e amigos, além do auxílio emergencial do governo, de R$ 1,2 mil, liberado em maio. "Não há trabalho no mercado. Passei muita necessidade até conseguir o auxílio", lembra.

O superintende do IBGE em Goiás lembra que muitos trabalhadores tiveram os contratos de trabalho suspensos e passaram a depender do recurso liberado pelo governo, que geralmente foi menor que sua renda anterior, sofreram com o corte de horas trabalhadas ou simplesmente perderam toda remuneração. Para muitos, o socorro veio do auxílio emergencial de R$ 600 ou R$ 1,2 mil do governo federal. Entre as pessoas que continuaram ocupadas no mercado, muitas perderam renda: em maio, elas receberam cerca de 80% da média normal, uma redução de R$ 422.

Desalento

A pesquisa também mostrou que 412 mil pessoas deixaram de procurar trabalho por conta da pandemia em maio. Edson lembra que esses trabalhadores optaram por não buscar uma vaga no mercado de trabalho por medo da pandemia ou por acharem que não existem vagas disponíveis neste momento. "São pessoas que não procuraram trabalho, mas que gostariam de trabalhar", destaca.

A Pnad Covid-19 revelou que apenas 9,4% dos trabalhadores ocupados trabalharam de forma remota em Goiás em maio, porcentual menor que a média nacional, de 13,3%, equivalente a 238 mil pessoas. "Geralmente, os trabalhadores que podem ficar no regime de home office são aqueles com nível superior. As atividades mais básicas não costumam oferecer esta possibilidade", comenta o superintendente.

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Leitos rapidamente ocupados

Demanda cada vez maior por internação em UTI impede que poder público consiga ampliar oferta de vagas a ponto de fazer cair taxa de ocupação abaixo de 80% em Goiás e na capital

Desde o dia 1º de junho, a rede municipal de Goiânia conseguiu ampliar de 40 para 90 o número de leitos de UTI dedicados para Covid-19 e de dois para quatro o número de hospitais atendendo casos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Entretanto, no mesmo período, o número de pessoas internadas em estado grave nestes leitos subiu de 31 para 77 só nestas unidades reguladas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Até a noite desta quarta-feira (24), o número de leitos de UTI foi só 8,7% maior do que de novas internações simultâneas.

Na rede estadual, o drama é similar. Dos 145 leitos de UTI disponíveis em 5 hospitais, 120 estavam preenchidos nesta quarta-feira, uma taxa de ocupação de 82%. Há uma semana, no mesmo dia em que o Hospital de Campanha (HCamp) de Goiânia havia chegado a sua capacidade máxima de oferta de UTI (70 leitos), a taxa estava em 60,5%.

A situação também está pior, mas em menor escala, em Aparecida, onde a ocupação dos leitos de UTI da rede municipal subiu de 22% para 48% e em Rio Verde, onde subiu de 30,7% para 36,9%. Em Anápolis, a taxa de ocupação dos leitos regulados pelo município subiu de 15,1% para 24,2%.

Na rede municipal de Goiânia, a titular da SMS, Fátima Mrue, garante que nenhum paciente que necessitou de um leito de UTI com suspeita ou confirmação de Covid-19 ficou mais de 24 horas esperando. Em entrevista ao POPULAR, a secretária destacou o sucesso da prefeitura em conseguir com hospitais particulares a ampliação de vagas.

Desde o dia 11, o Gastro Salustiano Hospital vem oferecendo de forma gradativa leitos de UTI até chegar ao total atual de 24. E desde esta quarta-feira, o Jacob Facuri passou a disponibilizar 12 leitos. Destes 36, entretanto, 30 já estavam ocupados. A SMS também está contratando mais 10 leitos com a Santa Casa de Misericórdia, que depende de conseguir equipe profissional para cuidar desta ala.

Na sexta-feira passada, foi publicado um edital de credenciamento de leitos para Covid-19 no qual a SMS se dispõe a pagar R$ 3 mil por vaga de UTI (94% a mais do que se paga por um leito comum do tipo) e R$ 1 mil por um de enfermaria (233% a mais). Fátima diz que já apareceram interessados e nos próximos dias alguns destes leitos já devem estar no sistema.

A superintendente de Regulação e Políticas de Saúde da pasta, Andréia Alcântara, diz que não houve fila nem mesmo quando todos os leitos de UTI ficaram lotados, na semana passada. "Nenhum paciente nosso ficou esperando", afirmou.

A situação é mais complexa no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (UFG), que oferece de 4 a 10 vagas de UTI (o número varia conforme o perfil das pessoas internadas). A unidade é a única a atender casos mais complexos envolvendo Covid-19, como pacientes que precisam de cirurgias, grávidas e pessoas que sofreram infarto ou acidente vascular cerebral (AVC) e está sofrendo com lotação diariamente desde o dia 10 de junho. Sem conseguir encontrar profissionais para ampliar mais 8 vagas no prédio antigo e nem equipamentos para os 78 leitos no prédio novo, o HC tem dependido de uma articulação da regulação municipal para conseguir atender novos pacientes que demandam seus serviços.

De acordo com Andréia, quando há necessidade de uma internação no HC, se observa a existência de algum paciente já internado que não demanda mais de serviços na unidade, como por exemplo alguém que já fez a cirurgia que precisava, para uma transferência intrahospitalar. A expectativa é que os leitos a serem abertos na Santa Casa atendam também este perfil.

Situação grave em cidades sem leitos municipais

 

Em cidades que não contam com leitos de UTI na rede municipal, a situação teria começado a se complicar na última semana. O Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin), regulado pelo Estado, está com as 6 vagas ofertadas lotadas desde o fim de semana e a prefeitura não tem leitos municipais para os casos mais graves. Para ampliar a capacidade de atendimento, o hospital criou duas vagas na chamada "sala vermelha", com equipamentos para pacientes em estado crítico, mas também estão ocupadas. Por ser regional, o Hutrin estava com pacientes de Campestre de Goiás, Goiânia, Bonfinópolis e Campo Limpo.

Em Senador Canedo, uma moradora de 48 anos com Covid-19 está há 2 dias aguardando uma vaga de UTI na rede estadual. O titular da SMS local, Thiago Moura, diz que há uma semana tem demorado mais para conseguir vagas em UTIs públicas, uma vez que Senador Canedo não conta com este tipo de atendimento. Na UPA onde a paciente se encontra, há uma "sala vermelha", com leitos equipados para fornecer um atendimento similar ao de uma UTI, segundo o secretário. "Estamos em contato diário com a secretaria estadual pedindo vagas."

Hospitais privados

Na rede particular, a situação não é diferente. A taxa de ocupação dos leitos de UTI dos hospitais filiados à Associação dos Hospitais de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) caiu de 69% para 65,6% em uma semana apenas porque nesta quarta-feira (24) as unidades conseguiram ampliar a oferta de 100 para 131 leitos de UTI. Já o total de internados subiu de 69 para 86, ou seja 14 a menos que o de novos leitos.

A Ahpaceg é a única entidade que monitora e compartilha os dados sobre internações por Covid-19 na rede particular. Desde o final de março divulga um boletim com informações. 

Passados mais de 100 dias desde o primeiro caso de Covid-19 registrado em Goiás - estamos no 105º dia -, o poder público ainda não tem um número fechado de leitos de UTI ofertados por todos os municípios e pela rede particular. Isso porque é grande ainda o número de unidades hospitalares que não informam ou demoram para repassar os dados. 

Na noite desta quarta-feira, por exemplo, dos 334 hospitais listados pela SES-GO 47 não haviam atualizaram as informações sobre internação em mais de 48 horas. 

No site da pasta estadual, constava que ao menos 355 pessoas estavam em UTI por suspeita ou confirmação de Covid-19, mas este número costuma variar bastante durante o dia.

Perfil do paciente influencia espera

O superintendente de Ação Integrada à Saúde da SES-GO, Sandro Rodrigues, diz que os problemas em relação aos leitos de UTI não se resumem a vagas, mas também ao perfil das vagas. Por isso, muitas vezes pacientes com comorbidades específicas ou em situações específicas como gravidez e necessidades cirúrgicas demoram mais para encontrar um leito do que outros que apresentam um quadro mais simples.

"O que pode acontecer (para demorar a ter leito): principalmente se tem alguma outra comorbidade associada. Exemplo clássico: gestante com Covid pode precisar de centro cirúrgico. Único da questão das gestantes é o HC, que foi desenhado nesse sentido. Pessoa que tenha tido um infarto não pode internar em lugar sem suporte para doença cardíaca, vai prioritariamente para o HC", comentou.

Na rede estadual, dois hospitais estavam com as UTIs lotadas: o de Urgências de Trindade (Hutrin), com 6 leitos, e os 12 ofertados pelo Nars Faiad (particular), em Catalão. O HCamp de Porangatu estava com 66,7% de ocupação e o de Águas Lindas, com 60%. O HCamp de Goiânia, que chegou a ficar com 95,7% durante o dia, estava no começo da noite com 87%. Já o de Urgências de Anápolis (Huana) estava com 40% dos leitos ocupados no final da tarde, mas à noite, segundo o site da SES-GO, estava com apenas uma das 15 vagas disponíveis. Já o Hospital Regional de Luziânia (HRL) e o das Clínicas Dr. Serafim de Carvalho (Jataí) estavam com 40% de lotação na UTI para Covid-19. Com exceção do HCamp de Goiânia, a taxa de ocupação mesmo baixa nos outros hospitais não representa alívio às autoridades porque o total de vagas é pequeno. (Colaborou Thalys Alcântara)

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Goiás tem média de quatro mortes por dia

Desde o dia 26 de março, quando Goiás registrou a primeira morte pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), 363 pessoas morreram de Covid-19. Isso quer dizer que, em média, quatro pessoas por dia perderam a vida no Estado em decorrência do vírus. O sinal de alerta vem ficando mais forte porque a quantidade de óbitos acelerou nos últimos dias.

Em duas semanas, o número de óbitos dobrou. Na última semana, 99 morreram e, nesta quarta-feira (24), Goiás bateu recorde de registros diários, com 34 mortes confirmadas nas últimas 24 horas, segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO).

O painel Covid-19 do Estado detalha que 65 municípios goianos confirmaram mortes. Goiânia, Aparecida de Goiânia , Águas Lindas, Rio Verde e Valparaíso de Goiás são as cidades que concentram o maior número de vítimas.

Os homens são a maioria das vítimas (59,7%) no Estado e os idosos, os que mais morrem. Mas 108 do total de óbitos são jovens e adultos. As principais comorbidades identificadas entre as vítimas são: doença cardiovascular, diabetes, doença respiratória e imunossupressão. (Pedro Nunes)

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Pró-reitor conta como venceu a Covid

Após 13 dias de internação, 8 deles em UTI, Laerte Júnior, encarregado da área de Pós-Graduação da UFG, revela que teve 70% dos pulmões comprometidos, apesar dos poucos sintomas apresentados

No início deste mês, quando auxiliava o pai idoso que se preparava para uma cirurgia, o professor doutor Laerte Guimarães Ferreira Júnior, de 55 anos, pró-reitor de Pós-Graduação da Universidade Federal de Goiás (UFG), percebeu que não estava bem. Resfriado e sentindo cansaço, decidiu fazer o teste para Covid-19 em um laboratório da instituição. "Fui informado de que, além de positivo, eu estava com uma carga viral muito grande", conta ao POPULAR. Do dia 9 até a última segunda-feira (22), ele ficou internado no Hospital do Coração Anis Rassi, em Goiânia, oito dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), com 70% dos pulmões comprometidos, mesmo sentindo poucos sintomas.

Em casa, convalescendo antes de retomar as atividades acadêmicas, ele fala da experiência de vivenciar uma doença ainda desconhecida e do privilégio de ter sido envolvido numa enorme rede de solidariedade. "Isso é muito gratificante. O que mais quero agora é agradecer às pessoas." Laerte Guimarães se considera uma pessoa de sorte por ter adoecido num momento em que há muito conhecimento sobre a doença e protocolos consolidados. "Me dei conta do quanto eles evoluíram em tão pouco tempo. Há muita gente engajada. Me chamou a atenção o quanto os médicos estão estudando essa doença", afirma.

O pró-reitor, que ainda ficou quatro dias em casa após o resultado do teste antes de ir para o hospital, acredita que a asma, da qual sofre, pode ter influenciado em seu quadro. "Não sei o quanto a asma contribuiu, mas me chamou a atenção a rapidez da evolução. No primeiro exame de imagem meus pulmões estavam 50% tomados pela infecção e quando fui internado tinha atingido 70%. As radiografias mostraram um quadro devastador do meu pulmão e, ao mesmo tempo, meus sintomas foram leves. Sentia algum desconforto, mas não na mesma proporção". Na UTI precisou usar uma máscara para receber oxigênio.

Planos

Laerte Guimarães diz que aos poucos vai tomando conhecimento de tudo o que aconteceu aqui fora, da rede de amigos e familiares que correu contra o tempo para que ele ficasse livre da Covid-19. Ainda busca o momento de responder as mensagens que recebeu durante a internação e faz planos para um futuro breve. "Quero voltar ao hospital para agradecer pessoalmente a todos os profissionais tudo o que fizeram por mim".

Ele menciona profissionais que foram pontuais desde o início. "Foram pessoas que me monitoraram e me disseram o que deveria ser feito." Entre eles estão os médicos Antônio Fernando Carneiro, diretor da Faculdade de Medicina da UFG e do Anis Rassi, e Hélvio Martins Gervásio, uma das pessoas que mais tem atuado junto aos pacientes contaminados pelo novo coronavírus e que precisam de cuidados em UTIs. Também foi muito presente a epidemiologista, professora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da UFG, Cristiana Toscano. A professora foi a única brasileira indicada para compor o grupo de trabalho de vacinas para Covid-19 coordenado pela Organização Mundial da Saúde.

Plasma

"Fico imaginando o quanto fui beneficiado pela minha rede de conhecimentos e que a maioria das pessoas não tem essas oportunidades." O professor soube da enorme mobilização nas redes sociais para que ele conseguisse plasma de convalescente da Covid-19 com anticorpos contra a doença, uma solução que vem sendo utilizada com sucesso em casos graves da doença. Por não se tratar ainda de um protocolo oficial, sua mulher, Maria Cristina, optou por não assinar o termo de autorização para que ele fizesse uso do soro. Por outro lado, houve também uma grande movimentação pela internet para a obtenção de um medicamento de última geração. "Vivi o lado positivo das redes sociais. Uma mobilização de pessoas que fez toda diferença."

Laerte Guimarães, que se considera um trabalhador inveterado - "férias para mim sempre foram um problema" - não vê a hora de retomar a função na UFG. Ele diz que o momento agora é de cuidar da saúde e da alimentação, o que não faz há anos. "Estou esperando uns dias para entender o pós-doença", explica, antes de mencionar que está usando medicação para evitar coagulação e para melhorar a respiração. "Estou fraco e ainda tenho dificuldade para dormir", diz, mesmo assim acredita que já, na segunda-feira (29), tenha condições de retomar suas atividades de forma remota, embora a recomendação médica tenha sido para repouso de 30 dias.

"A UFG nunca parou", diz professor

Quando estiver de volta à UFG, Laerte Guimarães retoma os debates em andamento num grupo de trabalho criado para decidir sobre atividades acadêmicas remotas. "As discussões demandam tempo e energia, mas construções feitas na busca do consenso tendem a ser mais robustas." Aos críticos sobre a ausência de aulas virtuais na UFG a partir da instalação da pandemia no Brasil, ele ressalta que a instituição nunca parou. "Essa crise sanitária teve um impacto muito grande na universidade. Num primeiro momento a UFG teve a preocupação de cuidar das pessoas, foi quando entramos no isolamento social. Já na semana seguinte montamos um grupo de trabalho para ver como poderíamos nos engajar nas ações de combate a Covid-19.

O pró-reitor ressalta que foram várias frentes, com centenas de alunos e professores envolvidos. "Naquele momento não podíamos falar em aula porque precisávamos entender o que estava acontecendo. Foi extremamente bonito ver as pessoas se voluntariando. Partimos para conserto de equipamentos, fabricação de respiradores e de equipamentos de proteção individual (EPIs). A UFG foi a primeira instituição do Estado a montar uma plataforma com números, mapas e projeção da Covid-19. Agora, sim, está tendo uma ampla discussão sobre o retorno das aulas e já com aprovação do Conselho Universitário a retomada de algumas atividades, entre elas da pós-graduação." 

Laerte Guimarães faz questão de enfatizar a complexidade da UFG. Somente na pós-graduação, com 8 mil alunos, 5% possuem dificuldades concretas, de equipamentos e de acesso a dados. "Precisamos encontrar uma solução para eles. Temos de enfrentar essa crise com o princípio da isonomia, a inclusão é um valor forte na UFG." O pró-reitor estima que a crise estará totalmente vencida apenas em março de 2021. Os debates na UFG convergem para a retorno das aulas em agosto, mas de forma virtual.

Para o professor, que quase perdeu a vida para a Covid-19, crise traz vulnerabilidades, mas também oportunidades de melhorarmos como pessoas, como nação e como país. "Se não fosse o Sistema Único de Saúde e as universidades estaríamos com cadáveres nas ruas. Espero que o País consiga se recuperar e refletir sobre tudo isso e começar uma reconstrução de valores. Experimentei muito o valor da solidariedade, me curei por isso. Está sendo muito importante dizer obrigado".

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Rosane Rodrigues da Cunha 
Assessoria de Comunicação